Tuesday, 12 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Câmara pode rever modo
de conceder rádios e TVs


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 20 de junho de 2006


CONCESSÕES SUSPEITAS
Elvira Lobato


Câmara decide reexaminar as concessões de rádio e TV


‘O presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Informática e Comunicação da Câmara, deputado Vic Pires Franco (PFL-PA), anunciou a criação de uma subcomissão, presidida pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP), para reexaminar o processo de homologação de concessões de rádio e televisão.


Segundo Pires Franco, no sistema atual a Câmara e o Senado só ratificam decisões tomadas pelo Executivo: ‘Quando os processos chegam às nossas mãos, não temos outro caminho a não ser homologar as concessões, sem saber quem é quem’.


Domingo, a Folha revelou que o governo Lula distribuiu a políticos ao menos sete concessões de TV e 27 licenças de rádios educativas. Foi generoso também com igrejas, destinando-lhes uma emissora de TV e dez emissoras de rádio educativas.


Em três anos e meio de gestão, Lula aprovou 110 emissoras educativas (29 TVs e 81 rádios). Pelo menos uma em cada três rádios foram para fundações ligadas a políticos. Muitas dessas fundações só existem no papel.’


COPA 2006
Soninha


O VT é burro


‘FALA-SE muito sobre o impacto das transmissões de TV na avaliação dos árbitros.


Pois a televisão produz injustiças também na avaliação dos jogadores. Quem nunca viu um jogo no campo realmente não sabe o que está perdendo. É como ver o mar ou o Pão de Açúcar de perto: nenhuma imagem dá conta da sua beleza. A arquibancada lotada, o barulho da torcida em ‘surround’ e, fundamentalmente, o jogo são incaptáveis por 10, 30 ou mais câmeras e microfones.


Eu vi o jogo do Brasil no campo. Vi Kaká e Robinho cansarem de pedir a bola -desmarcados, bem posicionados- e não receber.


Seria má vontade, falta de confiança, de sintonia, ímpeto individualista ou distração ocasional? Isso não dá para ver. Mas boa parte do nosso potencial não aproveitado fica evidente em lances como esses.


Por coincidência, reparei em lances em que os dois, Kaká e Robinho, tiveram de girar sobre os calcanhares, prender a bola porque não tinha ninguém para recebê-la e retardar o ataque -Adriano, desmarcado, pedia a bola energicamente, e estaria bem posicionado não fosse pelo escandaloso impedimento.


Houve uma ocasião em que Ronaldinho implorou pela bola em uma cobrança de lateral. Roberto Carlos preferiu lançá-la na outra direção -pena que foi direto nos pés de um jogador australiano.


Depois de três ou quatro lances como esse, quem vê apenas a imagem do jogador com a bola pode reclamar que um a está prendendo demais e o outro está sumido… Injustamente.


Mas Ronaldinho está sumido, sim. Parreira o escala mais longe da área do que ele gostaria (e eu e a torcida do Flamengo).


Mas por que ele não sobe assim mesmo? O Lúcio sobe! Sem bola, Ronaldinho está meio afastado de tudo, não só da área. Com bola, não tem sido sombra do que esperamos. Não só não parte para cima, não dribla quatro ou cinco, como também erra passes longos e lançamentos.


Incompreensível! Ronaldinho enfeitiçou o planeta pela TV. Nesta Copa, bilhões de aparelhos aguardam ansiosos seus melhores momentos.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Audiência global


‘Em destaque no site da BBC, ontem, ‘Copa marca com os telespectadores’. Era um levantamento sobre ‘audiência global’, da Initiative, de análise de mídia, em 23 países. A audiência nos primeiros cinco dias saltou 26% em relação a 2002. E ‘o mais popular foi a vitória do Brasil sobre a Croácia, vista por 60 milhões de pessoas’. Os números ajudam a vislumbrar o que representam, em dinheiro, a seleção e a transmissão.


Ajudam a entender também por que a Band resistiu à concentração da TV paga nas Globos e associados -a ponto de atacar publicamente o ministro das Comunicações.


A mesma Band que, com direito de transmissão pelo BandSports, ainda se permite questionar o monopólio, com Barbara Gancia, Mauro Beting e outros, pelos serviços pagos NeoTV e DirecTV.


Mais repercussão, porém, tem o canal ESPN Brasil.


