Thursday, 14 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Alessandra Stanley

‘As esposas estão sendo trocadas no reality show da Fox, Trading Spouses, permutadas na versão da ABC, Wife Swap, e levadas ao desespero — e à sedução — na série dramática do horário nobre da ABC, Desperate Housewives. A UPN tem uma comédia de situação ligeiramente mais respeitosa com as mulheres, sobre um homem que se casa de novo com a ex-esposa chamada Second Time Around, enquanto a CBS está dobrando os sinos para a esposa traída num filme feito para a TV chamado Revenge of the Middle-Aged Woman (Vingança da Mulher de Meia-Idade).

Talvez seja coincidência. Ou o tipo de tempestade cerebral que no outono passado forjou três programas sobre mulheres jovens que ouvem vozes (Joan of Arcadia, que ganhou uma nova temporada, enquanto Tru Calling e Wonderfalls caíram no esquecimento.) Ou talvez seja a próxima grande mania da televisão.

Seja dependendo de troca seja dependendo de permutas, a mais recente mania dos reality shows troca esposas entre lares comicamente díspares. A síntese do enredo tende a soar como manchetes de tablóide. O primeiro episódio de permuta de Wife Swap é apresentado da seguinte forma: mimada herdeira de Nova York troca de papel com motorista de ônibus e entalhadora em madeira de New Jersey.

Verdade – Obviamente a originalidade não é o ponto de venda principal. Em vez disso, o programa revolucionário apresenta uma verdade eterna (ou pecado mortal) com uma configuração nova. Certamente que os dois programas ‘leve minha esposa’ misturam um clássico defeito humano — a inveja de ‘a grama do vizinho é mais verde’ — com a atual obsessão da televisão por makeovers e troca de casas.

Já Desperate Housewives é uma novela noturna capciosa que lança um olhar esquivo e satírico sobre quatro mulheres insatisfeitas num bairro abastado.

A série tem seus momentos cômicos, mas é um tanto atávica. Lança um olhar amargo e retrô sobre a condição feminina — o casamento ou é entediante ou é cruel e os homens são aborrecidos ou bestiais. Mesmo a narração, conduzida pelo amigo morto das quatro personagens principais, tem um tom antigo — uma combinação infeliz de Sunset Boulevard com A Letter to Three Wives.

Desperate Housewives, protagonizado por Teri Hatcher, Nicolette Sheridan e a maravilhosa Felicity Huffman, tem os ingredientes de um sucesso, porém Wife Swap e Trading Places são melhores apostas para se tornarem os programas de televisãos mais falados do momento nos Estados Unidos. (Tradução de Maria de Lourdes Botelho)’



ENTREVISTA / ANA MARIA BRAGA
Leila Reis

‘‘Acorda, menina!’’, copyright O Estado de S. Paulo, 15/10/2004

‘Amanhã, Ana Maria Braga realiza seu sonho por duas horas. Das 10h ao meio-dia, anima o Mais Você no picadeiro de um circo em São Paulo, em comemoração aos cinco anos de programa. Nesta entrevista, a apresentadora e partner do Louro José diz que sua telespectadora é a mulher que ‘independente da classe social, quer ser feliz’. E felicidade, para ela, é comandar um programa de auditório.

Estado – Você tem consciência de que ressuscitou o gênero programa feminino na TV?

Ana Maria Braga – Não sei bem, mas os programas femininos estavam muito chatos. Eu queria falar com as mulheres que gostam de cozinhar e com as que não gostam de encostar a barriga no fogão de um jeito mais alegre. Pela minha formação profissional – fui diretora comercial de sete revistas femininas – eu conhecia bem o perfil da mulher que lia Nova, Capricho, Cláudia, Elle. Juntei a isso minha formação interiorana para falar com gente como minha tia, minha mãe.

Estado – Por que um boneco faz sucesso em um programa para adultos?

Ana Maria – Porque ele tem uma personalidade maravilhosa porque o Tom Veiga (a alma do Louro José) é especial. O Louro tem um lado engraçado, que conquista as crianças, e outro inteligente. Por contrato e timidez, não pode aparecer para o público.

