Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Carol Knoploch

‘Márcio Garcia é a novidade do Domingo Espetacular, da Record, que comemora um ano no ar amanhã. O ator aparecerá em dose dupla na tela: como o descolado Márcio e como o intelectual Garcia – que, no entender da Record, tem aquela ridícula imagem caracterizada com óculos, barriga fake, gel no cabelo e suéter. Eles vão bater papo e interagir o tempo todo. Márcio será o âncora dos vídeos mais incríveis e curiosos da internet. E Garcia chamará matérias da BBC Monstros Submarinos – série da BBC feita em estúdio e finalizada com computação gráfica. É ‘irmã’ dos Dinossauros, exibida pela Globo, no Fantástico.

Márcio Garcia, que gravou piloto na quinta-feira, apresentava o reality-game Sem Saída e estava fora da tela. Ainda é cogitado para o novo horário de novela da emissora, às 21 horas.

O Domingo Espetacular, ancorado por Celso Freitas e Lorena Calábria, passou por reformulação recente. Em novembro, a direção foi trocada. O programa que mostrava essencialmente documentários passou a exibir longas reportagens e a valorizar o entretenimento. ‘É a opção mais inteligente do horário’, defende Paulo Nicolau, há 11 anos na Record e diretor do Domingo Espetacular, às 18 horas, desde novembro. Seus concorrentes são Faustão, Gugu e a turma do Pânico. ‘É a cara do Brasil, diferentemente do Fantástico, que é a cara do Rio’, alfineta.

Segundo Nicolau, a maior audiência da atração está no Recife (10 pontos em fevereiro), Salvador, Curitiba e São Paulo (7 pontos). Em março, obteve 7 pontos de média nacional e 12% de share (participação entre os televisores ligados no horário). Mais da metade da audiência (57%) está acima dos 35 anos. Nicolau evita comparações com o Fantástico. Usa o canal Animal Planet como referência para o quadro Selvagem ao Extremo.

Entre as novidades da temporada estão as séries Invasores de Corpos, também da BBC, sobre os parasitas que se instalam no corpo humano, e II Guerra Mundial, produção da Record sobre os 60 anos do fim da guerra que será exibida mensalmente, até o fim do ano. Na estréia, amanhã, o mergulhador Lawrence Wabba mostra o navio inglês naufragado no litoral do Nordeste, após ser atingido por um submarino alemão.

No dia 24, Eduardo Guedes, o marido de Eliana, estréia no programa para falar de alimentos saudáveis e dar receitas.’



Daniel Castro

‘Record abre banco de estrelas com 25 vagas’, copyright Folha de S. Paulo, 16/04/05

‘A exemplo do que faz a Globo, a Record está montando um banco de estrelas. A emissora quer ter até 25 atores com contratos de três anos. Até agora, só contratava por obra certa (durante a duração de determinado trabalho).

A estratégia é impedir que atores projetados por ela migrem para outras TVs. Também quer facilitar a escalação de elencos de suas novelas e encontrar menos resistência nas tentativas de contratar nomes ligados à Globo.

O banco de elenco da Record por enquanto tem apenas dois nomes: Bianca Rinaldi, protagonista de ‘A Escrava Isaura’, e Déo Garcês. A emissora negocia contratos de três anos com Leopoldo Pacheco (o Leôncio), Fernanda Nobre, Renata Domingues, Patrícia França, Paulo Figueiredo e Maria Ribeiro, todos de ‘Isaura’.

O banco deverá ser reforçado com nomes que se sobressaírem em ‘Essas Mulheres’ e com contratações para a trama de Lauro César Muniz, que inaugurará a faixa das 21h no segundo semestre. Os contratados de ‘Isaura’ já estão reservados para a sucessora de ‘Essas Mulheres’, que poderá ser uma adaptação de ‘A Pequena Órfã’, por Tiago Santiago, também contratado por três anos.

A Record já discute a abertura de um terceiro horário de novelas em 2006. Se for às 17h30 ou 18h, a faixa poderá ser inaugurada por ‘A Pequena Órfã’. Mas há uma corrente que defende que o terceiro horário seja às 22h.

OUTRO CANAL

Envelope O capítulo de anteontem de ‘América’, já com sutis mudanças na trilha sonora, feitas pela autora, Glória Perez, deu 44 pontos de audiência na Grande São Paulo. Melhorou, mas ainda está um pouco abaixo da média (46) e da meta da Globo (50).

Calcanhar 1 A exibição de ‘Xica da Silva’ pelo SBT vem causando desconforto na Globo. Artistas hoje contratados pela emissora e que estão na novela da Manchete, de 1996, discutiram a possibilidade de entrar com ação contra o SBT. Giovanna Antonelli entrou.

Calcanhar 2 O SBT diz que Antonelli está perdendo tempo. Antes da estréia de ‘Xica’, o SBT publicou anúncio convocando artistas e técnicos a receberem seus direitos. De acordo com a rede, a atriz tem menos a receber do que gastará com advogado.

Abolição 1 Benedito Ruy Barbosa começou nesta semana a trabalhar na supervisão de um remake de ‘Sinhá Moça’, que a Globo exibiu originalmente em 1986. A produção agora está cotada para substituir ‘Alma Gêmea’, próxima novela das seis.

