Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Al-Jazira diz que Lula é porta-voz do Terceiro Mundo


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


 


PRESIDENTE


Lula é ‘porta-voz do Terceiro Mundo’, afirma TV Al Jazira


‘Uma reportagem do canal árabe de TV Al Jazira em inglês chama o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ‘porta-voz do Terceiro Mundo’ e afirma que, dada à sua ‘extraordinária popularidade’, é muito provável que ele volte a se candidatar em 2014 e seja reeleito.


Com imagens do filme ‘Lula, o Filho do Brasil’, a reportagem diz que, ‘pela primeira vez em 500 anos, o crescimento econômico se combina à redução da desigualdade social’.


‘Com apenas um ano restante no cargo, sua história política e econômica de sucesso será difícil de se repetir’, diz a reportagem, com a ressalva de que os níveis de corrupção, pobreza e crimes violentos ainda seguem muito altos no Brasil.’


 


 


TELEVISÃO


José Geraldo Couto


Série documental questiona clichês sobre o Brasil


‘O brasileiro é um povo de índole pacífica. O Brasil é o país do futuro. Deus é brasileiro. Somos uma democracia racial. Para discutir esses e outros clichês amplamente difundidos, os cineastas Daniel Augusto e Luiz Bolognesi conceberam a série ‘Lutas.doc’, que estreia amanhã na TV Brasil.


O projeto do documentário surgiu quando Bolognesi fez uma pesquisa com historiadores da USP para rever a ideia do brasileiro como um povo pacífico.


‘O resultado dessa pesquisa foi uma história da violência no Brasil’, diz Daniel Augusto. Convidado por Bolognesi para codirigir a série, Augusto propôs um corte não cronológico, em que a história fosse vista a partir do presente.


‘Lutas.doc’ é exatamente isso: partindo de problemas da atualidade, a desigualdade social e racial, a situação da mulher, a deterioração do ambiente e as mazelas políticas, um punhado de pessoas reflete sobre o processo histórico que nos trouxe a isso. Os entrevistados são historiadores, filósofos, escritores, políticos, artistas, militantes de ONGs.


De Fernando Henrique Cardoso à escritora e ex-moradora de rua Esmeralda Ortiz, do presidente Lula ao coordenador do Afro-Reggae José Junior, da ex-ministra Marina Silva ao escritor Ferréz, todos têm alguma coisa a dizer sobre os temas abordados. Mas a série está longe de ser uma aborrecida sequência de depoimentos.


Uma de suas virtudes é a hábil mistura de registros em animação, material de arquivo, trechos de filmes de ficção e reportagens televisivas, numa montagem audiovisual dinâmica e provocadora. Daniel Augusto não esconde que o interesse dos realizadores é atingir prioritariamente os jovens ‘com idade para estar no colegial ou na faculdade’, pois neles estaria o maior potencial de mudança política e social.


Videoclipe


O episódio que abre a série, ‘Guerra sem fim’, é o que radicaliza a opção por um ritmo de videoclipe, o que torna um tanto superficial a discussão dos movimentos e guerras civis da história brasileira, correndo o risco de diluir as diferenças entre eles e instituir um ‘contraclichê’, o de que o brasileiro tem ‘índole combativa’. Nos quatro segmentos seguintes, a série ganha mais densidade.


LUTAS.DOC


Onde: TV Brasil


Quando: terças, às 23h, com reprise às quintas, à meia-noite (cinco episódios, um por semana, a partir de amanhã)


Classificação: 10 anos


Avaliação: ótimo’


 


 


INTERNET


Clifford J. Levy, NYTimes


Web em cirílico é vista com cautela por russos


‘MOSCOU – O Kremlin há muito tempo se irrita com a dominação da internet pelos Estados Unidos, que chegam a proibir o uso de caracteres cirílicos nos endereços da web -até kremlin.ru teve de ser escrito em inglês. Por isso, o governo russo está assumindo a liderança em um movimento notável, que ocorre em todo o mundo, para permitir nomes de domínios em línguas com alfabetos não latinos.


Os próprios russos, porém, não parecem tão ávidos para adotá-los. Isolados durante décadas sob o regime comunista, os russos adoram a capacidade da internet de conectá-los com o mundo e valorizam a liberdade da web, enquanto o governo enrijece o controle dos principais canais de televisão.


