Friday, 27 de September de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 3107

Aguinaldo Novo

‘Em ‘default’ desde dezembro de 2002, a NET Serviços, maior empresa de TV por assinatura do país, anunciou nesta segunda-feira um acordo para a reestruturação total de sua dívida, de R$ 1,395 bilhão. Adicionalmente, a companhia divulgou também um acordo para a entrada da Telmex, como novo acionista estratégico da NET. O presidente da NET, Francisco Valim, afirmou que a nova estrutura acionária da empresa ainda dependerá do resultado de uma oferta pública de ações que deverá ser feita até novembro e que é parte do acordo firmado com os credores.


O acordo para reestruturação da dívida já envolve 70% dos credores. Há um entendimento de que, para que seja concretizada, a proposta alcance a adesão de 95% dos credores, o que Valim considera factível ocorrer nas próximas semanas. Os credores optaram por três opções de pagamento para as dívidas em reais ou em dólar, sendo que todas elas embutem a possibilidade da conversão dos créditos devidos em ações da companhia.


Caso todas as opções de conversão de dívida em ações sejam realizadas pelos credores, a estimativa é que o montante da dívida a ser pago em dinheiro seja reduzido para R$ 730 milhões. Foi estabelecido um cronograma de pagamento, com parcelas anuais que vão de 2006 a 2012. O prazo mais longo considera um cenário de estresse da economia, com baixa rentabilidade das operações da NET.


O acordo com os credores foi assinado no domingo à tarde. Valim diz que este acordo com os credores vai ocorrer independentemente do sucesso das conversas envolvendo a Globopar, que é controladora majoritária da NET Serviços, e a Telmex, do empresário mexicano Carlos Slim. Segundo ele, a possibilidade de entrada do novo sócio estratégico vai incentivar a adesão de credores que ainda não aceitaram as condições do acordo da dívida.


A participação da Telmex, que também foi fechada neste fim de semana, vai compreender a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que deterá 51% das ações ordinárias da NET. A Globopar, por sua vez, manterá a maioria das ações ordinárias da SPE, mantendo o controle da NET. Valim frisou que, pela atual lei das empresas de TV a cabo, nenhuma empresa pode ainda ser controlada por uma empresa estrangeira, mas o acordo entre Telmex e Globopar dá garantia à empresa mexicana de que, se a lei for alterada, ela poderá vir a adquirir o restante das ações necessárias para que ela se torne majoritária no negócio.


A entrada da Telmex no negócio será feita por meio de uma oferta pública de ações e está condicionada à conclusão do acordo de reestruturação da dívida da NET. Caso este acordo de reestruturação não seja efetivado, ainda assim a Globopar terá ainda, alternativamente, o direito de vender 34% do capital total da Net à Telmex por US$ 130 milhões. Esta opção poderá ser exercida no período de outubro deste ano até julho de 2005.


– O mais importante é que estamos virando uma página muito relevante da história da NET, com o estabelecimento de um círculo virtuoso de normalidade – disse o presidente da empresa.


Em comunicado divulgado no México, a Telmex afirmou que o seu investimento total na NET pode variar de US$ 250 milhões a US$ 370 milhões. Valim frisou essa posição financeira vai depender do resultado da oferta pública de ações.


A queda do valor das ações da NET na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que era de 13,6% às 13h32m, foi considerada normal por Valim. Segundo ele, é natural que o mercado demore a digerir um volume novo de informações e que o negócio representará valorização das ações no médio e longo prazos.’


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‘Net faz acordo com credores e pode ter sócio’, copyright O Globo, 29/06/04


A Net Serviços, maior empresa de TV por assinatura do país, fechou acordo com os credores para retomar o pagamento de uma dívida de R$ 1,395 bilhão, suspenso em dezembro de 2002. Os recursos virão da emissão de 1,825 bilhão de ações da companhia. A Globopar, controladora da Net, também anunciou um acordo de venda de participação na Net para a Teléfonos de México (Telmex), assinado no domingo. A Telmex pertence ao empresário Carlos Slim, que está finalizando a compra da Embratel.


