Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Franco


‘Uma criança não gosta de aspargos, mas ela reúne todas as condições de ser uma grande consumidora de aspargos quando adulta. É essa a relação que muitos dos jovens têm quanto ao meio jornal e à leitura, mas que pode mudar no futuro, garantindo a sustentação dos mesmos jornais e dos livros – especialmente se o meio jornal estiver hoje relacionado ao dia-a-dia dessa criança e desse jovem, seja via internet ou em outros meios digitais, como o telefone celular.


Assim, de forma simples e direta, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky, fez sua aposta no futuro da mídia, em painel no MaxiMídia 2005, evento promovido pelo Grupo Meio&Mensagem, que terminou ontem, após três dias de debates em torno do tema ‘Base Zero – Reinventando a Comunicação e o Marketing’. Para Sirotsky, conteúdo com credibilidade é a principal garantia de sobrevivência das empresas que no mundo também enfrentaram o mesmo problema e passaram pelo mesmo processo de ajuste.


Segundo Sirotsky, o pior momento das empresas jornalísticas, com queda de circulação e problemas financeiros, entre 1999 e 2003, é página virada: ‘Agora, há uma recuperação nas vendas e aumento de participação no bolo publicitário, com a conquista de novos leitores. As empresas reagiram, lançaram novos produtos e agregaram a internet ao seu dia-a-dia, a ponto que os endereços mais procurados são aqueles que oferecem informação clara, precisa e de credibilidade’.


Entre os produtos lançados pelo meio jornal para atrair os jovens, Sirotsky destaca o caderno Link, do Estado, e o caderno Eureka, do jornal Zero Hora, um dos negócios do Grupo RBS, do qual é um dos controladores. ‘São cadernos que têm interação com a internet, abrem portas para a participação, e este parece ser o futuro.’


Sirotsky não acredita nos números do Ibope/Monitor apontando que o meio jornal tem uma fatia de 17% do bolo da publicidade: ‘Essa fatia é, na realidade, de 25%, pois o Ibope/Monitor não audita os jornais de interior, mas apenas a receita que entra nos grandes jornais. De qualquer forma, o meio jornal está respondendo às inovações, e tem tudo para liderar esse processo.’


POLÊMICA


Já o presidente da Associação Brasileira de Radiofusores (Abra), Johnny Saad, classificou de miçangas e espelhinhos para os índios os novos meios de difusão de informação, como os aparelhos celulares. Para Saad, veículos como emissoras de rádio e TV não vão perder audiência ou espaço para os novos meios, pois estão disseminados e arraigados na cultura de massas. Esses meios vão depender da produção dos meios convencionais para chegar ao consumidor.


O controlador da Rede Bandeirantes de Rádio e Televisão causou polêmica ao afirmar que restrições à veiculação de informação comercial na mídia interessam aos líderes de segmentos: ‘Eu me lembro que quando começaram a debater restrições à propaganda de cigarros, fomos procurados pela Souza Cruz. Achamos que queriam o nosso apoio para evitar maiores restrições, mas na verdade a empresa estava apoiando o projeto de restrição, pois desta forma ficava líder absoluta, sem que ninguém pudesse entrar no seu mercado.’’



Tribuna da Imprensa


‘Encontro discute força da internet como meio de comunicação de massa ‘, copyright Tribuna da Imprensa, 20/10/05