Estado – Por que você acha que a mulher ainda se interessa pelas prendas domésticas?

Ana Maria – No mundo inteiro existe esse tipo de programa. Há canais só de artesanato, decoração, bricolagem. Aqui no Brasil não se pode ter apenas a visão do Morumbi, Leme, Belo Horizonte, ou seja, onde as pessoas têm supermercados com os produtos que vão nas receitas. Fazemos um programa para mulheres que também não têm essa possibilidade de consumo. A TV atinge todo mundo, até no meio da selva. A vida no campo é carente de muitas coisas. Por isso adoto esse tom coloquial de quem não sabe tudo. Penso na minha mãe, que até hoje diz ‘elétrico’ em vez de eletrocardiograma, pois existem muitas mulheres iguais. A mulher brasileira não quer fazer o arroz com feijão de todo dia, mas adora uma boa idéia para cozinhar. Os jornalistas têm uma visão errada do Mais Você acham que só trata de cozinha. Mais de 2/3 do programa é jornalismo, oferecemos serviço e informação.

Estado – Qual é o perfil de seu público?

Ana Maria – É um público que, dependendo do tempo (chuva) e época do ano me dá 12 pontos de média no Ibope (normalmente é 8, na Grande São Paulo). Claro que nosso foco é a mulher, mas o número de homens que assiste é maior do que o esperado. Durante os 40 minutos iniciais, 35% da audiência é formada por homens. As crianças são 12%. O público da classe C é mais volumoso, mas temos muito das classes A e B.

Estado – Quem é essa mulher com quem você fala?

Ana Maria – É aquela que, independente da classe social, quer ser mais feliz. Que adora o grito de guerra: ‘Acorda, menina!’.

Estado – Depois de cinco anos, você chegou aonde queria na Globo?

Ana Maria – Não sei, busco sempre melhorar. Aqui sou do elenco da casa e muito respeitada. Busco um programa de auditório para chegar mais perto do público.

Estado – A Globo sabe do seu desejo?

Ana Maria – Sabe, mas a gente não pode abrir mão de um produto que dá certo para investir em outro. Não dá para fazer o Mais Você e outro programa, vai faltar tempo. O principal é o Mais Você.

Estado – Você tem feito muitos comerciais. Em que atividade você ganha mais dinheiro?

Ana Maria – Ganho bem na Globo. Só faço dois comerciais por ano para não desgastar a minha imagem.’



TV & INFÂNCIA
Daniel Castro

‘Superligados na TV’, copyright Folha de S. Paulo, 17/10/2004

‘As crianças e os adolescentes brasileiros são provavelmente os que mais vêem televisão no mundo. Por outro lado, são os que menos lêem livros. Os que moram em grandes cidades quase não brincam. E a quase totalidade deles ignora a prática de esportes coletivos e o uso do computador.

Essa gangorra é o retrato de uma pesquisa inédita feita pelo instituto Ipsos em dez países (entre eles Estados Unidos, Reino Unido e China). Foram entrevistados 5.500 pais e responsáveis por crianças e adolescentes de 2 a 17 anos. A pergunta: o que seus filhos fazem todos os dias?

No Brasil, 57% dos 500 entrevistados responderam que seus filhos assistem a TV durante pelo menos três horas por dia e 31%, de uma a duas horas. Só 5% falaram que seus filhos não vêem TV.

Os dados são mais conservadores que os do Ibope. Segundo o instituto, os telespectadores de 4 a 17 anos passaram em setembro, em média, quatro horas e 25 minutos por dia com a TV ligada.

Em contraponto à televisão, 43% dos pais brasileiros ouvidos disseram que seus filhos não ocupam nada de seu tempo lendo livros ou brincando com os amigos; 79% disseram que seus herdeiros não praticam esportes coletivos; 69% afirmaram que eles não usam computadores.

‘O resultado é preocupante. Quando há mais TV do que leitura, há um empobrecimento do país. Não brincar também é perigoso. A criança que não brinca não conversa, fica isolada’, diz Ana Bock, presidente eleita do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e professora da PUC-SP.

