Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Al-Jazira lança hoje canal internacional


Leia abaixo os textos desta quarta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 15 de novembro de 2006


INTERNATIONAL
Sério Dávila


Rede árabe de notícias Al Jazeera lança canal mundial falado em inglês


‘A Al Jazeera lança hoje mundialmente seu primeiro canal de notícias em inglês. A rede de TV de Qatar quer levar o que chama de ‘ótica árabe’ sobre os acontecimentos do Oriente Médio a um público acostumado com apenas uma visão das notícias nessa língua, predominantemente ditada pela agenda de Washington e Londres. A Al Jazeera English entra no ar às 10h (horário de Brasília).


Atingirá 80 milhões de lares no mundo inteiro, via acordos com operadores de cabo e satélite em pelo menos 47 países. Do total, a empresa estima que metade é de população não-árabe. No Brasil, poderá ser vista ao vivo em banda larga pelo site www.aljazeera/ english.net ou sintonizada pelo canal de parabólica PAS9 Americas.


‘Os números do lançamento são o dobro do que tínhamos imaginado ao pensar na versão em inglês do canal’, disse Wadah Khanfar, diretor-geral da Al Jazeera. ‘Nenhuma outra emissora de notícias teve um lançamento desse tamanho, o que mostra o carinho pela nossa marca.’ Ao computar também os potenciais usuários do site, ele coloca em 1 bilhão o número de consumidores.


As redações da versão em inglês ficam em Washington, Londres, Kuala Lumpur e Doha. Na da capital norte-americana, há uma brasileira na equipe, a carioca Karina Gomes. Ex-produtora da NBC, trabalha no mesmo cargo na nova emissora e estará no Rio de Janeiro no momento de lançamento do canal.


‘Muitas pessoas não têm uma idéia própria sobre a Al Jazeera, uma vez que a maioria da população não fala árabe, e opiniões acabam sendo formadas pelo que elas escutam de terceiros’, disse ela à Folha. ‘O lançamento em inglês dará a muitas dessas pessoas a possibilidade de formar suas próprias opiniões.’


Paixões


A Al Jazeera, criada em 1996 pelo emirado de Qatar, começou a chamar a atenção do Ocidente ao mostrar manifestações populares antiamericanas logo após o 11 de Setembro e ganhou importância ao fazer uma cobertura da Guerra do Afeganistão (2002) e do Iraque (2003) que ia contra o patriotismo exagerado que tomou as emissoras anglo-americanas. Sofreu críticas ao mostrar soldados americanos presos e imagens de mortos e feridos.


Provocou reações apaixonadas tanto do governo americano, que num primeiro momento proibiu seus membros mais graduados de falarem à emissora, quanto de governos árabes, acostumados com uma mídia dócil e oficialesca. Nos primeiros 30 dias da invasão iraquiana, duas sedes provisórias da emissora no país foram atingidas por fogo amigo da coalizão, matando quatro jornalistas.


Por conta de sua equipe e contatos no mundo árabe, a Al Jazeera tornou-se o canal para divulgar vídeos de organizações jihadistas; várias das mensagens de Osama bin Laden apareceram primeiro ali.


‘A emissora é tão odiada nos palácios de Riad quanto na Casa Branca’, escreveu Hugh Miles na revista ‘Foreign Police’. ‘Mas, como milhões de espectadores fiéis já sabem, ela promove um nível de liberdade de expressão e de oposição raramente visto no mundo árabe.’’


 


ROSINHA NA TV
Sergio Costa


Show sem Xuxa


‘RIO DE JANEIRO – Rosinha recebeu convite de Marlene Matos, antiga diretora da Xuxa, para virar apresentadora de TV -informa uma coluna de notas daqui.


Enquanto a nova atração não tem data para estrear, o Rio assiste ao show de encerramento do seu governo.


Por decreto da governadora, o ano fiscal terminou na segunda-feira. Não se empenha mais nada no Estado e, certamente, vai ter fila na porta do Palácio Guanabara quando a nova direção assumir. Fornecedores tentarão renovar contratos com até seis meses de pagamentos atrasados. Um artifício para Rosinha fugir da Lei de Responsabilidade Fiscal e, ao mesmo tempo, empurrar um passivo para o início do governo Sérgio Cabral Filho.


Enquanto anuncia sua equipe a conta-gotas e garante visibilidade política antes da estréia no Executivo estadual, Cabral Filho ganha tempo para tentar obter informações sobre as contas e a situação do Rio. A ordem da futura apresentadora de TV é clara nas repartições. Os dados só podem sair das fontes para o gabinete dela. Só daí chegam à equipe do governador eleito. Qualquer vazamento será punido com rigor. E quem tem DAS, mesmo em fim de governo, tem medo.


Mas não é só Cabral Filho que quer saber: quais são as informações -números?- que Rosinha tanto teme que sejam divulgadas? Ela e o marido estão fazendo o caminho de volta para Campos, onde mantêm casa própria. Mas, como o seguro morreu de velho, Garotinho vai deixar renovado por aqui o contrato com o advogado criminalista Nélio Seidl Machado.