‘A internet não pode mais ser ignorada como meio de comunicação de massa e nem a sua importância na globalização da informação e dos relacionamentos entre pessoas de diferentes países deve mais ser deixada de lado. A afirmação é do presidente mundial do grupo de comunicação FCB, Brendan Ryan, uma das principais estrelas do seminário ‘Base Zero – Reinventando a Comunicação e o Marketing’ do MaxiMídia 2005, promovido pelo Grupo Meio & Mensagem, que termina hoje no Grand Hotel Meliá, em São Paulo. Parafraseando a teoria de Charles Darwin e usando expressões em português para descontrair sua apresentação, Bryan disse que não são os mais fortes que vão sobreviver às inovações tecnológicas da área de comunicação, mas o que mais rapidamente se adaptarem às mudanças, acentuando que hoje elas correm num ritmo extremamente veloz. ‘As empresas nascidas da internet vão se tornar adversárias de companhias de vários segmentos. A penetração da internet nas famílias norte-americanas chegou aos 80% em cerca de cinco anos. A tv levou mais de 15 anos para conseguir o mesmo. E se, em 2000, 32 bilhões de e-mails, as mensagens via internet, foram trocados nos Estados Unidos, esse número chegará a 87,3 bilhões no próximo ano’. Bryan foi mais longe e exemplificou: ‘O Google, o Yahoo! e o e-Bay são empresas que expandiram seus serviços e podem se tornar os maiores rivais de redes varejistas, de instituições financeiras e de empresas de telecomunicações. E isso seriam impensável até pouco tempo’. Para Bryan, não é possível descartar o meio, mas se adaptar a ele para oferecer conteúdo e manter contato com os consumidores e leitores por este canal, adaptando o conteúdo. É, por exemplo, o que busca hoje o ‘The New York Times’, um dos mais tradicionais veículos de comunicação impressa dos Estados Unidos. Um meio de comunicação, porém, não irá matar o outro, mas serão complementares, ou a palavra mágica entre empresários e profissionais de comunicação: sinérgicos. Do lado da propaganda, Bryan destruiu o que chamou de 18 mitos, entre os quais o de que a propaganda é cara; a criatividade e os resultados não andam juntos; aquilo que você diz é mais importante de como você diz, a propaganda global não funciona; a tv está morrendo; a comunicação online é nicho de mercado? – ‘Só se o mundo for um nicho. Dizem que a internet é jovem, e de fato 87% dos jovens a acessam nos EUA, mas também 66% dos adultos’; e, que as agências de publicidade são iguais, ganham demais e deveriam ser pagas por trabalho executado? – ‘Não somos cortadores de grama pagos por hora, mas paisagistas’. Bryan também chamou a atenção para os resultados rápidos que as empresas exigem hoje, que de anuais são quase diários, seguindo o ritmo de troca de presidentes de empresas. ‘Nos últimos cinco anos, pelo menos 5 mil presidentes de empresas deixaram seus cargos, é uma média de apenas 22 meses de comando’. E, nesse cenário, a cobrança por resultados aumenta, diz o homem que já comandou o marketing do Citibank. Outra estrela do MaxMídia, o holandês Cees Van Riel, presidente mundial do Reputation Institute, alertou para a importância da reputação para as empresas, especialmente num mundo absolutamente globalizado, onde percepções de valores influenciam nos atos de consumo. Para Riel, associado no Brasil à Troiano Consultoria de Marcas, o respeito ao meio ambiente, a funcionários e aos cidadãos, hoje viraram importante instrumento de distinção de uma marca em detrimento de outras, especialmente porque os produtos são muito similares hoje. Ele revelou que o Reputation Institute pretende realizar um estudo sobre marcas brasileiras, com parâmetros de comparação similares a de outros países do mundo, mas adiantou que, numa rápida leitura, a Natura é uma das marcas locais que hoje preenchem as regras de reputação internacional.’



Tela Viva


‘Especialista defende publicidade em TV paga e Internet’, copyright Tela Viva, 20/10/05