O percentual da participação na Net e o valor a ser pago pela Telmex vão depender da adesão de acionistas e credores ao aumento de capital. A Telmex estimou um desembolso entre US$ 250 milhões e US$ 370 milhões por até 60% do capital da Net.


Esse acordo com a Telmex está condicionado ao sucesso da renegociação com os credores. Dona de 78,8% das ações com direito a voto e de 46,8% do capital total da Net – os outros sócios são BNDES, Bradesco e Grupo RBS – a Globopar tem outra alternativa: vender à Telmex 34% do capital por US$ 130 milhões, opção que poderá ser confirmada entre outubro deste ano e julho de 2005.


Globopar e Telmex criarão empresa que controlará Net


A aproximação entre Globopar e Telmex tem pouco mais de três meses. O grupo mexicano se comprometeu a comprar parte das ações preferenciais da oferta pública a um preço de R$ 0,35 por lote de mil. Aceitou ainda pagar de R$ 0,60 a R$ 0,80 por lote de ordinárias da Net em poder da Globopar. O passo seguinte será a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que abrigará as participações de Globopar e Telmex na Net. A Globopar será majoritária na SPE.


A legislação proíbe um grupo estrangeiro de controlar uma empresa de TV por assinatura. Se a lei mudar, existe um acordo para que a Telmex seja majoritária na Net.


– A intenção é chegar a 51% da controle – confirmou o diretor de Alianças Estratégicas da Telmex, Arturo Ayub, acrescentando que o objetivo é buscar sinergias entre as redes de cabos da Net e da Embratel, para a telefonia fixa.


A primeira reação do mercado foi negativa. Pesou entre os investidores o referencial de preço de R$ 0,35, abaixo do valor de mercado. As ações preferenciais da Net caíram 18,1% ontem e fecharam a R$ 0,72 o lote de mil na Bolsa de Valores de São Paulo. Foram o segundo papel mais negociado do dia. Em Nova York, o recibo da ação da Net recuou 22,76%.


– O mercado precisa de tempo para digerir as informações, que serão positivas para a empresa a médio e longo prazos – afirmou o presidente da Net, Francisco Valim.


As ações preferenciais da Embratel subiram 4,2%, porque a empresa poderia diversificar sua oferta de produtos ao ter acesso aos cabos da Net.


Credores terão três opções para renegociar dívida


Em negociação há um ano, o acordo sobre a dívida já envolve 70% dos credores da Net, entre eles o Unibanco, que ameaçara recorrer à Justiça.


Os credores têm três opções: receber 60% dos créditos na forma de dívida sênior (que tem prioridade de pagamento e garantia de ativos reais) e 40% em ações; receber 60% em dívida sênior e 40% em dívida subordinada (que será paga depois da sênior e poderá ser convertida em ações); ou converter 100% em ações.


Valim estima que o montante da dívida a ser pago em dinheiro poderá cair para R$ 730 milhões, dos quais 70% seriam amortizados entre 2006 e 2009. O restante poderia ser pago até 2010 em caso de volatilidade do mercado ou fato extraordinário.


É necessária a adesão de no mínimo 95% dos credores à reestruturação. Faltam assinaturas de donos de bônus da Multicanal, antiga marca da Net, pulverizados no mercado. COLABOROU Wagner Gomes, do Globo Online’




Sergio Ripardo


‘Grupo Telmex fecha acordo de US$ 130 milhões para compra da Net’, copyright Folha Online, 28/06/04


‘A Globopar (Globo Comunicações e Participações) assinou um acordo de venda de uma participação na Net Serviços de Comunicação, maior canal de TV a cabo do país, para a mexicana Telmex (Teléfonos de México). A holding das Organizações Globo também fechou um acordo de reestruturação de sua dívida com credores.


Os anúncios foram feitos na noite do domingo por meio de dois ‘fatos relevantes’ enviados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia responsável pela fiscalização do mercado brasileiro de capitais.


Pelo acordo, a Globopar poderá vender 34% da Net para a Telmex por um valor estimado em US$ 130 milhões. Ficou acertado que essa opção de venda poderá ser exercida entre o próximo dia 31 de outubro até o dia 1º de julho de 2005, mas esse prazo final pode ser antecipado.