Mas, agora, os usuários de computador temem que os domínios em cirílico deem origem a uma web russa hermética, uma espécie de ‘cibergueto’, e que a iniciativa a favor do cirílico represente um complô dos serviços de segurança de restringir o acesso à internet. As empresas russas também resistem aos endereços na web em cirílico, queixando-se dos custos e das ameaças à segurança na rede.


‘Este é mais um passo em direção ao isolamento’, disse Aleksei Larin, 31, engenheiro civil em Tula, cidade a 185 km ao sul de Moscou. ‘E, como é um projeto do Kremlin, é possível que leve à introdução da censura, que é algo que algumas autoridades desejam há muito tempo’, agregou.


Além de surpreender as autoridades russas, a reação ofereceu uma visão da evolução da internet espalhando-se do Ocidente para o mundo. As populações de lugares como a Rússia criaram uma web híbrida, digitando os endereços de domínios e de e-mail em letras latinas e o conteúdo em seus alfabetos nativos.


Por mais leais que sejam à língua de Dostoievski, muitos russos não querem adotar outro sistema.


A máquina de buscas mais utilizada na Rússia, a Yandex, estimou que menos de 10% dos usuários de internet do país prefeririam endereços em cirílico no futuro próximo. A Livejournal, a plataforma de blogs mais usada na Rússia, disse que não empregará domínios em cirílico.


‘Realmente não vejo os domínios em cirílico tornando-se populares’, disse Dmitri N. Peskov, importante consultor de informática que organiza conferências sobre internet na Rússia. ‘As pessoas não veem a vantagem disso.’


Mais de 30 milhões de russos usam a internet semanalmente, de uma população de 140 milhões, e o crescimento do país em utilização da rede é um dos mais rápidos da Europa, segundo as autoridades. Há 2,5 milhões de domínios com o sufixo .ru, com o endereço escrito em caracteres latinos.


Os domínios em cirílico provavelmente serão ativados no ano que vem. A Rússia já está avançada na instalação do sistema, e sua experiência poderá ser um indicador do que aguarda outros países com alfabetos não latinos, como a China, o Japão e o Egito. As culturas na internet, no entanto, se desenvolvem de maneira imprevisível, por isso a reação em outros lugares poderá ser mais positiva.


A decisão de permitir domínios não latinos foi aprovada em outubro pela Corporação da Internet para Nomes e Números Atribuídos, ou Icann na sigla em inglês, o órgão supervisor baseado nos Estados Unidos.


Mais da metade do 1,6 bilhão de usuários de internet no mundo fala uma língua nativa que não tem alfabeto latino, disse a Icann.


Os defensores da mudança, incluindo o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, que se orgulha de seu conhecimento da internet, disse que os novos domínios vão abrir a rede para toda uma classe de pessoas que desconhecem os caracteres latinos ou são intimidadas por eles.


Andrei Kolesnikov, diretor da agência que coordena os domínios em cirílico, disse que no início foi cético sobre sua necessidade. Mas, depois, tornou-se um forte defensor, afirmando que a penetração da internet na Rússia foi muito limitada às grandes cidades, e os domínios em cirílico vão ajudar seu crescimento nas Províncias.


‘Para muita gente, os domínios em cirílico funcionam muito melhor que os de nomes latinos’, disse Kolesnikov. ‘Os profissionais não estão entendendo todo o poder disto, mas vão entender.’’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


 


MORDAÇA


Sob censura, ‘Estado’ faz 135 anos


‘O jornal O Estado de S. Paulo, que completa hoje 135 anos de fundação e 130 anos de vida independente (descontados os cinco anos em que esteve sob a ocupação da ditadura de Getúlio Vargas), passou os últimos cinco meses de 2009 e os primeiros três dias de 2010 sob censura – uma das quatro mais longas de sua história. Ela foi imposta em 31 de julho pelo desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), que proibiu a publicação de reportagens sobre a Operação Boi Barrica, rebatizada como Operação Factor, com a divulgação de investigações feitas pela Polícia Federal sobre o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Estado do Maranhão.


A série de reportagens sobre o chamado caso Sarney, iniciada com a revelação em junho dos atos secretos do Senado, rendeu ao jornal em 2009 o Prêmio Esso de Reportagem, o principal do jornalismo brasileiro. Foi somente um dos muitos prêmios recebidos em 2009 pelo Grupo Estado, que para 2010 prepara uma série de novidades aos seus consumidores (leia nesta página).