‘O publicitário americano Joe Cappo, da Ad Age, afirmou nesta quinta, 20, durante o Maxi Mídia 2005, que a televisão aberta não deve ser o foco das agências de publicidade. Segundo o executivo, é a tv por assinatura que concentra o público mais jovem e melhor educado, enquanto a tv aberta atinge os mais velhos e com menor nível de educação. ‘Não é esse o público que os publicitários querem atingir’, opinou, manifestando uma visão claramente centrada na realidade do mercado norte-americano. Ele lembrou ainda que a televisão não é hoje a mídia mais importante do mundo. A internet apresenta mais chances de sucesso no futuro, devido à sua capacidade de integração. ‘O futuro da televisão vai ser a integração com a internet e outras formas de interação entre mídias’, defendeu. Participaram do debate Ângelo de Sá Jr., da Editora Globo; e Sérgio Valente, da DM9 DDB. A moderação foi feita por Daniel Bárbara, da DPZ. Ele comparou o caso do Brasil ao dos países do Leste Europeu, no que diz respeito à predominância da tv aberta nos lares. ‘Pode-se ter certeza que se um programa tem 50% do share de audiência hoje, isso vai mudar conforme apareçam mais oportunidades de mídia para a população’, disse, lembrando que hoje as pessoas são mais ‘multimídia’, com acesso a diferentes mídias, ao mesmo tempo. Ele acredita que no Brasil essa mudança deve acontecer a partir do momento que as pessoas puderem pagar pela tv por assinatura, especialmente pelas atrações disponíveis em pay-per-view. Futuro Sobre o futuro da publicidade na televisão, Sérgio Valente comentou que uma das maneiras de enfrentar a televisão na qual as pessoas tenham a opção de gravar a programação ou comprar um filme sem cortes em pay-per-view, sem assistir comerciais, é investir em merchandising, desde que o mesmo seja muito bem planejado. ‘Filmes como ‘O Náufrago’ têm uma proposta de merchandising maravilhosa. Neste caso, a Fedex não pagou ou apoiou a ação, mas obteve resultados impressionantes’, disse o executivo, que falou que é esse tipo de publicidade que poderá ser copiada para a televisão. Cappo acredita também em inserções em outras mídias, como video-games, que atraem a atenção do público jovem. O executivo da DM9 DDB ressaltou que a propaganda no Brasil está em fase avançada, já que se consegue fazer aqui ações tão boas quanto as estrangeiras, mas com menos dinheiro. ‘O meu negócio é inserir marcas e produtos na vida do consumidor, e isso conseguimos fazer muito bem e com pouca verba’, afirmou. O futuro das agências Cappo abordou em sua apresentação o futuro da publicidade, com ênfase na ameaça ao negócio das agências. O executivo observou o caminho que tem tomado a publicidade nos Estados Unidos, onde acredita na integração de todas as mídias disponíveis, uma vez que não é mais possível pensar em propaganda apenas para televisão. ‘No final dos anos 60, se um anunciante colocasse sua propaganda nos três principais canais de televisão, em um mesmo horário, era capaz de atingir cerca de 90% de domicílios. Hoje, a mesma estratégia sairia muito mais cara e atingiria menos de 40 casas’, exemplifica. Ele apontou também a consolidação das agências como ponto inicial para a sua existência. Para tal, é necessário realizar campanhas diferentes do que já existe no mercado e buscar diferenciação no tratamento dos clientes.’



MÍDIA EM CRISE / EUA


James Rainey


‘Más notícias preocupam jornalistas americanos ‘, copyright O Estado de S. Paulo / Los Angeles Times , 21/10/05


‘Num recente bate papo por e-mail sobre o futuro de sua profissão, vários jovens jornalistas do The New York Times concluíram, com desgosto, que a maioria de seus amigos não assina jornais. No San Jose Mercury News, experientes falcões da notícia enfrentando as reduções de pessoal começaram a encarar empregos de relações públicas que antes desdenhavam.


Na Filadélfia, um repórter fotográfico que ‘adorou cada minuto’ dos seus 68 anos na carreira, não gosta das tendências que vê. E aconselha aos recém-chegados: ‘Se vocês forem espertos, se mudarão para a TV.’


O pessoal que trabalha em jornal em todos os Estados Unidos caiu dentro de um temor coletivo por causa de uma série de más notícias nas últimas semanas – culminando com anúncios de cortes de empregos em redações de San Francisco, San Jose, Nova York, Boston e Filadélfia.


A redução total em meia dúzia de jornais resultará num corte de cerca de somente 300 empregos na área editorial, uma insignificância num setor cuja receita é de US$ 59 bilhões e que emprega aproximadamente 54 mil redatores, repórteres, fotógrafos e outros. Mas as trocas de controle nos jornais e as dispensas desanimaram muitos jornalistas, que vêem um momento de declínios contínuo na circulação e na publicidade.


O moral em queda às vezes é expresso em termos vívidos, como quando o colunista metropolitano do Philadelphia Inquirer, Tom Ferrick Jr., protestou contra as 75 demissões ordenadas pela Knight-Ridder Inc., a matriz corporativa do seu jornal.


‘Eles dizem que a Knight-Ridder não tem um plano. Na verdade, ela tem’, disse Ferrick numa entrevista. ‘Vão se livrar dos mais velhos, despedir os jovens e torturar os sobreviventes, o que, pensando bem, parece ser um plano que abrange toda a indústria.’