Com a singularidade de que, até conseguir o mesmo direito de transmissão, cedeu parte de seu controle à Globo e entrou no sistema Net/Sky. E não se ouviram mais, como antes, críticas ao monopólio.


Ainda assim o canal perdeu, antes da Copa, seu principal locutor e dois comentaristas. Para a SporTV, da Globo.


ESPN e SporTV, vale dizer, estão em disputa no torneio da musa da Copa, criado para Fátima Bernardes em 2002. Soninha, também blogueira da Folha Online, surge toda tarde no primeiro canal, ancorando o debate pós-rodada.


E a SporTV levou ontem, no mesmo horário e insinuando outras participações, a atriz Maitê Proença -anunciada como a namorada do assessor de imprensa da CBF. Do apresentador, a certa altura:


– O chat está bombando… O pessoal está impressionado com a sua sensibilidade.


TORNEIO


Em réplica a Soninha na ESPN, o SporTV levou Maitê Proença, que relatou a convivência com Ronaldo e perguntou, ‘sabe que ele produz a minha peça?’


AS FERRAMENTAS


Há dez anos, em célebre edição da esquerdista ‘Nation’, surgia o quadro dos quatro conglomerados de mídia que concentravam o setor nos EUA. O quadro voltou na nova edição da revista, e agora são seis: News Corp., General Electric, Disney, Time Warner, Viacom e CBS.


Na própria ‘Nation’, porém, começou uma polêmica, com texto do blogueiro Markos Moulitsas cobrando ‘usar as ferramentas’ da internet em vez de seguir com a luta ‘anacrônica’ anticoncentração. No editorial, a revista diz que ‘esperar que a internet nos liberte não é o bastante’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


No fim de ‘Belíssima’, Nikos será deportado


‘A novela ‘Belíssima’ dará em seus últimos capítulos mais um nó nos telespectadores-detetives. Apresentará pistas de que o mocinho Nikos (Tony Ramos) não terminará com a mocinha Júlia (Glória Pires), que poderá acabar nos braços do redimido André (Marcello Antony). Pela tradição do folhetim, é pista falsa. Mas pode não ser.


No capítulo que vai ao ar dia 30 (uma semana antes do último), Nikos saberá que tem oito dias para deixar o país. Será denunciado por Bia Falcão (Fernanda Montenegro). A vilã descobrirá que o grego está irregular no Brasil, pois não comunicou ao Ministério do Trabalho que se demitiu da Belíssima para se dedicar ao restaurante de Vitória (Cláudia Abreu).


‘Nikos vai embora não só porque tem de ir, mas, principalmente, porque não conseguiu os principais objetivos que o trouxeram para cá: ser reconhecido pelo filho, Cemil [Leopoldo Pacheco], e conquistar o amor de Júlia. Se ele volta ou não, vai depender do final que eu escolher’, despista o autor de ‘Belíssima’, Sílvio de Abreu.


Ainda na semana que vem:


1) Mônica (Camila Pitanga) encontrará a caderneta em que seu pai anotava todos os passos do golpe contra Júlia;


2) Bia revela a intenção de seqüestrar Sabina (Mariana Ruy Barbosa) e levá-la para a Suíça;


3) A filha do delegado Gilberto (Marcos Palmeira) tentará o suicídio porque não quer o pai namorando Vitória.


UNIFORME NOVO 1 O SBT começa a gravar hoje a segunda temporada de ‘Supernanny’. As gravações serão em Campinas, com uma família com três filhos. O programa volta ao ar em outubro.


UNIFORME NOVO 2 Na nova temporada, ‘Supernanny’ terá novo cenário e sua apresentadora, a pedagoga Cris Poli, deixará de usar sempre o mesmo tailleur roxo. A roupa continuará formal, mas com corte mais moderno.


SÓ DÁ COPA Brasil x Austrália, anteontem, deu 64 pontos no Ibope (dois a menos do que Brasil x Croácia). Durante o jogo, 92 de cada 100 televisores estavam na Globo. Anabolizado pela Copa, o ‘Domingão do Faustão’ marcou 35 pontos _número que não via desde 2000.


FORÇA DE JESUS A Record deve anunciar oficialmente amanhã que, em breve, as afiliadas do SBT em Alagoas e Sergipe passarão a integrar sua rede. Em Aracaju, Silvio Santos deverá ficar sem sinal durante algum tempo.