Machado é um dos mais caros e conceituados profissionais do ramo. Defende, entre outros clientes famosos, o banqueiro Daniel Dantas. Como gostava de repetir Geraldo Alckmin, é pelo dedo que se conhece o tamanho do gigante.’



QUEBRA DE SIGILO
Andréa Michel


Delegado pedirá à Justiça retirada de dados da Folha e prazo maior para investigações


‘A Polícia Federal pedirá à Justiça mais prazo para investigar o caso do dossiê que emissários petistas queriam comprar para incriminar políticos tucanos. No mesmo pedido, a PF informará ao juiz responsável que os dados relativos à quebra de sigilo de um telefone utilizado pela Folha não estão sob investigação e que, portanto, devem ser retirados do conjunto de documentos que compõem o processo.


O pedido deve ser encaminhado à 2ª Vara da Justiça Federal em Cuiabá até o final da próxima semana, pois o prazo anteriormente concedido à investigação termina no dia 26.


Em ofício de 24 de setembro, o delegado Diógenes Curado, que comanda a investigação policial, pediu à Justiça a quebra de vários sigilos telefônicos, entre os quais o de um número fixo utilizado pela Folha no comitê de imprensa da Câmara dos Deputados e de um celular utilizado por uma repórter do jornal. Segundo a PF, os dois números foram encontrados no celular de um dos envolvidos no caso do dossiê.


Na quinta-feira da semana passada, quando a Folha tornou pública a quebra de sigilo, o diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, disse que o delegado Curado havia cumprido sua missão de investigador e reafirmou que a Folha e seus profissionais não haviam sido alvo de investigação.


Na sexta-feira passada, Curado disse que não havia necessidade de retirar as citações.


No mesmo dia, a Folha havia informado que a PF decidira pedir à Justiça a retirada, do inquérito, dos dados relativos à quebra de sigilo telefônico do jornal, bem como referências à publicação inseridas no relatório da investigação.


O superintendente da PF em Mato Grosso, Daniel Lorenz, disse que o nome do jornal foi inserido no relatório parcial da investigação, encaminhado à CPI dos Sanguessugas, ‘por uma questão de transparência’. ‘A quebra foi pedida, autorizada pela Justiça. Os dados teriam de constar do relatório, apesar de terem sido imediatamente descartados como linha de investigação’, afirmou.


Mais tempo


Ao pedir a renovação do prazo, a PF frustra expectativas anteriormente geradas de que a investigação seria concluída até o final deste mês, com o provável indiciamento de parte dos envolvidos pela prática de crimes contra o sistema financeiro e de lavagem de dinheiro -e possivelmente também crimes eleitorais.


Segue como um dos pontos principais da investigação a análise da quebra de sigilos telefônicos. Anteontem, a PF ouviu, em São Paulo, Ana Paula Vieira Cardoso, que aparece como dona de um telefone celular que recebia e realizava ligações com os envolvidos na tentativa de compra do dossiê.


Segundo a PF, a linha registrada em nome de Ana Paula era utilizada por Hamilton Lacerda, ex-coordenador de campanha do petista Aloizio Mercadante. Ana Paula negou conhecer os envolvidos ou ter vinculação com partidos.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Sem sinal, de novo


‘Em agosto, numa feira da Associação Brasileira de TV por Assinatura, um estande ‘chamou a atenção’, com logo e ‘teasers’ da Al Jazeera International. O canal estréia hoje com nome um pouco diferente, Al Jazeera English, e sem sinal na TV por assinatura -a exemplo da venezuelana Telesur. Por aqui, só as americanas CNN e Fox News e a britânica BBC. Quem quiser a Al Jazeera tem que ir ao site ou apelar às parabólicas para captar o sinal, por ora, aberto.


Não é só por aqui. Nos EUA, segundo o ‘Guardian’, ‘o lançamento foi atrapalhado pela suspensão de um acordo com a ComCast, a maior operadora do país -e de Detroit, a maior população árabe-americana’. A ComCast diz que a decisão de anteontem se deveu à ‘falta de capacidade’. A distribuição americana será por satélite de uma subsidiária da France Telecom.


‘STREAM’


O site da Al Jazeera esconde mal o temor com o alcance restrito do novo canal. Festeja que vai atingir 80 milhões de residências, que seria ‘o dobro do esperado’. Afirma que os números vão aumentar, com o tempo.


Mas trata de destacar que o sinal poderá ser acessado por telefone celular ou outras vias, sobretudo pelo próprio site, com ‘live stream’.


UM ESPINHO


O americano ‘The New York Times’ chegou perto de defender a Al Jazeera, ontem em sua longa reportagem.


Descreveu o canal original, em árabe, como ‘um espinho para todo ditador na região, bem como para o governo Bush’. Apontou a pujança do grupo do Qatar, que incluirá um jornal pan-árabe, canais de esporte, infantil e até de transmissões institucionais, este copiado do C-Span.


E anunciou esta Al Jazeera em inglês como direcionada a representar, no ‘mundo em desenvolvimento’, o que foi antes no árabe, ‘defensora das causas esquecidas’.