Para Beth Carmona, presidente da TVE (emissora educativa do Rio de Janeiro), há um fator que faz toda a diferença na análise desses dados. ‘O tempo que as crianças passam nas escolas nos Estados Unidos e na Europa é de até sete horas por dia. Aqui, não passam mais do que quatro horas. Logo, os brasileiros ficam mais tempo em casa do que na escola, provavelmente vendo televisão’, afirma Carmona, que também coordena a ONG Midiativa.

O fato de a pesquisa da Ipsos ter sido feita no Brasil apenas em centros urbanos (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre), de acordo com Beth Carmona, explica a alta incidência de crianças que não brincam com amigos. Por trás disso, estaria o medo da violência nas ruas.

Carmona responsabiliza parcialmente a política educacional brasileira por esse panorama de muita televisão e pouca leitura e brincadeira. Mas não isenta a televisão. ‘A TV pode levar a criança a conclusões distorcidas. A TV mostra uma rua mais perigosa do que ela é, e isso gera medo, neurose, violência. A influência da televisão no Brasil é muito séria. Nossas crianças são mais desinformadas. Na Europa, há uma tradição de TV pública com programação para criança mais elaborada.’

Para Rodrigo Toni, diretor-geral do Ipsos no Brasil, a pesquisa não permite afirmar que a TV afasta a criança dos livros e das brincadeiras. ‘Há muita televisão, mas o que as afasta das outras atividades são a falta de hábito e os ambientes educacional e familiar. Os vilões são os próprios pais, que não valorizam a leitura’, diz.

Opinião parecida tem a psicóloga especializada em famílias Lidia Aratangy: ‘Pais leitores têm mais chances de ter filhos leitores simplesmente porque as crianças percebem que aquele objeto deve ser muito importante para prender a atenção de uma pessoa tão importante’. Ela recomenda também que os pais assistam à TV juntos dos filhos, para transformá-los ‘de esponjas em filtros’.

Segundo a psicóloga Ana Bock, ‘o ideal é que se gaste tempo vendo TV e também lendo. A leitura é ainda uma das ferramentas mais ricas que temos. Nela, é você quem faz o cenário, diferentemente do que ocorre com a TV’.

De acordo com Bia Rosenberg, gerente de produção da TV Cultura, a pesquisa retrata um aspecto cultural: ‘Já é uma tradição a família brasileira assistir a muita televisão. Isso não significa que sejamos mais burros, mas que escolhemos o que é mais fácil’.

Não é por acaso, portanto, que a MTV não tenha tido retorno de seu público-alvo (adolescentes e jovens) de uma vinheta que exibe há dois meses: ‘Desliga a TV e vai ler um livro’. ‘Recebemos muitas felicitações de pais e professores’, conta José Wilson, diretor de marketing do canal. Os adolescentes não se manifestaram.’



Bruno Yutaka Saito

‘Realidade abarca vida mais ampla’, copyright Folha de S. Paulo, 17/10/2004

‘Se a pesquisa Ipsos pode levar a conclusões um tanto desoladoras -sugerindo que, no Brasil, a TV domina as crianças-, na prática, o ambiente não é tão rígido assim. Diversidade é o que mais chama a atenção entre crianças e adolescentes entrevistados pela Folha.

Este é o caso de Carolina Kokado, 8, que vai na contramão da pesquisa. Ela gasta, no máximo, duas horas por dia na frente da TV, vendo geralmente desenhos. ‘Acho chato ficar parada’, diz. Já que seu negócio é agilidade, ela não pára. Entre suas atividades prediletas estão brincar de esconde-esconde com amigos do prédio e esportes -aikidô e hóquei.

‘Ela desliga a TV por vontade própria. Acho importante que ela tenha contato com outras crianças. Isso faz com que aprenda noções de limites e negociações’, diz o fisioterapeuta Arlindo Raimundo de Oliveira, 47, pai de Carolina.

Carolina também faz uma atividade raríssima segundo a pesquisa. Ela lê livros indicados pela escola. ‘Às vezes, gosto tanto que leio duas vezes o mesmo livro.’

