Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Heitor Cony


‘É assim mesmo. Morreu Antônio Carlos Vilaça, no sábado, 28 de maio. Apenas uma pequena informação, na seção dos anúncios fúnebres, noticiando o seu falecimento, providência de anônimos que o admiravam. Estava abrigado no asilo São Luís, destinado a idosos sem família e sem recursos, em fase de doença terminal. Durante algum tempo, por iniciativa de Marcos Almir Madeira, ocupava um quarto na sede do PEN Club do Brasil. Com a morte de Madeira, acho que foi despejado e foi parar num asilo.


Vilaça escreveu uma obra-prima, ‘O Nariz do Morto’, que foi saudado pela crítica como ponto alto de nossa memorialística, colocado acima de Joaquim Nabuco, de Gilberto Amado e de Pedro Nava. Na realidade, escrevia melhor do que todos eles, tivera apenas uma existência mais modesta, nada de espetacular em sua vida. Ganhou a mais alta láurea da nossa literatura, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, que já premiou Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre, Fernando Sabino e, neste ano, premiará Ferreira Gullar.


Poucos escreveram tão bem, tão limpamente e tão profundamente. Conhecia a literatura universal como um ‘scholar’, sabia de cor trechos e mais trechos dos clássicos, de Homero a Juan Rulfo. Mas seu grande assunto era a santidade que não encontrou nas diversas ordens religiosas em que foi buscar o caminho não para se tornar santo, mas para entender a santidade dos outros. Fez noviciado entre jesuítas, dominicanos, beneditinos, buscou diversas ordens monásticas e até mesmo o sacerdócio secular.


Nada lhe matava a fome de eternidade. Na solidão, o grande crente parece que se tornou descrente de tudo. A doença deformou-o, mas não afetou a sua lucidez, a ânsia de entender o homem. Morreu só. Se existe um céu, seja de que religião for, Vilaça estará nele, pela sua alegria e pelo seu sofrimento.’



INTERNET


Robson Pereira


‘Parcerias sexuais em alta na web ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 8/06/05


‘Quem pensa já ter visto de tudo nas chamadas redes sociais que se multiplicam pela internet desde o lançamento do Orkut, em fevereiro do ano passado, precisa dar uma olhada no Shagster.net. Chama a atenção pela ousadia e pela proposta pouco ortodoxa de construir o maior banco de dados online de ex-parceiros sexuais, algo que no mínimo o coloca um degrau acima no louco mundo virtual.


O serviço ainda ainda está em fase de testes e o lançamento oficial só deve ocorrer em setembro, quando abrirá espaços generosos para relatos sobre quem dormiu com quem e quando. Por enquanto é grátis, mas seus administradores esperam ganhar rios de dinheiro com a curiosidade de uns, a indiscrição de outros e as polêmicas que certamente virão nas mesmas proporções.


Chris Leate, criador do Shagster, diz que o objetivo do site é explorar ‘interesses comuns’ que unem as pessoas, um eufemismo usado para definir relacionamentos sexuais que ficaram pelo caminho. Ele acredita – pelo menos diz acreditar – que está contribuindo para a formação de um grande painel sobre o sexo, um assunto que sempre despertou o interesse coletivo, independente de nacionalidades ou classes sociais.


Só nos Estados Unidos, os chamados ‘serviços de relacionamentos’ reúnem na internet um público estimado em mais 20 milhões de usuários. Pelo menos 44% deles consideram a web o jeito mais fácil para se encontrar um parceiro ou uma parceira, em comparação com bares, festas ou outros lugares públicos. São números e comportamentos como esses que Leate pretende explorar com o seu discurso pseudo-social.


Alguns cuidados foram tomados para preservar a intimidade de terceiros, se é que algum freqüentador do Shagster vá demonstrar preocupação com isso. Primeiro, é preciso registrar o próprio perfil antes de sair por aí dando com a língua nos dentes e até notas (numa escala de 0 a 10) para o desempenho amoroso do ex – o que só vai ocorrer, de fato, com o consentimento explícito da outra metade da história. Se o parceiro ou a parceira concordar, começa a brincadeira. E não pára mais.