Fundado em 1875 com o nome de A Província de São Paulo por um grupo de republicanos que pregava o fim da monarquia e defendia a abolição da escravatura, o jornal foi amordaçado pelo governo de Artur Bernardes na Revolução de 1924, pelo Estado Novo em 1937 e pelo regime militar de 1964. Com o Ato Institucional nº 5 (AI-5), o Estado e o Jornal da Tarde, do mesmo grupo, enfrentaram a censura prévia de 13 de dezembro de 1968 a 3 de janeiro de 1975. Durante esse período, que está relatado no livro Mordaça no Estadão, do repórter José Maria Mayrink, lançado em dezembro de 2008, os jornais substituíram os textos proibidos por versos de Os Lusíadas, de Camões (Estado), e receitas de bolos e doces (Jornal da Tarde), para apontar a arbitrariedade aos leitores.


A oposição à censura custou caro à empresa e à família de seus proprietários. Julio de Mesquita Filho caiu doente logo depois da edição do AI-5 e nunca mais voltou à redação. O último editorial que escreveu foi Instituições em frangalhos, no qual denunciava a truculência do regime. Como ele se recusou a cortar o texto, a polícia apreendeu o jornal, antes mesmo da edição do AI-5. Após a morte do jornalista, em julho de 1969, seus filhos Julio de Mesquita Neto (Estado) e Ruy Mesquita (Jornal da Tarde) mantiveram a resistência à censura. ‘Façam as reportagens, os censores que cortem’, orientavam aos editores e repórteres. Conforme dados levantados pela pesquisadora Maria Aparecida de Aquino, da Universidade de São Paulo (USP), foram cortados 1.136 textos, entre março de 1973 e janeiro de 1975.


‘O Estado não aceita passivamente a censura a que vem sendo submetido’, afirmou Julio de Mesquita Neto em outubro de 1973, na assembleia-geral da Sociedade Interamericana de Imprensa. Um ano antes, em agosto de 1972, seu irmão Ruy Mesquita havia protestado contra a censura, em carta ao ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. ‘Todos os que estão hoje no poder dele baixarão um dia e, então, senhor ministro, como aconteceu na Alemanha de Hitler, na Itália de Mussolini, ou na Rússia de Stalin, o Brasil ficará sabendo a verdadeira história deste período’, advertiu. Os jornalistas Julio de Mesquita Neto e Ruy Mesquita foram processados e tiveram de defender, várias vezes, funcionários suspeitos de subversão que foram ameaçados, presos e torturados pela repressão.


Essa resistência não era novidade na história do jornal. Julio de Mesquita, o pioneiro, que dirigiu o Estado de 1891 a 1927, foi preso e enviado para o Rio em 1924, por causa de sua posição de neutralidade. Censurado pelos revoltosos comandados pelo general Isidoro Dias Lopes que bombardearam a capital de São Paulo, o jornal foi suspenso depois pelas forças federais do presidente Artur Bernardes. Durante a 1ª Grande Guerra (1914-1918), Julio de Mesquita sofreu represália de indústrias alemãs que cortaram os anúncios de publicidade, por causa de sua posição a favor dos aliados.


EXÍLIO


Julio de Mesquita Filho e seu irmão Francisco Mesquita, responsável pela administração, que assumiram a empresa em substituição ao pai, quando ele morreu em 1927, levaram adiante sua luta. Apoiaram Getúlio Vargas na Revolução de 1930, mas logo passaram à oposição em 1932, quando viram que o presidente não cumpria a promessa de democratizar o País. Combateram na Revolução Constitucionalista de 1932 e, com a derrota dos paulistas no campo de batalha, foram presos e mandados para o exílio em Portugal. De volta no ano seguinte, engajaram-se na política, quando Armando de Salles Oliveira, seu cunhado, foi nomeado governador.


Durante o Estado Novo, instaurado com o golpe que consolidou a ditadura de Vargas em novembro de 1937, Mesquita Filho foi preso e mais uma vez exilado. Enviado para Paris, onde se encontrava em 1939, às vésperas da Segunda Guerra, foi da França para Buenos Aires, onde escreveu nos jornais La Prensa e La Nación. Julio de Mesquita Filho estava na Argentina, em março de 1940, quando a Força Pública do interventor Ademar de Barros invadiu e ocupou a redação do Estado, por ordem de Getúlio Vargas. O jornal foi devolvido à família em dezembro de 1945, após a queda da ditadura.


