‘Paparazzo. O significado desta palavra italiana, inspirada num personagem do clássico La Dolce Vita (1960), de Federico Fellini, varia de acordo com a posição das pessoas diante da lente de uma câmera fotográfica. Simples: há os que estão do lado de cá, e os que estão do lado de lá. No jargão jornalístico, para quem está atrás da câmera, o paparazzo é um profissional que fica no encalço de uma celebridade até conseguir a imagem indiscreta. Para a presa, ele é simplesmente uma praga, uma aberração. Eles estão em todos os lugares: na rua, nos restaurantes, nas lojas e até mesmo dentro da casa de suas vítimas. O príncipe Charles foi flagrado com Camilla Parker Bowles? Obra de um paparazzo. O irriquieto Harry, o terceiro na sucessão, apareceu nos jornais trajando uma roupa nazista em uma festa a fantasia? Obra de um paparazzo. Londres converteu-se em uma das mecas das lentes invasoras. É um fenômeno que fez brotar um outro: a cidade virou a capital mundial dos recursos anti paparazzi. Trata-se de lugares nos quais os profissionais do clique são abominados, vistos como terroristas munidos de metralhadoras AR-15 prontos para disparar. Grandes hotéis como o Dorchester, o Ritz e o One Aldwich têm bunker contra os bisbilhoteiros.
São esconderijos dignos dos abrigos usados pelos aliados na II Guerra Mundial. A sala Krug, do Hotel Dorchester, é quase invisível. O segredo: para chegar até ela é necessário atravessar um longo caminho. A sala de jantar, toda envidraçada e com proteção acústica, está pousada no meio da cozinha. É preciso, portanto, passar pelo lobby do hotel, entrar em uma sala restrita a funcionários, descer uma longa escada rolante e andar 50 metros. Da grande mesa, avista-se o chef e seus ajudantes preparando os pratos e retirando as melhores safras da champanhe Krug. Uma das personalidades mais assíduas é o líder sul-africano Nelson Mandela.
CINEMA EXCLUSIVO Madonna é uma das clientes das sessões no One Aldwich
Outro restaurante no qual um simples flash pode virar caso de polícia é o do Hotel Ritz. Com vista para o Hyde Park, tem paredes, esculturas e lustres pintados a ouro 24 quilates. Não ouse, ali, sacar uma pequena câmera para registrar um momento particular. ‘Elas assustam os nossos clientes’, diz Gerrie Pitt, diretora de relações públicas do Ritz. ‘Por isso não permitimos máquinas.’ Para os clientes mais freqüentes é uma garantia de que passarão despercebidos, de que não terão seus rostos estampados em tablóides como o The Sun ou o Daily Mirror logo após uma refeição. Para ter momento de privacidade seus clientes chegam a pagar mais de R$ 1,2 mil por um almoço. Pode parecer um simples capricho, mas rituais triviais para qualquer mortal, como ir ao cinema, viraram transtorno na metrópole em que ser famoso é sinônimo de problemas. De olho na crescente busca pela exclusividade, o Hotel One Aldwich, localizado no charmoso bairro de Convent Garden, criou um serviço exclusivo que atrai gente do calibre da cantora pop Madonna. É uma sala de cinema privativa. Enquanto assiste-se aos lançamentos da indústria cinematográfica, degusta-se um brunch e champanhe. ‘O cliente não pega fila e é atendido com toda a mordomia’, diz Howard Rombough, diretor do One Aldwich. O preço para ter a sala toda ao seu dispor: R$ 6 mil. De fato, vale tudo e mais um pouco para fugir das lentes dos paparazzi.’
Folha de S. Paulo
‘Blair pede que prefeito de Londres se desculpe por ofender repórter judeu’, copyright Folha de S. Paulo, 17/02/05
‘O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, pediu ontem ao prefeito de Londres, Ken Livingstone, que se desculpe por ter dito a um repórter judeu que ele agia como um guarda de um campo de concentração nazista.
‘Nós, da classe política, às vezes ficamos irritados com a imprensa, mas, nessas circunstâncias, como o jornalista é judeu, o prefeito deve pedir desculpas’, disse o premiê em uma entrevista à TV.