O Shagster não é o primeiro a atuar nesta área, mas é certamente o que vai mais direto ao seus objetivos. Há pouco mais de dois anos, as irmãs Ellen e Cande Carroll lançaram o www.greatboyfriends, que ficou conhecido como uma espécie de supermercado virtual de maridos usados, com certificado de garantia. Vai de vento em popa. Tudo no site, com público predominantemente feminino, é gratuito. Mas quem quiser acessar as recomendações precisa pagar uma taxa de US$ 20. Uma pechincha, dependendo do ponto de vista das interessadas.


ELAS FALAM MENOS


Sabe aquele velho chavão de que mulheres falam mais do que os homens? Esqueça. Pelo menos quando se trata de celulares, os homens se revelam mais tagarelas do que elas. 35% mais, para ser mais preciso, conforme o levantamento da Cingular Wireless. É o quinto ano consecutivo em que o estudo é realizado e a diferença só tem aumentado.


O tempo médio de uso do celular ficou em 571 minutos para os homens e 424 minutos para as mulheres. Com o telefone fixo, a situação se inverte: 491 minutos mensais para elas e 321 minutos para eles, uma diferença considerável. Outra curiosidade constatada pela pesquisa: enquanto as mulheres utilizam mais o celular para falar com amigas ou familiares (82%), homens gastam mais tempo ao aparelho com conversas relacionadas ao trabalho (62%).


O NOME DA ROSA


Danica Patrick, de 23 anos, conseguiu duas grandes conquistas no mês passado. Uma nas pistas, ao se tornar a primeira mulher a liderar as 500 Milhas de Indianápolis (esteve na frente por 19 voltas e terminou a corrida num honroso quarto lugar). A outra, na internet, ao desbancar nomes como Paris Hilton, Britney Spears, Jennifer Lopez, Angelina Jolie e Christina Aguilera, entre outras, da liderança do ranking das personalidades femininas mais procuradas na web.


Pela primeira façanha, embolsou US$ 400 mil em prêmios. Pela segunda, apenas o registro no acompanhamento rotineiro feito pela Wordtracker, um serviço que funciona como uma espécie de termômetro de popularidade da internet. O relatório, realizado com base em 300 milhões de buscas, é publicado todas as terças-feiras e enviado a cerca de 30 mil assinantes. Muita gente utiliza estatísticas como essas para planejar campanhas publicitárias.


Como Danica Patrick (www.danicaracing.com) volta às pistas duas vezes ainda este mês, é possível que mantenha a liderança no ranking por um bom tempo ainda. A não ser, é claro, que a campeoníssima e multimilionária Paris Hilton não apronte mais uma das suas e reconquiste o lugar no centro do universo virtual que é seu de fato e de direito. Afinal, entre 20% e 25% de todas as buscas feitas na internet enquadram-se naquilo que se convencionou chamar de conteúdo adulto. Com a chegada do Shagster ao mercado, tudo indica que continuará assim.’



Carlos Franco


‘Internet está em expansão. Mas integrada a outras mídias ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 6/06/05


‘Quatro consumidores de eletrodomésticos compararam produtos como geladeiras e fogões da marca GE com suas mães no mês passado. Elas foram transformadas em Cyber-Mãe (refrigerador de última geração), Mãe-Love (refrigerador que cabe tudo), Multi-Mãe (lavadora faz tudo) e Mãe-Gourmet (fogão digital). Os filhos, ávidos pelos prêmios, não pouparam adjetivos aos produtos que associaram às mães e devem receber, na próxima semana, os seus prêmios.


A GE está feliz com os resultados da promoção que ficou restrita à internet. Cerca de 8 mil pessoas usaram os cartões GE em apenas 15 dias de campanha, 13 mil acessaram o site da promoção e 4 mil enviaram frases. Desenvolvida pela Foster Web Solutions & Consulting, a campanha ‘Mãe não é tudo igual’, diz o gerente-geral de Marketing da Mabe Brasil (dona das marcas GE e Dako), João Sérgio Dias Ramos, teve o objetivo de estreitar as relações da GE com consumidores cadastrados, ampliando a lista.