TURISMO DOCE 1 Se você é diabético (ou faz dieta) e está indo para a Alemanha, não se esqueça de levar adoçante. A dica é de Fátima Bernardes no blog do ‘JN’.


TURISMO DOCE 2 ‘Adoçante aqui na Alemanha é produto raro. Mas igual a hoje [sexta, 16], em Munique, nunca tinha visto. O pacotinho estava amarrado com elástico dentro de uma latinha, que fica guardada numa bolsinha, dentro do bolso da calça do garçom. Que tal? Tomei mais um café gelado’, escreveu a jornalista.’


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O Globo


Terça-feira, 20 de junho de 2006


MEMÓRIA / BUSSUNDA
Luiz Garcia


Bussunda


‘A morte, em 1985, de Tancredo Neves, primeiro presidente civil eleito no ocaso do regime militar (mas ainda não empossado), comoveu o Brasil inteiro. Isso não impediu que o semanário humorístico ‘Planeta Diário’ impudentemente entrasse na contramão com um lacônico registro: ‘A roqueira Risoleta Neves partiu para uma carreira solo.’


Talvez um ato de impudência, mas não imprudência: não houve conseqüências. Pelo visto, mas com certeza não imaginado por muita gente, o país já estava suficientemente maduro para aceitar um humor anárquico, desrespeitoso – por senti-lo, no fim das contas, saudável.


O ‘Planeta’ era criação de um grupo de jovens, antigos colegas no Colégio de Aplicação. Outros da mesma turma, na mesma linha de humor rasgado, publicavam a ‘Casseta Popular’. A propósito, mas sem importância alguma, a palavra não existe: o dicionário só registra ‘caceta’, espécie de vaso ou pênis.


Logo os dois grupos se uniram, partindo para encenar uma série de shows de humor de grande sucesso, que desembocaram no programa de televisão na TV Globo e na coluna de ‘Agamenon Mendes Pedreira’ no GLOBO.


Existe, naturalmente, quem não entende o tipo de humor rasgado praticado pelo pessoal da ‘Casseta’. Lembro-me de pelo menos uma tentativa de retaliação, quando um ex-vice-governador do Estado do Rio processou Agamenon. Perdeu na primeira instância. O que realmente importa é que os índices de audiência do programa mostram que o público gosta do tipo de humor do ‘Casseta’. Embora talvez não o perceba exatamente assim, o pessoal sente necessidade – e tem prazer nisso – de ver alguém mostrando que reis e suas cortes estão nus. Ou muito malvestidos.


Não posso dizer que conhecia Bussunda de verdade, embora o visse de vez em quando: fomos silenciosos companheiros de sala de espera de dentista. A sua cara fechada não estimulava tentativas de conversa, mas a doutora me garantiu que era um de seus clientes de mais gentileza e paciência. Bons dentistas sabem dar valor a essas qualidades.


A reação popular à morte súbita de Bussunda — um feioso que não era galã nem cantava bonito – mostra um sentimento de perda de alguém tanto querido como importante. Está certo: ele era isso mesmo.’


MERCADO EDITORIAL
Rodrigo Fonseca


Deus é testemunha


‘Ainda na era pré-’Código Da Vinci’, quando chegou a vender 86 milhões de livros pelo mundo afora apenas em seus sete primeiros anos de carreira, o advogado best-seller John Grisham baixou a bola daqueles que o consideravam um popstar das letras: ‘Sou um autor famoso em um país onde pouca gente lê livros. Isso não é ser celebridade.’ Negue ou não, na época em que filmes baseados em sua obra como ‘A firma’ (1993), ‘O dossiê Pelicano’ (1994) e ‘Tempo de matar’ (1996) lotavam cinemas com fãs de seus thrillers jurídicos, Grisham chegou a ser um midas na indústria. Por que é então que hoje, quando prepara seu primeiro exercício de não-ficção, ‘The innocent man’ (que chega às livrarias americanas até agosto), o escritor, que ainda é um dos mais bem-sucedidos dos EUA, parece não fascinar Hollywood tanto quanto antes? Será que Dan Brown lhe roubou os holofotes? Batista fervoroso, recorrendo mais à palavra do Homem do que à palavra da Lei nesta conversa com O GLOBO, Grisham não parece dar valor a paparicações da mídia. Teve mais interesse em saber da atual situação do Brasil, que visita esporadicamente desde a década de 90, do que em responder sobre fama. Mas, durante o papo, o autor de ‘O corretor’ (seu último livro lançado aqui, via Rocco) não se recusou a falar sobre uma velha briga com o cineasta Oliver Stone nem sobre fé.


