Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Antonio Brasil

‘Estou passando alguns dias na belíssima Florianópolis. Aproveito para visitar os velhos amigos da melhor e única escola de jornalismo do Brasil na Universidade Federal de Santa Catarina. Talvez você não saiba, mas em nosso país, temos muitas – talvez até demais – Faculdades de Comunicação Social com habilitações em publicidade, relações públicas e até mesmo em jornalismo. Mas há somente uma universidade no Brasil que teve a ousadia de enfrentar as resistências e implantar uma escola inteiramente dedicada à nossa profissão.

Após muitos anos de muitas lutas e realizações voltados para a melhoria do ensino de jornalismo, a equipe de professores e alunos de Florianópolis têm muitos motivos para se orgulhar. Eles fazem um trabalho excelente e nunca se intimidaram com os obstáculos e as pressões por parte de alguns ‘comunicólogos’ que temem uma possível ‘secessão’ por parte dos jornalistas.

Eles insistem em desenvolver novas técnicas de ensino voltadas para a melhoria do ensino, pesquisa e, principalmente, privilegiam a ‘prática’ jornalística. Na UFSC, a tal ‘teoria do jornalismo’, ou a ‘teoria do sapato’, como tão bem descreve o Prof. Nilson Lage, está devidamente contida no interesse particular de alguns alunos e professores. Nada contra. Ensinar teoria dos outros, importada dos grandes centros é sempre mais cômodo e fácil. Mas criar condições ideais para que o aluno possa praticar as técnicas estabelecidas e experimentar novas linguagens, deveria ser prioridade das instituições de ensino brasileiras.

Creio que muitos professores de jornalismo que ainda acreditam tanto na profissão como no ensino de qualidade deveriam visitar a escola da UFSC. Confesso que estou impressionadíssimo não só com a escola como com a própria universidade. Nos últimos anos, os catarinenses têm demonstrado que uma universidade pública não tem que viver nem na miséria. Bem administrada e com idéias criativas pode ser um centro de excelência e contribuir para o desenvolvimento da região. Mas a verdade é que muita gente no Brasil acredita que a universidade brasileira tem que ser antes de tudo um palanque político, trincheira de ideais ultrapassados, cabide de empregos para os amigos da hora ou repositório de pesquisas inúteis.

Deveríamos ser menos arrogantes e prestar mais atenção aos interesses dos principais financiadores de nossas universidades públicas: a sociedade brasileira. Quais deveriam ser as prioridades de uma universidade pública em um país como o Brasil? Afinal, como deveria ser, quais são as prioridades e para que serve um curso de jornalismo?

A reação das escolas de jornalismo americanas

Esta semana, cinco das mais importantes escolas de jornalismo e instituições de ensino dos EUA, a Universidade de Columbia, Universidade da Califórnia, Berkeley, Universidade do Sul da Califórnia, Universidade Northwestern e o Centro Joan Shorenstein de Imprensa, Política Públicas da Universidade de Harvard anunciaram que estão se unindo em um programa de três anos com uma verba de 6 milhões de dólares para tentar melhorar e elevar o nível não do ensino como da prática jornalística (ver aqui). Essas instituições americanas resolveram colocar de lado as diferenças e rivalidades para tentar salvar o jornalismo de uma crise perigosa para a própria sobrevivência da democracia. O programa é complexo e ambicioso e inclui diversos projetos experimentais visando integrar os programas de ensino e prática jornalística com outras disciplinas das mais diversas oferecidas pelas universidades. O objetivo é criar uma plataforma mais ampla para que o jornalismo possa ter uma voz mais atuante nos assuntos nacionais relacionados à mídia.

Orville Schell da Escola de Jornalismo da Universidade da Califórnia fez questão de alertar os professores e jornalistas: ‘O jornalismo como um todo está em meio á uma crise. Temos que tornar as nossas escolas de jornalismo mais relevantes em relação a nossa prática profissional. Mas também temos que dar mais peso ás nossas universidades nos debates sobre o que acontece com os meios de comunicação’. Em relação ao futuro, Schell declarou que as escolas de jornalismo estão fazendo o melhor possível, ‘mas, hoje, o melhor possível não é mais o suficiente.’

Creio que o exemplo americano – apesar de americano – pode ser um bom exemplo. Creio que as nossas melhores instituições de ensino de jornalismo brasileiras deveriam, pela primeira, deixar de lado antigas divergências e rivalidades, e partirem resolutas para salvar não só o ensino de jornalismo, mas participar mais ativamente das decisões sobre a mídia brasileira. Em tempos de TV digital, conselhos, convergência de mídias, nacionalizações ou invasões estrangeiras, é cada vez mais importante ouvirmos os interesses das nossas boas universidades. Deveríamos criar com urgência uma associação, uma liga das ‘melhores’ escolas de jornalismo do Brasil para não só conseguir mais recursos, mas para influenciar a sociedade e o governo brasileiro.’



