‘Não demorou muito para a CBS e o jornalismo americano sentirem na pele e nas pesquisas os efeitos do último escândalo, o Rathergate.
Segundo pesquisas divulgadas nesta quinta-feira pelo Instituto Gallup, a credibilidade do público em relação à mídia tradicional alcançou o seu ponto mais baixo em 30 anos. Pela primeira vez, mais da metade dos entrevistados declararam que ‘não confiam… muito’ ou ‘não confiam nem um pouco’ no jornalismo tradicional.
Os dados dessa pesquisa são recentes e já comprovam os efeitos do escândalo da CBS junto ao público americano. Trata-se de um alerta para os responsáveis pelo jornalismo ‘tradicional’ e, principalmente, para o jornalismo de TV.
Jornalismo em tempos de cólera
Os dados dessa pesquisa foram colhidos em um momento crítico do jornalismo americano. O mesmo prestigioso e tradicional 60 minutes da rede CBS que há alguns meses divulgou para o mundo as fotos da prisão de Abu Ghraib no Iraque, dessa vez, caiu em uma tremenda ‘armadilha’ ou foi simplesmente ambicioso, apressado e ‘incompetente’.
O problema se tornou ainda maior porque a matéria – mais um furo de reportagem exclusivo da CBS sobre o serviço militar do jovem Presidente Bush – foi apresentada e defendida pelo decano dos âncoras americanos, o defensor da moralidade no jornalismo de televisão nos EUA e no mundo, o veterano jornalista Dan Rather. Foi deprimente assistir ao velho jornalista na CBS em meio a tantas acusações fazendo o seu ‘mea culpa, mea culpa, mea máxima culpa’. TV adora criar e desfazer grandes ídolos.
Alguns dias antes, frente às mesmas câmeras o mesmo Dan Rather garantia a seu público com enorme segurança e arrogância que tanto ele como a CBS não teriam cometido qualquer erro. Em tempos de cólera no jornalismo e no mundo, a arrogância e o descaso podem custar muito caro tanto a jornalistas como presidentes. O velho jornalista, herói de tantas batalhas em nome de um jornalismo mais sério, em frente às câmeras, não conseguia disfarçar a humilhação. Ignorou a nova realidade, subestimou o poder de um novo meio e agora, luta pela própria sobrevivência. Muitos telespectadores da CBS já exigem a sua cabeça (ver aqui). Dan Rather está arriscado a entrar para história como a primeira grande vítima do jornalismo blogueiro.
Inferno astral
A direita conservadora americana deu uma demonstração de força. Surpreendeu os ‘alternativos’ que acreditavam ter o monopólio do meio. Aprendeu a utilizar a Internet como instrumento de investigação e denúncia. Dessa vez, o alvo, o ‘liberalismo’ da CBS. A vingança pela humilhação das fotos de Abu Grabi tarda mas não falha!
Dan Rather e a CBS não acreditaram nas denúncias dos jornalistas republicanos da Internet. Eles deram uma verdadeira lição de jornalismo investigativo. Também mostraram que Internet não serve somente para arrecadar fortunas para candidatos democratas. Serve para denunciar um jornalismo tradicional, mas apressado e decadente.
Enquanto isso, a vítima do escândalo, o Presidente Bush e seus aliados na mídia conservadora aproveitam para comemorar e denunciar as ‘baixarias’ da mídia liberal.
Mas o ‘inferno astral’ da CBS continua. Além do escândalo, foi condenada a pagar uma verdadeira fortuna ao FCC americano pelos ‘seios descobertos’ da Janet Jackson. As afiliadas da CBS, por outro lado, já recebem inúmeros e-mails e telefonemas do público exigindo explicações e ameaçando retaliações (ver aqui).
A rede CBS enfrenta problemas sérios. Há anos amarga uma constante perda de audiência em seus telejornais e o velho 60 Minutes se tornou uma verdadeira ‘tábua de salvação’. A direita exige a cabeça do âncora Dan Rather e acusa o 60 Minutes de praticar um jornalismo com objetivos políticos e ‘patrocínio’ do partido democrata. A campanha presidencial americana esquentou e, finalmente, alcança o seu clímax. O pobre do 60 Minutes paga o preço do próprio sucesso. Já foi o modelo de programas em todo o mundo como o nosso próprio Globo Repórter dos bons tempos. Mas após o escândalo, é capaz de virar 30 Minutes ou um Globo Repórter de bichinhos em extinção.
