Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo
Terça-feira, 5 de setembro de 2006
ELEIÇÕES 2006
A ética da hipocrisia
‘‘Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.’ (Fernando Pessoa, ‘Poema em Linha Reta’)
NOS ÚLTIMOS dias, venho sendo submetido por setores da mídia e dos meios político, intelectual e artístico a um linchamento moral que deveria preocupar os democratas sinceros de nosso país. Ele oculta, sob a forma de protestos indignados contra minha suposta pregação do ‘fim da ética’, uma corrente de intolerância e de farisaísmo político que se esforça para desqualificar todos aqueles que se identificam com o projeto político representado pelo presidente Lula.
Nesse episódio, tive pouquíssimas chances de defesa, de demonstrar o sentido completo da minha frase, extraída por repórteres ávidos e ansiosos à saída de um encontro entre artistas e o presidente: ‘Não se faz política sem sujar as mãos’. ‘Sem pôr a mão na merda’, de fato acrescentei, desnecessariamente, para delícia dos que buscavam munição para a renhida disputa eleitoral deste momento.
Embora a Folha tenha publicado minha carta aclarando o sentido das declarações, elas continuam sendo usadas como ‘prova’ do colapso da ética entre nós.
Por outra frase, também dita sob o calor das cobranças, um dos maiores e mais respeitáveis músicos brasileiros, o maestro Wagner Tiso, vem sofrendo igual massacre.
Os jornais e os jornalistas, os artistas, os intelectuais e os políticos que protagonizam esses ataques sabem de quem estão falando. Conhecem nossas trajetórias. Lembram-se de mim associado à trajetória do PT, mas também à memorável batalha de Betinho ‘Pela Ética na Política’. Sabem que constatar as transgressões como inevitáveis não é o mesmo que defendê-las. É lamentável que o sistema político exija um pragmatismo que suja as mãos, mas é só pelo reconhecimento da existência dessas mazelas que poderemos superá-las.
Todos sabem que falei coisas óbvias, que dispensariam explicações em outro contexto e momento. Temos um sistema de financiamento privado de campanhas que a todos contamina. Com esse sistema, acaba a fronteira entre o público e o privado. Quem tiver mais acesso aos endinheirados arrecada mais, obrigando-se, nos cargos públicos, a responder com reciprocidade.
Enquanto fez campanhas vendendo bonés e estrelinhas, o PT não teve chances de chegar ao poder. Em 2002, diante do favoritismo de Lula, os cofres se abriram. E o partido se envolveu com forças das quais deveria ter guardado distância. Errou por fazer o que todos sempre fizeram.
Nem por isso devem ser linchados os que, mesmo condenando esse erro, defendem a reeleição de Lula pela qualidade do governo que vem fazendo, voltado para os mais pobres, dando-lhes mais poder de compra e alguma chance de ascensão social. Por estar vivenciando a melhora de suas vidas, e não por amoralismo, é que a maioria dos eleitores o apóiam, segundo as pesquisas. Nosso sistema político permite a eleição direta do presidente da República, mas não lhe garante a governabilidade. A profusão de partidos dispersa o voto para a Câmara. Lula teve 52% dos votos em 2002, mas o PT ficou com 17% das cadeiras.
Em busca da maioria, todos os presidentes têm sido obrigados a buscar acordos e alianças. Acabam dependendo do apoio das forças do atraso político, que, em troca, pedem cargos, verbas e mesmo recursos financeiros com a desculpa de que têm dívidas de campanha.
O PT caiu nesse antigo alçapão. Nem por isso se deve negar o direito da maioria dos eleitores de reeleger o presidente. Nem por isso é democrático e ‘ético’ o massacre daqueles que, como eu, declaram o voto acreditando na liberdade e na democracia que construímos em jornadas de lutas -das quais também participei. Mais que hipocrisia, há na exploração de minha frase um misto de autoritarismo com oportunismo político.
É autoritária porque reproduz o germe de todos os sistemas totalitários: desqualificar os que não se alinham com o pensamento dominante. Para calar, o primeiro passo é desmoralizar. Assim fazem as ditaduras.
É oportunista porque explora minha condição de artista, e as identidades que isso acarreta, para auferir dividendos eleitorais. Há coisa mais suja que isso? Estamos chegando a um grau preocupante de intolerância. Depois das eleições, em nome da democracia, precisamos baixar as armas e recuperar a cordialidade, traço de nossa cultura.