A comemoração dos 135 anos do Estado coincide com o aniversário de fundação da Rádio Eldorado (1958), do Jornal da Tarde (1966) e da Agência Estado (1970). Pertencem ao mesmo grupo as empresas Oesp Mídia (1984), Oesp Gráfica (1988), Broadcast AE (1991) e o Portal Estadão – www.estadao.com.br (2000).


As censuras


Em 1924, censura dos rebeldes e do governo


Após 5 anos, jornal é devolvido em 1945


Poemas de Camões, no regime militar de 1964


Há 157 dias sob censura, por ordem judicial


O empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney, apresentou em 18 de dezembro, pedido de desistência da ação contra o Estado, mas a censura ao jornal continua. A partir de 7 de janeiro, término do recesso forense, o jornal será intimado a decidir se concorda com a extinção ou prefere que a Justiça aprecie o mérito.’


 


 


ESTADÃO


Jornal e portal vão ganhar modernização gráfica


‘Apesar da censura, 2009 foi um ano excelente para O Estado de S. Paulo. Além do Prêmio Esso de Reportagem e do Pini de excelência gráfica, o jornal foi escolhido como o veículo de comunicação mais admirado do País, em pesquisa do Grupo Troiano Consultoria de Branding.


Com uma sequência de notícias exclusivas, o Estado recebeu o Prêmio Esso de Reportagem por denunciar a existência de mais de 500 atos administrativos secretos assinados pela cúpula do Senado para nomear e promover parentes de parlamentares, diretores e outros servidores, além de distribuir e ampliar benesses.


O Esso de Reportagem foi o 11º prêmio recebido pelo jornal em 2009, ano marcado também por outros furos jornalísticos de grande impacto na vida nacional. Como a revelação da fraude no Enem e a reportagem em que o major Curió abriu seu arquivo da ditadura militar e revelou que o Exército executou 41 guerrilheiros no Araguaia.


Sempre mirando a excelência jornalística, o Grupo Estado está preparando uma cuidadosa modernização gráfica dos cadernos diários e semanais do Estado, além da criação de seções com novos conteúdos. O portal estadao.com.br também será repaginado e ganhará mais informações e serviços.


Os trabalhos estão sendo baseados em pesquisas com leitores e internautas e contam com o apoio do premiado escritório de design Cases I Associats, de Barcelona, o mesmo que colaborou na última grande reforma gráfica do jornal, em 2004. E uma grande estrutura já vem sendo montada para a cobertura das eleições e da Copa do Mundo de Futebol na África do Sul. As operações serão feitas em conjunto pelas várias redações do Grupo Estado.


Grupo organiza agenda especial


O Grupo Estado, que reúne os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, a Agência Estado, a Rádio Eldorado e os portais estadao.com.br, Limão e Território Eldorado, está organizando agenda com uma série de comemorações para 2010.


Fundada em 4 de janeiro de 1970, a Agência Estado marcará seus 40 anos com a solenidade da entrega do prêmio Destaque AE Empresas, uma promoção tradicional que chega, este ano, à sua 10.ª edição. Essa cerimônia será o ponto alto das comemorações da AE, dia 20 de maio.


A premiação é feita a partir da análise de balanços e o desempenho de empreendimentos de todos os setores, em parceria com a Economática. Em 2009, o levantamento avaliou 199 empresas de capital aberto, com patrimônio líquido superior a R$ 10 milhões, a partir de critérios como rentabilidade, retorno, risco e liquidez.’


 


 


YOUTUBE


A gafe de Boris Casoy


‘A gafe de Boris Casoy sobre os garis, cometida no último Jornal da Noite (Band) de 2009, estava ontem na seleção dos vídeos mais populares do Youtube (tinyurl.com/ycdky74).


‘Que m., dois lixeiros desejando felicidades, do alto de suas vassouras… O mais baixo da escala do trabalho’: esta foi a frase dita por Casoy durante a vinheta que separa o jornal do comercial, sem notar que o áudio do estúdio estava aberto. Na edição de sexta-feira, o jornalista se desculpou ‘profundamente’ pelo comentário ‘infeliz’.’


 


 


TELEVISÃO


Bill Carter, The New York Times


Por que insistir com remontagens?