‘The innocent man’ fala sobre um homem que mofou 11 anos na cadeia sem ter cometido crime algum. No livro, o Estado vai ocupar o papel de vilão que o senhor costuma oferecer às megacorporações?


JOHN GRISHAM: Entre 1988 e 1999, Ronald Keith Williamson ficou na cadeia esperando a Justiça bater o martelo sobre sua execução mesmo sem ter sido o culpado pelo assassinato de uma garçonete de Oklahoma. Cinco dias antes do marcado para receber a injeção letal, um teste de DNA comprovou sua inocência. Depois que conseguiu a liberdade, esse homem bebeu até morrer. Foi enterrado em 2004. Essa é uma história trágica. Ninguém protegeu esse cara. Nem sequer um advogado decente ele pôde pagar. E ele não fez nada. O que eu pretendo em ‘The innocent man’ é mostrar que, às vezes, o sistema não funciona. E expor a ineficácia da pena de morte. É um método que precisa ser descartado ou, no mínimo, repensado.


Essa é a opinião de um cristão?


GRISHAM: Tem um pouco da minha crença religiosa nesse pensamento, sim. Como um seguidor do Senhor, não consigo acreditar que Jesus Cristo permitiria tirar a vida alheia. Ele professou o perdão sem considerar retribuições. É moralmente errado que o Estado assuma o papel de executor.


Nos anos 90, o senhor se envolveu em uma polêmica com Oliver Stone sobre a morte de um amigo seu, o operário William Savage, por dois jovens que balearam pessoas após assistirem a ‘Assassinos por natureza’ (1994). Como ficou o caso?


GRISHAM: Há dez anos, esses dois garotos (Benjamin Darras, então com 18 anos, e Sarah Edmondson, 19, ambos consumidores de LSD) que mataram Savage atiraram em Patsy Byers, a atendente de uma loja de conveniência. Hoje paralítica, essa mulher processou Oliver Stone e a Warner Bros ao saber que os garotos atribuíram seu comportamento ao filme. Ela perdeu o processo. Seria ingênuo acreditar que Hollywood faria filmes melhores por conta disso. Mas, por algum tempo, os produtores ficaram aterrorizados diante da hipótese de uma ação judicial por influenciarem os jovens de forma destrutiva.


À época que o senhor criticou Stone, ele rebateu dizendo: ‘Seu pai tem sido bruto? Processe Édipo e chame Hamlet como testemunha’.


GRISHAM: Embaraçado com a situação, Stone se defendeu como pôde. Até se comparou a Shakespeare. Mas comparar Stone a Shakespeare é o mesmo que comparar uma cena de beijo com um filme pornô.


Se apoiou Patsy Byers contra Stone, então o senhor não descarta a possibilidade de que algum leitor de seu romance ‘Tempo de matar’ possa sair por aí atirando nas outras pessoas?


GRISHAM: Nada impressiona mais do que uma imagem. Nada que se diga sobre uma morte será tão impressionante quanto assistir a uma em um filme. E ‘Assassinos por natureza’ mexia com a percepção. Não consigo imaginar nada tão desnecessariamente gratuito quanto esse filme. Seu protagonista mata, pelas minhas contas, umas 54 pessoas. Há sangue espirrando por todos os lados. Você não pode comparar isso ao que acontece em ‘Hamlet’, para citar o exemplo de Stone. Nem com meus livros.


O senhor leu ‘O código Da Vinci’?


GRISHAM: Li e gostei. Sabe o que é bacana, comercialmente, em torno de ‘O código Da Vinci’? É saber que todo o mundo que leu está indo ao cinema. O mesmo acontece com a série ‘Harry Potter’. E, neste caso, há algo mais especial que é o fato de ele estar convidando crianças à leitura. Houve uma queda brutal no público leitor. As pessoas estão mais tempo conectadas na internet do que lendo. A rede tem suas vantagens: há muita informação lá. Mas há pouquíssima gente lendo livros.


Desde ‘O júri’, de 2003, nada com a grife John Grisham movimenta milhões nas telas. O que houve?