Vingança do NYT e dos blogueiros da direita
Quem também aproveitou para espezinhar a CBS foi o todo-poderoso NYT. Após sofrer com as denúncias do caso Blair, outro exemplo de mídia tradicional teve que se humilhar perante o público e os rivais ao declarar a própria ‘mea culpa’. Assistiu humilhado ao furo de reportagem internacional da CBS no escândalo dos prisioneiros iraquianos em Abu Ghraib. Esperou a oportunidade para a vingança. Agora, faz questão de publicar os mínimos detalhes do escândalo na CBS. Em momentos de crise de credibilidade, identidade e sem muitas perspectivas para o futuro, a mídia tradicional se delicia em uma guerra de denúncias que destrói a própria credibilidade e compromete o futuro do jornalismo.
Aos poucos os americanos e mesmos os brasileiros começam a notar que jornalismo de verdade, independente e criativo está aqui, na Internet. Um exército de jornalistas blogueiros, da direita ou da esquerda, também começam a perceber o poder de um novo meio de comunicação.
Há muitos anos, ninguém levava a sério nem a TV nem o jornalismo de TV. Não passavam de um modismo passageiro, uma novidade cara, complicada, sem perspectivas e sem a menor credibilidade. Em cinqüenta anos, o jornalismo de TV alcançou o apogeu e começa a demonstrar claros sinais de desgaste.
A inquisição jornalística
A CBS promete investigar o escândalo, anuncia um comitê independente presidido por um velho jornalista ‘republicano’, o ex-presidente da Associated Press, Dick Thornburgh, (ver aqui).
Essa escolha pode selar o destino de um dos melhores programas da televisão americana. Segundo o NYT desta sexta-feira, Dick Thornburgh seria um crítico contundente do 60 Minutes (ver aqui). O sucesso do programa incomoda muita gente e o escândalo pode precipitar o seu fim.
Mas, além de admitir os seus erros em um longo processo de autoflagelação, a CBS precisa achar os culpados com urgência. Qualquer culpado. De preferência, um jornalista menos conhecido para livrar a cara do grande Dan Rather.
A primeira vítima é uma das produtoras do programa, Mary Mapes. Trata-se de uma profissional experiente e competente que, segundo as primeiras investigações, teria se deixado enganar pelas próprias convicções políticas. Em tempos de eleição para presidente ou para prefeitos, é sempre bom lembrar que jornalismo não deveria se confundir com militância política. A identidade e credibilidade da profissão ainda dependem de princípios básicos. A completa isenção, equilíbrio e objetividade podem ser quase impossíveis, mas ainda servem para nos orientar na busca da ‘verdade’. Esses princípios evitam ‘escândalos’ e ‘armadilhas’ de grandes interesses políticos e econômicos. Jornalista se acha muito esperto, mas, na mão de marqueteiro ou blogueiro político, é ingênuo e facilmente ‘manipulável’.
O caso ‘Rathergate’ demonstra que até mesmo jornalista veterano com muito dinheiro, prestígio e arrogância também tem muita a aprender: a pressa e a busca do sucesso a qualquer custo são inimigas da perfeição e do jornalismo sério.
Pelo jeito, presenciamos uma nova onda de denuncias contra a mídia tradicional. A Internet se transforma em um gigantesco Tribunal da Inquisição. Milhares de jornalistas blogueiros se transformam em verdadeiros Torquemadas digitais e armam grandes fogueiras para as vaidades de jornalistas ambiciosos como o Blair, Glass ou Rather.
O futuro da tv e do jornalismo estão na Internet. E depois?
Enquanto a CBS luta pela sobrevivência e para manter alguns resquícios de credibilidade em seu jornalismo, essa mesma semana é divulgada uma outra pesquisa sobre a credibilidade do jornalismo na Internet.
O jornalismo blogueiro dá as primerias demonstrações de sua força. O presente e o futuro jamais serão os mesmos. Mas já tem gente no EUA e no Brasil que já começa a perceber as possibilidades de lucros com a decadência da TV e ascensão da TV na Internet. Duas noticias significativas foram divulgadas pela imprensa brasileira e americana.
No Brasil, a manchete do Portal Exame destaca os avanços das TVs na Internet:
A Ideiasnet decidiu investir capital no negócio de imagens e sons via internet. A holding de participação em companhias de tecnologia da informação comprou 15% da TvaoVivo, dedicada à TV interativa, ensino à distância e cobertura de eventos. De acordo com comunicado, a IdeiasNet avalia que a TV por internet terá cada vez mais espaço.
Enquanto isso surge aqui nos EUA, a Mania Online TV Network, ‘a primeira rede de TV ao vivo na Internet’ (ver aqui). O marketing da nova rede é ambicioso: ‘Não vamos substituir a MTV ou as TVs a cabo’, declara Drew Mathew, diretor-executivo do novo projeto, ‘mas, queremos ser lideres no espaço on-line’. A TV na Internet busca novas linguagens e um público cada vez mais insatisfeito com as mídias tradicionais.