Além disso, o acordo prevê um aumento de capital da Net (emissão de 1,8 bilhão de ações a R$ 0,35 cada) e a criação de uma empresa (SPE, sociedade de propósito específico), pela Globopar e pela Telmex, que reunirá 51% do capital votante da Net. Primeiro, a Globopar terá a maioria das ações dessa nova empresa, mas a Telmex poderá, no futuro, assumir o controle.


Para ser concretizado, o negócio depende da aprovação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Já o plano de reestruturação da dívida prevê converter débitos de R$ 560 milhões em ações da empresa. A Net estima sua dívida total em R$ 1,4 bilhão.


Com a compra da Net, a Telmex ampliaria sua presença no mercado brasileiro. No último dia 22, a venda do controle da Embratel pela americana MCI para a mexicana, um negócio de US$ 400 milhões, foi aprovada pela Anatel.


Nesta segunda-feira, a Net fará uma teleconferência e uma entrevista à imprensa para detalhar a operação.’


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‘Telmex confirma negociação, mas descarta concluir compra da Net em 2004’, copyright Folha Online, 28/06/04


‘A Telmex descarta que a compra de parte da Net seja concluída antes do final deste ano. Em comunicado enviado à Bolsa do México, a empresa mexicana informa que espera que sua participação na Net (incluindo a parte em uma nova empresa controladora a ser criada) fique entre 30% e 60% das ações em circulação.


‘O preço da operação dependerá do resultado da reestruturação da dívida Net, mas se estima que oscile entre US$ 250 milhões e US$ 370 milhões’, cita a nota da Telmex.


A empresa mexicana diz que o acordo contempla a aquisição de ações tanto da Net como da empresa controladora a ser criada, que terá a maioria das ações votantes da Net.


A Telmex menciona também que a transação está sujeita a diversas condições para ser concluída, como a autorização das autoridades regulatórias, a reestruturação da dívida Net, bem como a conclusão de acordos com a Globopar e outros acionistas da Net.


‘Não há forma de assegurar que todas as condições serão cumpridas, em particular as referentes à reestruturação da dívida da Net.’


A Telmex também informa que a Globopar tem o direito, e não a obrigação, de vender de forma direta ou indireta um conjunto de ações com ou sem direito a voto da Net, equivalente a 34% das ações em circulação no mercado por US$ 130 milhões. Essa opção pode ser exercida até 1º de julho de 2005.


A Telmex lembra que a atual lei brasileira não permite a aquisição do controle da Net. Mas citou que, se alterada a lei até o final do negócio, a Telmex terá o direito de comprar da Globopar a participação na nova empresa controladora da Net.


Bovespa


As ações da Net desabam no começo do pregão da Bovespa, após o anúncio de uma reestruturação de dívida e de um acordo para venda de uma parte da empresa para a mexicana Telmex. No início do pregão, o papel da Net desabava 18,18%, cotado a R$ 0,71. Já as ações da Telmex operam com leve queda de 0,11% na Bolsa mexicana.




Elaine Cotta


‘Telmex admite que pretende assumir controle da Net no futuro’, copyright Folha Online, 28/06/04


‘A Telmex pretende assumir o controle total da Net no futuro, apesar de hoje a legislação do setor não permitir que uma empresa estrangeira tenha maioria do controle de uma operadora de televisão por cabo.


Ontem, a Globopar (Globo Comunicações e Participações) assinou um acordo de venda de uma participação na Net Serviços de Comunicação, maior canal de TV a cabo do país, para a mexicana Telmex (Teléfonos de México).


‘A nossa intenção é chegar a 51% da controle caso a legislação brasileira venha a permitir isso no futuro’, disse o diretor de alianças estratégicas da Telmex, Arturo Elías Ayub, durante conferência para explicar a operação.


Atualmente, a legislação brasileira impede que o grupo mexicano Telmex assuma o controle da Net. Pela lei 8.977, de janeiro de 1995, sócios estrangeiros não podem ultrapassar o limite de 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV paga no país.


No comunicado em que veiculou a negociação ao mercado, a Telmex já havia manifestado interesse em ficar com até 60% das ações em circulação no mercado da Net. A própria Net também considera a hipótese de ter seu controle transferido para os mexicanos.