PAULO BETTI , 53, é ator-diretor e produtor. Participou, entre outros, dos filmes ‘Lamarca’ (1994) e ‘Guerra de Canudos’ (1997). Foi professor de teatro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).’
Silvana de Freitas
Propaganda de Alckmin que faz crítica a Lula é proibida pelo TSE
‘O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Marcelo Ribeiro proibiu a campanha do candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB) de reapresentar uma propaganda eleitoral em que ataca o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva.
Trata-se de inserção veiculada às 19h15 da última sexta-feira. Ela mostra Lula na campanha de 2002 afirmando que o PT cresce a cada eleição porque sabe governar. Em seguida, o locutor diz: ‘Mensalão, Waldomiro, caixa dois no PT, corrupção nas estatais, dólar na cueca, máfia das ambulâncias. O Brasil vive a maior crise de corrupção da história. E você ainda acredita no Lula?’
Relator de representação de Lula contra Alckmin, Ribeiro viu nessa propaganda ofensa ao petista, por causa da relação estabelecida entre a atual crise política e a imagem de Lula. ‘A vinculação da afirmada ‘maior crise de corrupção da sua história’ à credibilidade do atual presidente me parece, em um juízo provisório, ofensiva’, disse, ao conceder liminar a Lula.
Desde a semana passada, quando o tucano mudou o tom da campanha e passou a criticar Lula no seu horário gratuito na televisão, o TSE concedeu outras duas liminares proibindo trechos da propaganda eleitoral de Alckmin. As decisões anteriores impedem que ele reapresente o trecho final de dois programas em bloco, veiculados na terça e na quinta-feira passadas.
Nesses casos, os ministros Marcelo Ribeiro e Carlos Alberto Menezes Direito não viram ofensa ao presidente Lula, mas irregularidade por falta de identificação dos partidos que integram a coligação de Alckmin (PSDB-PFL).
Os três casos ainda não foram julgados pelo plenário.
Por sua vez, o presidente Lula tem sofrido sucessivas condenações do TSE, ligadas a ‘invasão’ do horário eleitoral de candidatos petistas e aliados a governador.’
Folha de S. Paulo
Vídeo na internet culpa governo Aécio por demissão de cinco jornalistas
‘A suposta atuação do governo Aécio Neves (PSDB), candidato à reeleição, para cercear a liberdade de imprensa em Minas Gerais gerou uma guerra de versões na internet.
A briga opõe os vídeos ‘Liberdade, essa palavra’, projeto final do curso de jornalismo da Universidade Federal de Minas Gerais de Marcelo Baêta, e ‘Liberdade de Imprensa em Minas’, produzido pela campanha de Aécio.
O vídeo de Baêta trata de cinco demissões de jornalistas entre 2003 e 2004 que teriam sido causadas por pressões do governo Aécio.
Ouvidos por Baêta, o ex-diretor de jornalismo da TV Globo Minas Marco Nascimento, o ex-editor do ‘Estado de Minas’ Ugo Braga e os apresentadores Ulisses Magnus (ex-TV Minas) e Paulo Sérgio (ex-Rádio Itatiaia) relacionam suas demissões com a veiculação de informações que teriam desagradado o governo. Nascimento relata reclamações contra uma reportagem feitas pela irmã de Aécio, a jornalista Andrea Neves.
O caso do radialista Jorge Kajuru -demitido da TV Bandeirantes após transmissão em que criticou o governo mineiro- também é citado.
Em 30 de agosto, o site do PT nacional publicou notícia sobre o vídeo de Baêta. No mesmo dia, o site do PSDB nacional classificou o vídeo de Baêta como ‘falsificação com fins eleitoreiros’.
O vídeo ‘Liberdade de Imprensa em Minas’ ouve novamente Nascimento e Braga, que negam responsabilidade do governo pelas demissões.
À Folha Nascimento disse que, de fato, atribui sua demissão a uma decisão da Globo, mas que reiterava tudo o que disse a Baêta.
Baêta disse não ter vinculação político-partidária. Informou que o PT o procurou, mas que ele desautorizou o uso do vídeo. Disse ainda que o vídeo foi colocado no YouTube sem sua autorização.
