Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Bia Abramo

‘Tempo de dobrar a língua: semanas atrás, disse que ia falar uma única vez sobre o ‘BBB5’, a não ser que algo acontecesse. Pois é, aconteceu. Não no sentido sensacionalista: ninguém matou, ninguém morreu e os beijinhos foram mais castos do que os de qualquer novela.

Mas o programa, no entanto, foi encantador. Não, não se pode esquecer também que há muito pouco de realidade e muito de show num programa como o ‘Big Brother Brasil’. Também não se pode esquecer que, a esta altura, já circula pelo imaginário todo um conjunto de técnicas de construção de personagens. E, sobretudo, não se deve deixar de ter em perspectiva que não há como se aproximar do ‘reality show’ sem duvidar da autenticidade daquilo que se vê, ouve e sente.

OK! O problema é que, mesmo lembrando de tudo isso, esta edição do ‘BBB’ deu tantas voltas metalinguísticas que chegou a um estado de abstração onde algum tipo de realidade pôde ser encenada e, numa outra volta, algum tipo de veracidade emergiu dos disfarces.

No início, o ‘BBB5’ surpreendeu pela velocidade e ferocidade com que se instalou a polarização entre ‘mal’ e ‘bem’. Homens grandes, de aspecto e falas protofascistas, mulheres-objeto para as mais diversas funções contra outros homens e mulheres um tantinho (não muito, mas o suficiente) mais inteligentes formaram um confronto tão claro que as eliminações bateram recordes de adesão do público.

Depois, surpreendeu ainda mais, quando, eliminados os brucutus, se criou uma bolha de bem-estar afetivo entre os participantes do grupo encabeçado por Jean e Pink. Parecia que algo ‘de verdade’ estava se passando ali, que se abriu magicamente a possibilidade de viver várias relações, inspiradas pela intensidade da amizade entre Jean e Pink.

Amizade baseada na condição de exceção de ambos os personagens – Jean por ser gay e articulado, Pink por ser rebelde e abusada -, soube atrair outros participantes meio desgarrados e acabou por gerar uma turma em que os indivíduos agiam de forma independente, mas com sentido coletivo, o que lhes garantiu uma vitória ‘limpa’ e acachapante. Depois, seguiu-se um período quase idílico, onde todo mundo pôde, o mais sinceramente possível, mentir. Em vez de estar numa competição cruel, eles pareciam jovens simpáticos em férias na casa da praia, botando seus hormônios e afetos para desenhar tramas de encontros e desencontros amorosos.

Coube a Pink quebrar esse encanto e fazer o papel daquela que desperta a todos, inclusive o público, da mistificação. Emburrada, ela recordou a falsidade da situação do ‘reality show’ e a verdade nua e crua do fato de todos estarem ali querendo ‘merecer’ uma soma obscena. Saiu da casa para afundar na sua história, não sem antes despedir-se de seu personagem com um toque de picardia, roubando um beijo do apresentador Pedro Bial.’



Claudia Pereira

‘Ex-participantes opinam sobre ‘Big Brother Brasil 5’’, copyright O Estado de S. Paulo, 26/03/05

‘E lá se vai mais uma temporada do Big Brother Brasil, que fecha sua quinta edição na terça com saldo pra lá de positivo. É o que dizem os números, tanto do Ibope quanto das ligações em dias de paredão, que, segundo o apresentador Pedro Bial, chegaram a superar a incrível marca dos 30 milhões. O índice do Ibope nas eliminações atingiu, em média, 50 pontos. Este é um dos indicadores de que bisbilhotar a vida alheia é um negócio da China e que, mesmo por debaixo do pano e sem assumir que gosta de reality shows, tem muita gente grudada na tela.

O sucesso desse tipo de programa faz com que seus integrantes se tornem aspirantes a celebridade ao saírem da casa. Isso ocorreu em todas as edições e, durante o período em que volta a ser exibido, ex-participantes aproveitam e tentam espremer o pouco que resta de seu momento pop star pós-Big Brother. Este é o caso de Kléber Bambam, que atualmente lidera o grupo Bambam e as Pedritas. O vencedor do BBB1 admite que não acompanha com muita freqüência, mas gosta muito dos episódios a que assiste. ‘O que mais gosto no programa é do prêmio. Bem que podia ser esse valor na minha época.’ Se, na estréia, os concorrentes disputavam a quantia de R$ 500 mil, o vencedor de terça levará o dobro desse valor. ‘Hoje, quem chega ao Big Brother é para ser famoso, diferentemente de quando eu participei. Como era o primeiro, as pessoas não sabiam o que aconteceria depois, que a chance de estar na mídia seria tanta’, completa Bambam.