No Congresso Nacional já circula um projeto de lei que acaba com o limite de participação do capital estrangeiro em empresas de TV por assinatura. O projeto tramita no Senado desde 2001 e está pronto para ser votado desde setembro do ano passado.


Conteúdo


‘Seria prepotente de nossa parte achar que poderíamos produzir no México conteúdos melhores que os brasileiros. Vamos nos apoiar fortemente nos conteúdos da Globo’, disse Ayub ao comentar se a parceria poderia resultar em algum tipo de modificação na grade de programação da Net.


O texto do projeto de lei que circula no Congresso prevê condicionamentos para o controle dessas empresas, como a exigência de que a responsabilidade pelo conteúdo dos canais, mesmo daqueles adquiridos no exterior, seja de brasileiros.


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‘Telmex quer usar rede da Net para oferecer telefonia por voz’, copyright Folha Online, 28/06/04


‘A Telmex pretende criar sinergias operacionais entre a Net Serviços e a Embratel após a conclusão da compra da operadora de TV por assinatura. A intenção é ofertar serviços de voz sobre cabo utilizando a rede da Net.


A Embratel não tem cabos para acesso ao cliente residencial. Já a Net, tem 35,8 mil quilômetros de cabos que passam por 6,5 milhões de residências, com cobertura em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília.


‘A Net é um investimento estratégico para oferecermos serviços de voz, dados e vídeo’, disse o diretor de alianças estratégicas da Telmex, Arturo Elías Ayub, durante conferência com jornalistas para explicar a operação.


Ayub lembrou que o futuro diretor-geral da Embratel, José Formoso Martinez, além de ter ocupado a vice-presidência da Telmex para a América Latina, foi diretor da Cable Vision, no México, e tem vasta experiência nesse tipo de operação.


Ontem, a Globopar (Globo Comunicações e Participações) assinou um acordo de venda de uma participação na Net Serviços de Comunicação, maior canal de TV a cabo do país, para a mexicana Telmex (Teléfonos de México).


Os mexicanos pretendem ainda reduzir custos operacionais e não descartaram a possibilidade de fazer novos investimentos no futuro para ampliar a atual rede. ‘Por enquanto, é prematuro falar em cifras’, afirmou Ayub.


O executivo disse, no entanto, que em nenhum momento no acordo, a Telmex e a Net se comprometeram a realizar sinergias com a Embratel. ‘O acordo é fazer um esforço e um convênio que seja bom para as duas empresas’, afirmou.’


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‘Depois do anúncio, ação preferencial cai 18,8%’, copyright Folha de S. Paulo, 29/06/04


As ações preferenciais da Net desabaram 18,18% ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. A queda foi causada pelo anúncio de que a mexicana Telmex irá comprar parte da Net Serviços.


Como a operação prevê aumento de capital da Net por meio de uma emissão de ações, os acionistas minoritários venderam muitos papéis que detinham, pois temem que sua posição no capital da empresa seja diluída. Ou seja, se torne menor que a atual.


Além de ser a maior queda do pregão, as ações preferenciais da Net responderam por 8,4% de todo o volume negociado na Bovespa ontem -R$ 910,8 milhões.


No caso da BNDESPar, um dos maiores detentores de ações preferenciais da Net, o tombo de ontem significa uma perda.


É que os 374,45 milhões de ações que a BNDESPar detém valiam cerca de R$ 329,6 milhões na sexta-feira, considerando o preço de fechamento da ação PN da Net. Com a queda de ontem, esses papéis passaram a valer algo em torno de R$ 269,7 milhões (ou R$ 59,9 milhões a menos).


Opção de venda


No entanto, Jorge Nóbrega, diretor corporativo de planejamento e controle das Organizações Globo, disse que, depois de concluído o acordo entre a Net e a Telmex, os acionistas minoritários (BNDESpar, Bradespar e o grupo RBS Comunicações) também terão a opção de vender suas participações para a mexicana.


‘O processo de restruturação da Net Serviços deve ser concluído até o final deste ano. Os outros sócios, em momento futuro, vão ter chance de rever suas participações’, disse Nóbrega.


