Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Heitor Cony


‘De uns tempos para cá, tenho lido e ouvido em diferentes jornais, rádios e TVs que, embora a imprensa escrita funcione hoje como a prima pobre da comunicação, é ela que afinal determina a pauta do que o rádio e a TV vão fazer. Numa palavra: o jornal impresso seria responsável pela agenda dos demais veículos que informam e formam a opinião da sociedade.


É uma avaliação polêmica, para dizer o menos. Em linhas gerais, os órgãos que se dedicam à comunicação funcionam como vasos comunicantes, todos pescando nas mesmas águas -é bem verdade que buscando um diferencial que dê relativa autonomia a cada veículo.


Evidente que o jornal é o mais lento, não apenas na tarefa de captar os fatos como na necessidade de chegar ao seu consumidor, o leitor. Muitos assuntos, realmente, sobretudo daquilo que hoje chamam de ‘conteúdo’, ficam melhor no jornal. As análises impressas dão mais consistência, embora nem sempre dêem mais credibilidade.


No entanto, no dia-a-dia, creio que a TV em grande parte faça a agenda do jornal. É verdade que, em qualquer reunião de pauta dos departamentos de jornalismo das rádios e das TVs, os editores estão com os jornais do dia abertos na mesa, notas, notícias e comentários sendo recortados e distribuídos para as equipes que irão a campo desdobrá-los.


Mas é a força da TV, com seus milhões de usuários, que funciona como ‘gancho’ para a pauta do jornal. Só para dar um exemplo recente: uma novela teve como uma das locações o Andaraí, bairro da baixa classe média aqui do Rio, onde geralmente pouco ou nada acontece. Bastou isso e, durante semanas, em jornais e revistas, apareceram extensas matérias sobre o Andaraí, seu histórico, suas tradições, seus problemas de trânsito, de água e de segurança, seus moradores mais antigos etc. E, quando um peso-pesado, mulher, homem ou mais ou menos, cria um problema interno, dentro ou fora dos estúdios, o assunto vira manchete nos jornais e fica semanas no noticiário.’



NYT CRITICA LULA


Folha de S. Paulo


‘‘New York Times’ ataca devastação recorde’, copyright Folha de S. Paulo, 1/06/05


‘O jornal ‘The New York Times’, um dos diários mais influentes do mundo, publicou ontem editorial em que destaca os números do desmatamento na Amazônia, divulgados na semana retrasada pelo governo federal. Segundo o jornal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa ajudar os políticos e ambientalistas que lutam pela preservação da floresta: ‘Ele e a oligarquia agrícola de seu país têm de perceber que a floresta tropical não é uma commodity que pode ser explorada para proveito pessoal’.


Para o ‘New York Times’, até o governo brasileiro ‘pareceu ficar chocado’ com a área desmatada no período 2003-2004, que chegou a 26.130 quilômetros quadrados. É a segunda maior taxa de desmatamento da história e representou um crescimento de 6,23% em relação ao período anterior. Antes da divulgação dos dados, o Ministério do Meio Ambiente havia previsto que o valor se estabilizaria 24 mil quilômetros quadrados, no máximo.


O jornal americano chama a atenção para a importância estratégica dos recursos amazônicos: a mata seria ‘um celeiro de biodiversidade, uma fonte de remédios e um importante antídoto para o aquecimento global’.


Segundo o diário, a luta para preservar o ambiente da região já causou muitas vítimas, entre as quais o ‘New York Times’ destaca o ambientalista Chico Mendes, assassinado em 1988, e a freira americana Dorothy Stang, morta em fevereiro deste ano. Para o jornal, as reações do governo brasileiro ao problema têm sido ‘intermitentes’, por meio da criação de reservas florestais e do fim do subsídios à criação de gado na Amazônia, por exemplo.


‘Imune à lei’


No entanto, o ‘Times’ avalia que ‘a maior parte da Amazônia parece imune à lei, especialmente num país em que não há polícia suficiente para fazer valer as regras, onde o crescimento econômico parece ser mais importante que qualquer outra coisa e onde poderosos políticos locais parecem ter mais influência que o governo nacional’.


Como exemplo dessa tendência o diário cita o papel do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, na expansão da lavoura de soja na Amazônia -às custas da floresta. De fato, o jornal nova-iorquino identifica essa lavoura como a principal ameaça à floresta, e usa a expressão ‘o rei da soja’, em português, para designar Maggi e suas declarações de que não sentiria culpa alguma pelo que estava acontecendo em seu Estado, o campeão de desmatamento na região amazônica.


Em suas críticas, o ‘New York Times’ poupa Marina Silva, a ministra do Meio Ambiente, ‘que acredita que há maneiras melhores de ajudar a economia brasileira do que transformar uma floresta tropical valiosa em ração de gado, o que, essencialmente, é o que Maggi está fazendo’. Além da ajuda de Lula, o jornal pede que as agências financeiras multilaterais, as empresas e as ONGs ambientalistas mantenham a pressão da opinião pública sobre o governo.


Sustentabilidade


Marina Silva reafirmou ontem sua crença de que é possível combinar desenvolvimento e preservação durante a cerimônia de abertura do Congresso Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece até quinta-feira no Rio de Janeiro.


‘Só reprimir não adianta, precisamos fomentar novas práticas de uso dos nossos recursos naturais’, disse. ‘Já temos bons exemplos de empresas nacionais que, mais do que coisas, estão produzindo valores. Para isso são importantes projetos como o de gestão de florestas, em que há concessão pública para o uso adequado de matas preservadas.’


Colaborou Tatiana Diniz, enviada especial ao Rio de Janeiro.’



