Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carta Capital

TECNOLOGIA
Felipe Marra Mendonça

A Apple na prancheta

‘O iSlate ou iTablet ou iPad, pouco importa o nome, deve ser lançado pela Apple na quarta-feira 27. Os primeiros indícios da vinda de uma ‘prancheta digital’ com base no sistema operacional do iPhone foram veiculados por Bill Keller, editor-chefe do New York Times, em palestra interna para funcionários do diário nova-iorquino, em 22 de outubro de 2009 (como divulgado por esta coluna na edição 570 de CartaCapital). Na ocasião, o jornalista disse que esperava da equipe esforço para fazer chegar aos leitores o melhor jornalismo, em qualquer formato, ‘seja no Times Reader (versão digital com conteúdo pago), em aplicativos para o iPhone, no site para plataformas móveis, no iminente Apple Slate, ou o que vier depois disso’.

Ainda sobre o nome, o site MacRumors descobriu que a Apple recentemente patenteou o nome iPad. Os registros foram feitos em poucos meses e em diferentes mercados, como o Canadá, a União Europeia, Hong Kong e Austrália. O nome iSla-te também foi registrado nos diferentes mercados por companhias supostamente ‘laranjas’, que, segundo o blog eBook Test, são simplesmente fachada para a Apple. O blogueiro John Gruber, do Daring Fireball, garante que o nome deve ser iTablet porque seus amigos dentro da empresa chamam o produto simplesmente de tablet, assim como chamavam o iPhone ainda em desenvolvimento de phone.

O fato é que a Apple precisa mostrar o produto e dar ao consumidor algum motivo para comprá-lo. O blog All Things Digital acredita que o New York Times, citado acima, deve ser um parceiro no lançamento do produto, assim como a editora HarperCollins. Aposta também que o fato de ser essencialmente uma tela portátil deve fazer com que estúdios se interessem em vender vídeos para o aparelho e percebe na Disney outra parceira, dada a conexão da empresa com Steve Jobs e a Pixar. Fica claro que o que diferencia o aparelho de outros produtos da Apple com o sistema operacional iPhone é que ele é voltado para o lado visual da experiência humana, como a leitura, imagens e vídeos, e não a música, como o iPod.

Em termos de configuração, alguns analistas de mercado acreditam que o aparelho não é um substituto de um computador de mesa, ‘mas algo como um super-iPod Touch, no qual vídeos, jogos, o acesso à internet, os livros e os aplicativos ficariam melhores porque a tela seria muito maior do que a de um iPod atual’. Essa é a estimativa de Shaw Wu, analista da Kaufman Brothers, que diz também que o aparelho não deverá ter uma conexão celular para acessar a internet e usará redes sem fio, além de ter uma tela de cristal líquido de 10 polegadas. Isso pode levá-lo a um preço próximo dos mil dólares.

A prancheta digital da Apple vai revolucionar o mercado? Não, mas é dos lançamentos mais aguardados e menos secretos dos últimos tempos. O que ele promete, na realidade, é escancarar a transição da mídia impressa para o mundo digital, principalmente no segmento dos jornais. A decisão do Times de cobrar pelo acesso ao seu conteúdo a partir de 2011, anunciada na quarta-feira 20, não é somente uma coincidência. A Apple costuma entrar em mercados para ganhar, como fez com o iPod e com o iPhone. Vamos ver o que trará o dia 27.’

 

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