Abolição 2 O original de ‘Sinhá Moça’ era encabeçado por Lucélia Santos e Rubens de Falco, numa tentativa de reviver ‘Escrava Isaura’ (1976). A novela é abolicionista, assim como ‘Isaura’, cujo remake vem fazendo sucesso na Record.’



PÂNICO NA TV
Carlos Franco

‘Pânico na TV tira sandálias e ganha novos anunciantes’, copyright O Estado de S. Paulo, 17/04/05

‘Celebridades e políticos, tremei. A turma do programa Pânico na TV, com Vesgo, Sabrina Sato, Ceará e outros humoristas travestidos de repórteres e comentaristas, ganhará a partir de hoje mais meia hora. O programa começará às 18 horas (antes era às 18h30) e termina às 20 horas. O motivo: o aumento no número de anunciantes, de 7 no início do programa – há 1 ano e 4 meses – para 26, mais o merchandising, aquelas inserções publicitárias fora dos intervalos, dentro da própria programação.

O superintendente comercial da Rede TV!, Henrique Casciato, confirma dados de pesquisa do Controle da Concorrência, empresa que monitora a programação e inserções publicitárias em televisão, de que o faturamento do Pânico na TV passou de R$ 125 mil em 2003 para os atuais R$ 440 mil por programa este ano. Casciato só discorda do critério da empresa, que diz divulgar apenas dados brutos, sem levar em conta os descontos. ‘No nosso caso, o valor já reflete os descontos aos grandes anunciantes.’

No valor de captação do programa, diz Casciato, também não estão incluídos os recursos de merchandising, que engrossam a receita em mais 30%. E são justamente os grandes anunciantes, que aportam recursos no Pânico na TV, que deixam Casciato orgulhoso. ‘Houve um salto no número e na qualidade dos anunciantes. Eu mesmo nunca imaginei que a Bunge fosse nos procurar para patrocinar o programa com a maionese Primor, nem a AmBev com a Brahma.’ Só que eles chegaram, assim como as Casas Bahia, que agora dividem a grade de anúncios com as Lojas Marabraz.

Até mesmo a viagem da turma do Pânico, com Sílvio e o repórter Vesgo indo passear na França para cobrir as bodas do jogador de futebol Ronaldo com a modelo e apresentadora Daniella Cicarelli, teve patrocínio. Foi do curso de idiomas Yázigi. Só que, como a modelo Caroline Bittencourt, Sílvio e Vesgo também foram barrados na cerimônia no Castelo de Chantilly, na França, em fevereiro.

Para justificar esse patrocínio, na forma de merchandising, o diretor do programa Pânico na TV, Ricardo de Barros, teve a idéia de montar uma aula de espanhol do Yázigi para o técnico Vanderley Luxemburgo na frente do castelo. Luxemburgo é o técnico do Real Madrid, de Ronaldo.

O diretor de mídia da agência de publicidade DPZ e ex-presidente do Grupo de Mídia, Daniel Barbará, diz que os anunciantes perderam o pânico de anunciar no programa. ‘Alguns engrossam a grade de programação em função dos concorrentes, a exemplo das Casas Bahia e da Marabraz, outros aproveitam a programação para atingir diretamente o seu público.’ É o caso do Banco Real, que tem nos universitários um dos focos dos negócios, especialmente os cartões de crédito.

Casciato evita a expressão, mas a verdade é que as marcas de segunda linha, que aproveitavam o preço do programa no primeiro ano em comparação com a da atração global no mesmo horário, o Faustão, agora estão descobrindo o Pânico e a Rede TV!. Essa descoberta tem a ver com a força do programa junto ao público jovem e a audiência registrada, a mais alta da emissora. Dos 3 pontos que exibia quando estreou na TV, valendo-se do programa que a turma comandada por Emílio Surita mantinha na Rádio Jovem Pan, Pânico hoje tem 8 pontos no Ibope.

Essa descoberta é comemorada pelo diretor do programa, Ricardo de Barros, de 34 anos, que estranhou tudo quando chegou há 1 ano e 2 meses. ‘Eu venho da publicidade. Se precisava de uma grua, lá estava ela. Se havia necessidade de um sofá colorido, em minutos ele era providenciado. No programa, tudo era no improviso. Isso dava um charme, mas exigia que a maioria dos quadros fosse gravada em estúdio, e algumas brincadeiras, para funcionar, têm de acontecer fora do estúdio.’

Hoje, diz um diretor aliviado, já é possível ao programa gravar boa parte das atrações fora do estúdio. Mas a maior qualidade de Pânico na TV, diz Barros, ‘está na liberdade que a emissora dá ao programa, mesmo quando uma crise parecia iminente, como nas alfinetadas de Clodovil’. O costureiro deixou a Rede TV! não pela disputa com a atração mais reluzente da casa, mas por falar demais. Nem a gravação prévia para evitar os riscos de uma atração ao vivo pôs freio na verve do costureiro, que fez crescer a fama de um dos quadros mais divertidos do Pânico na TV, as ‘sandálias da humildade’, que Clodovil se recusou a calçar.