A24


No rastro da Al Jazeera, de êxito comercial, já vieram dois outros canais com perspectiva localizada, um da Venezuela, outro da Rússia, como destacou a agência Reuters. Teve também o da Radiobrás, que não chegou a decolar.


O projeto mais festejado é a ‘CNN à la française’ lançada por Jacques Chirac em 2002 e que estréia no mês que vem. O nome é France 24, tem capital estatal e da rede privada TF1, meio a meio, e promete ‘um ponto de vista diferente do universo anglo-saxão’.


Mas o mais marcante talvez seja o projeto A24, com estréia em 2007. Será ‘um canal de jornalismo 24h pan-africano, comandado por africanos e voltado ao público africano’.


ANIVERSÁRIOS


Para registro, o aniversário de dez anos da Al Jazeera foi dia 1º, saudado por seu diretor geral, no site, como ‘símbolo para a liberdade de imprensa em todo o mundo árabe’.


Para o Ocidente, o canal tem, na verdade, cinco anos: em outubro de 2001 foi ao ar o vídeo de Osama bin Laden.


washingtonpost.com/ Reprodução


Um condomínio em Governador Valadares bancado pelos recursos enviados dos EUA, segundo o ‘WP’


‘LITTLE AMERICA’


O correspondente do ‘Washington Post’ Monte Reel foi até Governador Valadares, em Minas Gerais, para longa reportagem sobre a cidade apelidada de ‘Little America’ ou ‘Vala-dólares’. Estima que até 50 mil dos habitantes vivem hoje nos EUA, num fluxo iniciado nos anos 40 com a chegada à região de mineradoras americanas. Perfila um menino, Guilherme, 14, que tem quase toda a família nos EUA e que vai também, logo. ‘Se pudesse, iria amanhã.’


DIVERSIDADE


Novamente atento ao país, pós-eleição, o ‘WP’ também deu ontem que uma ‘cidade remota’ da Amazônia tornou oficiais, nas escolas e governo, três idiomas indígenas. No Brasil, seria ‘a primeira’.


PROTEÇÃO


No refluxo protecionista da globalização, a França avisou, no ‘Financial Times’, que quer barreiras tarifárias na Europa aos países poluidores: para começar, Brasil e os três outros emergentes BRICs.’



LIVRE EXERCÍCIO
Silvana de Freitas


STJ proíbe médico de trabalhar como jornalista sem diploma


‘O STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou a um médico de Bauru o direito de exercer a profissão de jornalista. O tribunal também não reconheceu a validade do registro profissional que ele obteve durante a vigência de uma liminar que desobrigava a apresentação do diploma de curso superior de comunicação para atuar na área.


A 1ª Seção do STJ julgou um mandado de segurança movido pelo médico José Eduardo Marques contra portaria do Ministério do Trabalho, que declarou sem validade os registros profissionais de jornalista concedidos durante a vigência da decisão judicial e determinou que as delegacias do trabalho cancelassem os documentos emitidos no período.


O mandado de segurança foi rejeitado, por decisão unânime. Ela vale especificamente para Marques, que faz comentários em um programa de TV chamado ‘Prevê Saúde’. Cabe recurso ao Supremo Tribunal Federal.


Já tramita no STF um pedido de liminar do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, de restabelecimento da dispensa do diploma a todos os interessados. Trata-se de recurso em uma ação civil pública, de caráter coletivo.


No outro extremo dessa batalha estão o governo, por meio do Ministério do Trabalho, a Federação Nacional dos Jornalistas e o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.


No processo no STJ, foi reconhecido o direito de Marques atuar como ‘colaborador’. ‘O jornalismo encontra-se cada vez mais diversificado e formados em outras áreas naturalmente acabam por se dedicar à elaboração de artigos e matérias específicas de sua formação’, disse o relator, José Delgado.


Marques disse que a portaria do Ministério do Trabalho era inconstitucional, por violar o direito de livre exercício de qualquer profissão. Ele chegou a obter uma liminar da Justiça Federal para manter o registro profissional, mas o governo recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região e a cassou.


O Ministério Público Federal emitiu parecer pela concessão de outra liminar por risco de demissão sumária, mas os ministros discordaram desse entendimento.


Para justificar a proibição, o relator afirmou que o diploma de curso superior em comunicação social é uma exigência legal para obtenção do registro profissional de jornalista. O decreto-lei nº 972, que traz essa exigência, entrou em vigor em 1969, durante a ditadura militar.


Para Delgado, a garantia constitucional de livre exercício profissional está condicionada ao atendimento de condições previstas em leis.’


 


FUTEBOL NA TV
Rodrigo Mattos


Clube põe pressão sobre a TV Globo


‘Em reunião ontem, sobre o contrato de TV do Paulista 2008-2010, o São Paulo emparedou dirigentes de outros clubes, da Federação Paulista de Futebol e da Rede Globo. A pressão visa aumentar o valor pago pelo Estadual, usando a oferta da Record.


