‘O jornal faz diferença. Esta é a principal conclusão e, ao mesmo tempo, a resposta a uma pergunta que o Ibope fez, em agosto, para 2.002 brasileiros com mais de 16 anos, residentes nas 9 principais regiões metropolitanas do País e no interior paulista. A pesquisa ‘A diferença do jornal na vida dos brasileiros’ foi divulgada ontem pelo presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Nelson Sirotsky. Essas entrevistas foram complementares a uma pesquisa prévia de campo, que, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, ouviu 8 mil pessoas.
Sirotsky, que comanda o grupo gaúcho RBS, que edita o jornal Zero Hora, fez questão de acrescentar ao título da pesquisa a expressão ‘Boas Novas do Meio Jornal’, que realçou com dados indicando o crescimento da circulação, também online, desse meio de comunicação; sua participação de 25% no bolo publicitário; e a sua credibilidade. A circulação, que apresentou queda nos quatro primeiros meses do ano passado, é crescente desde junho de 2004.
Quanto ao volume abocanhado da publicidade, maior que o estimado pelo Ibope/Intermeios, de 17%, Sirotsky disse que é resultado de análise do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados de 204 empresas, enquanto os do Ibope/Intermeios refletem apenas os números dos 48 maiores veículos do País.
E se os médicos são hoje a categoria que desfruta de maior credibilidade entre os brasileiros (85%), seguida das Forças Armadas (75%), os jornais aparecem em terceiro lugar (74%), ao lado dos engenheiros (74%) e à frente da Igreja Católica (73%), das rádios (63%), da televisão (61%) e dos empresários (52%). É esse porcentual importante que diferencia o meio e faz atrair também a publicidade.
A diretora do Ibope Opinião Silvia Cervellini apresentou dados mostrando que, quanto mais regular a leitura do jornal, maior o grau de consciência política dos entrevistados, assim como a liderança de opinião aumenta quanto maior a freqüência de leitura dos jornais. E, enquanto a média nacional de consciência social do brasileiro é de 27 pontos, entre os leitores de jornais chega a 35.
Silvia endossou os dados de crescimento da circulação, informando que metade dos brasileiros lê notícias, e os jornais atingem 80% desse contingente – 33% são leitores de notícias exclusivos desse meio de comunicação. O Ibope indicou que a proporção de leitores aumenta quanto mais jovem e instruído é o brasileiro, e cresce nas capitais e nos maiores municípios. Seguindo a pirâmide social brasileira, quanto mais alta a renda e a classe, maior a leitura de notícias e ainda maior a diversificação dos meios.
Para Silvia, a pesquisa comprova que a leitura de notícias em jornal traz benefícios inequívocos para os brasileiros em várias dimensões de sua vida em sociedade e no âmbito individual, independentemente de escolaridade ou classe socioeconômica. ‘Há benefícios sobretudo em termos de consciência social, pois os leitores prezam mais o voto que os não-leitores, mas também na liderança de opinião (especialmente na formação), além da situação profissional, onde os que são leitores de jornais são economicamente mais ativos.’ Ela acrescentou que os novos leitores de jornais têm grande interesse por tecnologia e hábitos de lazer e saúde, o que justifica a aposta que os veículos têm feito nessa direção.
Para Sirotsky, a pesquisa justifica o otimismo do setor, um conjunto de boas novas para uma indústria que deve crescer no próximo ano.
Balanço social mereceu 5.589 páginas
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou ontem o seu Relatório de Responsabilidade Social, que destaca a doação de 5.589 páginas, o equivalente a R$ 85 milhões pelo valor de tabela, a informes sociais, desde campanhas de saúde e educação a informações relevantes para a comunidade. Além disso, afirmou o presidente da ANJ, Nelson Sirotsky, o meio jornal tem apostado em projetos de educação com 51 títulos que atingem 6 milhões de pessoas, entre as quais 130 mil professores e 17 mil escolas, sem contar ações específicas de cada um dos 51 filiados em suas praças. Esse projeto, intitulado Jornal e Educação, visa a estimular a leitura nas salas de aula.
A ANJ também divulgou o Relatório Anual sobre Liberdade de Imprensa no Brasil, listando inúmeros casos contra a liberdade de expressão no País e o assassinato de um jornalista, em Pernambuco.’
Folha de S. Paulo
‘Circulação de jornais no país cresce 4,7% ‘, copyright Folha de S. Paulo, 2/12/05
‘A circulação dos jornais brasileiros aumentou 4,7% nos primeiros oito meses do ano, segundo levantamento divulgado ontem pela ANJ (Associação Nacional de Jornais). A entidade também apresentou estudos que mostram participação de 24% dos jornais na receita publicitária do país e efeitos positivos da leitura do veículo sobre o grau de consciência política e social dos cidadãos e sua colocação profissional.
O processo de alta na circulação começou em maio de 2004 e se consolidou neste ano, quando o indicador atingiu cerca de 6,5 milhões de exemplares diários.
Os jornais mantiveram a posição de meio de comunicação de maior credibilidade do país, com 74%, de acordo com a pesquisa ‘Confiança nas Instituições’, realizada pelo Ibope em maio. Depois dos médicos, que receberam 85% das menções, os jornais empatam em segundo lugar com as Forças Armadas (75%), engenheiros (74%) e Igreja Católica (73%). O rádio aparece em seguida, com 64%.
Análise encomendada pela ANJ com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que a fatia da receita de publicidade destinada aos jornais é maior que os 17% tradicionalmente apontados pelo Projeto Inter-Meios.