A polêmica teve início quando, na semana passada, o repórter Oliver Finegold, do jornal britânico ‘Evening Standard’, abordou o prefeito na saída de um evento de apoio à comunidade gay.
O prefeito, que, há anos, tem atritos com o jornal, perguntou ao repórter se ele era um ‘criminoso de guerra alemão’, referindo-se ao fato de o jornal ‘Daily Mail’, da mesma empresa do ‘Evening Standard’, ter apoiado o fascismo nos anos 30. O repórter afirmou ser judeu. O prefeito disse então: ‘Você pode ser judeu, mas se comporta como um guarda de campo de concentração. Você só faz isso porque está sendo pago’.
Associações judaicas qualificaram os comentários como anti-semitas e exigiram a retratação do prefeito. Este, no entanto, disse que não o fará, pois suas palavras não tiveram cunho racista.
O Conselho Municipal de Londres pediu a Livingstone que se retratasse. Segundo o conselho, apesar de o prefeito possuir um histórico de luta contra o racismo e o anti-semitismo, seus comentários ofenderam a comunidade judaica e prejudicaram a candidatura da cidade a sede dos Jogos Olímpicos de 2012.
O pedido de Blair ocorreu no dia em que o Comitê Olímpico Internacional iniciou sua visita de avaliação a Londres.
O Conselho de Representantes dos Judeus Britânicos pediu uma investigação sobre o caso ao Conselho de Conduta do Reino Unido, que pode suspender Livingstone ou mesmo proibi-lo de ocupar cargos públicos no país.
Livingstone é conhecido como ‘Ken, o Vermelho’ por sua posição política bem mais à esquerda do que a média de seu partido, o Trabalhista. Não foi a primeira vez que ele desagradou à comunidade judaica. No ano passado, ele convidou para uma visita a Londres um clérigo muçulmano que apóia publicamente os homens-bomba palestinos. Com agências internacionais’
FT
EM CRISEO Estado de S. Paulo
‘Demissões voluntárias no ‘Financial Times’’, copyright O Estado de S. Paulo / The Guardian, 17/02/05
‘O jornal britânico The Financial Times (FT) iniciou ontem um programa de demissões voluntárias que acabará afastando alguns de seus profissionais mais antigos. Uma porta-voz da publicação pertencente ao Grupo Pearson disse que no total, 30 pessoas serão afastadas – dois terços delas jornalistas, e as demais, pertencentes aos quadros de pesquisa e apoio.
Segundo a porta-voz, o processo será ‘indolor e suave’. Ela acrescentou: ‘Sempre lamentamos quando alguém sai da casa, mas essas pessoas desejam se afastar. É algo completamente voluntário’.
Uma das jornalistas que deixarão o FT é Jane Fuller, colunista e ex-editora de Finanças, com 18 anos de casa. Jane, de 49 anos, que também assinava duas colunas na publicação, deverá trabalhar no setor financeiro, provavelmente em funções não executivas. Ela deu aulas de contabilidade financeira no Financial Times e acompanha os esforços do governo em aprimorar a literatura sobre finanças.
Também sairão Jean-Paul Flintoff, do Caderno Fim de Semana, e Kate Bevan, editora da página de televisão. O jornal tem 12 editores assistentes.
PREJUÍZO
Em 2003, o FT cortou 15% dos seus 600 funcionários e congelou as contratações para compensar a queda na publicidade.
Segundo analistas, o jornal deverá ter prejuízo de 20 milhões de libras este ano, contra 32 milhões em 2003. O Financial Times também transformará o caderno Creative Business numa página regular. O pessoal desse caderno será redistribuído na redação.
Também ontem, outro jornal britânico, The Telegraph, anunciou a intenção de cortar 90 dos 550 cargos da área editorial. Em maio, o Telegraph foi comprado pelos irmãos Barclay, que deverão investir 150 milhões de libras em novos equipamentos de impressão.’
NYT
& ABOUT.COMComunique-se
‘NY Times comprará portal About.com por US$ 410 milhões’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 16/02/05
‘A The New York Times Company anunciou nesta quinta-feira que comprará por 410 milhões de dólares o portal de informação na Internet About.com, de propriedade do grupo Primedia.