Outra pesquisa publicada aqui nos EUA, (ver aqui), comprova essa tendência. Segundo a pesquisa, mais de 50% dos jovens americanos entre 18 e 34 anos prefere a Internet a qualquer outra mídia tradicional como a TV, rádio ou jornais.
A rede de TV americana CBS, a mídia tradicional e o velho jornalismo podem estar em crise. Para muitos observadores, a hegemonia do jornalismo de TV tem os seus dias contados e o futuro certamente aponta para a Internet.
Mas, algum dia, a própria Internet vai enfrentar novos desafios e um novo meio em ascensão. Resta imaginar, o que o futuro nos reserva após a Internet?’
Eduardo Graça
‘Lá como cá, a falta que a reportagem nos faz’, copyright Direto da Redação (www.diretodaredaco.com), 22/09/04
‘O anúncio foi feito com rapidez e sem fru-fru. Como sabemos, empresas jornalísticas defendem a liberdade de imprensa para todos, exceto para elas mesmas. É assim no Brasil, é assim nos Estados Unidos também. Nesta segunda-feira, a CBS e o âncora do principal jornalístico da emissora, o emérito 60 Minutes (que no Brasil passa na GNT), anunciaram que não poderiam confirmar a lisura dos documentos apresentados no programa da primeira semana de setembro, indicando que o presidente Bush filho, então tenente, fora dispensado da Guarda Nacional, nos anos 70, por pressão de Bush sênior. Também assumiram o erro e reconheceram que os documentos não poderiam ser a base para uma reportagem séria.
Imaginem Cid Moreira pedindo desculpas pela edição do debate entre Collor e Lula nas eleições de 89, 15 dias depois do acontecido. Já deu para imaginar o tamanho do fuzuê. Em um primeiro momento os alarmistas se apressaram em diagnosticar o terremoto como uma vitória do conservadorismo sobre a ala liberal da imprensa. Explica-se: os que primeiro duvidaram da autenticidade das provas apresentadas pelo âncora Dan Rather – cartas supostamente escritas pelo falecido tenente-coronel Jerry Killian dizendo-se pressionado para liberar Bush filho da caserna – foram os blogs políticos, especialmente os conservadores. Em um país dividido ao meio, às vésperas de uma das eleições mais importantes de sua história, é até compreensível uma leitura partidária do episódio. Alinhados à direita do centro político, o The Washington Post e o The Wall Street Journal celebraram o escândalo como uma derrota sem precedentes das elites liberais que vêm conduzindo o debate político americano. Balela. Ou, em claro americanês, bullshit. Aqui quem perdeu mesmo foi o bom e velho jornalismo.
Rather disse que, ‘após longas entrevistas adicionais’, não acreditava mais no que anunciara no início do mês. Um instante, maestro. Por que é que ele foi fazer longas entrevistas DEPOIS de levar a matéria ao ar? Será que só aí ele foi descobrir que sua principal fonte, o tenente-coronel da reserva Bill Burkett, tinha ‘recebido-os-documentos-de-alguém-que-ele-não-pode-revelar-o-nome’?
Localizada cinqüenta quadras ao norte dos estúdios da CBS, a Universidade Columbia ensina diferente. De acordo com seus professores, existem regras primárias para o dia (ou as horas) seguinte (s) ao da publicação da boa matéria jornalística. Entre elas destaca-se o compromisso claro com a transparência (a revelação de como a história foi revelada e apurada, passo a passo). O repórter também deve identificar todos os presonagens envolvidos (aproveitados ou não no texto final) e explicar, se necessário for, por que algumas fontes não podem ser reveladas. O bom repórter nunca deve recusar-se a responder a qualquer questão importante sobre a sua matéria. Do mesmo modo, deve prestar atenção em todas as perguntas, e não no autor das mesmas. Depois da classe, o bom-senso: o repórter deve ser honesto, aberto, estar sempre preparado para para revelar com a maior agilidade possível como descobriu aquele furo.
Dan Rather esperou muito mais do que 60 Minutes para dar sua versão dos fatos. Disse que cometeu um erro de julgamento e que agiu de boa-fé, ‘no espírito de tentar manter a tradição de reportagem investigativa’ de seu canal de televisão. É bem provável que esteja falando a verdade, mas não importa muito. A CBS e Rather falharam duas vezes: fizeram uma reportagem ruim, sem base, e demoraram três semanas para pedirem, encabulados, desculpas ao espectador. E a coisa vai piorando a cada dia. Agora o jornal U.S.A Today diz que Bill Burkett entregou os documentos para a CBS com a promessa de que teria um encontro a portas fechadas com John Kerry.