A diferença é que o novo levantamento utilizou a Pesquisa Industrial Anual do IBGE, que abrange um universo de 204 empresas, enquanto os números do Inter-Meios se referem a um grupo de 48 entidades jornalísticas.
Os dados do IBGE indicam que os jornais receberam R$ 2,9 bilhões em publicidade no ano passado, 81% a mais que o R$ 1,6 bilhão indicado pelo Inter-Meios.
No evento batizado de ‘A Força do Meio Jornal’, com a presença do governador Geraldo Alckmin, a direção da ANJ apresentou pesquisa inédita do Ibope sobre o impacto do veículo na vida de seus leitores. ‘Quem lê jornal tem mais consciência social, mais liderança de opinião e melhor colocação e realização profissional, tanto na base quanto no topo da pirâmide social’, resumiu o presidente da entidade, Nelson Sirotsky.
O Ibope ouviu 2.000 pessoas em todo o país e criou categorias a partir da concordância dos entrevistados com afirmações como ‘hoje em dia, votar não é muito importante’ ou ‘votar é a melhor forma de influenciar o futuro do país’, no caso de consciência política. O mesmo procedimento se repetiu em relação à liderança de opinião, consciência social e colocação profissional.
O instituto também definiu o universo de leitores de jornal. Entre os 2.000 entrevistados, 49% se declararam leitores de notícias. Desse universo, 80% se informam por meio de jornais.
Consciência política
A pesquisa concluiu que, quanto maior a leitura de jornais, maior o grau de consciência política, que foi dividida em quatro categorias, de acordo com as respostas dadas às frases apresentadas pelos entrevistadores. Se for considerado o universo de 2.000 pessoas, 18% se encontram na faixa de maior consciência política. No caso dos que lêem jornal diariamente, o índice sobe para 25%.
Os leitores de jornal também costumam ter mais influência em seu grupo social, mais satisfação com o trabalho que realizam e maior percepção de estabilidade no emprego.
A ANJ também editou pela primeira vez o ‘Relatório de Responsabilidade Social’ do setor, elaborado a partir de questionários enviados a seus 125 associados, dos quais 54 responderam. O levantamento mostra que 87% dos jornais realizam ações comunitárias e doaram, em 2004, o equivalente a R$ 85 milhões em espaço publicitário para divulgação de iniciativas de interesse público.’
INCLUSÃO DIGITAL
Flávia Oliveira
‘Passeata virtual por liberação do Fust’, copyright O Globo, 2/12/05
‘Se a briga é por inclusão digital, nada melhor que uma passeata virtual. Foi nessa onda pós-moderna de mobilização que o Comitê para Democratização da Informática (CDI) embarcou para cobrar do Ministério das Comunicações a liberação dos recursos do Fundo de Universalização de Serviços de Telecomunicações (Fust), criado em agosto de 2000. Ano após ano, o dinheiro do fundo – estimado em cerca de R$ 5 bilhões – vem engordando o saldo do ajuste fiscal.
Para sensibilizar o governo sobre o tema, o diretor-executivo do CDI, Rodrigo Baggio, idealizou a ‘Frente Fust Já’, no ar desde o fim da tarde de anteontem. Na passeata virtual, o manifestante acessa o site do movimento (www.cdi.org.br/fustja) e, de lá, dispara uma mensagem endereçada ao ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Basta digitar o nome completo e o e-mail para enviar a mensagem. O texto é curto e respeitoso: ‘Excelentíssimo Senhor Ministro, solicito providências imediatas para a liberação dos recursos do Fust’. Baggio explica que não há qualquer intenção de agredir, mas de unir a sociedade em torno da inclusão digital:
– Antes de dar início à campanha, solicitamos uma reunião com o ministro Hélio Costa, mas ele não nos retornou. Então, decidimos levar adiante a iniciativa, convocando a sociedade.
Assim que o site, feito pela Addcomm, ficou pronto, o CDI disparou dez mil mensagens à sua rede, embora o lançamento oficial seja hoje. Até ontem à noite, 611 manifestantes já haviam enviados mensagens de protesto ao ministro. Entidades da sociedade civil e empresas também já aderiram à campanha, entre elas Fundação Avina, Rits, Fundação Ashoka, Movimento Software Livre e Sucesu.
CDI quer que internautas indiquem site a amigos
O plano do CDI é reunir o maior número possível de acessos. Baggio sonha conquistar o apoio dos 12% de brasileiros que já acessam a internet, em prol dos 88% de excluídos da web . Por isso, além da passeata virtual, convida os manifestantes a adotarem o ‘marketing viral’.
– Além de enviar seu próprio e-mail, esperamos que os internautas indiquem amigos, tragam novos votos. Estamos fazendo uma passeata digital e, ao mesmo tempo, uma pirâmide digital. Queremos que esse vírus do bem contagie o maior número possível de pessoas – diz Baggio, pioneiro nas ações de inclusão digital no Brasil com o CDI, uma rede de escolas de informática que se espalha por comunidades populares, tribos indígenas e até penitenciárias.
O empreendedor social espera que, a partir dos apelos desencadeados com os sucessivos e-mails, o ministro das Comunicações se manifeste sobre o uso dos recursos do Fust. E no caso de a resposta remeter ao contingenciamento dos recursos pelo Ministério da Fazenda, Baggio não descarta repetir a passeata virtual na direção do ministro Antonio Palocci. Se a moda pega…’