NA INTERNET – Veja ‘Liberdade, Essa Palavra’ (www.youtube.com/watch?v=UqEimw CupsQ&NR) e ‘Liberdade de Imprensa em Minas’ (www.youtube.com/watch? v=rkhBSX y9s64)’
CINEMA & MÍDIA
O risco do cinema
‘NA SEMANA passada, a Folha publicou reportagem com o título ‘Cinema sem Risco’, com declarações e algumas informações que mostravam que o cinema do Brasil é um fracasso em função do sistema de financiamento pelas leis de incentivo fiscal, em especial a conhecida como Lei do Audiovisual. Esse tema é um dos mais importantes, senão o principal, na atual conjuntura do cinema brasileiro. Mas não é tão simples assim.
Existem diversas variáveis e informações que não foram colocadas. Após a hecatombe do governo Collor que varreu o cinema brasileiro por três anos, foi criada a Lei do Audiovisual, um primeiro passo para reativar a produção, no espírito neoliberal da época. E foi esse mecanismo que permitiu ao nosso cinema voltar às telas e, aos poucos, reconquistar as platéias no Brasil e no exterior.
O incentivo fiscal, porém, se tornou a única maneira de fazer cinema no Brasil. Durante o governo FHC, um mecanismo se tornou ‘a’ política cultural para o setor, gerando diversas distorções. Por exemplo, transformando um estreante, um neófito e um produtor com currículo de realizações em competidores na disputa pelos mesmos recursos, numa espécie de guichê único.
Naturalmente, transferir totalmente para a iniciativa privada a decisão sobre quem irá ou não filmar no país é um equívoco. Dessa maneira, inúmeros filmes passaram a ser feitos sem nenhum critério, a não ser o da vontade de seu realizador e o do gosto de algum diretor de marketing.
Outro problema foi que, como não existiam medidas efetivas de apoio ao lançamento desses filmes, não havia, necessariamente, nenhum compromisso com o resultado. Isso não impediu, porém, que, em 2003, os filmes brasileiros alcançassem a marca de 22% do mercado.
De outro lado, não se pode avaliar o resultado de um filme apenas pelo número de ingressos que vende nas bilheterias. Além das salas de cinema, ele terá o mercado de DVD e das várias janelas em televisão e internet. E, claro, um filme tem um valor cultural que permite uma longa vida, com exibições em emissoras públicas, escolas, projetos especiais etc.
É um equivoco também a impressão de que foram ‘dados’ R$ 2 milhões para um cineasta, e o filme rendeu X, significando por isso um prejuízo. Cinema não é literatura, onde um artista desenvolve sua obra e depois precisa apenas publicá-la (sem desmerecer os escritores e suas dificuldades). Cinema é indústria.
Um filme envolve um batalhão de pessoas e insumos. Os recursos aplicados num filme são investimentos na geração de empregos diretos (cerca de 200, em média) e indiretos; movimentam setores diversos, como alimentação, transporte e hotelaria; e um enorme parque de infra-estrutura, com laboratórios, estúdios de som, de finalização etc.
O cinema é uma atividade que, em todo o mundo, depende da participação do Estado. O cinema americano, sem dúvida o mais bem-sucedido comercialmente, só alcançou esse resultado após décadas de apoio direto, financeiro e institucional do governo.
Até bem pouco tempo atrás, a MPA, que defende os interesses dessa indústria naquele país, tinha seu escritório dentro da Casa Branca.
O cinema americano foi, e ainda é, tratado como questão de Estado. Isso possibilitou a criação de canais de distribuição quase monopolistas ao redor do mundo. É conhecida uma frase de um presidente americano que, no início dos anos 30, disse: ‘Onde entram nossos filmes, entram nossos produtos’. E assim foi.
Na França, na Alemanha, na Itália, na Coréia, enfim, em todo o mundo, o Estado apóia a atividade, seja por meio de incentivos, seja por investimentos, seja por legislação.
O mecanismo do incentivo fiscal criou vícios, sim. Que precisam ser enfrentados. O primeiro passo é criar novos mecanismos de financiamento da atividade. Mecanismos automáticos em função do resultado; recursos com risco ao produtor que quiser se aventurar em uma produção em que ele confie; um sistema de adicional de renda que permita amortizar o risco, como na Argentina; recursos para que distribuidores brasileiros possam competir com os estrangeiros e investir na produção nacional.
Dessa maneira, cada produtor poderá buscar seu financiamento na forma mais adequada a seu projeto, com maior ou menor risco.
De qualquer forma, a Lei do Audiovisual precisa ser preservada. E melhorada.
Dentro de um sistema integrado que estimule o resultado e a criatividade. Dentro de uma política efetiva para o setor. Enfim, uma política estratégica para a atividade, e não apenas um mecanismo isolado. Uma política que pense a produção, a distribuição, a exibição e a veiculação.