‘No outono de 2000, todo o burburinho no setor de televisão foi em torno de um novo seriado na CBS, sábado à noite. Não tem nada a ver com a série CSI, que aliás não provocou nenhum estardalhaço, mas tem bons índices de audiência. Não, a agitação tinha a ver com o remake de O Fugitivo, o clássico seriado do homem inocente em fuga, dos anos 60. Uma série que, parecia, seria impossível de perder. Mas durou só 23 episódios.


Um outro remake mal sucedido foi o de A Mulher Biônica. A NBC fez uma nova versão em 2007 da série de ficção dos anos 70, que foi lançada como o mais esperado programa daquela temporada ? e desapareceu completamente depois de nove episódios.


Tudo isso poderia ter servido de lição, mas você verá que não é bem assim, quando examina as listas atuais de produção de três redes de TV principais dos Estados Unidos. Entre os mais importantes projetos sendo analisados para novas séries na próxima temporada estão títulos familiares, como Arquivo Confidencial, na NBC; As Panteras, na rede ABC e Havaí 5-0 na CBS. Sim, tudo é remake.


Todos os projetos foram anunciados com muito alarde, contudo os criadores das séries e altos executivos do alto escalão das redes não quiserem dar detalhes das novas versões, dizendo que os roteiros ainda estão sendo redigidos. Mas manifestaram um grande entusiasmo quanto às possibilidades para os projetos.


É fácil entender a razão. ‘É uma boa ideia tentar’, disse Warren Littlefield, que foi um importante programador na NBC e hoje trabalha como produtor independente. ‘O cinema já provou que é possível se sair bem com uma ideia já promovida anteriormente.’


É uma outra maneira de dizer que é natural retornar a histórias familiares porque elas despertam atenção. A questão é se as séries que vão resultar dos remakes atrairão de fato os telespectadores.


Tentativas passadas mais do que sugerem um ‘não’. Na história das redes de TV, nenhum remake de uma série que foi sucesso se tornou novamente um sucesso.


E muita coisa foi tentada. Nos últimos anos, vimos tentativas para reviver Barrados no Baile e Melrose Place na rede CW. Ninguém diria que um desses seriados chegou a se aproximar do sucesso das suas predecessoras, ou mesmo que tenha tido algum sucesso.


A NBC causou grande sensação quando trouxe de volta para a telinha A Super Máquina, apresentando um carro falante num filme de duas horas em 2008, mas a série que resultou depois derrapou rapidamente.


No início da década o muito bem sucedido produtor de Lei e Ordem, Dick Wolf, tentou fazer uma nova versão do clássico Dragnet, que mal sobreviveu a uma única temporada (Quem se lembra que Ed O’ Neill interpretou Joe Friday e que uma das atrizes coadjuvantes era Eva Longoria?). Quantas pessoas conseguem passar num teste sobre quem substituiu Rod Serling como o apresentador na série Além da Imaginação ? (foi Forest Whitaker). Pesquisando os arquivos de seriados passados, talvez se possa defender alguns programas derivados de sucessos originais. Jornada nas Estrelas, naturalmente, deu nascimento a quatro séries separadas, mas foram todas subprodutos. Não foram remakes do original com os mesmos personagens.


Em vez disso, todos os personagens que apareceram numa série de filmes teatrais, enquanto que os seriados para a TV obtiveram muito mais sucesso: Missão Impossível, Agente 86, Família Addams e A Família Dó, Ré, Mi, só para citar alguns.


Battlestar Galactica, um fracasso da ABC em 1978 (21 episódios), retornou com uma recepção mais favorável na rede Sci-Fi, em 2004, mas na TV a cabo.


Dragnet surgiu como um seriado de rádio e foi produzido para a TV em 1951. A temporada terminou em 1959, mas retornou em 1967 e foi novamente um sucesso. Mas a segunda versão foi menos um remake e mais um renascimento. Ainda tinha como estrela Jack Webb interpretando Joe Friday, com o mesmo tema musical e a apresentação dos nomes mudada para proteger os inocentes.


Os títulos conhecidos em fase de desenvolvimento são realmente remakes: As Panteras será estrelado por três novas atrizes; Havaí 5-0 ainda poderá ser liderado por um sujeito sensato chamado McGarrett; e Arquivo Confidencial trará inevitavelmente a figura de um detetive chamado Jim Rockford.


Talvez o mais importante, no caso dessas novas séries, é que seus criadores têm os melhores currículos em televisão. Arquivo Confidencial está sendo escrito por David Shore, a principal força criativa por trás do bem sucedido House.