Nos Estados Unidos, a mesma GE permite aos visitantes do seu endereço eletrônico que enviem uma plantinha que possam cultivar também para os amigos, ampliando a visibilidade da marca numa ação criada pela BBDO. A Brastemp, cuja conta de publicidade está em poder da Talent, também tem usado, a exemplo das montadoras, a internet para facilitar a escolha de cor e acessórios pelos consumidores.


São coisas pequenas, mas que estão ganhando terreno e ampliando a fatia da mais nova mídia, a internet, no bolo publicitário. Nos Estados Unidos, essa participação passou, em cinco anos, de 1999 para 2005, de US$ 1,9 bilhão para US$ 6,9 bilhão de um bolo, no ano passado, de US$ 203,5 bilhões, segundo dados do The New York Times e da Universal McCann.


No Brasil, a participação da internet no bolo publicitário de R$ 23 bilhões no ano passado foi de 3%, segundo projeto Ibope/Intermeios, mas o setor espera crescer entre 20% e 30% este ano. ‘Só que o movimento, agora, é consistente e esses números não incluem os investimentos das empresas de telefonia que é alto. O bom é que todos estão mais conscientes do papel de apoio da internet à comunicação e conhecem melhor o meio depois de uma fase de descabida euforia’, diz o presidente da Agência Click, Pedro Cabral.


Antes da bolha da internet, em 2000, lembra Cabral, havia um excedente de capitais no mercado e, do dia para noite, surgiam empresas voltadas para a internet. Chegou ao ponto de um endereço eletrônico de venda de livros, como a Amazon, ter cotação superior em bolsa às de empresas como a própria GE, GM e Coca-Cola. ‘Isso acabou. Agora, todos sabem que a internet é um canal de interatividade, mas não é o único, os aparelhos celulares, os canais digitais de televisão são outros que começam a ganhar fôlego e com os quais a internet pode interagir. A diferença é que, agora, os projetos são todos mais realistas, a onda de testar a internet para vender de tudo – de verdura a roupa – passou. Agora, as empresas sabem usar melhor as novas mídias em campanhas maiores, em que a internet é parte integrante da comunicação.’


Cabral cita o exemplo dos bancos e de empresas de telefonia, que encontraram na internet uma forma de agilizar a vida dos clientes e estreitar laços sem abandonar a necessidade de divulgar a marca em outros meios de comunicação. ‘Entre as empresas, o chamado B2B, a internet se mostrou eficaz no controle de estoques e na busca de soluções on demand, facilitadas por ser uma ferramenta de tempo real’. Não importa o modismo, se marketing viral (mandar um e-mail esperando que ele se propague e funcione como prévia de uma campanha) ou e-mail marketing, o importante, diz Cabral, é que a internet está ganhando espaço.


A estimativa do presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro, é a de que 30 milhões de brasileiros fazem hoje algum uso da internet. É esse universo o alvo da Agência Click, uma das mais premiadas do mundo na categoria Cyber Lions, os leões que o Festival de Cannes entrega para a publicidade produzida pela internet, percebeu este ano a retomada em seus números. Tanto que de um faturamento de R$ 30 milhões, a empresa projeta quase R$ 40 milhões para este ano. Detalhe: ao contrário de agências de publicidade que somam ao resultado o dinheiro investido pelos clientes na conta do faturamento, a Click contabiliza apenas o que entrou direto no seu caixa.


Cabral tem orgulho da campanha ‘Tanto faz’, criada para a Fiat e pautou a agência de publicidade Leo, Burnett, pois o que era para ficar apenas na internet, avançou em outras mídias, como jornais, revistas e televisão. O mesmo ocorreu com o endereço eletrônico de uma promoção da Coca-Cola Light.


