ASSESSORIA
Qualquer nota
‘Recebo muitas notícias do mundo da gastronomia e da enogastronomia em meu e-mail. Muitas partem de assessorias de imprensa. Poucas são eficientes e bastante profissionais. ‘Acha que vale uma notinha?’, perguntam alguns desavisados assessores que certamente jamais leram a minha coluna. Se o tivessem feito saberiam que não lanço mão de ‘notas’. E esclareço que nada tenho contra elas. Neste Refogado não cabe. Em breve, no site de CartaCapital, teremos um espaço mais adequado para este tipo de divulgação.
Mas esse é um ponto que deveria ser levado em consideração: como é a coluna do fulano? Ter acesso ao e-mail do autor e disparar os releases pode não funcionar. Além da ‘nota’, volte e meia me perguntam se não vale uma ‘reportagem’ a inauguração de um bar ou coisa que se assemelhe. E sempre se colocam à disposição para enviar mais fotos.
Na semana passada fui informado, por meio do e-mail enviado por uma assessoria, que Michel Rolland viria ao Brasil. Este senhor ficou famoso não só pelo seu trabalho ao redor do planeta como enólogo ou enomágico. Acredito que a maneira crítica como foi apresentado no igualmente famoso documentário Mondovino o lançou ao píncaro da glória. Ou o teria alçado à categoria de pícaro da glória?
Difícil julgar o trabalho desse senhor. De minha parte eu diria que ele fez, e faz, um magistral trabalho em prol dos vinhos do dia a dia. A crítica mais comum que é feita a ele: pasteurizou o vinho. Pode ser, mas para muitos vinhos que vagavam por aí tentando encontrar incautos fregueses e só conseguiam provocar a ira dos mesmos, foi um bom negócio. Se ele arruinou ou mediocrizou alguns talentos, não saberia dizer.
Eu dizia que recebi uma mensagem informando que Michel estaria entre nós. Viria apresentar ‘a um seleto grupo de convidados’ os lançamentos de uma vinícola brasileira. Considerando que não fui convidado, não creio que o critério utilizado na tal seletividade tenha sido apropriado. Que espécie de grupo seleto não me incluiria?
Hahaha. É óbvio que estou brincando, mas teria motivo para não estar. Como disse, é bom saber para quem se está mandando a mensagem. Tivesse CartaCapital essa levada Caras e que tais, seria uma ótima nota, principalmente a parte do ‘seleto grupo’. Especulações variadas poderiam ser feitas a respeito dos nomes. Não caminhamos nessa praia.
Mudo de assunto radicalmente e vou para o prato mais procurado do inverno: fondue. Estive em um, não faz muito. No evento muitos eram jovens.. Os mais velhos, meu caso, começaram então a se lembrar da encrenca que era preparar um fondue. Primeiro obstáculo: a qualidade dos queijos. Sofríamos com a mediocridade de nossos produtos. E mesmo quando os importados apareceram, sofremos, sabe-se lá, talvez, com a falta de jeito para a coisa. ‘Não fomos talhados para isso’ seria uma boa resposta?
Para que o todo se transformasse em um chiclete mais difícil de reciclar que pneu velho, era um passo. Outro passo comum era dado em direção a uma sopa de queijo farinhenta. E mais difícil ainda era dar cabo da garrafa de Kirch, da qual usávamos uma colher.
Hoje basta rasgar o pacote e despejar o conteúdo em uma panela. Admito não ser um expert no assunto, mas tenho provado ao longo dos últimos anos alguns até interessantes. Recentemente, um deles incluiu na mistura de queijos o appenzeller, que é um queijo suíço de que gosto muito. O resultado é bom. O que perdemos foi a bagunça. Talvez um pouco ou até muito da diversão. Na semana que vem, comento sobre as travessuras que Júnior tem feito com esse assunto, o fondue.’
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