A emissora paulista propôs pagar R$ 70 milhões por ano. A Globo acertara a renovação do contrato por R$ 40 milhões- teve a assinatura de 15 clubes.


A FPF apresentou a proposta da Globo aos clubes quando a Record já sinalizava com a oferta. E, ontem, só permitiu que diretores da Globo se reunissem com os clubes -a Record ficou do lado de fora.


Ficou acertado que a emissora carioca terá dez dias para igualar a proposta da concorrente. ‘Ou a situação ficará complicada [para a Globo]’, disse o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, para quem o contrato já assinado não possui validade. Se a Globo igualar a Record, leva.


A reviravolta foi possível pela posição do presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio. Sem dívidas com a Globo, pediu aos colegas para analisar a proposta da Record. ‘Procuramos reconhecer o valor do produto.’ O Santos apoiou.


Segundo o dirigente, cartolas de Palmeiras e Corinthians, que já anteciparam receitas da Globo, ficaram em silêncio.


Os presidentes palmeirense, Affonso della Monica, e corintiano, Alberto Dualib, saíram pelos fundos e não falaram. Juvêncio informou que eles ficam constrangidos com as dívidas. O Palmeiras deve à FPF R$ 11 milhões, que serão pagos com receitas da Globo. O Corinthians também já pegou empréstimos, dando como garantia suas cotas de TV.


Houve proposta de dividir o Paulista entre Globo e Record, mas a primeira rechaça essa opção.’



TV
Daniel Castro


Governo veta drama evangélico antes das 21h


‘O Ministério da Justiça vetou a exibição antes das 21h de dois programas da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo.


Ambos os programas são veiculados em redes controladas pela Universal (Record, Rede Mulher) ou que alugam espaço à igreja, como a TV Gazeta. No caso da Gazeta, emissora de São Paulo, estão indo ao ar das 6h às 8h e das 20h às 22h.


Em despacho publicado no ‘Diário Oficial da União’ de anteontem, o ministério considerou os programas ‘Pare de Sofrer’ e ‘Casos Reais’ impróprios para menores de 14 anos, por conterem agressões físicas, consumo de drogas, suicídio e descrições pormenorizadas de atos violentos.


Esses programas fazem encenações de dramas familiares e pessoais envolvendo principalmente álcool, desemprego e violência. Também exibem depoimentos de fiéis que superaram esses problemas, graças, obviamente, à igreja.


A classificação dos dois programas foi feita a pedido da Fundação Cásper Líbero, mantenedora da Gazeta. A Igreja Universal informou ontem de manhã que ainda desconhecia o ato do Ministério da Justiça, mas que irá recorrer da decisão, por não concordar com ela.


As redes de TV entendem que a classificação indicativa não é obrigatória. Mas a têm cumprido para evitar ações judiciais movidas pelo Ministério Público Federal.


A VOZ VOLTOU 1 Depois de quase dois meses ausente e já recuperado de uma virose que lhe tirou a voz, o ator Tarcísio Meira (Tide) volta ao ar nos capítulos da semana que vem de ‘Páginas da Vida’.


A VOZ VOLTOU 2 Meira já deveria ter retornado, mas o autor da novela retardou. Para justificar a ausência de Tide com uma viagem ao interior, Manoel Carlos teve de inventar uma doença grave para o administrador da fazenda, Zé Ribeiro (Umberto Magnani). E só agora conseguiu resolver essa trama.


BRASIL PROFUNDO A CNN exibirá no final do mês uma série de reportagens especiais que promete abordar os problemas brasileiros com uma profundidade rara na TV internacional.


AUDITÓRIO Executivos do SBT assistiram ontem a uma palestra de José Eduardo Elias Romão, diretor de classificação indicativa do Ministério da Justiça. Romão apresentou o novo manual de classificação, que entra em vigor em dezembro.


CELEBRIDADE Glória Perez deu um tempo dos capítulos de ‘Amazônia’. Foi ao Acre inaugurar uma estátua do poeta Juvenal Pontes, que na minissérie será interpretado por Diogo Vilela.


CORRIDA VIP Andrea Santa Rosa, mulher de Márcio Garcia, foi a ‘famosa’ mais bem colocada na Nike 10K, realizada domingo em São Paulo. Ela completou a corrida em 48min44s, à frente dos globais Marcelo Farias e Bernardo Barreto (59min57s).’




POESIA DE LUTO
Folha de S. Paulo


Morre o poeta Ronaldo Azeredo, 69


‘Ronaldo Azeredo publicou apenas 29 trabalhos, ao longo de 50 anos, mas era considerado por Décio Pignatari o ‘mais autêntico da poesia concreta’. Azeredo morreu ontem, aos 69 anos, por volta das 6h30, no hospital Professor Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, de complicações de uma insuficiência renal. O corpo será cremado hoje, às 10h, no cemitério da Vila Alpina.


Augusto de Campos lamentou a morte de Azeredo, ‘mais um companheiro de viagem que se vai’, como José Lino Grünewald, que também morreu antes de completar 70 anos. Campos lembrou que seu poema ‘Velocidade’ ‘corre o mundo’ em antologias e exposições.