E a mídia realmente é generosa com alguns. Antonela Avellaneda integrou o BBB4 e hoje é uma das apresentadoras do programa Transalouca, da Rádio Transamérica. ‘Tenho acompanhado mais no fim e acho que o Jean ganha o prêmio.’ Antonela desenvolve uma teoria sobre os últimos acontecimentos da casa e também sobre a amizade da última eliminada, Tatiane Pink, e Jean. ‘Acho que o Jean teve chance de fazer amizade com qualquer um. Ele sempre foi muito sincero, autêntico. A Pink foi burra. Sabia que ele era o mais forte e o colocou no paredão. Com isso provou que era uma falsa’, alfineta a argentina.

Parece mesmo que o professor baiano é unanimidade, pelo menos no que diz respeito aos ex-big brothers. Outra que torce por ele é Tatiana, que até há pouco tempo participava do quadro Fuxico, dentro do programa A Casa É Sua, da RedeTV!. ‘Esta edição é a melhor de todas, pois as pessoas que estão lá são muito mais legais. Para mim, está bem óbvio que o Jean leva o prêmio. Acho que ele acertou quando disse que estava lá só para curtir, esse é o espírito da coisa.’

A comerciante, que se desentendeu com a brasiliense Juliana no BBB4, também acha que o programa atual teve menos confusões. ‘No meu houve muita discussão. As pessoas queriam camuflar, diziam que não estavam jogando, mas estavam. Neste não. Desde o início todo mundo disse a que veio.’

Outro que também tenta se firmar de alguma forma na mídia é Thyrso. Fazendo participações quinzenais no programa Mulheres, da TV Gazeta, o ‘gourmet’ opina sobre o BBB5. ‘A produção do Big Brother é muito criativa. Acompanho todas as edições e uma nunca é parecida com a outra. Há sempre uma novidade.’ Sobre suas apostas, Jean na cabeça, claro. ‘Já estava previsto desde o começo que ele ganharia o jogo. O público que vota é aquele que não gosta de injustiças. O fato de ele ser perseguido pelo grupo que admitiu que estava ali para jogar e também sua sinceridade em assumir sua sexualidade mexeu muito com o povo.’

Para fechar a questão, Dhomini, ganhador do BBB3, nada modesto, decreta: ‘Quem vence o jogo é o mais inteligente; neste caso, é o Jean.’’



Marcelo Bartolomei

‘Fábrica da fama, BBB não garante carreira’, copyright Folha de S. Paulo, 27/03/05

‘Pelo quinto ano consecutivo, o ‘Big Brother Brasil’ despeja no mercado 14 aspirantes a celebridades, pseudo-artistas que tiveram seus momentos de fama num dos programas de maior audiência da televisão brasileira.

Na próxima terça-feira, quando for conhecido o vencedor desta edição, serão 67 participantes ‘formados’ pela escola do diretor J.B. de Oliveira, o Boninho, desde 2001 -quando estreou a atração-, todos com o objetivo de sair do anonimato para atingir um mínimo de estrelato. ‘Hoje, todo mundo quer seus 15 minutos de fama para usufruir financeiramente disso’, diz o produtor e crítico de TV Gabriel Priolli, 52, presidente da Associação Brasileira de Televisão Universitária.

No entanto, fama e carreira não andam, necessariamente, juntas. E o ‘Big Brother’ está aí para provar isso: dos ex-participantes, a maioria, para não ficar desempregada, voltou a exercer suas atividades anteriores; outra parcela tenta, a todo custo, conquistar um espaço ao sol; e menos de dez continuaram na TV. É o caso de Sabrina Sato, 24, que participou da terceira edição do programa e, hoje, integra a trupe do ‘Pânico’, na rádio e na televisão. ‘Não vejo o ‘Big Brother’ como carreira. Eu tinha consciência de que iria sair e procurar trabalho, porque não tem como entrar lá advogado, por exemplo, e sair ator’, diz ela.

‘Acho que as pessoas têm uma idéia errada do que é aparecer na televisão. No meu caso, desde criança eu quis trabalhar com comunicação. Lá em Penápolis (SP), onde nasci, eu fazia um programa de rádio desde pequena’, conta Sabrina, que sofre o que chama de ‘maldição’ dos ex-’Big Brothers’ nas mãos dos companheiros de trabalho, que brincam com sua origem televisiva. ‘O Emílio [Zurita, cabeça do ‘Pânico’] sempre diz: ‘Nem a gente conseguiu escapar da maldição dos ex-’Big Brothers’, mas eu me divirto’.’

