Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Artur Xexéo

‘SUELEN KEY ODEIA GILBERTO BRAGA. Ela tem certeza de que o novelista teve acesso a seu diário para criar as confusões em que se metia a personagem Darlene em ‘Celebridade’. Desde que a novela entrou no ar, ela resolveu sair de cena. Não queria ser comparada com a sua cópia. Agora, que o público parece começar a se esquecer da novela, Suelen está disposta a voltar e recuperar seu lugar na estrada rumo à fama. Suelen só tem um objetivo na vida: ter uma foto sua publicada na revista ‘Caras’. Já teve a ponta do pé direito – reconheceu pelo escarpim – aparecendo numa foto publicada em ‘Flash’, a revista do Amaury Jr. Para ela é pouco. Só ficará satisfeita quando aparecerem, pelo menos, dos dois pés inteiros em ‘Caras’. Enquanto isso não acontece, contenta-se inscrevendo-se para participar do ‘Big Brother’. Rejeitada pela produção nas últimas quatro edições do programa, exibe agora com orgulho a ficha de inscrição 001 para a quinta temporada do reality show. De vez em quando, ela me escreve um e-mail relatando seus percalços rumo ao estrelato. Ontem mesmo chegou uma dessas mensagens:

‘Prezado colunista

Estou de volta à lide. Agora, ninguém me segura. Tornei-me sócia de um videoclube e estou fazendo um cursinho intensivo de filmes de kung fu. Assisto a, pelo menos, um DVD por dia. Antes que você me pergunte por quê, explico: é para ter assunto com o padre Marcelo Rossi. Resolvi investir na carreira cinematográfica. Quem sabe me torno uma nova Antonia Mayrink Veiga e entro para o elenco do próximo filme do padre? Ah, o que é que o kung fu tem a ver com isso? Bem, descobri que o filme da vida do padre Marcelo Rossi é ‘Bruce Lee no jogo da morte’, que ele já viu ‘O beijo do dragão’ trocentas vezes e que seu ator preferido é Steven Segal (ou era, padre Marcelo diz que Segal está meio fora de forma!). Que tal? Acho difícil entender como o padre só vê pancadaria mas, quando faz filmes, investe em ‘Maria, mãe do filho de Deus’ e ‘Irmãos de fé’. Pouco importa. Até celebridades de batina são difíceis de entender. Sei que, com estudo e dedicação, em breve terei o que discutir com ele e, quem sabe, convencê-lo a me dar um papel de Maria Madalena ou outra mulher bíblica qualquer.

Entre um DVD-porrada e outro, ando com a agenda agitada. Sexta-feira, por exemplo, fui à festa Spring Break que comemorava o lançamento de uma empresa promotora de eventos do ‘músico e agora empresário da noite Fernando Dolabella, irmão do ator global Dado Dolabella’. Bem, era assim que estava no convite. Como você pode ver, ‘irmão de ator global’ já é uma espécie de profissão. Ou será que só ‘irmão do ator global Dado Dolabella’ merece destaque no currículo? De qualquer forma, foi um tiro n’água. Não vi fotógrafos da ‘Caras’ por lá. Talvez seja uma profissão ainda não reconhecida.

Percebo que um bom jeito de aparecer atualmente é anunciar gravidez ou casamento no ‘Fantástico’. É tiro e queda. No dia seguinte, sai em todos os jornais. Mas, para isso, tem que engravidar ou arrumar um casamento, né? Esta parte é que é difícil.

Vou ficando por aqui. Ainda tenho que arrumar um programa para o fim de semana. Você acha que inauguração de lona cultural em Santa Cruz vai atrair fotógrafos? Nem precisa responder. É roubada!

Um beijo no coração.

Suelen’’



TV PAGA
Elvira Lobato

‘No Rio de Janeiro, ‘TV a gato’ tem mais assinantes que a Net’, copyright Folha de S. Paulo, 13/09/04

Pelo menos 640 favelas e loteamentos irregulares do Rio de Janeiro têm sistemas piratas de TVs a cabo operados por empresas informais das comunidades.

Não há dados oficiais sobre o número de assinantes dessas operações, mas estima-se que sejam mais de 600 mil na cidade do Rio de Janeiro, contra 260 mil assinantes da Net Serviços, que tem a concessão do serviço de TV a cabo no município.

As operações informais são conhecidas entre os usuários como ‘TV a gato’ e ‘gato Net’. Há empresas com mais de 10 mil assinantes. Elas crescem à sombra da concessionária oficial que não chega às favelas e regiões carentes. Outro fator de proliferação é a má qualidade da recepção dos sinais das televisões abertas. Há informais que só distribuem canais abertos (como Globo, SBT, Bandeirantes), mas são minoria.

A mensalidade das ‘TVs a gato’, no Rio, varia de R$ 10,00 a R$ 23,00, dependendo do número de canais oferecidos, mas a média é em torno de R$ 15,00. O pacote mais barato da Net no Rio, com 49 canais, custa R$ 69,60. Os distribuidores informais captam a programação do satélite e os redistribuem para as residências.

O Rio de Janeiro é o Estado com maior número de operações informais em atividade. A Net atribui o fenômeno à topografia da cidade, sobretudo à das favelas que são encravadas nos morros. Mas também há operações em outros Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Bahia.