Pode-se acreditar, como os republicanos, que este episódio reflete apenas uma conspiração da mídia contra Bush. Pode-se aceitar também o argumento democrata de que pouco importa se os documentos são falsos, pois inúmeros depoimentos confirmam que Bush foi beneficiado pelo pistolão do papi. Mas talvez seja mais importante perceber que o desastre, aqui, é revelador da crise da reportagem televisiva. Quantos programas além do 60 minutes trazem para a casa dos americanos reportagens bem-feitas? O que se vê é um punhado de âncoras e um assanhado culto a personagens mais interessados em se apropriar da notícia como um pretexto para promoverem o seu particularíssimo modo de ver o mundo do que em uma investigação consistente dos fatos. Nada tão distante assim da realidade brasileira.’
Veja
‘A revolta dos pijamas’, copyright Veja, 29/09/04
‘Aos 72 anos, realizado, respeitado, rico e conhecido por qualquer americano que já tenha passado na frente de uma televisão, Dan Rather provavelmente nem sabia o que é um blog. Há duas semanas, descobriu da pior maneira possível – ele e a parcela da humanidade que ignorava a existência desse fenômeno da internet, que começou com a divulgação de diários íntimos em sites pessoais e derivou, em parte, para uma comunidade virtual que discute, divulga e contesta acontecimentos políticos. Apresentador do principal noticiário da rede CBS e do 60 Minutes, programa semanal de reportagens investigativas, Rather virou alvo dos blogueiros de direita – um fenômeno americano – quando foi cutucar a fera George Bush munido da vara curta de uma reportagem mal realizada. Documentos apresentados no programa sustentavam uma teoria já conhecida: na juventude, protegido por papai, Bush não só escapou da Guerra do Vietnã servindo à Guarda Nacional como também arrumou um jeito de se safar dessa amolação. Atacando em massa, os blogueiros conseguiram provar, com rapidez e precisão, que os documentos eram falsos.
Como qualquer jornalista normal, Rather relutou quanto pôde em reconhecer o erro. Durante onze dolorosos dias, foi massacrado, tanto pelas provas de seu erro quanto pelo ataque em massa da mídia conservadora – junto à direita americana, Rather passa por um perigoso liberal. No meio da briga, um ex-executivo da emissora rebateu as evidências de fraude com o argumento de que elas eram feitas ‘por pessoas de pijama, que ficam sentadas na frente do computador’, o que evidentemente só serviu para atiçar ainda mais a nação blogueira. Fazendo trocadilho com os guerrilheiros muçulmanos conhecidos como mujahidin, os blogueiros se autoproclamaram os ‘pijamahidin’ e declararam guerra a Rather, à CBS e, por tabela, à grande imprensa americana. Blogs colocaram à venda camisetas e produtos com mensagens ironizando o âncora e adulteraram uma ilustração histórica da Guerra da Independência, mostrando soldados marchando de pijama. Na segunda-feira passada, constrangido, Rather admitiu que a apuração da denúncia tinha falhas e pediu desculpas (a versão interna é que a falsa denúncia foi plantada para derrubar Rather e beneficiar Bush).
Guerra na blogosfera: contra Rather e a CBS, mensagens irônicas em vários produtos
Segundo a denúncia, comandantes da Guarda Nacional foram pressionados na época a ‘limpar’ a folha de serviço do jovem tenente Bush. Entre as faltas cometidas, ele havia deixado de comparecer a um exame médico obrigatório, o que o colocou à margem do programa de treinamento – praticamente uma bobagem, mas relevante no clima exaltado da campanha presidencial em que Bush e o adversário John Kerry, herói de guerra no Vietnã, se acusam de covardia e outras baixezas. Como prova, a emissora exibiu cópias de quatro memorandos datilografados. O programa ainda estava no ar quando começaram a surgir as primeiras contestações em blogs políticos ligados aos republicanos. Quatro horas depois, o blog conservador FreeRepublic.com lançava a suspeita principal: os memorandos não poderiam ter sido datilografados nos anos 70, pois a tipologia, como é chamada cada família de letras, havia sido criada mais recentemente. Um webdesigner conectado ao blog conservador Power Line decidiu fazer um teste: escaneou um dos memorandos, jogou-o num programa de texto e descobriu que poderia produzir no computador um documento idêntico. Especialistas em tipografia citados por outros blogs também contestaram a autenticidade dos memorandos.