Só para o ‘BBB5’, somaram-se 30 mil inscritos. ‘Vivemos um momento de evasão de privacidade. As pessoas querem ocupar algum lugar, por menor que seja, no espaço público. A maioria nem busca fama, mas um pacote que lhe será útil se souber trabalhar depois dela’, diz Priolli.

Quem saiu desta edição ainda não tem planos definidos. No primeiro momento, os eliminados permanecem à disposição da Globo. E as regras são claras: os participantes têm contrato com a emissora durante seis meses após a saída do ‘reality show’ e não podem se apresentar em outros canais, tampouco fazer publicidade sem o aval da direção.

Resta, então, aceitar convites para posar em ensaios fotográficos para revistas, participações em programas da própria emissora e o rótulo de, para sempre, ser um ex-’Big Brother’.

Fetiche

A quinta edição foi marcada por recordes de participação do público -por meio de votações na internet e pelo telefone- e de audiência. A média das sete semanas iniciais, se comparada ao mesmo período dos outros quatro programas, foi de 51 pontos no Ibope (cada ponto equivale a 48,5 mil espectadores na Grande São Paulo).

Durante três meses, a atração fez o público torcer pelos participantes como se estivessem assistindo ao futebol. ‘O ‘Big Brother’ está muito bem azeitado. Sua fórmula, com uma edição de telenovela, que dramatiza o programa e cria antagonismos, foi perfeita. É uma dramaturgia da realidade, com tensões entre grupos, reforçando o drama. Com a apuração da fórmula, ele obtém sucesso e longevidade’, diz Priolli.

Uma pesquisa realizada a partir dos programas exibidos na Globo e de material publicado na mídia estuda o fetichismo do ‘BB’.

Segundo o trabalho, realizado no Isca (Instituto Superior de Ciências Aplicadas), de Limeira (interior de São Paulo) -para a conclusão do curso de ciências sociais-, o fetiche de observar como vivem os participantes do programa motiva a grande audiência. ‘É o que buscam os participantes dos ‘reality shows’; é o que querem ver os espectadores. De acordo com o conceito de identidade, o espectador tem mais probabilidade de eleger como alvo de preferência aquele outro que, exposto, mais tenha semelhança consigo mesmo. O espectador quer participar do sonho e do deslumbre’, diz o estudo, encabeçado pela estudante Regiane Batistella, 38.

‘Quando o programa começou, afirmava-se que havia interesse pela conotação sexual do voyeurismo, mas isso nunca aconteceu. Muito pelo contrário, o programa se revelou familiar’, afirma Priolli. ‘Há, sim, uma curiosidade por observar o que as pessoas fazem no que é considerado um verdadeiro zoológico humano’, completa o produtor.

Na quinta edição do ‘reality show’, a identificação do público com os personagens reais criados pelos participantes foi clara. Quando a casa se dividiu entre bem e mal, a cada semana que passava, era eliminado quem estava contra a corrente. Entre as maiores votações, a da estudante carioca Aline obteve recorde de rejeição, com 95% dos votos. No mesmo patamar, esteve o médico paulista Rogério, com 92% de votação.

Os números são os maiores já registrados pela Endemol, produtora holandesa dona da idéia que criou o programa, em comparação aos demais países onde o mesmo formato é realizado.

Por conta da edição final do ‘reality’, os responsáveis pelo ‘Big Brother Brasil’ se negaram a falar com a Folha para apresentar um balanço sobre a edição.’

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‘Versão brasileira do ‘reality’ bateu votação recorde mundial’, copyright Folha de S. Paulo, 27/03/05

‘Não há previsão para o fim da onda ‘Big Brother’ no mundo todo, segundo a Endemol, empresa que trouxe a atração para o Brasil e que domina sua execução na televisão. A fórmula do programa, que duraria, no máximo, cinco anos, como acreditava a produtora holandesa, teve sua expectativa superada e, em alguns países, mantém no ar a sexta edição.

No Brasil, a Endemol se uniu à Rede Globo para co-produzir ‘reality shows’ para a emissora. Segundo Carla Affonso, 38, diretora-geral da Endemol/Globo, o sucesso é subseqüente em alguns países, uns com mais, outros com menos audiência.