O problema envolvendo o quanto refazer e o quanto reinventar atrapalhou muito as tentativas anteriores para trazer de volta programas e personagens familiares ao público. ‘A identidade de um seriado de sucesso está tão intimamente ligada às estrelas, ao estilo e atitude originais, que transformá-lo de novo num sucesso significa que um desvio do original pode criar um sentido real de dissonância estética’, disse Robert J. Thompson, professor de TV e cultura popular na Universidade de Siracusa.


‘Em televisão, é muito mais seguro partir do zero do que fazer um remake. É perfeitamente plausível criar um programa de TV sobre três belas mulheres combatendo o crime em roupas fabulosas; mas talvez não seja uma boa ideia chamá-las de As Panteras. Para Littlefield, porém, o passado lamentável de remakes feitos anteriormente não deve desencorajar programadores das redes a continuar apostando em projetos baseados em antigos sucessos. TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO’


 


 


Patrícia Villalba


O cenógrafo que reabriu o Cassino da Urca


‘Toda reconstrução de época, no cinema e na TV, depende de truques – de colagens de imagens, direção de arte, figurino e, principalmente, cenários. Na minissérie Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor, que estreia hoje na Globo, dois cenários em especial trazem de volta os anos mais glamourosos do Rio de Janeiro: o palco do Cassino da Urca e o auditório da Rádio Nacional. São dois lugares que fazem parte da história da música popular brasileira, reconstruídos pelo diretor de cenografia da Globo, Mário Monteiro, depois de muita pesquisa e uma dose importante de imaginação. ‘A minissérie abrange cinco décadas, começa em 1934 e vai até 72. Atravessa quase todas as épocas mais significativas da música brasileira, em cinco capítulos. Isso é ilustrado não só com o repertório da Dalva e dos cantores da época, mas também pelo visual’, explica ele, referência na cenografia de televisão, em entrevista ao Estado.


Também são cenários da história os teatros Carlos Gomes e João Caetano, além do auditório da Rádio Mayrink Veiga, que lançou a era de ouro. Mas Mário tem ligação especial com o Cassino da Urca porque é um cenário construído com a ajuda do material de trabalho de seu pai, Alcebíades Monteiro Filho e seu avô, Alcebíades Monteiro, ambos arquitetos e cenógrafos. ‘Meu pai foi cenógrafo do cassino, usei várias plantas de palcos de shows que ele fez lá’, conta ele. Monteiro Filho trabalhou também no projeto do Hotel Quitandinha, em Petrópolis, onde o palco do Cassino da Urca foi montado para as gravações – o original está bastante deteriorado.


Nesta entrevista, Mário fala sobre Dalva de Oliveira por meio dos cenários da minissérie de Maria Adelaide Amaral. É um trabalho especial, entre outras coisas, por dar uma imagem a artistas que brilharam, principalmente, na imaginação dos fãs, que os acompanhavam pelo rádio.


Por que vocês montaram o palco do Cassino da Urca no Hotel Quitandinha?


A gente aproveitou a arquitetura do Quitandinha, que é bem próxima à do cassino. A Urca está muito deteriorada. Quando fizemos a minissérie AEIO… Urca (1990), gravamos lá mesmo, depois de uma restauração. Agora não dá, por isso fomos obrigados a procurar outro lugar. E transformamos o teatro do Quitandinha no Cassino da Urca. Fizemos os arranjos e os abajures de cena iguais aos originais, colocamos 400 figurantes na plateia, todos vestidos a caráter. O palco tem uma mecânica como o original, que girava e possuía elevações de cenário. Fizemos também uma pista iluminada, onde os shows se desenvolviam. Meu pai trabalhou diretamente no cassino, como cenógrafo. Sempre uso as coisas dele quando faço trabalhos de época, mas desta vez deu para usar mais.


Quantos números musicais foram gravados lá?


São oito, mas só vão ao ar fragmentos deles. No DVD, devem colocar os shows inteiros, como extras. E não é só lá. Há cenas de show também no Ginásio do Fluminense, onde havia um concurso de carnaval nos anos 40, e no Teatro Fênix, que ficava no centro da cidade, mas já foi demolido. Era onde a companhia da Dercy Gonçalves se apresentava. No cassino, um número do Orlando Silva e outro do Rick Valdez (um cantor fictício). E um da Dalva com o Francisco Alves. Os outros são shows do Trio de Ouro. Essa parte foi dirigida pelo Cláudio Botelho e o Charles Möiller, que deram o conceito de como seriam esses shows. O Dennis (Carvalho, diretor) resolveu convidá-los para fazer essa parte especial, só da Urca.