A Knight-Ridder – a segunda maior cadeia americana de jornais por circulação, com 31 diários e uma circulação total de 3,8 milhões de exemplares – disse recentemente que seu lucro no terceiro trimestre irá declinar em 20%. A antiga queridinha de Wall Street viu suas ações chegarem ao seu nível mais baixo em dois anos.


Polk Laffoon, vice-presidente de relações empresariais da Knight-Ridder, disse que os jornalistas tomam conhecimento desses números mas às vezes deixam de compreender as pressões com que se deparam os executivos de publicações.


‘Tem gente que aceita que o lucro este ano irá mesmo permanecer nesse nível. Mas eu não aceitarei’, disse Laffoon, falando do quartel-general da empresa, em San Jose, Califórnia. ‘Isso pode mudar e, de repente, mal você está empatando. A menos que as pessoas na ponta do negócio regulem os custos segundo a receita em potencial do mercado.’


A queda geral na circulação dos jornais de 1,9% nos seis meses terminados em março foi uma das maiores em períodos recentes, mas a queda vem sendo consistente nas últimas duas décadas. A circulação diária dos jornais caiu cerca de 9 milhões em relação ao pico de 63,3 milhões de unidades registrado em 1984. No mesmo período, a população dos Estados Unidos aumentou em cerca de 58 milhões de pessoas.’



LIBERDADE DE IMPRENSA


O Globo


‘Brasil cai em lista de liberdade de imprensa’, copyright O Globo, 21/10/05


‘A Coréia do Norte continua sendo o país onde há menos liberdade de imprensa, ocupando mais uma vez o 167lugar no novo relatório anual da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF). Mas não faltam mudanças, a começar pelo Brasil, que caiu três posições e ficou na 63, o que o estudo atribui ao fato de a mídia local no país ainda ser ‘alvo de violentas represálias’.


O relatório cita o assassinato do vereador e jornalista José Cândido Amorim Filho, o Jota Cândido (PDT), em julho do ano passado. Autor de um projeto de lei que determinava a proibição de nepotismo na prefeitura e no Legislativo de Carpina (Pernambuco), ele foi morto 41 dias depois de sofrer um atentado e pedir garantias de vida ao governo do estado. O RSF lembra ainda que a lei de imprensa no Brasil remonta à ditadura militar e diz que deve ser revogada.


Já a Argentina subiu 20 posições e chegou à 59, devido à diminuição das agressões a jornalistas, à melhoria em termos de segredo profissional de fontes de informação e ao combate aos crimes contra a imprensa.


Os EUA, por sua vez, caíram nada menos do que 20 posições. São o 44 país da lista, ‘principalmente devido à prisão da repórter do ‘New York Times’ Judith Miller e à ação judicial que está minando a privacidade das fontes jornalísticas’, diz o estudo. Miller ficou quase três meses presa por se negar a revelar a fonte num caso em que altos funcionários do governo são suspeitos de terem vazado para a imprensa a identidade de uma agente da CIA.


Campeões em liberdadede imprensa são europeus


Na América Latina, Cuba continua na pior posição, mas passou do penúltimo lugar (166 ) para o 161, não porque a situação da imprensa na ilha comunista melhorou, explica o relatório, mas porque piorou em outros países: Líbia, Burma, Irã, Turcomenistão e Eritréia.


O México, por sua vez, tomou da Colômbia a segunda pior posição na região. Caiu quase 40 posições devido à deterioração da liberdade de imprensa em estados que fazem fronteira com os EUA. Dos países da América Latina, Trinidad Tobago tem a melhor posição: 12.


O dez campeões em liberdade de imprensa são todos países europeus, sendo a Dinamarca o número um, seguida de Islândia, Irlanda, Holanda, Noruega, Suíça, Eslováquia, República Tcheca e Eslovênia. A Espanha caiu uma posição, ficando em 40 lugar, sobretudo devido às persistentes ameaças do grupo separatista basco ETA.


No Iraque (157 lugar), a liberdade de imprensa piorou, devido à falta de segurança para jornalistas. Desde o início da guerra, em 2003, morreram 72 jornalistas e colaboradores. Trata-se da situação mais grave para os jornalistas desde a Segunda Guerra Mundial.’



TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Armas e o mundo’, copyright Folha de S. Paulo, 21/10/05


‘Ontem foi dia de cobertura -e tomada de posição- sobre o referendo brasileiro em três dos principais veículos de comunicação do mundo.


O canal BBC deu longa reportagem abertamente favorável ao ‘sim’, ou seja, à proibição do comércio de armas.


Com cenas de periferia no Rio e em São Paulo, não faltaram confrontos armados nem camiseta dos Racionais MCs, em meio às descrições do país como ‘zona de guerra’.


A começar da âncora, que chamou o correspondente Steve Kingstone sublinhando que ‘no ano passado o Brasil teve 36 mil mortes por arma de fogo, mais do que qualquer país do mundo’, foi um desfiar de dados em favor da proibição.


Duas mulheres cujos filhos foram assassinados por armas deram entrevista, assim como o representante da ONU no Brasil, todos pelo ‘sim’.


O correspondente registrou como ‘argumento mais forte’ da campanha o desarmamento realizado há pouco, com a entrega de quase um milhão de armas -’exatamente ao mesmo tempo, a primeira queda no número de homicídios por armas em mais de uma década’.


Já a campanha do ‘não’ teria uma ‘mensagem simples: de que a proibição deixa os bandidos armados e os brasileiros honestos sem defesa’:


– Foi uma mensagem que ecoou mais e mais, no correr desta campanha.


Também a revista ‘The Economist’ se mostrou abertamente favorável ao ‘sim’.


No título, ‘Protegendo os cidadãos de si mesmos’. Em destaque na página, ‘O controle de armas está salvando vidas no Brasil; os eleitores vão agora decidir o seu ritmo’.


O exemplo de sucesso na revista foi Diadema, na Grande São Paulo, uma ‘terra sem lei’ até cinco anos atrás e que ‘hoje está transformada’.


No entender da ‘Economist’, ‘o controle foi provavelmente a razão principal para a queda na taxa dos assassinatos, no ano passado’. E ‘um voto pelo ‘não’ pode ser uma derrota para a segurança pública’:


– O movimento antiarmas esperava uma vitória fácil. Mas a campanha pró-armas, uma coalizão de fabricantes e grupos conservadores, tornou o referendo um voto de desconfiança na capacidade do Estado de proteger os cidadãos.


E no domingo os brasileiros, ‘cujos bairros vêem mais carnificina do que os campos de batalha da Colômbia e da Chechênia, podem concordar’.


Por fim, o jornal ‘The New York Times’, do correspondente Larry Rohter, publicou ontem a reportagem ‘Brasil feliz em armas tem debate quente sobre proibição nacional’. Na primeira frase, ‘os brasileiros têm uma propensão assustadora para atirar uns nos outros’.


Falaram defensores do ‘sim’ e do ‘não’, até encerrar com a perspectiva de derrota da proibição -e Raul Jungmann, que dirige a campanha, dizendo que ‘os eleitores de classe média estão aterrorizados porque eles não viram investimento em segurança pública’.


Para o próprio Rohter, ‘o escândalo criou um ambiente em que os brasileiros estão desencantados com as autoridades e buscam maneiras de expressar esse sentimento’.


Cena com uma criança na ‘zona de guerra’ do Brasil, na BBC, ontem


PRAZER


Na primeira página do jornal alemão ‘Die Welt’, do grupo Axel-Springer, a manchete ‘Viagens do prazer obviamente também na VW do Brasil’. Era a entrevista em que um ex-gerente da montadora apontou o atual ministro do Trabalho, Luiz Marinho, entre outros, como favorecido por ‘noitada bastante excitante para os brasileiros’’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Rampas ‘, copyright Folha de S. Paulo, 21/10/05


