Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Bia Abramo

‘Dois bilhões de pessoas no mundo todo assistem a telenovelas -cerca de 500 delas são produzidas por ano. Esse segmento da indústria televisiva movimenta em torno de US$ 130 milhões anualmente, juntando os mercados dos EUA, da Ásia e da Europa (e, se fosse contabilizada a América Latina, berço esplêndido do formato, o número pularia consideravelmente para cima). Os números saíram em texto publicado aqui na Ilustrada (‘Novela tem 2 bilhões de espectadores’, em 26 de julho).

A população mundial é de quase 6,5 bilhões de pessoas, segundo o Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França. Ou seja, quase uma pessoa em cada três assiste a alguma novela.

Mesmo que o número possa estar superestimado -o dado vem de uma pesquisa que será apresentada de forma mais completa num evento da indústria, o Telenovelas Screening- e, num ataque de ceticismo, o reduzíssemos à metade, ainda assim é impressionante pensar num produto ‘cultural’ que atinja tantos.

É de se perguntar também quais são os critérios para classificar essas 500 produções como ‘telenovelas’, a partir de cujas audiências deve ter sido calculado esse espantoso índice de 2 bilhões de espectadores. Há de haver uma diversidade razoável entre essas centenas de novelas, em termos de temáticas, duração, tipo de roteiro etc., mas concordância o suficiente em termos do formato -ficção seriada que ‘acompanha’ uma série de personagens por um determinado período de tempo- para que várias dezenas de produções recebam o nome de telenovelas.

Ainda que os números pareçam grandiosos demais e, portanto, mereçam ser vistos com alguma reserva, há uma indicação bastante clara nesses dados: o formato telenovela responde a uma demanda ficcional ampla o suficiente para ser tomada como universal, portanto deveria ser observado com mais interesse mas também com mais rigor crítico. Mesmo que a TV já tenha deixado de ser desprezada pela academia há algum tempo, há muitas perguntas ainda sem resposta.

De cara, como se dá a combinação entre a convenção narrativa -as novelas podem variar na superfície, mas têm um núcleo duro que muda muito pouco- e a plasticidade da linguagem que permite múltiplas possibilidades culturais, étnicas, temporais, morais constitui uma questão ainda não respondida. Ou o que significa uma indústria amoral como a televisiva, regida pelas exigências do mercado publicitário, se encarregar das necessidades imaginárias de tanta gente ao redor do globo.

Claro que essas não são questões exclusivas da telenovela de algum modo, estão colocadas para outros produtos da indústria cultural. No caso da novela, entretanto, há esses números superlativos e uma permanência que tornam seu alcance mais amplo e, talvez, mais urgente.’



SINHÁ MOÇA
Laura Mattos

‘Benedito Ruy Barbosa define nova ‘Sinhá Moça’’, copyright Folha de S. Paulo, 31/07/05

‘Benedito Ruy Barbosa, autor de ‘Sinhá Moça’, terá nesta semana a primeira reunião com o diretor Ricardo Waddington para definir o elenco do ‘remake’ da novela.

Exibida em 1986, a trama abolicionista tinha como protagonistas Lucélia Santos e Rubens de Falco. É a mesma dupla e o mesmo tema de ‘A Escrava Isaura’, que fizera sucesso na Globo em 1976 e ganhou nova versão com boa audiência neste ano na Record.

‘Sinhá Moça’ entrará no lugar de ‘Alma Gêmea’ e será adaptada pelas filhas de Ruy Barbosa, Edmara e Edilene, no mesmo esquema de ‘Cabocla’. A reunião do escritor com Waddington acontecerá no sítio do autor, em Sorocaba (interior de São Paulo).

A atriz Vanessa Giácomo, lançada na TV como protagonista do remake de ‘Cabocla’, é cotada para ser a nova Sinhá.

Record

Também nesta semana a Record terá definições sobre a produção de ‘Cidadão Brasileiro’ (título provisório), novela do escritor Lauro César Muniz (ex-Globo) que irá inaugurar um segundo horário de teledramaturgia na programação da emissora, às 21h.’



TV PAGA
Cristina Padiglione

‘Net encampa Disney Channel’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/05

‘Cobiçado pela MTV e TV Cultura (TV Rá-Tim-Bum), o line-up (grupo de canais) da Net encampará, a partir de agosto, mais um canal estrangeiro: o Disney Channel, que conseguiu, na maior operadora de TV paga do País, a vaga que já foi negada a grupos e até a canais públicos nacionais.

A questão é saber qual canal do line-up da Net será sacrificado para que o sistema possa acomodar mais uma emissora. O número de assinantes do sistema digital, que comporta número irrestrito de canais, ainda é irrisório. No sistema analógico, o espaço é limitado. Quando passou a oferecer a opção de dois canais HBO, o sistema analógico da Net cortou do line-up os canais MGM e TV Senac. É claro que a subtração dos canais nunca é amplamente divulgada pela operadora, como ocorre com a chegada de novos canais. Cabe ao assinante perceber o sumiço das emissoras. Outra questão é saber quanto o assinante terá de pagar para ter acesso ao canal. A Assessoria de Imprensa da NET diz que essas questões só serão esclarecidas na próxima semana.

HBO NA SKY

Agosto também inaugura outra novidade na TV paga. O grupo de canais HBO, que sempre foi trunfo da TVA e da DirecTV e só há alguns meses chegou à Net, desembarcará nos pacotes da Sky. A opção mais barata com HBO inclui três canais – HBO, HBO Plus e Cinemax – por R$ 133, 90. O mais caro, com os 10 canais do grupo, sairá a R$ 176,90. A operadora aposta que será a única a levar todo o pacote ao País inteiro, endossando a condição de alcance irrestrito de seu sinal. A estréia na Sky está prometida para terça-feira.’



Laura Mattos

‘TV paga se reúne para ‘discutir a relação’ em SP’, copyright Folha de S. Paulo, 30/07/05

‘Pacotes caros, disputa por exclusividade de canais, atendimento falho ao consumidor, pirataria. Os problemas da televisão por assinatura no Brasil, que atrapalham o crescimento no número de assinantes, serão discutidos na próxima semana.

A ABTA 2005, principal feira e congresso do setor no país, também apresentará novidades de tecnologia (digitalização, banda larga, entre outros) e na programação dos canais.

A MTV, por exemplo, anuncia o lançamento de canais nas operadoras digitais: MTV Hits (sucessos atuais e clássicos do rock, pop e hip hop), MTV Jams (rap e hip hop) e VH1 Soul (rhythm & blues e soul).

Haverá também um debate sobre jornalismo na televisão, com a participação dos âncoras Michael Holmes, da CNN, William Waack, do ‘Jornal da Globo’, e Carlos Nascimento, do ‘Jornal da Band’. Eles falam da ética na profissão e da concorrência com novas mídias, como celular e internet. A ABTA (www.abta2005.com.br) será de terça a quinta-feira, no ITM Expo, em São Paulo.’