ANDRÉ STURM , 40, cineasta e distribuidor, é programador do HSBC Belas Artes e presidente do Sicesp (Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo).’
TELEVISÃO
Telefônica vai oferecer TV paga por satélite a partir de novembro em SP
‘Prestadora de telefonia fixa no Estado de São Paulo, a espanhola Telefônica inicia em novembro sua operação de TV paga via satélite (DTH). Passará a oferecer a seus assinantes no Estado pacotes que combinam, além do telefone fixo, internet rápida (Speedy) e TV paga, o chamado ‘triple play’.
A Telefônica comunicou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na semana passada que fechou uma parceria com a empresa DTH Interactive Telecomunicações (DTHi). A multinacional irá explorar a licença de DTH que pertencia à DTHi.
Por ser uma empresa de capital majoritariamente estrangeiro e por ser uma companhia de telefonia, a Telefônica não pode, conforme a legislação, explorar o serviço de TV a cabo. Mas não há restrições legais à sua atuação no serviço de DTH.
Segundo analistas, embora vá operar o mesmo tipo de TV paga da Sky, a Telefônica tem como alvo a Net. A operadora de cabo da Telmex/Embratel e Globo vende desde abril canais pagos com internet rápida e telefone combinados a partir de R$ 99,90. Em 30 de junho, já tinha 45.850 assinantes de ‘triple play’. Ou seja, a Net está tomando clientes de telefonia fixa da Telefônica.
O ideal para a Telefônica seria oferecer TV paga por meio de sua rede de cabos, no IPTV (TV via internet). Mas, por ser estrangeira, não pode oferecer o serviço, porque se caracterizaria como uma operadora de TV a cabo e infringiria a lei.
A Folha apurou que a Telefônica já tem acordo para distribuir no Brasil os canais da HBO, Turner e Discovery.
Procurada ontem, a Telefônica não se pronunciou.’
Lucas Neves
Ex-MTV Edgard estréia ‘circo’ no Multishow
‘Após 13 anos de vida mambembe na trupe da MTV -em que passou por mais de 20 programas e foi de repórter a apresentador de programa de auditório-, Edgard Piccoli, 41, busca outros picadeiros. O resultado ele apresenta hoje, quando sobe a lona do ‘Circo do Edgard’, no Multishow.
Ele conta que a possibilidade de comandar uma atração em que não tivesse que dominar integralmente os assuntos abordados pesou na decisão de sair do canal.
‘Fiquei feliz com o fato de deixar o patrulhamento musical de lado. [Na MTV], sentia pressão para não errar. Às vezes, trocava o nome de uma música, e os fãs reclamavam. Agora, estou livre para não saber, fazer perguntas óbvias, primárias’, diz Piccoli.
É na condição de aprendiz que ele vai se arriscar na comédia, dublando ‘comentários’ dos durões Charles Bronson, Sylvester Stallone e Clint Eastwood a respeito de um clipe da banda mineira Pato Fu. ‘Não sou humorista, não tenho talento para isso’, avalia o apresentador. No picadeiro, os ‘números’ de humor se alternarão a bate-papos com personalidades de diversos meios e ‘pílulas’ de comportamento.
Os apresentadores David Letterman e Ed Sullivan são referências, mas a inspiração inicial foi o filme-concerto ‘Rock’n Roll Circus’ (1968), em que os Rolling Stones dividiam o palco com John Lennon e The Who, entre outros. Haverá então um viés passadista no circo? ‘Não tenho a pretensão de ser inovador. Vou usar minhas influências e gostos.’
A ‘embalagem’ adolescente da MTV incomodava Piccoli há algum tempo. ‘Todas as coisas que a gente fazia, principalmente no jornalismo, tinham que ter um atrativo que não a informação. As situações eram pautadas para que houvesse gancho para os jovens. Sempre tinha que ter um ‘pulo do gato’ para prender a audiência.’
O adolescente que representava seu espectador-padrão na MTV será então preterido no picadeiro do Multishow? ‘Não. Posso me comunicar com o jovem sem que, para isso, precise me transfigurar de jovem.’
CIRCO DO EDGARD
Quando: hoje, às 21h15
Onde: canal Multishow’
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O Estado de S. Paulo
Terça-feira, 5 de setembro de 2006
INTERNET
Licitação de WiMax é suspensa
‘O Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu ontem o processo de licitação das freqüências para exploração de serviços de banda larga sem fio (WiMax). Essa licitação vem sendo palco de uma disputa das operadoras de telefonia contra as empresas de TV a cabo e provedores de internet.