‘‘Ao tratar novamente, na edição de quarta-feira, da questão das rampas sob a passagem subterrânea que liga as avenidas Paulista e Doutor Arnaldo, a Folha repetiu abordagens equivocadas da reportagem publicada em 24/9. Uma delas é o uso da expressão ‘rampa antimendigo’. Ao utilizá-la, a Folha já toma partido dos que acusam a prefeitura, pois simplesmente ignora a afirmação insistente da subprefeitura da Sé de que a obra não foi feita contra mendigos, e sim contra a ação de marginais que usavam aquela área para se esconder após atacar pedestres e motoristas. Outro problema da reportagem anterior foi repetido agora no terceiro parágrafo: ‘A construção das rampas causou polêmica na cidade e foi criticada por sociólogos, advogados e urbanistas ouvidos pela Folha. (…) De um modo geral, eles consideraram que a ação era meramente repressiva e pretendia apenas expulsar os moradores de rua de áreas nobres da cidade’. Dá a impressão de uma condenação generalizada, não é? Mas é bom lembrar que uma polêmica pressupõe a existência de opiniões contraditórias -contra e a favor. Onde estão as opiniões favoráveis? A primeira reportagem não incluiu um só cidadão paulistano que apoiasse a medida. Não havia ou não foram ouvidos? Do lado contrário, embora citasse no plural (como agora o faz de novo) ‘urbanistas, advogados e sociólogos’, ouviu apenas um de cada especialidade. Curiosamente, o ataque mais duro veio do único urbanista citado -João Whitaker, da USP-, e a Folha não informou que ele é membro ativo do PT e consultor contratado pela gestão Marta Suplicy para vários projetos.’ Walter Feldman, secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras (São Paulo, SP)


Guinchos


‘Informo, como complemento à reportagem ‘Serra atrasa volta do serviço de guinchos’ (Cotidiano, 17/10), que a contratação dos serviços de guinchos deverá acontecer no início de dezembro de 2005. A licitação para a prestação do serviço será na modalidade de pregão. Para a nova contratação, foi necessário o desenvolvimento de projeto técnico que buscou maior segurança, eficiência e agilidade na prestação do serviço de guinchos, além de atender a situações não previstas no contrato anterior, como a realização de remoções no período das 22h às 6h em dias úteis, nos feriados e finais de semana. A nova contratação prevê a utilização de guinchos do tipo plataforma, onde o veículo será transportado, e não rebocado. Os novos guinchos serão dotados de sistema GPS e terminal de dados para comunicação, permitindo o gerenciamento logístico da operação.’ Roberto Scaringella, Companhia de Engenharia de Tráfego -CET (São Paulo, SP)’



GLOBO PREMIADO


O Globo


‘Reportagens do GLOBO e do Globo Online conquistam prêmios da Abecip’, copyright O Globo, 21/10/05


‘O GLOBO conquistou dois prêmios da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). A série de reportagens ‘Vida severina: da miséria do sertão à realidade da favela’, de Paulo Marqueiro, Selma Schmidt e Marizilda Cruppe, venceu o II Prêmio Abecip de jornalismo na categoria especial. Já a reportagem ‘Construtoras atrás de investidores’, de Luciana Casemiro, publicada no caderno Morar Bem, obteve o primeiro lugar na categoria Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI). Entre os veículos de mídia eletrônica, O Globo Online conquistou o primeiro lugar na categoria SFI, com o ‘Especial casa própria’, de Nice de Paula e Aline Polycarpo.


O caderno especial ‘A dinastia das ruas’, de Ruben Berta e equipe, publicado em julho deste ano no GLOBO, recebeu destaque por sua qualidade jornalística no Prêmio Ibero-americano de Comunicação pelos Direitos da Infância e da Adolescência, do Unicef. O prêmio reuniu mais de mil trabalhos de 19 países da América Latina. O caderno contou a história do nascimento do filho da jovem Maiara, de 18 anos: a terceira geração que surgia tendo em comum o fato de viver nas ruas da cidade.


A série ‘Vida Severina’, publicada em maio deste ano, mostrou o dilema dos retirantes nordestinos, que deixam a miséria do sertão para morar em favelas do Rio, muitas delas dominadas por traficantes de drogas. Com base em números do IBGE, o jornal revelou que a migração é tão intensa que já existem linhas de ônibus ligando diretamente o sertão à favela.


A reportagem do caderno ‘Morar Bem’ mostrou que o lançamento de títulos e a criação de fundos de investimentos estão permitindo que as empresas aumentem a oferta de imóveis e alonguem os prazos de financiamento.’