‘O destino fez com que não pudesse ver pessoalmente a atual mostra do Museu de Arte Moderna, na qual aparecem com destaque os seus poemas que integraram a Exposição Nacional de Arte Concreta, há 50 anos. Não lhe foi possível também ver o livro, ainda em preparo, que reúne as suas obras. É uma pena.’


Campos ressaltou ainda que o poeta tinha uma intuição rara e seletiva. ‘Suas intervenções artísticas tinham uma diretidade e uma veracidade incomuns. Radical, arriscava tudo nos biogramas deslivrescos de suas últimas propostas visuais.’


Azeredo nasceu em 1937, no Rio. Publicou seu primeiro poema, ‘Rato’, em 1954, no nº 3 da revista ‘Noigandres’, e mudou-se em 1957 a São Paulo. Participou das mostras de 56 e 57, antes de lançar três marcos do movimento: ‘Ruasol’, ‘Lesteoeste’ e ‘Velocidade’.


Avesso a entrevistas, concedeu apenas uma em toda a vida, à revista ‘Trópico’, no ano passado, quando falou, entre outras coisas, de como se distinguia de Haroldo e Augusto de Campos, e de Pignatari. ‘Evidentemente, os grandes intelectuais do grupo eram os três, não era eu. Eu era mais o fazedor, não era o teórico ou formulador de grandes teorias.’’




VIDA ONLINE
Juliano Barreto


Orkut é o paraíso da enganação virtual


‘Toda a sorte de desvio de comportamento conta com a ajuda da internet para crescer e ser difundido. No Brasil, o site de relacionamentos Orkut (www.orkut.com) figura como uma das principais ferramentas on-line para preconceituosos, ciumentos, tímidos, mentirosos e para quem apenas tem vontade de encarnar um personagem diferente.


Segundo Eduardo Honorato, pesquisador do Centro Universitário Luterano de Manaus, 46% das pessoas acessam o site mais de uma vez por dia e, em grande parte dos casos, a quantidade de contatos virtuais é superior à de amigos reais.


Baseado em um questionário respondido por 480 usuários, Honorato descobriu que 53% dos entrevistados disseram possuir uma lista com mais de cem pessoas no site de relacionamentos e que o número de amigos de verdade de 30% dos pesquisados não ultrapassava o de 20 colegas.


Tais dados mostram a facilidade do Orkut em criar interações entre seus participantes. A pessoa se sente mais popular e estabelece relações com desconhecidos, combinação que transforma o site em um paraíso para os mentirosos.


Encarnar um personagem é um expediente bastante usado para esconder a identidade de usuários racistas e de bisbilhoteiros. Chamados ‘fakes’ ou ‘bogus’, os perfis falsos podem servir como uma representação do que a pessoa gostaria de ser, se vivesse em um mundo sem regras. ‘Se alguém faz uma ofensa racista a uma pessoa dentro de um shopping, ela pode ser punida na mesma hora. Quando o racismo é difundido pela internet, há uma grande sensação de impunidade’, explica Honorato. As representações virtuais, porém, não têm vidas totalmente próprias.


De acordo com os psicólogos ouvidos pela Folha, os sites de relacionamento são apenas potencializadores de traços já existentes na personalidade. Alguns torcedores de futebol descarregam suas reclamações nas comunidades de times rivais. Outros usam a rede para combinar o local para brigas após as partidas.


Assédio moral


O bullying, termo, em inglês, que resume as gozações e perseguições feitas na escola, foi transferido para o mundo virtual. Existem comunidades que tiram sarro de garotos obesos, de baixinhos, de meninas com cabelos enrolados etc. A vergonha passada pelas vítimas do desrespeito via internet é prolongada. ‘Muitas vezes, as situações que acontecem dentro do Orkut têm importância maior para a vítima do que as da vida comum’, explica a psicóloga e professora da Universidade Ibirapuera, Ivelise Fortim. Mais gente pode ver as gozações, e a pessoa se sente ainda pior, pois imagina uma repercussão exagerada da brincadeira de mau gosto.


Outro quadro que pressiona os jovens é a vigilância dos pais, que usam o Orkut para saber com quem seus filhos conversam e quais são os assuntos tratados. Para contornar o monitoramento, muitos adolescentes criam novas contas e usam personagens falsos, o que contraria as regras do Orkut.’




Tecnologia abastece os ciumentos


‘Contratar um detetive particular para descobrir uma traição é coisa do passado. Os ciumentos e possessivos já descobriram que e-mails, programas de mensagens instantâneas e celulares podem servir como fontes para alimentar as suas paranóias.


Os psicólogos ouvidos pela Folha afirmaram que a vigilância na internet pode transformar o relacionamento em um inferno. ‘Um casal começou a brigar porque a moça havia dito em seu perfil do Orkut que falava italiano, e o namorado achou que ela queria impressionar alguém’, lembra a especialista Ivelise Fortim.