As regras da Anatel não permitiam que as concessionárias de telefonia participassem da licitação em suas áreas de atuação. Mas uma liminar obtida na semana passada, e confirmada no domingo, permitia essa participação. A suspensão do processo foi anunciada no mesmo dia em que as empresas apresentaram suas propostas à Anatel.
A medida acaba reforçando a posição do ministro das Comunicações, Hélio Costa, contrária à realização da licitação. Costa defende a mudança nas regras do edital para que algumas das freqüências sejam utilizadas em projetos do governo de inclusão digital. Com a decisão, Costa deve recuar de sua ameaça de intervenção na Anatel.
‘A licitação está adiada’, disse o ministro do TCU, Ubiratan Aguiar, responsável pela decisão adotada ontem. O ministro negou motivação política na sua decisão. ‘Nossa orientação é puramente técnica.’ Aguiar explicou que decidiu suspender a licitação porque a área técnica do TCU encontrou distorções nos cálculos do preço mínimo das freqüências. Com isso, o Tesouro Nacional deixaria de arrecadar R$ 23 milhões com a venda das licenças.
Segundo ele, para calcular o preço mínimo das freqüências, a Anatel levou em consideração a cotação do euro em novembro de 2004, que era de R$ 3,54. Hoje, a moeda está cotada em R$ 2,80, o que daria uma diferença de 76% a menos do que o preço proposto pela Anatel.
Hélio Costa gostou da decisão. ‘Acho que foi a melhor decisão. Até porque nós vamos ter tempo realmente de corrigir vícios de origem do edital e torná-lo mais eficiente’, disse. O ministro também tentou desvincular da decisão qualquer conotação política. Disse que não conversou sobre o assunto com o ministro Ubiratan Aguiar, mas admitiu que já sabia que o Tribunal poderia adotar a medida.
Quando a decisão foi anunciada, cem empresas já tinham apresentado suas proposta para o leilão. Costa disse que pretende sugerir hoje ao presidente Lula uma proposta de política pública de comunicação, para aproveitar a tecnologia WiMax nos programas de inclusão digital do governo.
DOMÍNIO
O advogado Alfredo Rui Barbosa, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o tribunal não levou em conta na decisão ‘o lado técnico e a defesa da concorrência, mas sim o lado político’.
Segundo ele, esse ‘lado político’ está no fato de que a decisão ‘reforça o domínio do governo sobre as agências reguladoras. Para ele, o ideal é que as agências atuem com o máximo de autonomia, para garantir transparência e credibilidade junto aos investidores.
ENTENDA O CASO
Competição: As regras definidas pela Anatel impediam que as concessionárias de telefonia local (Telemar, Telefônica, Brasil Telecom, CTBC e Sercomtel) comprassem licenças para sua área de concessão, com o objetivo de incentivar a concessão.
Intervenção: O ministro das Comunicações, Hélio Costa, ameaçou intervir no processo e suspender o leilão, se a agência não mudasse as regras. A Anatel recusou.
Justiça: As concessionárias conseguiram uma liminar na Justiça permitindo que elas participassem do leilão dentro de suas áreas de concessão.
Suspensão: Depois da entrega das propostas, ontem, o Tribunal de Contas da União decidiu suspender o processo, o que foi comemorado por Costa.’
TELEVISÃO
Indústria reavalia TV de plasma
‘A guerra de preços da TV de plasma, que atingiu o auge nas semanas que antecederam a Copa do Mundo com corte de até 20% no valor do produto, começa a se refletir na rentabilidade dos fabricantes. A coreana Samsung, por exemplo, reavalia o mercado de TV de plasma de 42 polegadas de baixa definição. ‘Provavelmente vamos sair desse segmento’, diz o diretor de eletrônicos de consumo da companhia no Brasil, Eduardo Pisani Mello.
Segundo o executivo, a forte erosão nos preços provocada pela concorrência afetou a rentabilidade dos modelos de televisores de plasma de baixa definição, isto é, o padrão standard, de 42 polegadas, que hoje é vendido ao consumidor por R$ 4,999 mil.
No fim de 2004, esse aparelho custava R$ 20 mil. O preço caiu pela metade em dezembro do ano passado (R$ 10 mil). Em junho deste ano, era negociado por R$ 7,980 mil. O dólar baixo também ajudou a derrubar os preços das TVs.