E como foi fazer a Rádio Nacional, aqui no Projac?


Pesquisei muito sobre ela. Por coincidência, ela funcionava no prédio do jornal A Noite, onde meu pai trabalhava também. Foi um templo da música brasileira durante décadas, com programas de auditório tipo César de Alencar e Trem da Alegria, onde se apresentavam mitos da música, como Carmen Barbosa, Noel Rosa, Aracy de Almeida. A Rádio Nacional era uma concentração de ídolos. O legal de reproduzi-la é que todo mundo só a conheceu através do rádio propriamente dito. Mas lá, os espetáculos eram uma coisa muito popular, porque o auditório era para 800 pessoas. Os artistas se preparavam para se apresentar.


Era um espetáculo visual também, mesmo pelo rádio.


Era, para as pessoas que estavam lá. Quem ouvia pelo rádio ficava tentando imaginar como seriam aquelas pessoas, como elas estariam vestidas. Então, pôr uma imagem nessa lembrança é um dos charmes da minissérie. A Rádio atravessa a minissérie toda. Pela primeira vez vamos ter a oportunidade de ver com imagem o que rolava lá, e como eram as pessoas ali. Me lembro das pessoas ouvindo aqueles programas, coladas no rádio. Talvez a imaginação delas tenha ido até além do que se passava de fato no auditório. Para não criar essa decepção, a gente fez uma coisa supercharmosa. Acho que vai ser um grande momento da minissérie, com as figuras mais carismáticas da época se apresentando ali. Durante a produção, a gente se perguntava ‘como eram aqueles caras? O que acontecia ali?’


E como é a imagem que vai ser apresentada?


Fui à Rádio Nacional, peguei as plantas originais. Infelizmente não deu para fazer do tamanho real, porque ela era imensa. Reproduzimos dois terços, fizemos um auditório para 500 pessoas. Foi legal pra burro. A produção de arte reproduziu até a parte técnica da rádio. Documentamos toda a época, para chegar à estética. Conversei também com várias pessoas que trabalharam lá. Por meio disso tudo, acho que fizemos uma reprodução bem próxima da realidade.’


 


 


Alline Dauroiz


Fagundes vira holografia às 19h


‘Em Tempos Modernos, novela das 7 que estreia na Globo no dia 11, a tecnologia dos efeitos especiais vai muito além do computador Frank, que servirá para interagir com humanos no estilo Hal, de Uma Odisseia no Espaço. Protagonista da trama, o construtor Leal (Antonio Fagundes) terá em casa – o ultramoderno edifício Titã – um museu virtual secreto, chamado Museu do Leal, onde guardará as suas memórias. Lá, Fagundes e outros personagens ligados a Leal virarão holografia.


‘Pegamos imagens reais do Fagundes, antigas e novas. Quando Leal pedir ao Frank para ‘reavivar’ sua lembrança, elas aparecerão holograficamente’, explicou ao Estado o diretor-geral da trama, José Luiz Villamarim.


Haverá também muitos recursos gráficos para transportar o centro de São Paulo ao Projac. Na cidade cenográfica da Globo existem réplicas de algumas construções (como as fachadas do Titã e da Galeria do Rock), mas a maioria do cenário, principalmente a noção de profundidade das ruas, será toda feita por computação.


Logo no primeiro capítulo, Leal sonha que a cidade está deserta e que os prédios estão se desconstruindo. Parte da cena foi gravada no centro de São Paulo e parte no Projac, em diversas etapas. ‘Gravamos o Fagundes de todos os ângulos possíveis’, diz.


Os aparatos tecnológicos usados pelo vilão Albano (Guilherme Weber) para controlar o prédio chamarão atenção. Ele terá ‘baratinhas’ espiãs, câmeras minúsculas que passeiam pelo prédio. ‘Elas são meio Matrix e viram um tipo de Transformer’, explica o diretor.


Quem é ligado nos blockbusters tecnológicos de Hollywood encontrará outras referências cinematográficas. Villamarim adianta: ‘A sala de controle de Albano é inspirada em Minority Report.’’


 


 


 


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