GRISHAM: Estou em negociações com alguns projetos. Mas nada foi fechado. Tenho tido sorte com Hollywood. Oito filmes foram feitos dos meus livros. Só um, ‘O segredo’ (de James Foley, com Gene Hackman e Chris O’Donnell) , foi um desastre em todos os sentidos. Sou um afortunado.


Até mitos como Francis Ford Coppola e Robert Altman dirigiram filmes (‘O homem que fazia chover’ e ‘A armação’) a partir de seus livros. Como foi a relação com esses autores cinematográficos?


GRISHAM: Normalmente, quando negocio meus romances, eu leio o roteiro de sua adaptação. Se ele for bom, eu autorizo. Nem costumo aparecer nos sets. Mas, em ‘O homem que fazia chover’, Coppola exigia minha presença. Eu ia. E amei o filme. É, de longe, a melhor adaptação do meu trabalho. Já ‘A armação’… Não gostei do filme. Eu mesmo fiz o roteiro, mas ele foi reescrito pelo menos umas 25 vezes. Quando vi o filme, não me reconheci nele.


Desde 1993, o senhor vem ao Brasil com integrantes da Igreja Batista. Fez até uma citação ao Pantanal no romance ‘O sócio’. O que conhece das leis brasileiras?


GRISHAM: Quase nada. Veja, estive no Rio só uma vez, quando lancei ‘O sócio’, em 1999. Mas já estive em São Paulo e em Campo Grande. Nos últimos cinco anos, minha visita mais constante tem sido ao Pantanal e à cidade de Corumbá. Lá, fazemos muito trabalho para a nossa igreja e construímos um campo de basquete para os jovens. Não conheço a fundo a lei brasileira, mas tenho muita vontade de escrever um livro que envolva a realidade jurídica local. E isso vai exigir muita pesquisa. Mas a eu farei feliz. Já tenho planos de ambientar uma história na Amazônia. Então, logo, logo, devo estar aí de novo. E quero voltar ao Rio.


Na era pré-Dan Brown, o senhor chegou a ser o best-seller número um dos EUA. Sua fama diminuiu?


GRISHAM: Vou te explicar o que é fama: publiquei uns 18 livros, a maioria best-sellers, mas ainda ando nas ruas todos os dias e ninguém me reconhece. Se eu for ao Rio e passear pelas ruas, ninguém vai saber quem sou. Mas, se o Tom Cruise passeasse por aí, haveria uma multidão atrás dele. Isso é fama. Há uns 12 anos, eu sou um best-seller. E até hoje, sempre que lanço um livro, eu não sei quantos exemplares vou vender e o quanto de exposição meus romances vão ter. Quanto a Dan Brown, o raciocínio em torno de seu estrelato é fácil: a indústria do best-seller sempre precisa de uma nova estrela.’


TV DIGITAL
Mônica Tavares


Governo quer TV digital com padrão japonês além de tecnologia nacional


‘BRASÍLIA. O governo brasileiro quer garantir, com a provável implantação do padrão japonês de TV digital no país, a utilização das inovações tecnológicas desenvolvidas pelos pesquisadores nacionais. Ele pretende criar o Sistema de TV Digital Nipo-brasileiro. Além disso, o governo está cobrando do Japão o apoio para a montagem de toda a cadeia produtiva de semicondutores – componentes de equipamentos eletroeletrônicos – no Brasil no prazo de cinco anos.


Os técnicos do Brasil e do Japão se reuniram ontem para discutir os termos do acordo bilateral que deverá ser assinado no próximo dia 29, quando deverá estar em Brasília o ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka. Porém, os 16 integrantes da comitiva japonesa estão resistentes à proposta e querem condicionar a adoção das novas tecnologias brasileiras a um estudo de viabilidade, que só ficaria pronto em um ano.


Um dos softwares desenvolvidos pelas universidades e centros de pesquisa brasileiros é o que diz respeito à modulação – transmissão de sons e imagens da TV digital – e foi batizado de MPEG4, que seria mais econômico do que os existentes. Os técnicos estão considerando a absorção da tecnologia fundamental para o acordo ser fechado.


Aparelhos devem demorar 2 anos para chegar às lojas


Além de incorporar as inovações nacionais ao sistema japonês, o Brasil pretende incluir os aplicativos nos produtos que forem exportados.


– O tema das inovações brasileiras é inegociável – disse uma fonte do governo.