Desde julho deste ano, a Philips deixou de montar em Manaus a TV de plasma de 42 polegadas de baixa definição. A companhia se concentrou na produção de aparelhos de plasma e LCD (cristal líquido) de alta definição. São oito modelos de TVs, cinco de LCD e três de plasma. O televisor de plasma de 42 polegadas, de alta definição, no modelo mais básico, custa R$ 6,499 mil.
A Philips informa que decidiu se concentrar na fabricação de TVs de alta definição para oferecer uma imagem de melhor qualidade, especialmente com a chegada da TV digital.
MOVIMENTO
Segundo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saab, não há nenhum movimento de interrupção de produção de televisores básicos de plasma. Mas ele admite que houve uma redução nas margens de ganho dos fabricantes do produto, por causa da queda acentuada dos preços do produto.
A LG, por exemplo, informa que vai continuar fabricando e vendendo TVs de plasma no padrão standard. A empresa diz que esse segmento de produto está adequado ao mercado brasileiro, mesmo com a chegada da TV digital. A companhia diz que nos Estados Unidos, cerca de 45% do mercado de TV de plasma é no padrão standard.
A Semp Toshiba está trabalhando tanto com TVs de plasma de alta como de baixa definição. A companhia diz que há mercado para os aparelhos no padrão standard. A empresa considera a hipótese de reavaliar as compras desses itens para o próximo ano.
A Gradiente e a Philco mantêm a produção de TV de plasma de baixa definição.
Na opinião de Saab, os fabricantes tendem a lançar aparelhos que caminhem cada vez mais para a alta definição. ‘Há uma migração dos modelos standard definition para high definition, e essa é uma migração que ocorre rapidamente.’ Ele diz que estão previstos para este semestre lançamentos de diversos modelos e linhas com maior definição.
A projeção da Eletros é que sejam vendidos neste ano até 230 mil TVs, entre aparelhos de plasma e LCD, num universo de 10 milhões de televisores. No ano passado inteiro, foram 58 mil TVs de plasma e LCD.’
Keila Jimenez
Só o futebol salva
‘A Record está apostando no futebol internacional para salvar a audiência de sua programação vespertina. A emissora, que viu o ibope de suas tardes despencar de seis meses para cá, estréia amanhã a transmissão da Liga dos Campeões da Europa, um dos mais importantes campeonatos de futebol internacional.
A partida de estréia será entre Lion e Real Madri, às 16h. Para tanto, a Record terá de fazer uma limpa nas séries enlatadas que exibe no horário, entre elas: Hércules e Xena a Princesa Guerreira.
As séries vêm registrando audiência média na casa dos 3 pontos, praticamente metade do que a rede alcançava no horário com seus antigos programas.
Com isso, a programação vespertina do SBT se consolidou, aumentando a distância em ibope entre as duas redes que, em contrapartida, vem caindo no horário nobre.
Atrações como Charme e Casos de Família, do SBT, chegam a registrar 8 pontos de ibope no horário de embate com a Record.
Além dos jogos da Liga dos Campeões, a Record deve promover uma grande mudança em sua grade vespertina em outubro.
entre- linhas
Cláudia Raia estréia no dia 13 o musical Sweet Chatity, no Citibank Hall, em São Paulo.
A ex-BBB Grazielli Massafera deve nentrar esta semana em Páginas da Vida. Ela vai interpretar Thelma Ribeiro, irmã de Sandra (Danielle Winnitz), que mora no interior.
E por falar em BBB, a Globo abriu as inscrições para a sétima edição do reality show na sexta-feira, e só estreou no sábado a campanha publicitária do programa. As inscrições vão até 30 de setembro.
A reprise de Supernanny, no SBT, continua rendendo boa audiência. A atração registrou no domingo 14 pontos de média no horário, consolidando o segundo lugar em ibope.
Vai ao ar amanhã em Sinhá Moça o esperado casamento de Ana do Véu (Ísis Valverde) e Ricardo (Bruno Gagliasso).
A Globo lança este mês o DVD Carga Pesada. São quatro discos com 18 episódios e extras com cenas exclusivas de making of e três programas da primeira versão, exibida em 1979.
O GNT Fashion volta aos anos 80 para mostrar a moda new wave, que ganhou releitura para o verão de 2007. O programa vai ao ar amanhã, às 22 horas, no GNT.
O A&E estréia hoje duas séries. Tatuagem vai ao ar às 20 horas, seguido por Hex, às 21 horas. Amanhã entra em cartaz Dallas SWAT, às 21 horas.’
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