O brasileiro, com suas peculiaridades, é um dos casos de sucesso considerados pela Endemol internacional. Aqui, da mesma maneira que em outros locais, a casa sofre mudanças para adaptar o programa ao clima. Por estar instalada no Rio, onde a temperatura média nunca está abaixo dos 30ºC, a casa tem o maior jardim e a maior área externa de todas as criadas para o ‘Big Brother’ pelo mundo. ‘Muda de acordo com a cultura do local’, diz a diretora da empresa no Brasil.

De acordo com ela, o ‘BBB’ da Globo apresentou, neste ano, votações recordes em relação a outros programas do mundo. As duas maiores foram maciças: Aline, que foi eliminada com 95% dos votos na oitava semana de programa, e Rogério, com 92% na quarta semana, são exemplos a serem apresentados ao mundo.

Na verdade, a quinta edição do ‘Big Brother Brasil’ não teve nem sequer uma eliminação abaixo de 50%. Na primeira semana, Juliana saiu com 50,49% dos votos.

O ‘Big Brother’, nome baseado no livro ‘1984’, de George Orwell, que se passava numa realidade vigiada, está presente em 32 países. Inglaterra, Itália e EUA, por exemplo, estão na sexta edição. Na Espanha, o sétimo ‘Big Brother’ está no ar. Na Alemanha, a produtora testa um formato inédito: depois de fazer um ‘reality show’ de um ano, agora ele não tem mais fim. É renovado com mais participantes a cada período. Em locais como Equador, Chile e África do Sul foram reunidos vários participantes de países de mesma língua -como na região andina, no caso do Chile- para formar um programa só.

‘O desempenho do programa só melhora a cada ano. É um fenômeno. Acho que o segredo é que ele faz uma dramaturgia espontânea de pessoas reais, que expõem nele personagens também reais’, diz Affonso, para quem o formato ainda tem longo tempo de vida.

A Endemol deve manter para este ano ‘reality shows’ na grade da Globo. ‘Fama’ e ‘Acorrentados’ já foram confirmados.’



Etienne Jacintho

‘Drag queen acusa Globo de usar sua marca no ‘BBB’’, copyright O Estado de S. Paulo, 26/03/05

‘A drag queen Paulette Pink acusa a Globo de usar sua marca patenteada para promover a concorrente do Big Brother Brasil, Tatiane ‘Pink’. O apelido foi dado à participante pela Globo, para diferenciá-la da Tati ‘Rio’, outra confinada da casa do BBB 5.

Paulette diz que enviou vídeos para participar do BBB e manteve contato com uma das produtoras do programa, que teria prometido um acordo: a drag estaria na platéia do paredão Pink X Jean e a história do processo seria esquecida.

Paulette alega que a produtora não cumpriu sua parte e ela agora estuda a abertura de processo contra a Globo.’



LOST
Etienne Jacintho

‘‘Lost’ terá dobradinha na semana’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/03/05

‘Os fãs de Lost nos Estados Unidos estão criando grupos de discussão na internet para saber o futuro do seriado. O debate esquentou ainda mais depois que o produtor J.J. Abrams disse que um dos personagens vai morrer. A revelação foi feita durante um encontro entre fãs e o elenco da série, organizado pela rede americana ABC. Segundo a assessoria de imprensa dos canais Sony e AXN, Abrams deixou claro que um dos sobreviventes não participará da segunda temporada, que estréia em maio, nos Estados Unidos. O produtor também negou a teoria de que os sobreviventes da ilha estariam em uma espécie de purgatório.

Por lá, Lost vai bem de audiência e chama a atenção pelo formato inovador e pelo suspense – realmente um tipo de Arquivo X, que vai colecionando adeptos. No Brasil, a trajetória não é diferente. A estréia da série colocou os canais Sony e AXN – que exibiram juntos os dois primeiros episódios no dia 7 de março, às 20 horas – na liderança entre os canais por assinatura. O Sony arrematou o primeiro lugar e o AXN, o segundo.

Devido ao sucesso, o AXN decidiu exibir , a partir de segunda-feira, dois capítulos de Lost na seqüência, assim como faz o canal Fox com 24 Horas, que também vai ao ar toda segunda-feira – concorrência forte. Às 20 horas, o AXN exibirá o episódio que foi ao ar na semana anterior e, às 21 horas, o capítulo inédito. Nas reprises – às terças, às 11 e às 16 horas, e aos domingos, às 20 horas -, será exibido apenas o episódio que estreou na semana. Com isso, as séries The Dead Zone e Line of Fire mudam de horário. A primeira irá ao ar às quartas, às 20 horas. A segunda passa ser exibida toda terça, às 10 e às 15 horas.’