O episódio confirmou o poder de mobilização dos blogs políticos, um fenômeno recente que está atraindo milhares de internautas. Em apenas dois anos, o número de endereços eletrônicos desse tipo pulou de 100.000 para 4 milhões. Alguns blogs têm mais leitores que jornais renomados – e o custo para mantê-los é infinitamente inferior ao de um veículo tradicional: bastam um computador, um modem e um internauta com tempo livre – e, provavelmente, uma gaveta cheia de pijamas. O blog Instapundit, por exemplo, chega a registrar 300.000 visitantes por dia. Por trocar informações on-line com internautas de todas as profissões e localidades, os blogs podem ser eficientes patrulheiros. Se uma informação errada é colocada no site, há sempre um internauta para corrigi-la. Os blogs que relutam em admitir um erro perdem a confiança dos visitantes. Ou seja, mesmo na blogosfera o princípio da credibilidade subsiste.’
Folha de S. Paulo
‘Documento usado contra Bush pode ser falsificado, admite CBS’, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/04
‘A CBS, uma das três maiores redes de TV dos EUA, reconheceu ontem que errou ao exibir, sem checar a autenticidade, documentos que mostram que o presidente George W. Bush foi punido durante o seu serviço militar.
‘Baseados no que sabemos agora, a CBS News [o departamento de jornalismo] não pode provar que os documentos sejam autênticos, que é o único padrão jornalístico aceitável para justificar seu uso’, afirma um comunicado da rede. ‘Não deveríamos tê-los usado. Foi um erro, que lamentamos profundamente.’
No último dia 8, o programa ‘60 Minutes 2’ exibiu memorandos da Guarda Nacional que teriam sido escritos por um superior de Bush, que à época (início dos anos 70), servia como piloto de aviões.
Nos documentos, o coronel Jerry Killian, já morto, afirma que tinha sofrido pressões para ‘dourar’ o histórico de Bush depois de o atual presidente ter sido supostamente punido por incompetência e por ter se recusado a fazer um exame médico.
Segundo a CBS, o tenente Bill Burkett enganou a emissora ao dizer que os documentos vinham de fonte da Guarda Nacional.
A Casa Branca disse que a história ainda está incompleta. ‘Há um número de questões que permanece sem resposta. Houve relatos na imprensa sobre o sr. Burkett tendo contato com funcionários da campanha de Kerry’, disse um porta-voz, referindo-se ao presidenciável democrata.
O erro jornalístico da CBS deixou em segundo plano a discussão sobre o passado militar do presidente. As suspeitas levantadas por democratas de que ele não cumpriu todas as obrigações permanecem mesmo após a Casa Branca ter liberado dezenas de documentos da época.’
LE MONDE
EM CRISEO Estado de S. Paulo
‘‘Le Monde’ promove plano de demissão voluntária’, copyright O Estado de S. Paulo, 22/09/04
‘A direção do jornal francês Le Monde apresentou na segunda-feira à Comissão de Operações Extraordinárias (COE) um plano de demissão voluntária de 90 empregados, dos quais 27 são de pessoas em cargos de confiança, informou ontem a edição online do Le Nouvel Observateur. Fabrice Nora, diretor-geral do Le Monde, afirmou ser ‘a primeira reunião do COE, onde as pessoas foram informadas e consultadas sobre um plano de manutenção dos postos de trabalho. Diante disso, propusemos um plano de demissões voluntárias que apresenta um certo número de vantagens fiscais, de vantagens de acompanhamento’.
Ao receber a comissão intersindical no dia 8 de setembro, para anunciar o projeto, a direção do jornal avaliou que ‘o verão foi execrável para a imprensa diária nacional’. Segundo um comunicado dos três sindicatos CGT-CFDT-SNJ, dirigido ao pessoal do diário francês, ‘a direção expôs a justificativa desse plano que visa a reduzir a massa salarial da editora do Monde em 8 milhões sobre um total de 64 milhões’. As três organizações sindicais ‘contestaram os fundamentos e a lógica desse plano e decidiram indicar um especialista. De imediato, recusaram iniciar a negociação sobre as modalidades de demissões que não foram especificadas’. Uma assembléia geral está prevista para hoje ao meio-dia.
Alerta – Também na segunda-feira, o grupo New York Times fez um alerta sobre lucros porque a venda de anúncios no mês, até agora, está abaixo da expectativa. A informação estimulou temores de que o outono seja mais fraco do que os editores dos Estados Unidos esperavam, derrubando as ações da companhia para seu nível mais baixo em dois anos – a queda foi de 2% para US$ 40,12. (Agências internacionais)’