DAIANE

Hoje, a vítima na ampliação do horário do Pânico na TV será a ginasta Daiane dos Santos. A turma do Pânico na TV vai mostrar que a gaúcha de 1m45 e 41 quilos não tem impulso para todos aqueles saltos. É uma marionete que salta presa por fios transparentes. Se Daiane emburrar, será convidada a calçar as sandálias da humildade, para a alegria da turma.

É assim, com provocações, que o grupo vai conquistando pontos no Ibope e novos anunciantes. ‘As empresas não têm medo porque precisam colar suas marcas no novo’, diz Barbará. A turma do Pânico agradece.’



TV / EUA
Antonio Brasil

‘Daily Show, o telejornal do futuro’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 15/04/05

‘Há algumas semanas citei o Daily Show, um programa humorístico de muito sucesso aqui nos EUA. O Daily Show segue a linha de outros programas de TV que adoram esculhambar o telejornalismo como nosso Casseta & Planeta, Plantão de Noticias, do jornalista Maurício Menezes, Saturday Night Live e tantos outros. É verdade que, nos últimos anos, o jornalismo em geral tem conseguido ser um ‘prato cheio’ para os humoristas de todo o mundo. Mas o Daily Show é muito mais do que um mero programa de humor. Em um mundo pós-moderno onde tudo se ‘mistura’, podemos ver o futuro dos nossos telejornais de TV.

O Daily Show é apresentado pelo talentoso Jon Stewart. Segundo o nosso colega Caio Blinder, Stewart é muito mais do que um jornalista ou comediante, ‘é um superobservador dos absurdos da realidade, um implacável demolidor’.

Jornalistas: bobos da corte

Ele, no entanto, faz questão de dizer que é somente um ‘comediante’. Não quer ter mais problemas com os colegas jornalistas. Seria bom relembrar que nas origens mitológicas da nossa profissão, os primeiros jornalistas eram os ‘bobos da corte’ e não os mensageiros. Mera questão de sobrevivência. Por trás do humor e da falsa insanidade, os primeiros comediantes ou jornalistas podiam dizer… a verdade. Aquela verdade que ninguém quer ouvir.

Mas, apesar das críticas ferozes dos ‘conservadores’ americanos, o Daily Show tem grande audiência, está no ar há cinco anos e já recebeu cinco prêmios Emmys.

Hoje, Jon Stewart é um fenômeno nacional. Nas últimas semanas, foi citado como um dos candidatos à posição de ‘âncora múltiplo’ do novo telejornal da CBS. A rede americana promete ‘revolucionar’ os telejornais com mudanças radicais no formato. Nada como uma boa crise, ‘lanterninha’ na audiência ou escândalo jornalístico para sairmos da inércia e nos tornarmos mais ‘criativos’.

No Brasil, deveríamos imaginar como seria bom para o JN e para o público ter uma competição de verdade. Mas para competir, precisamos ousar e ‘criar’ algo novo.

Em TV tudo se copia

O Daily show se enquadra no conceito de ‘Fake Journalism’ ou jornalismo falso. Seus quadros misturam matérias muito engraçadas com ‘correspondentes’ quase de verdade e algumas entrevistas importantes. A linguagem do programa inclui um misto de ironia, paródia e sátira.

Jon Stewart também é bom escritor. Publicou recentemente um livro de muito sucesso, ‘America (The Book): A Citizen’s Guide to Democracy Inaction’, que está na lista dos mais vendidos do NYT. É uma revisão bem-humorada da História Americana com muitas ilustrações e ainda mais piadas sobre o jornalismo e a mídia.

O carro-chefe do programa é a política e Jon Stewart não ‘disfarça’ suas preferências. Já entrevistou celebridades como o ex-presidente Clinton e o candidato democrata a presidência John Kerry. Este último teve uma participação ‘medíocre’. Bem que Jon Stewart tentou ajudá-lo. Mas nem Deus conseguiria fazer de Kerry um candidato melhor ou, pelo menos, mais engraçado. Pior do que o Kerry, somente o Al Gore. E depois não sabem porque os democratas perdem todas as eleições aqui nos EUA.

Ser convidado para participar do Daily Show é garantia de sucesso, mas também é arriscado. Apesar de inúmeros convites, até hoje, o presidente Bush não aceitou participar do programa. Ele não é bobo. Com certeza, seria muito engraçado!

Mas o Daily Show tem um grande problema para se tornar o ‘melhor telejornal dos EUA’. Alem das dúvidas sobre o ‘jornalismo’ praticado, o programa não é ao vivo. É gravado semanalmente aqui em Nova Iorque perante uma platéia entusiástica. Outro dia, tentei assistir à gravação, mas os ingressos já estavam esgotados. Jon Stewart virou celebridade e o Daily Show é atração turística na cidade.

O programa ainda não passa no Brasil. E como em TV nada se cria, tudo se copia, quem quiser se ‘inspirar’ ou conferir os melhores momentos do Daily Show, é só clicar aqui: www.dailyshow.com . Vale a pena. Podemos estar assistindo ao futuro dos telejornais.’