Em relacionamentos conturbados, recados no Orkut e mensagens SMS enviadas por alguém do sexo oposto são motivos para brigas constantes. Essa situação, de acordo com os terapeutas, ocorre com casais em que uma das pessoas se submete à psicopatia da outra.


A internet e os meios modernos de comunicação, no caso, são só instrumentos para agravar um problema com raízes mais profundas. O tratamento para os ciberciumentos é tradicional: o casal deve fazer terapia.’




Trabalho ‘sem limite’ afeta vida social


‘Muitas das facilidades trazidas pelo mundo on-line funcionam para pressionar profissionais e transformar trabalho em causa de problemas psíquicos. A falta de horários e de barreiras para as atividades, feitas em casa e no escritório, atrapalha a vida social e gera insatisfação.


Para o professor da BSP Business School São Paulo, Álvaro Mello, a tecnologia ajuda a manter a porta do escritório sempre aberta. ‘Checamos nossos e-mails nos finais de semana, tarde da noite e quando estamos de férias, pois a tecnologia nos permite’, explica.


O especialista em sociologia do trabalho Álvaro Roberto Crespo Merlo, que acompanhou o trabalho de analistas de informática, faz coro. ‘A atividade tem um aspecto lúdico importante, que permite prazer no trabalho, mas pode também ser fonte de controle externo e de pressão por produtividade sem limites’, diz.


Misturar assuntos profissionais e pessoais, entretanto, também é encarado como um escapismo. ‘O isolamento pelo uso do computador pode expressar uma ‘estratégia’ dos que não desejam ou não sabem enfrentar as dificuldades cotidianas’, define a doutora Sálua Cecílio, professora da Universidade de Uberaba.’



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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 15 de novembro de 2006


LULA E A IMPRENSA
O Estado de S. Paulo


Palavras ao vento. Ou não?


‘Falando de sua saída do Planalto e do quadro político nacional, o ex-ministro de Comunicação do governo e ex-coordenador do seu Núcleo de Assuntos Estratégicos Luiz Gushiken disse ao Estado que, ‘depois de uma campanha como essa, o País precisa de tranqüilidade’. E, com a oposição concentrada em lamber as feridas da derrota eleitoral e em tatear os incertos caminhos do seu futuro, e com os políticos em geral numa corrida desembestada para ver quem adere com mais entusiasmo ao presidente reeleito, tudo contribui para que a tranqüilidade reine. Tudo, menos quem deveria ser o maior interessado nela: o presidente reeleito, Luiz Inácio Lula da Silva.


Na mesma segunda-feira em que Gushiken assegurou que ele ‘está oferecendo a concórdia’, em um comício pró-Chávez, na Venezuela, Lula soltou o verbo contra a imprensa nacional, os banqueiros e o empresariado – que, aliás, como a esquerda petista, só critica a política monetária de juros altos. O pior da catilinária lulista, como semeadura da discórdia, foi a falsificada comparação dos climas eleitorais nos dois países e a impropriedade de se equiparar a Chávez no papel de vítima de preconceitos e incompreensões. Nada disso se justifica – e tudo isso inquieta -, mesmo porque, oficialmente, Lula foi a Ciudad Guayana não para dar uma força ao seu ‘querido companheiro’ venezuelano, que, evidentemente, não precisa dela, mas sim para tratar de assuntos sérios do interesse de ambos os países.


Nem mesmo tendo em mente que o palanque aceita tudo, e que esse é o espaço público no qual Lula mais se sente em casa para dizer o que lhe der na telha, se pode fazer de conta que foram apenas palavras ao vento. A começar pelo que ele afirmou sobre a mídia.


Lembrou de sua surpresa, há três anos, diante da contundência dos ataques da TV privada venezuelana a Chávez – que dividiu o seu país de alto a baixo. ‘Eu jamais imaginei que isso pudesse acontecer no Brasil’, comentou. ‘E aconteceu o mesmo.’ Em campanha eleitoral, mesmo que não seja a sua própria, ele não abre mão daquele ‘direito de mentir’ inventado pelo governador eleito da Bahia, Jaques Wagner. Na verdade, Lula sofreu na campanha uma única investida, não da imprensa, mas do adversário Geraldo Alckmin, no primeiro dos debates televisivos. Nas sabatinas a que foi submetido por jornais e emissoras, nenhum dos entrevistadores, mesmo nas perguntas mais embaraçosas, chegou perto de agredi-lo, para repetir o termo que ele usou anteontem.


Se Lula de fato considera agressão pessoal falar-se dos escândalos éticos de sua gente, do Waldogate ao fracassado golpe do dossiê contra os tucanos em São Paulo, está na hora de ele fazer uma ‘auto-reflexão’, como sugeriu aos jornalistas o mal-humorado presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia. Há um abismo, repita-se, entre o radicalismo da mídia venezuelana, pró e contra Chávez, e a conduta dos órgãos da mídia brasileira, especialmente a TV, em relação a Lula. Mesmo quando ele sustenta que na raiz da oposição a ambos está o preconceito, é menos do que meia-verdade.