Nizan Guanaes, da Africa, também está convencido da força da internet em integração com outras mídias. Uma de que tem orgulho é o fato de o ‘ring tone’ – aquelas musiquinhas de telefones celulares – ‘nhaaaa’ da Brahma ter sido um dos mais baixados na internet da cerveja no ano passado. Almap/BBDO, Ogilvy, F/Nazca, Fischer, Talent, DPZ, J. Walter Thompson, DM9DDB, Y&R, Lew,Lara, W/Brasil e McCann-Erickson, entre outras, não se cansam de oferecer soluções integradas a clientes, mas a internet ainda gera desconfiança, apesar do crescimento. Uma herança da confiança excessiva de antes da bolha.’



O Globo


‘Download pago de música avança sobre pirataria’, copyright O Globo, 8/06/05


‘Os sites para download legal de músicas pela internet estão ganhando terreno daqueles que permitem a troca de arquivos entre os usuários (chamados peer-to-peer , ou P2P) sem pagar direitos autorais. Esta é a conclusão de pesquisa divulgada ontem pela consultoria NPD Group Inc.


Segundo o estudo, o iTunes, da Apple, empatou no segundo lugar entre os sites mais procurados para download de músicas, com 1,7 milhão de lares americanos acessando a página em março. O iTunes ficou no mesmo patamar do LimeWire e pouco abaixo do WinMX, com 2,1 milhões – ambos P2P.


O Napster – pioneiro da pirataria de músicas e que acabou comprado por uma multinacional – ficou em sétimo lugar no ranking da NPD, e o Real Player, em nono. Não foram considerados no ranking os planos de assinatura dos dois sites, pelos quais o usuário paga um valor fixo, sem importar o número de downloads.


– Uma das questões da indústria fonográfica era quando os sites de download pago iriam competir em pé de igualdade com os P2P – disse Russ Crupnick, presidente da divisão de Filmes e Música da NPD. – Agora temos a resposta. O iTunes é mais popular que quase todos os P2P, e dois outros sites pagos também conseguiram um bom nível de procura.


A pesquisa da NPD mostrou ainda que a idade pesa na escolha do site. Enquanto os adolescentes correm para os P2P, gratuitos, usuários mais velhos preferem os serviços pagos, preocupados com possíveis ações judiciais. A média de idade de quem paga para baixar música é de 33 anos.


– Os serviços legais oferecem algumas vantagens: não têm programas espiões, os spyware, e é fácil e rápido encontrar o que se quer – disse Isaac Josephson, da NPD. – Os mais velhos, com mais recursos, têm mais possibilidade de optar pelo conveniente em vez do gratuito.


Cerca de 4% das famílias americanas com acesso à internet usaram algum serviço legal de download de música em março, segundo a NPD. A consultoria incluiu apenas os EUA na pesquisa.


O estudo se baseou na observação do comportamento, e não em entrevistas.


– Se você perguntar a um garoto de 14 anos se ele usou um serviço P2P, é pouco provável que ele seja sincero – disse Josephson.’



Folha de S. Paulo


‘Google ultrapassa a Time Warner e tem o maior valor de mercado do setor ‘, copyright Folha de S. Paulo, 8/06/05


‘O Google ganhou ontem o posto de empresa de mídia com maior valor de mercado, ultrapassando a Time Warner, apenas dez meses depois de abrir seu capital.


As ações do Google subiram mais US$ 2,18, ou 0,75%, e fecharam a US$ 293,12 ontem, um recorde. Segundo analistas, os papéis da empresa de buscas pela internet podem chegar a valer US$ 325 ou até mesmo US$ 350.


Com um valor de mercado de mais de US$ 80 bilhões, o Google deixou para trás gigantes do setor como Viacom e Disney, além da Time Warner, criada há cinco anos quando a AOL comprou a empresa por US$ 106 bilhões. O preço dos papéis da Time Warner caiu desde o final da bolha das empresas pontocom, e seu valor de mercado era de US$ 78,1 bilhões ontem.


Mesmo outras empresas de internet têm valor de mercado bem menor que o do Google. O Yahoo, que tem um sistema de buscas e portais, vale US$ 27 bilhões menos que o Google.


Quando o Google estreou na Bolsa, suas ações valiam US$ 85. A rápida alta levou a preocupações de que os papéis estejam sobrevalorizados.’