As ‘TVs a gato’ querem sair da clandestinidade e serem reconhecidas pelo governo. No sábado, reuniram-se em Jacarepaguá (zona oeste) cerca de 400 pequenos distribuidores de sinais de TV em áreas carentes para discutir os problemas. A maior queixa é sobre achaques de policiais.

Os informais que só distribuem canais abertos se autodenominam antenistas. Eles criaram uma entidade para defender os interesses do setor no governo, a Abetelmim (Associação Brasileira das Empresas de Telecomunicações e Melhoramento de Imagens e Atividades Afins), que conta com 38 associados.

O presidente da entidade, Giovander da Silveira, diz que os antenistas existem há mais de 30 anos no Brasil, e que foram ignorados pelo governo na regulamentação da Lei da TV a Cabo, de janeiro de 1995. ‘Fizeram uma lei do primeiro mundo para um país pobre. Só a elite tem TV a cabo no Brasil’, diz ele.

Giovander distribui sinais de TV por cabo em duas favelas de Jacarepaguá e na Baixada Fluminense. Ele atende 3.500 residências. A mensalidade é de R$ 12,00 para pagamento em dia e de R$ 13,00 com atraso.

O vice-presidente da Abetelmim, Pedro da Silva Alomba, é sócio da Sisconit, que atua em três favelas da cidade: Vidigal (zona sul), morro do Banco (Itanhagá, zona oeste) e no Alto da Boa Vista, na zona norte. Criada em fevereiro de 2000, a empresa tem 10 mil clientes.

A Abetelmim quer a aprovação do projeto de lei 4.904, que propõe a criação do serviço DTVA (Distribuição de Sinais de TV Aberta). Segundo Silveira, seria uma forma de regulamentar a atividade de antenista. O projeto está na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

A alternativa, no entanto, não resolve a situação da grande maioria das operadoras que redistribuem canais pagos.

Em dezembro do ano passado, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) colocou em consulta pública uma proposta de regulamentação das operações piratas em favelas e outras áreas carentes.

As ‘TVs a gato’ receberiam outorga de EDS (Entidade Distribuidora de Sinais) para retransmitir a programação das concessionárias de TVs a cabo, mediante contrato entre elas.

O texto proposto pela Anatel prevê a atuação de EDS em lugares onde a recepção dos sinais das televisões abertas seja tecnicamente inviável e nas áreas onde as concessionárias de TVs a cabo não chegam. Até agora, o regulamento não foi aprovado.

Parceria comercial

A Net Serviços -maior empresa de televisão por assinatura do país, controlada pelas Organizações Globo- vem se aproximando há um ano e meio das operadoras piratas de TV a cabo que atuam nas favelas. O objetivo é fazer uma parceria comercial.

A aproximação da Net com as ‘TVs a gato’ é feita pelo diretor da empresa e vice-presidente da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), Fernando de Melo Mousinho, que defende a regulamentação dessas operadoras pela Anatel.

Ele reconhece que a Net não oferece seu serviço nas favelas: ‘Não temos competência para entrar nas favelas e fornecer os serviços a pessoas que não têm cadastro, CEP nem endereço definido. Essas comunidades têm uma forma de organização particular e a empresa precisa buscar uma forma de integrar sua organização a delas’.

Mousinho disse que a Anatel havia prometido regulamentar, até o final de agosto, a atuação das distribuidoras de sinais de TV em favelas, o que não aconteceu. Segundo ele, o Conselho de Comunicação do Congresso opinou que não seria necessário regulamentação governamental.

A Net, segundo o executivo, defende a regulamentação para definir a responsabilidade de cada uma das partes. Segundo ele, numa eventual parceria, a programação a ser oferecida incluiria três ou quatro canais pagos, além dos canais abertos, com mensalidade de cerca de R$ 15,00. A proposta da Net é que ela fique com um quarto da receita.’



TV A CABO
Mauren Rojahn

‘TV a cabo pode ter prazo para encerrar serviço’, copyright Agência Câmara de Notícias, 9/09/04

‘A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática está analisando o Projeto de Lei 4054/04, do deputado Carlos Nader (PL-RJ), que concede às operadoras de TV a cabo prazo máximo de sete dias, contados da data de solicitação do usuário, para efetuar a interrupção do serviço. A proposta proíbe as operadoras de cobrarem pelo serviço durante os dias que excederem esse prazo.

De acordo com o projeto, as empresas que não cumprirem a medida estarão sujeitas às penalidades previstas na Lei de Proteção ao Consumidor (8078/90), que vão da suspensão temporária da atividade até a revogação de concessão ou permissão de uso.

Anatel negligente

Segundo Nader, devido à ausência de prazo definido para interrupção do serviço, as operadoras de TV a cabo demoram para efetuar o desligamento e cobram pelo serviço prestado durante o período de atraso. ‘A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tem se mostrado negligente em sua função de impedir tais abusos, e o Estado não pode se furtar ao dever de defender os usuários dos constantes abusos que vêm sendo denunciados’, afirma o deputado.

Tramitação

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado ainda pelas comissões de Defesa do Consumidor; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.’