O representante no Brasil do sistema japonês, Yasutoshi Miyoshi, disse que é necessário estudar a viabilidade econômica e industrial das inovações brasileiras. Mas, ao mesmo tempo, afirmou que o MPEG4 tem 99% de chances de ser implantado.


Yasutoshi Miyoshi considera ainda que, depois da decisão do governo sobre o padrão de TV digital, os novos televisores e os conversores chegarão às lojas após 24 meses. Segundo ele, serão cerca de 12 meses para desenvolver o produto e outros 12 meses para a indústria começar a fabricar os aparelhos.


O Brasil quer também criar três centros de desenvolvimento na área de semicondutores: um de design, outro de aplicativos (softwares) e uma fábrica. O governo brasileiro quer a cooperação do Japão na formação de mão-de-obra especializada e ter uma política de intercâmbio de pesquisa e desenvolvimento.


Pelo lado brasileiro, participaram do encontro representantes da Casa Civil, dos ministérios das Relações Exteriores, das Comunicações, da Fazenda, de Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento e do BNDES. Do lado japonês estiveram presentes representantes do governo, do banco de fomento JBIC e da indústria.’


PUBLICIDADE
O Globo


Brasil ganha Leão de Prata em Cannes


‘O Brasil ganhou ontem o primeiro prêmio no 53 Festival Internacional de Publicidade de Cannes. A agência Master, de Curitiba, levou um Leão de Prata na categoria Marketing Direto. O trabalho vencedor, chamado de ‘Insect’, foi feito para a dedetizadora D.D. Drin.


Sites especializados em publicidade já dão como certo que trabalhos brasileiros teriam ganho cinco Leões em Mídia Impressa, sendo um de ouro, e um Leão de Mídia (categoria que premia o melhor uso de veículo). Ontem, foi anunciado que o Brasil tinha 62 finalistas em Mídia Impressa, 34 em Outdoor, 15 em Rádio e três em Mídia. Na categoria Promoção, que será disputada pela primeira vez este ano, o país tem um finalista.


Para o festival mais importante da publicidade mundial – que foi aberto no domingo no balneário francês e termina no dia 24 – o Brasil inscreveu 2.537 trabalhos este ano.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 20 de junho de 2006


TV DIGITAL
Gerusa Marques


TV digital só vai chegar ao mercado em dois anos


‘O brasileiro poderá ter de esperar dois anos para comprar um televisor digital e assistir à programação pelo novo sistema, com melhor qualidade de imagens e sons. Esta é a avaliação do representante no Brasil do padrão japonês de TV digital, Yasutoshi Miyoshi, que participa das discussões sobre o assunto no Itamaraty.


Divergências entre japoneses e brasileiros sobre a incorporação, pelo padrão do Japão, de inovações tecnológicas desenvolvidas no Brasil criaram um impasse nas negociações.


Uma delegação de 15 japoneses iniciou ontem uma série de reuniões com representantes do governo brasileiro para elaborar um documento com os compromissos que serão assumidos pelos dois lados para o uso do padrão japonês de TV digital aqui. Miyoshi insiste na tese de que os estudos de viabilidade para a incorporação de tecnologia brasileira devem levar de seis meses a um ano para serem concluídos. As emissoras de TV e a indústria de televisores levariam outros 12 meses para instalar equipamentos e colocar os aparelhos no mercado.


O Brasil quer que os japoneses assumam esse compromisso agora, no acordo que deverá ser assinado no dia 29 entre os dois governos. ‘Não abrimos mão. Só vamos assinar o que contemplar nossos interesses’, disse uma fonte que participa das negociações. O documento é importante porque servirá de base para as regras de implantação do sistema digital. ‘Se a proposta oficial agradar, a gente leva ao presidente Lula’, afirmou outra fonte oficial.


Os japoneses resistem a assumir desde já o compromisso com a utilização dessas tecnologias antes da conclusão dos estudos. ‘Acho que não é possível estabelecer um cronograma no documento’, afirmou Miyoshi, após a reunião, admitindo a possibilidade de se comprometer com o estudo de viabilidade.


Representantes do governo defendem a idéia de que o Brasil precisa ser visto não só como um mercado consumidor, mas como fonte de desenvolvimento de tecnologia. E querem que as inovações brasileiras sejam absorvidas pelo menos no sistema que será adotado aqui e nos televisores que vierem a ser exportados. Entre as inovações está o sistema de compressão de sinais de vídeo (MPEG4). ‘Eles estão ganhando um mercado de 11 milhões de televisores’, disse um dos participantes das negociações, sobre o mercado local.