No Brasil, quaisquer que sejam as razões objetivas das críticas ao presidente, é fato que a elas se agrega algum grau de preconceito contra o migrante nordestino, operário e dirigente sindical que chegou aonde chegou, embora insignificante demais para interferir na sua trajetória vencedora. Já na Venezuela, a história é outra. Não existe preconceito contra Chávez. Existe uma legítima desconfiança – que ele só faz justificar – contra um coronel que liderou uma tentativa de golpe militar e que depois teve a dúbia distinção de levar o seu caudilhismo a extremos inauditos no país.


É de perguntar se Lula fala o que não deve, disseminando a intranqüilidade, por mera incontinência verbal ou se o seu destampatório é peça de algum projeto inconfessável cujo êxito depende da existência de um clima de intranqüilidade. Custa crer que seja esta a motivação de Lula, antes de mais nada porque ele não tem motivo nenhum para isso, depois da consagradora votação no segundo turno e de ter o seu governo alcançado índices recordes de aprovação. Não obstante, nunca se sabe.


O fato é que Lula saiu das urnas com as mãos estendidas em reconciliação com a imprensa, mas, por atos e palavras, o esquema petista de poder não perdeu ocasião de fazer o contrário. Agora, a fala do presidente sugere que o morde-assopra cedeu a vez ao morde, apenas.’



João Domingos


Ataque à mídia foi uma recaída, dizem auxiliares


‘Apesar de ter prometido mudar radicalmente de atitude em relação aos meios de comunicação, o presidente Lula continua possesso com o que chama de ‘preconceito’ da imprensa com sua candidatura e seu governo, informaram ontem auxiliares que convivem com ele. O próprio Lula teria atribuído as críticas feitas à mídia na segunda-feira, na Venezuela, a uma recaída inesperada em seus sentimentos, segundo assessores.


‘Eu sei que tenho de mudar, meus companheiros sabem que tenho de mudar essa relação, mas fico indignado quando a imprensa não reconhece que ela também tem de mudar, que errou muito durante toda a campanha’, tem repetido Lula, conforme relato de auxiliares. Um deles conta que o presidente tem brigado consigo mesmo para acabar com o sentimento de raiva que sente da mídia desde o escândalo do mensalão. Às vezes consegue, às vezes não.


COLETIVA


Os mesmos auxiliares dizem que Lula tem procurado se disciplinar para manter relação melhor com a mídia. Tanto é que dia 29, depois de fazer breve discurso de agradecimento pela vitória, anunciou aos presentes que, como prova de que estava mudando, daria uma entrevista coletiva. Ela foi curta, mas Lula se propôs até a quebrar a rigidez do protocolo e responder a perguntas que excederam o tempo planejado para sua permanência entre os repórteres. Depois, pacientemente, concedeu num só dia entrevistas para quatro emissoras de TV.


BLOG


Em seu blog na internet, Dirceu apoiou o discurso de segunda-feira. ‘Muito bom o discurso do presidente Lula na Venezuela. Sincero, direto, franco. Uma avaliação sobre o comportamento da maioria da nossa imprensa nos últimos anos, principalmente na campanha’, afirmou Dirceu.


O ex-ministro tem insistido que no Brasil a mídia tratou o presidente Lula de forma desrespeitosa.’



Dora Kramer


Desvio de função


‘No lugar de se prestar a ser usado de novo por Hugo Chávez, desta vez como cabo eleitoral, o presidente Lula faria um bem à sua biografia e ao destino do segundo mandato se se dedicasse a entender o que se passa de fato no sistema de tráfego aéreo, a fim de fornecer à população a explicação – e, se possível uma solução – que nem a Aeronáutica nem o Ministério da Defesa conseguem dar para os constantes, e pelo visto perenes, atrasos de vôos nos aeroportos dos quais tanto se orgulha.


Se o presidente ainda não percebeu, não se trata de um assunto atinente às necessidades das ‘elites’. São negócios adiados, tarefas não cumpridas, urgências canceladas, o turismo prejudicado, milhões de pessoas na condição de verdadeiros reféns de uma crise envolta em mistérios sobre os quais o governo federal não demonstra empenho em lançar luz.


Lula age como se não fosse com ele, como se o assunto não guardasse relação com a gestão governamental, como se o transporte aéreo não fosse uma questão de Estado e de segurança nacional num país das dimensões do Brasil.


As justificativas apresentadas até agora são mais que insuficientes, configuram-se pueris. Por exemplo: se, como diz a Aeronáutica, o problema é de falta de pessoal e de aumento do tráfego aéreo, por que os vôos saíam no horário até 20 dias atrás? O que houve nesse período?


Se a obediência estrita às normas de segurança provoca tal desorganização no serviço é sinal óbvio do, até então, estado permanente de insegurança dos vôos. Sob o gentil patrocínio do poder público.


Com seu destino político resolvido, na primeira etapa da crise, o presidente fez uma reunião, exigiu providências e foi à praia de Aerolula, enquanto milhares se estressavam em aeroportos para viajar no feriado de Finados.