Segundo a Folha apurou no BNDES, os ativos do banco oficial estão garantidos, apesar da queda do valor das ações preferenciais ontem. Isso porque, apesar da diluição do capital da BNDESpar com o aumento de capital, o banco vê um bom cenário num próximo momento por dois motivos.


Em primeiro lugar, a ação da Net passaria a ter liquidez, já que a dívida será reestruturada. Depois, com o ingresso de novo acionista, e, portanto, de novos investimentos, o patrimônio da empresa deverá aumentar. Com isso, aumenta a expectativa de valorização das ações da BNDESpar na Net. O banco avalia que, na situação financeira atual da Net, o mercado desconta a dívida da companhia do valor dos ativos do BNDESpar.


Em suma, seria melhor para o BNDES participar de uma companhia reestruturada, mesmo que com um capital menor, do que ter uma fatia maior de uma companhia inadimplente.




Elaine Cotta e Claudia Rolli


‘Telmex comprará parte da Net e já pensa no controle’, copyright Folha de S. Paulo, 29/06/04


A Net, maior operadora de TV por assinatura da América Latina, anunciou ontem um acordo que permitirá a entrada da Telmex, nova dona da Embratel, em seu capital. Os mexicanos admitem o interesse de assumir o controle da empresa no futuro, tão logo a legislação do setor permita. A Net confirma essa possibilidade.


‘A Net é um investimento estratégico para oferecermos serviços de voz, dados e vídeo. A nossa intenção é chegar a 51% do controle, caso a legislação brasileira venha a permitir isso no futuro’, disse o diretor de alianças estratégicas da Telmex, Arturo Elías Ayub.


A legislação brasileira impede que sócios estrangeiros ultrapassem o limite de 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV paga no país. Existe no Senado, desde 2001, um projeto de lei que visa acabar com esse limite.


O acordo entre a Globopar (Globo Comunicações e Participações), que controla a Net, e a Telmex foi anunciado anteontem. Francisco Valim, presidente da Net, disse que a forma de ingresso da Telmex está condicionada à conclusão da reestruturação da dívida da companhia, de R$ 1,395 bilhão, e à aprovação da operação pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).


Para Valim, 70% dos credores já aderiram ao plano de reestruturação da dívida. Valim disse ainda que, segundo ficou acertado com os credores da Net, será necessário que esse percentual chegue a 95% para que o plano seja aceito.


As instituições financeiras respondem por 46% dos credores. ‘Acreditamos que não haverá problemas [para buscar o total de adesões necessárias]. Eles já estão sendo contatados’, disse Valim.


Mesmo se o processo de reestruturação fracassar, existe ainda a opção formal de a Globopar vender 34% do capital da Net para a Telmex, segundo Valim, a partir de outubro até julho de 2005.


No acordo de renegociação da dívida, os credores tiveram três opções de pagamento, em real ou dólar, com a possibilidade de converter os créditos em ações da Net Serviços. A estimativa da companhia é diminuir em R$ 730 milhões a dívida total, se todas as possibilidades de conversão de créditos forem realizadas.


O plano de reestruturação inclui ainda uma oferta pública de ações (com preço mínimo de R$ 0,35 por ação), prevista para ocorrer até novembro, que pode modificar a estrutura acionária da Net Serviços. Hoje, as Organizações Globo detêm 78,8% das ações ordinárias (com direito a voto) e 24,7% das preferenciais.


No leilão, a companhia vai oferecer ao mercado 1,85 bilhão de ações. Os recursos obtidos dessa venda serão usados para pagar os credores em dinheiro.


A Telmex entraria na empresa como minoritária. A Globo permaneceria no controle do negócio. A Globopar e a Telmex pretendem criar uma SPE -sociedade de propósito específico- na qual 51% das ações ordinárias ficarão com a Globopar.


A negociação não prevê uma participação da Telmex no conselho de administração da Net. Atualmente, fazem parte do conselho a Globopar, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o Bradesco e o Grupo RBS, que terão suas participações diluídas após o aumento de capital.