Mas o governo já faz uma avaliação mais realista quando se trata da instalação de uma fábrica de semicondutores. As últimas análises mostram que uma indústria dessas pode levar até cinco anos para começar a produzir. Antes, é necessário criar um mercado para esses chips e mão-de-obra qualificada. As negociações envolvem a montagem de três centros de desenvolvimento tecnológico que seriam os primeiros passos para a implantação dessa fábrica no Brasil.


As discussões com os japoneses prosseguem hoje e amanhã.’


PUBLICIDADE
Oliver Burkeman


Rádio dos EUA cria o anúncio mais curto do mundo


‘A maior empresa de rádio do mundo planeja lançar os mais curtos anúncios do mundo – spots de um segundo que acabarão no momento em que você se der conta que começaram.


A Clear Channel, que possui 1.200 estações de rádio nos EUA, criou várias versões de demonstração dos anúncios chamados blinks (cuja tradução para o português seria ‘piscadas’), incluindo um que pega a música usada no slogan do McDonald’s, ‘I am lovin’it’ (Amo tudo isso), retira as palavras e ensanduícha os sons restantes entre o fim de uma canção e o início da outra.


‘A intenção é encontrar novos usos do rádio para os anunciantes, que estão sempre pedindo para demonstrar que podemos ampliar o conhecimento das marcas e atingir o consumidor com pontos de contato novos e surpreendentes’, disse Jim Cook da Clear Channel.


Até agora não foi fechado nenhum contrato com os anunciantes, disse Cook, acrescentando que vários sons relacionados com marcas se apresentam como concorrentes óbvios, tais como o repique de sinos usado para comercializar computadores que contêm chips da Intel.


‘Há uma coisa que você pode fazer nesse período – registrar o nome da marca na mente do consumidor’, disse Daniel Howard, professor de marketing da Southern Methodist University em Dallas.’Quando estamos num supermercado e não sabemos que produto comprar, um dos métodos que as pessoas usam com mais freqüência é os nomes. É como na política americana – vote em Smith, vote em Jones’, disse Howard.’


TELEVISÃO
Andrea Vialli


Produtoras brasileiras exportam filmes


‘As produtoras independentes de televisão estão atraindo a atenção de canais e produtoras internacionais. Nos últimos dois anos, as empresas fecharam contratos no valor de US$ 25 milhões de produção e venda de programas de televisão, documentários e séries de animação no exterior.


A produção brasileira contou com a ajuda de um programa de fomento à exportação voltado principalmente para empresas de pequeno porte. A idéia partiu da ABPITV, entidade que reúne as produtoras independentes de televisão. O projeto foi desenvolvido com o Sebrae, a Apex (agência de exportações do governo) e a Promoex, empresa que prepara companhias para o mercado externo.


‘No início, imaginávamos que o programa fosse atingir 70 empresas, mas outras foram aderindo e já são 150, que já fecharam negócios com 12 países’, diz Patrício Prado, sócio da Promoex. O programa facilitou a participação das empresas em feiras internacionais, como a Kids Screen, de Nova York. A presença em eventos internacionais abriu as portas para a TV Pingüim, produtora de animação paulistana que já desenvolveu programas para a TV Cultura, TV Futura e Cartoon Network.


Um personagem infantil criado pela produtora fez sucesso no exterior e já rendeu contratos de co-produção. O Peixonauta, ou Fishtronaut, um peixe que transita entre o ‘mundo molhado’ e o ‘mundo seco’, graças a um escafandro cheio d’água, atraiu a atenção da Nelvana, a maior produtora canadense de animação.


Não demorou muito até que fechassem um contrato de co-produção de US$ 4,8 milhões, no qual serão produzidos 52 episódios de 11 minutos, que serão exibidos no canal Discovery Kids.


O desenho animado, já em fase de produção, é voltado para crianças de 4 a 7 anos. ‘Sempre quisemos fazer uma série de animação, mas as emissoras de TV brasileiras não têm a cultura da co-produção, o que nos fez buscar parceiros lá fora’, afirma Kiko Mistrorigo, sócio da TV Pingüim ao lado de Célia Catunda.