Na segunda, Lula estava no palanque de Chávez esbravejando contra a ‘incompreensão e o preconceito’ sofridos por ele por parte da imprensa, dos banqueiros, do empresariado e de ex-governantes, no intuito de desenhar identificação e proximidade com seu candidato à eleição presidencial da Venezuela. Candidato a um terceiro mandato, diga-se.


O presidente Lula faria um bem à sua biografia e ao destino de seu segundo mandato – que ficará para o registro da história – se descesse dos palanques, nacionais e internacionais, e dedicasse tempo e atenção ao cotidiano dos brasileiros. De todos, mas principalmente daqueles que o reelegeram acreditando na mistificação publicitária segundo a qual os problemas do Brasil serão todos resolvidos se a oposição deixar o homem trabalhar.


Ao trabalho, portanto.


Recuo estratégico


Podem ter ‘n’ motivos os pedidos de demissão de Luiz Gushiken e Gilberto Carvalho, menos o alegado por ambos: que saem para abrir espaço à ‘renovação’ da equipe e permitir a integração de novos aliados ao ministério.


Houve quem interpretasse os gestos como uma ‘senha’ aos petistas no governo, para que também pedissem demissão, de modo a deixar o presidente à vontade para fazer mudanças. Além de ingênua, essa leitura bate de frente com o fato: nenhum dos dois cargos está na roda das tratativas com os partidos.


Gilberto Carvalho é secretário particular, lugar não aberto às negociações políticas. E o posto de Luiz Gushiken, chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos, não teve outra utilidade a não ser abrigar Gushiken no Palácio do Planalto quando ele precisou deixar a Secretaria de Comunicação de Governo por causa do escândalo do mensalão, que viria a lhe render as acusações de corrupção ativa e tráfico de influência na denúncia do procurador-geral da República ao Supremo Tribunal Federal.


Carvalho é personagem de duas outras complicações: foi citado pelos irmãos de Celso Daniel como conhecedor dos negócios de corrupção que levaram ao assassinato do então prefeito de Santo André, em janeiro de 2002, e trocou telefonemas com Jorge Lorenzetti, coordenador da operação dossiê, no dia da prisão dos petistas encarregados de comprar e divulgar material contra os tucanos.


O presidente Lula não pode se precaver 100% contra novos escândalos, mas pode tomar medidas preventivas para evitar que os velhos lhe criem mais problemas por conta da proximidade de seus protagonistas.’


 


RADIOBRÁS
O Estado de S. Paulo


Suplicy faz defesa da Radiobrás


‘Senadores do próprio PT repudiaram ontem a intenção de integrantes do partido de exigir da estatal de comunicação Radiobrás cobertura mais engajada do governo Lula. Eduardo Suplicy (SP) defendeu o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci.


Na edição de ontem, o Estado informou que Bucci está sendo pressionado por petistas que na reforma ministerial querem mexer na Radiobrás, para torná-la mais articulada com os interesses do Planalto. Em parte por causa das pressões, Bucci pôs o cargo à disposição, em carta a Lula.


‘Quero afirmar que considero positiva a diretriz levada adiante pelo presidente da Radiobrás, que procurou fazer desta, que é uma das principais, senão a mais importante empresa de comunicação oficial, um órgão isento e imparcial com o intuito, sobretudo, de levar a melhor informação, a mais completa possível sobre os atos do governo e o que se passa no Brasil’, afirmou Suplicy, na tribuna do Senado. Ele garantiu que a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), concorda com sua posição.


‘Bucci teve a preocupação de transmitir ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral seu objetivo de noticiar os fatos mais importantes da disputa eleitoral com a maior isenção’, contou Suplicy. ‘Certamente, assim agiu seguindo a diretriz do presidente Lula, com a compreensão correta de que as instituições públicas devem ser administradas com espírito público, não se tornando aparelhos de quaisquer interesses político-partidários’, disse.’



FUTEBOL NA TV
Cristina Padiglione


FPF repensa acordo


‘Em reunião na Federação Paulista de Futebol (FPF), a diretoria da casa e os dirigentes dos clubes apresentaram oficialmente ao representante da TV Globo a proposta da Record pela compra dos direitos de transmissão do Paulistão em 2008 e 2009. A Globo tinha oferecido R$ 40 milhões por ano. A Record contrapropôs R$ 70 milhões pelo pacote todo, ou R$ 26 milhões (a oferta inicial era de R$ 20 milhões) por apenas 21 partidas.


A decisão deve se arrastar até a próxima semana. A Globo alega que o compromisso com a FPF já estava acertado e que a rediscussão de valores não é ética. A Record alega que a Globo se antecipou à data de renovação do contrato pelo Paulistão. ‘Assim que nós desistimos da parceria com a Globo em outros campeonatos, eles se apressaram em propor a renovação do Paulistão’, disse um dirigente da Record. São Paulo, Santos e Marília ainda não haviam fechado com a proposta da Globo.


Como atual dona das transmissões do Paulistão, a Globo tem o direito de fazer a última proposta. Mas uma oferta da Record a Globo não poderá cobrir: a exibição dos jogos às 20h30, o que incentiva a ida do torcedor aos estádios.’