Já Renata Mendonça, 10, faz da TV uma parceira inseparável. Ela diz que fica de três a quatro horas por dia vendo novelas e séries. ‘Minha mãe até reclama que assisto demais, mas acho besteira.’

Seu pai, o médico Maurício Mendonça, 45, diz que o hábito é saudável, ‘dentro de um contexto’. ‘Desde que a criança não deixe de estudar, ver os amigos e fazer esportes, não vejo problemas’, diz. ‘A TV acaba quebrando um galho, serve como uma espécie de ‘babá eletrônica’.’

Se a pesquisa diz que o Brasil é um dos países onde as crianças gastam menos tempo no computador, Fábio Zonta Gutierrez, 17, e Marcos Antônio Pilão Jr., 10, desmentem a tese. O primeiro, além de trabalhar em uma lan house, fica jogando mais seis horas após o expediente. ‘Chego a gastar até dez horas’, diz. O comerciante Eduardo Gutierrez, 47, apóia as atividades do filho. ‘Ele não fica só jogando. Além de ter feito cursos de computação, quer seguir carreira. É o trabalho do futuro.’’



TV GLOBO
Daniel Castro

‘Globo contrata Hector Babenco por 3 anos’, copyright Folha de S. Paulo, 14/10/2004

‘Diretor de ‘Carandiru’, maior sucesso do cinema nacional desde os anos 90, o cineasta Hector Babenco fechou na semana passada contrato de três anos de duração com a Globo. Nesse período, Babenco irá dirigir para a emissora três temporadas de seriado(s).

A primeira série será a versão para televisão do longa-metragem ‘Carandiru’, já visto por 4,6 milhões de espectadores. Terá dez episódios, que serão exibidos a partir de agosto de 2005. O seriado terá os mesmos personagens (do livro de Drauzio Varella), elenco e roteiristas do filme.

Segundo Fabiano Gullane (co-produtor da série e produtor-executivo do filme), a série terá roteiros novos, feitos especialmente para a TV. Cada capítulo focará um personagem. Material filmado para o longa, mas que não foi usado, servirá como ‘flashback’.

As gravações da série começam em janeiro, nos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo (SP). Serão usados cenários originais do filme _o Pavilhão Nove, que foi reconstruído para o longa, continua intacto.

Se for um sucesso, ‘Carandiru’ poderá ter novas temporadas em 2006 e 2007. Caso contrário, Babenco irá apresentar um novo produto para a Globo. O contrato é semelhante ao feito, também por três anos, em 2002, com Fernando Meirelles (‘Cidade de Deus’), por ‘Cidade dos Homens’. A produção é independente, com supervisão da Globo.

OUTRO CANAL

Escalação 1

A Globo definiu o time de diretores que irão comandar quatro musicais que exibirá nos últimos dois domingos de 2004 e nos dois primeiros de 2005, abrindo as comemorações de seus 40 anos. Os quatro programas terão aspecto de ‘remake’ (regravação).

Escalação 2

Aloysio Legey fará um programa sobre rock. Jorge Fernando dirigirá o musical infantil. Roberto Talma terá um especial sobre trilhas de novelas. E Luiz Gleiser irá comandar o ‘musical dos musicais’, com ‘os grandes momentos’ da emissora nesse filão.

Nova frente 1

Será lançada oficialmente hoje a Abra (Associação Brasileira de Radiodifusores), entidade criada pelo SBT, Record, Band e Rede TV!, redes rompidas com a Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão).

Nova frente 2

Ontem à tarde, Guilherme Stoliar (SBT), Dennis Munhoz (Record) e Amilcare Dallevo Jr. (Rede TV!) assinaram a constituição da entidade. Hoje, será a vez de João Carlos Saad (Band). A instituição terá como principal luta a proposta de criação da Ancinav (Agência Nacional do Audiovisual).

Tempos

Novo videoclipe da banda U2, ‘Vertigo’ estréia amanhã no portal Globo.com, 20 dias antes do lançamento mundial na TV.’