A chancela da Nelvana trouxe outro contrato para a TV Pingüim, desta vez com a VivaToon, produtora de animação canadense ligada ao grupo VivaVision, para co-produzir a série de animação Magnitka, para crianças de 6 a 9 anos.


Outra empresa que vem ganhando espaço no exterior é a Grifa Mixer, de documentários para televisão e cinema. A produtora, que realizou um documentário sobre a ONG Doutores da Alegria, tem cinco co-produções em andamento em canais como o Discovery Channel, Arte (França e Alemanha), FRV (Canadá) e com produtoras como Gedeon (França) e National Film Board (Canadá).


Segundo Maurício Dias, diretor da Grifa Mixer, antes a maior dificuldade era entrar no mercado internacional. Hoje, o mercado nacional é o grande desafio.


‘Por incrível que pareça, é mais fácil conseguir o apoio de uma televisão européia ‘, diz.’


Keila Jimenez


Adeus a Bussunda


‘O casseta Bussunda ganha hoje um programa especial em sua homenagem na Globo. A emissora, que chegou a pensar em cancelar a exibição do Casseta & Planeta, Urgente! por conta da morte do humorista, voltou atrás, a pedido dos colegas de Bussunda.


Os cassetas pretendem levar ao ar hoje as últimas imagens de Bussunda na Copa da Alemanha – a maioria delas inédita. Um mix dos melhores momentos do humorista na atração também está sendo preparado pela produção.


Bussunda estava na Alemanha acompanhado de Cláudio Manuel, Hélio de la Peña, Beto Silva e do diretor José Lavigne, que já embarcaram de volta ao Brasil.


Bussunda morreu no sábado na Alemanha, vítima de enfarte. Os cassetas iriam acompanhar o mundial até a última participação da seleção brasileira.


Com a morte de Bussunda, os demais cassetas decidiram não retornar ao mundial. Não sabem também quando voltarão às gravações normais do programa. Na atração de amanhã será a última vez que os cassetas mostrarão imagens do colega. Não haverá mais reprises do tipo.’


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Copa rende liderança ao SporTV


‘Posto sempre reivindicado pelo SBT, a vice-liderança absoluta, digo, entre TV paga e aberta, foi alcançada pelo canal SporTV nos dois primeiros dias de Copa do Mundo, das 10 às 18 horas (faixa dos jogos). O canal só ficou atrás da TV Globo. Nos quatro primeiros dias do mundial, o SporTV foi líder entre todos os canais da TV paga durante a transmissão dos jogos.


O aquecimento para a Copa também rendeu. No balanço de maio, o canal liderou, pelo segundo mês consecutivo, a faixa nobre na TV paga. Os dados são do Ibope em TV paga (São Paulo e no Rio).’


Cristina Padiglione


A ficção bate um bolão


‘A ficção volta a tecer, na TV, críticas mais sóbrias que os programas jornalísticos. Assim era nos tempos de O Bem Amado, quando o noticiário não se atrevia a traçar um décimo das críticas que Dias Gomes nutria ao coronelismo vigente no País por meio de seu Odorico Paraguaçu. Naqueles dias, as razões eram políticas, a censura resistia. Agora, o quadro Copas de Mel, com Denise Fraga, apresenta um retrato mais fiel da realidade de Parreira do que os responsáveis pela cobertura do mundial – e na mesma emissora.


No Fantástico, as cenas selecionadas do jogo contra a Austrália fazem jus ao termo ‘melhores momentos’. Nenhuma falha. Vem então a esquete de Denise. Vitória, sua personagem, não entende o que há de mágico no tal quadrado. Mel, a mãe da moça, lamenta com graça o excesso de peso de Ronaldo – ‘melhor não dar a ele aquela mala de doces que eu mandei, ele gosta muito’.


Poucas horas depois, Galvão Bueno e seu staff analisam a partida do dia. Fátima Bernardes arrisca que Ronaldo esteve um ‘pouquinho’ melhor. Galvão se permite dimensionar o ‘pouquinho’. O sensato Casagrande concorda, mas crava: melhor, mas não bom.


No SporTV, que comunga credenciais e imagens com a Globo, uma saraivada de críticas se fez a Ronaldo e Parreira. A censura já não reina, ainda bem. Mas, naqueles idos sabia-se ao certo o porquê de cada encenação.’


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