A Telmex estimou entre US$ 250 milhões e US$ 370 milhões o valor que poderá desembolsar na compra das ações. O valor a ser efetivamente pago, no entanto, vai depender da demanda das ações na oferta pública.


Uma eventual compra da Net pela Telmex, no futuro, permitiria à mexicana o acesso a 35,8 mil quilômetros de cabos que passam por 6,5 milhões de residências.


A Embratel atua no setor de longa distância, tem forte presença na área corporativa, mas não tem acesso ao cliente residencial.




Patrícia Zimmermann


‘Legislação atual impede venda do controle da Net para Telmex’, copyright O Globo, 28/06/04


‘A legislação brasileira atual impede que o grupo mexicano Telmex assuma o controle da Net, maior operadora de TV a cabo do país. Pela lei 8.977, de janeiro de 1995, sócios estrangeiros não podem ultrapassar o limite de 49% de participação no capital votante de empresas que operam serviços de TV a cabo no país.


A Telmex já manifestou interesse em ficar com até 60% das ações em circulação no mercado da Net por meio de uma nova empresa que será criada em parceria com a Globopar para controlá-la.


O acordo prevê que a Globopar, atual controladora da Net, poderá vender 34% da Net para a Telmex, mas já sinaliza que os mexicanos poderiam, no futuro, assumir o controle da operadora de TV.


Essa parte do acordo de compra da Net, no entanto, só será possível se o Congresso aprovar o projeto de lei que acaba com o limite de participação do capital estrangeiro em empresas de TV por assinatura.


O projeto tramita no Senado desde 2001 e está pronto para ser votado em plenário desde setembro do ano passado. O texto prevê, no entanto, condicionamentos para o controle dessas empresas, como a exigência de que a responsabilidade pelo conteúdo dos canais, mesmo daqueles adquiridos no exterior, seja de brasileiros.


Notificação


A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que ainda não foi notificada sobre o acordo de venda de 34% da Net para a Telmex, anunciado pelas empresas ao mercado.


Por não conhecer ainda os termos do acordo firmado entre a Globopar e a Telmex, a agência não vai comentar a operação.


A transferência de ações ou cotas com mudança no controle societário precisa de aprovação prévia do órgão regulador.’




Graziella Valenti, Daniela Milanese, Mônica Ciarelli, Alaor Barbosa e Renato Cruz


‘Globo dividirá controle da Net com a Telmex’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/06/04


‘Menos de uma semana depois da aprovação da compra da Embratel, a Telmex anunciou um novo negócio no País: a empresa mexicana participará do bloco de controle da Net Serviços, maior companhia de TV paga do País, ao lado da Globopar, holding das Organizações Globo. Segundo comunicado da Telmex, a empresa investirá de US$ 250 milhões a US$ 370 milhões em ações da empresa, passando a controlar entre 30% e 60% do capital total. O negócio depende, entre outros fatores, do sucesso na renegociação da dívida da Net, que soma cerca de R$ 1,5 bilhão.


A Telmex e a Globopar serão sócias em uma nova empresa, que deterá 51% das ações com direito a voto da Net. A legislação brasileira proíbe estrangeiros de deterem o controle de empresas de TV a cabo e, por isso, a Globopar terá o controle da nova holding, com 51%, enquanto a empresa mexicana deve ficar com 49%.


O diretor de Alianças Estratégicas da Telmex, Arturo Alias Ayub, afirmou ontem que o interesse da empresa é adquirir o controle da Net, caso ocorra uma mudança na legislação. Ele acrescentou que, mesmo se a lei não mudar, a Telmex continuará como minoritária, buscando espaço para atuações em conjunto da empresa de TV paga com a Embratel. ‘Temos a boa fé de poder fazer atividades em conjunto’, disse o executivo, acrescentando que ainda não existe nenhum acordo formal para explorar sinergias.


Ayub disse que o relacionamento da empresa com a família Marinho, dona da Globo, é ‘muito novo, porém muito bom’. Ele afirmou que serão estudadas parcerias de conteúdo entre a Globo e a Televisa, maior empresa de mídia do México, que tem entre os sócios Carlos Slim Helú, dono da Telmex.