FÓRUM DE EDITORES


O Estado de S. Paulo


‘Circulação de jornais cresceu 2,1% em 2004 ‘, copyright O Estado de São Paulo, 31/05/05


‘A circulação mundial de jornais cresceu 2,1% no ano passado, e a receita publicitária subiu 5,3%, o melhor resultado em 4 anos, informou Timothy Balding, diretor-geral da Associação Mundial de Jornais (WAN, da sigla em inglês). ‘Foram 12 meses extraordinariamente positivos para a indústria jornalística global’, acrescentou. ‘Os jornais estão passando por um renascimento, com novos produtos, novos formatos, novos mercados, melhor distribuição e melhor política de marketing’.


Na abertura do 58.º Congresso Mundial de Jornais e do 12.º Fórum Mundial de Editores, em Seul, a WAN fez um relato do mais completo levantamento da indústria feito até hoje, envolvendo todos os países e territórios em que são impressos jornais – 215, no total. Gavin O’Reilly, presidente do Conselho Gestor da entidade, disse aos 1.300 participantes que ‘os meios impressos de comunicação defenderam-se com êxito da concorrência do rádio, da televisão e da nova era digital. Investimos milhões em equipamentos de produção, somos líderes em merchandising, investimos milhões em nossas marcas e nos dirigimos agressivamente ao consumidor’.


Os números divulgados pela WAN são, em muitos casos, surpreendentes. São vendidos por dia, nos 215 países e territórios, 395 milhões de jornais; o número de leitores chega em torno de 1 bilhão; o número de diários cresceu 2,1% em 2004; três quartos dos 100 jornais mais vendidos do mundo são publicados na Ásia; a China superou o Japão como o país com o maior número de publicações; o japonês Yomiuri Shimbun, com suas diversas edições, é o jornal de maior circulação no mundo, com 14.067.000 de exemplares por dia; os 5 maiores mercados são China (93,5 milhões de exemplares diários), Índia (78,8 milhões), Japão (70,4 milhões), Estados Unidos (55,6 milhões) e Alemanha (22,1 milhões); a participação dos jornais na publicidade global caiu de 30,5% em 2003 para 30,1%, mas ele continua sendo o segundo veículo preferido das agências, perdendo só para a TV.


Quanto ao Brasil, a WAN diz que a circulação subiu 0,8% em 2004, mas caiu 17,2% nos últimos 5 anos.’



O Globo


‘Congresso de jornais termina em polêmica’, copyright O Globo, 1/06/05


‘O segundo e último dia do 58 Congresso Mundial de Jornais e 12 Fórum Mundial de Editores, realizado pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês), teve um clima de polêmica. O vice-presidente-executivo do grupo sueco ‘Metro International’, Carlos Oliva-Velez, foi ‘bombardeado’ por perguntas e questionamentos – alguns até mesmo pondo em duvida os dados apresentados por ele – durante a palestra ‘De zero a 15 milhões de leitores em dez anos’.


Oliva-Velez fez um resumo da operação mundial da empresa, fundada em Estocolmo em 1995, apresentando números expressivos. O ‘Metro’ está hoje presente em 17 países, roda seis milhões de cópias diárias, publica 56 edições em 78 cidades e 16 idiomas, tem 15 milhões de leitores e 400 jornalistas.


No entanto, a platéia fez rapidamente as contas e o bombardeio de perguntas começou. Michael Grabner, principal executivo do grupo alemão ‘VG’ desconfiou:


– Mas está dando mais de 500 cópias por distribuidor, como?


Um executivo italiano foi duro em suas declarações:


– Você tem oito jornalistas por edição: que qualidade tem esses jornalistas?


O clima do debate revelou que a indústria de jornais considera perniciosa e desleal a distribuição de edições gratuitas.’



***


‘Mercado global de jornais se recupera’, copyright O Globo, 31/05/05


‘A receita com publicidade e a venda de jornais no mundo cresceram no ano passado, num sinal de que o setor pode estar saindo de uma recessão que já durava três anos, assinalou um estudo divulgado ontem pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês), durante o 58 Congresso Mundial de Jornais e 12 Fórum Mundial de Editores, realizados em Seul, Coréia do Sul.


Segundo o levantamento da WAN, a circulação global avançou 2,1%, alcançando um total diário de 395 milhões de exemplares. A média diária de leitores foi estimada em um bilhão de pessoas. Já a receita com publicidade subiu 5,3%, o melhor desempenho em quatro anos, puxado pela venda de anúncios no mercado chinês, que cresceu 29%.


O número de jornais diários existentes no mundo, inclusive aqueles distribuídos gratuitamente, subiu 2%, para 6.580. Em alguns mercados mais tradicionais, no entanto, houve recuo no ano passado. Este é o caso da França, cuja circulação diária recuou 1,28%, e dos EUA, com queda de 1%. Por outro lado, países como Espanha, Itália, Áustria, Portugal e Bélgica tiveram crescimento de circulação. O número global de leitores cresceu 32% no ano passado.


Analistas vêem com cautela recuperação do setor


A China liderou o mercado de jornais em 2004, com 93,5 milhões de cópias vendidas diariamente. A Índia ficou em segundo, com 78,8 milhões, seguida pelo Japão (70,4 milhões), EUA (48,3 milhões) e Alemanha (22,1 milhões).


Especialistas, porém, ainda não vêem nesses números uma inversão de tendência, já que o crescimento foi fortemente influenciado pelo desempenho de alguns mercados emergentes, como a China. Além disso, a participação do segmento jornal no aumento de receita com publicidade foi pífia: recuou no ano passado para 31%.


A WAN concedeu ao jornalista Mahjoub Mohamed Salih o prêmio Golden Pen 2005 de Liberdade. Aos 76 anos, Salih, fundador e editor-chefe do jornal ‘Al-Ayam’, no Sudão, é conhecido por sua luta há mais de 50 anos pela liberdade de imprensa.’