CARTÕES DO GOVERNO
Cartões: assessores de imprensa à beira de um ataque, 10/2
‘A sanha de repórteres em busca de explicações e dados sobre cartões corporativos deixou à beira de um ataque de nervos os assessores de imprensa de órgãos e autoridades.
Na última sexta-feira, depois de procurada pela reportagem do portal iG, a assessora de um ministério bufava e reclamava do ´terrorismo` da imprensa, que ´satanizava` os servidores públicos responsáveis por cartões antes mesmo de conhecer os objetivos e contextos das despesas.
Segundo relato de outro repórter, um assessor dizia que estava correndo para providenciar informações porque sabia que, se não desse uma resposta rápida e satisfatória, deixaria ´muito mal` a imagem de seu ministério. Nesse caso o diálogo foi civilizado, porque houve um servidor de tribunal que quase gritava ao telefone durante a abordagem do mesmo jornalista (veja diálogo sui generis mais abaixo).
A assessoria do ministério da Defesa, porém, demostrava uma fala estratégica na última sexta-feira. Ao atender o pedido sobre gastos da Marinha, uma assessora nem mesmo deixou o repórter terminar a pergunta e informou, gentilmente e com tom de alívio: ´Esses dados devem ser pedidos ao centro de comunicação da própria Marinha. Aliás, aproveito a oportunidade para informar que os três cartões colocados à disposição do ministro da Defesa (Nelson Jobim) em 2007 não foram utilizados´.
Confiram o diálogo sui generis entre um jornalista e o assessor do Judiciário que se mostrou extremamente irritado com o pedido de dados sobre pequenos gastos de seu órgão:
Repórter – ´Estamos fazendo uma matéria sobre pequenos gastos do Judiciário. Como são feitos esses gastos?`
Assessor – ´Como todo mundo faz`
Repórter – ´E como todo mundo faz?`
Assessor – ´Por meio de suprimento de fundos`
Repórter – ´E como são os gastos por meio de suprimento de fundos?`
Assessor – ´O que você quer saber?`
Repórter – ´Como são feitos os gastos, por meio de que mecanismos?`
Assessor – ´O que você quer saber?`
Repórter – ´Há limites para os gastos, quais limites são? Como se fazem os pagamentos? Existe alguma forma de discriminação só das pequenas despesas?`
Assessor – (Nesse ponto, o assessor informou que teria de levantar todas as notas fiscais, uma a uma, para dar totais de pequenos gastos. E informou que havia, no site da instituição, uma espécie de balanço com o total de despesas)
Repórter – ´Aqui nesse site estão as despesas licitadas e as pequenas?`
Assessor – ´O que você quer saber? Por que você quer saber?`
A repórter voltou a informar que queria, se possível, ter acesso à discriminação de pequenos gastos. O assessor respondeu que tinha pedido um levantamento manual de notas fiscais. Mas acabou não apresentando.’
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