O principal interesse da Telmex na Net é a rede da empresa, que passa pela frente de 6,6 milhões de residências. Esta infra-estrutura poderia ser usada pela Embratel para oferecer telefonia fixa e internet rápida. Vinte por cento da rede já é bidirecional. Ou seja, já está pronta para oferecer o serviço. ‘Nos Estados Unidos, as empresas de cabo são grandes concorrentes das operadoras de telefonia local’, afirmou a analista Andréa Rivas, do Yankee Group. ‘No Chile, a companhia de cabo VTR é a segunda maior na telefonia local, com 7% das linhas.’


Caso a renegociação da dívida da Net não dê resultado, a Globopar ainda tem a opção de vender 34% da Net para Telmex, por US$ 130 milhões, entre 30 de outubro deste ano e 1.º de julho de 2005. ‘A Telmex deve ter um impacto positivo na reestruturação da dívida’, reconheceu Francisco Valim, presidente da Net. A empresa precisa da adesão de 95% dos credores para o plano de renegociação e, até agora, conseguiu 70%. A empresa espera terminar o processo até novembro.


A Net suspendeu o pagamento da dívida em dezembro de 2002, e desde então tenta renegociá-la. A proposta final, divulgada ontem, prevê a redução do endividamento total estimado em R$ 1,5 bilhão para R$ 1,395 bilhão, com o perdão de multas por atraso de pagamento. Perto de 60% seriam substituídos por outros papéis com vencimento até 2010. O restante teria pagamento em dinheiro, resultado de um aumento de capital garantido pela operação com a Telmex.


Caso não dê certo a entrada da empresa mexicana na companhia, os credores correm o risco de receber parte ou todos os 40% restantes em ações e o prazo total de pagamento passaria a 2012. ‘A Net deve deixar de ser uma empresa olhada porque tem problema e passar para uma situação de normalidade’, explicou Valim. O plano prevê o lançamento de 1,825 bilhão de ações. Ontem, os papéis preferenciais da Net fecharam com queda 18,18% na Bolsa de Valores de São Paulo. Na semana passada, antes do anúncio, haviam subido 14,1%.


Além da Globopar, estão no controle da Net a RBS, o BNDESPar e a Bradespar.


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, disse que não foi informado sobre o negócio com a Telmex. Segundo a Globopar, o acordo foi concluído domingo e só agora a empresa vai conversar com os outros acionistas para apresentar o que foi acertado com o grupo mexicano. ‘A operação será divulgada passo a passo’, informou uma fonte da holding da família Marinho.


O investimento da Telmex não irá para o caixa da Net, pois a empresa vai adquirir ações da Net. Parte dos recursos serão destinados à Globopar e parte aos credores.’




Clarissa Oliveira e R.C.


‘Net faz acordo com credores e pode ter sócio’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/06/04


‘A entrada da Telmex no controle da Net, maior operadora de TV por assinatura do País, pode aumentar a concorrência na telefonia fixa. A Embratel, que também pertence à Telmex, tem condições de usar a rede da empresa para chegar à casa do assinante e competir com a Telefônica, Telemar e Brasil Telecom. ‘Faz todo o sentido para a Embratel se posicionar no mercado’, disse a analista Andréa Rivas, do Yankee Group.


A aquisição faz parte do movimento de consolidação no mercado de telecomunicações. Quando o Sistema Telebrás foi privatizado, em 1998, a previsão era de que sobrassem, com o passar dos anos, 4 ou 5 grandes grupos.


Hoje, esses grupos são os ibéricos (com a Telefônica e a Vivo), os mexicanos (com a Embratel e a Claro), os italianos (com a TIM), a Telemar (que controla a Oi) e o Banco Opportunity (com a Brasil Telecom e a Telemig Celular). A Intelig, concorrente da Embratel, é apontada como próximo alvo de compra.


O negócio trouxe otimismo ao setor de TV paga, que enfrentou uma séria crise nos últimos dois anos. ‘Vemos isso tudo de maneira positiva’, afirmou a diretora-superintendente da TVA, Leila Loria. ‘O plano anunciado pela Net é o início do fim de um período turbulento para o mercado de TV por assinatura como um todo.’’