Esta será a maior compra a ser realizada pelo grupo de imprensa do New York Times, proprietária do jornal do mesmo nome e do ‘The Boston Globe’, desde a aquisição desta última publicação em 1993 por 1,1 bilhão de dólares, informou o próprio em sua edição na Internet.
O About.com é um site que atrai mensalmente 22 milhões de visitantes, e opera uma rede de quase 500 guias que oferecem informação e soluções para a vida diária, desde receitas de cozinha, até recomendações para comprar um automóvel ou fazer consertos no lar, idéias de decorações, informação sobre filmes, finanças pessoais e outros muitos serviços.
O Primedia comprou o About.com em outubro de 2000 por 690 milhões de dólares em ações, e o colocou à venda no início deste ano, depois do qual recebeu ofertas de outras empresas do setor de informática como Google, Yahoo e AOL.
O acordo com o The New York Times foi anunciado depois do fechamento da Bolsa de Nova York, onde as ações dessa companhia fecharam a 38,25 dólares, 46 centavos abaixo de seu preço na véspera.
Além do ‘The New York Times’ e do ‘The Boston Globe’, a companhia Times possui o ‘The International Herald Tribune’, 16 jornais regionais, oito redes de televisão e duas estações de rádio. (c) Agencia EFE’
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
‘Sentença da Corte Européia dá direito de criticar o McDonald’s’, copyright Folha de S. Paulo / Le Monde, 17/02/05
‘A Corte Européia de Direitos Humanos decidiu, anteontem, que o direito de criticar o ‘junk food’ faz parte da liberdade de expressão e que essa liberdade fundamental foi violada pelo Reino Unido quando a Justiça britânica condenou por difamação dois militantes ingleses que criticaram o McDonald’s.
Helen Steel e David Morris, membros do London Greenpeace (um grupo pequeno que não tem relação com o Greenpeace International), apelaram para a corte de Estrasburgo. Quando foram condenados, Steel, que trabalhava como garçonete em regime de meio período, ganhava 65 libras (R$ 320) por semana, enquanto David Morris, ex-funcionário dos Correios, estava desempregado e sustentava um filho com seu seguro-desemprego.
Em 1987, o grupo imprimiu e divulgou um folheto de seis páginas intitulado ‘O Que Há de Errado com o McDonald’s’. O folheto dizia, entre outras coisas, que a multinacional vende comida que traz riscos à saúde, que ela prejudica o ambiente, impõe condições de trabalho muito duras a seus empregados e que sua publicidade é voltada às crianças, que pensam em hambúrgueres e fritas toda vez que vêem um palhaço de cabelos alaranjados.
A empresa-mãe americana e o McDonald’s do Reino Unido processaram os dois militantes por calúnia e difamação. Em junho de 1994 teve início o processo mais longo da história da Justiça inglesa.
O julgamento chegou ao fim em 13 de dezembro de 1996, depois de 313 dias de audiências, 20 mil páginas de relatórios e uma decisão judicial apresentada em 762 páginas. Os dois militantes se defenderam sozinhos. Não puderam beneficiar-se de assistência jurídica gratuita, que, na época, não era oferecida, no Reino Unido, aos acusados em processos por difamação.
Na apelação que lançaram, viram sua pena reduzida, mas foram condenados a pagar mais de 110 mil (R$ 371 mil) ao McDonald’s, julgamento que a multinacional ainda não fez executar. A corte de Estrasburgo julgou que o fato de eles não terem se beneficiado de assistência jurídica resultou ‘numa inaceitável desigualdade de condições com relação ao McDonald’s’ e que, portanto, o processo não foi equitativo.
Ela concluiu que a liberdade de expressão foi desrespeitada: ‘Numa sociedade democrática, existe nítido interesse geral em que tais grupos militantes não oficiais sejam autorizados a contribuir para o debate público com a difusão de informações e opiniões sobre temas de interesse geral, tais como a saúde e o ambiente’. Para os magistrados, ‘é preciso tolerar e até mesmo esperar um certo grau de hipérbole e de exagero num folheto militante’.
Os magistrados consideraram desproporcional o montante da indenização imposta aos dois militantes, tendo em vista sua renda baixa, e outorgaram a eles 35 mil a título de danos morais e 47.311 a título de custas.’