JORNALISMO CULTURAL
Ana Maria Bahiana

‘Verdades e mentiras’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 31/05/05

‘Leio, em vários lugares, que tem muito jornalista furioso com o pessoal do Pânico – as abordagens estritamente não profissionais da trupe estariam afastando as tão cobiçadas celebridades dos microfones e lentes de seus ‘colegas’ (entre outros lugares, aqui). Só posso dizer que são ossos de um ofício em que os dois lados do espelho – assunto e cobertura – se fundiram num único ser às vezes conhecido como ‘infotenimento’, lançando uma perspectiva cruel ao velho tema ‘quem é jornalista’ (e o que ela/ele faz que a/o definem como tal).

A Casa Branca já teve a sua dose, recentemente, e não foi das coisas mais engraçadas: um indivíduo careca, musculoso, de meia idade, começou a aparecer nas coletivas da Casa Branca portando passes temporários que o credenciavam como repórter de um site de notícias do qual ninguém tinha ouvido falar. Ele se dizia chamar Jeff Gannon e todas as vezes que obtinha a palavra era para fazer as perguntas mais óbvias e puxa-saco possíveis. O sujeito parecia um clone da assessoria de imprensa de George W. Bush plantado no meio de profissionais que já estavam semi-mortos de tédio de tanto ouvir as mesmas baboseiras sem substância – e foi essa combinação de revolta com tédio que acabou selando sua sorte.

Uma pesquisa levada a cabo por vários sites investigativos revelou que o tipo não se chamada Jeff Gannon, trabalhava para uma organização ligada ao Republicano e tinha um passado confuso que incluía muitos anos como garoto de programa. O que e a quem ele estava servindo, qual a história do seu site e como ele conseguiu acesso às coletivas da Casa Branca são apenas alguns dos aspectos perturbadores desta saga que ainda está longe de acabar, e que incluiu a participação de ‘Gannon’, como convidado, num seminário profissional em que se discutiu, exatamente, ‘quem é jornalista’. Leiam a história aqui e tirem suas conclusões.

Os lugares mais seguros do mundo são Canadá, Noruega, Suécia, Dinamarca, Nova Zelândia , Islândia e Groenlândia. Os menos seguros são Arábia Saudita, Paquistão, Afeganistão, Iraque, Haiti, Colômbia, Sudão, Jamaica e Indonésia.

Não sintam pena deles, ainda: o Brasil vem logo antes, num bolo de locais considerados ‘de alto risco’ que incluem também Índia, Kazaquistão, Mali, Turquia, Venezuela, Nigéria, Irã, Bolívia, Tailândia e Peru.

Não se trata de mera opinião: estas são as conclusões estatísticas da AON, uma das maiores empresas internacionais de seguros, especializada no ramo do entretenimento. Estimar risco e nele colocar um valor é o feijão com arroz deste negócio que, em todo mundo, garante a realização de espetáculos, turnês e filmes.

É um exercício fascinante ver uma nação pelos cálculos de uma seguradora. Uma filmagem ou um grande artista em excursão são indústrias em movimento, cidades ambulantes cujo livre trânsito garante mais que diversão para o público – gera receita, empregos, oportunidades. Seus altos custos, por outro lado, exigem apólices bem planejadas – e um local considerado ‘de alto risco’ pode elevar o preço do seguro a um nível que inviabiliza o projeto.

Olhando o mapa da AON (disponível aqui), compreende-se qual a exata medida do chavão ‘mas no mundo todo é assim’ que tantas vezes justifica o gritante descaso pela segurança e bem estar dos cidadãos brasileiros. O mundo em que ‘é assim’ é o de Burma Myannar, Filipinas, Zâmbia e Ucrânia. Especificamente, pelos índices da AON, no Brasil e na maioria destes países a produção corre riscos de ‘seqüestro, crime, crime organizado, corrupção, doenças endêmicas e incerteza/ obstrução na concessão de licenças e autorizações’.

Melhor que o Brasil, no mapa da AON, são nossos vizinhos Argentina, Uruguai, Suriname, Costa Rica, República Dominicana, Porto Rico, Paraguai, Uruguai e Chile. Até Mongólia, Vietnam e Bulgária são mais atraentes que o Brasil para grandes atividades de entretenimento.

Interessantes as verdades que se ocultam no final dos caminhos mais compridos.

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NOSSA HISTÓRIA
Ancelmo Góis

‘‘Revista de História’’, copyright O Globo, 5/06/05

‘Chegou ao fim a parceria da Biblioteca Nacional com Aloysio Faria, o banqueiro que levou US$ 2 bi com a venda do Real.

Juntos, editavam a revista ‘Nossa História’. Mas a Biblioteca parte para uma publicação própria: ‘Revista de História’.’