Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Católicos pedem “boicote”
ao filme Código Da Vinci


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 13 de abril de 2006


CATÓLICOS vs. DA VINCI
Biaggio Talento


Não levem ‘Da Vinci’ a sério, pede CNBB


‘O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, aconselhou ontem os cristãos a encararem como obra de ficção – e não como denúncia para ser levada a sério – o filme O Código Da Vinci, baseado no livro homônimo do escritor Dan Brown. Segundo o cardeal, o filme apresenta ‘uma imagem distorcida de Jesus Cristo, que está em contraste com as pesquisas e afirmações de estudiosos de diversas áreas das ciências humanas, da teologia e dos estudos bíblicos’. O livro foi traduzido para 44 idiomas e vendeu mais de 40 milhões de exemplares. Mas o filme sequer chegou aos cinemas. Será apresentado no Festival de Cannes no dia 17 de maio, com lançamento mundial previsto para 19 de maio.


‘Vamos acreditar nos Evangelhos ou nesses escritos e interpretações dos últimos tempos?’, indagou, admitindo que uma obra cinematográfica tem um impacto maior que uma literária. ‘Certamente aquilo que está no vídeo entra mais profundamente, causa uma impressão bem maior; o livro, não são todos que têm contato’, disse.


Segundo d.Geraldo, muitas vezes são produzidas obras apenas com o intuito de ganhar dinheiro ‘contendo afirmações levianas e até com um engodo muito bem feito, levando a dúvida e a perplexidade às pessoas’. ‘Não temos o desejo de proibir a ninguém de ver o filme, mas alertamos as pessoas a se informarem bem para não sair de lá dizendo: puxa agora virou tudo’, disse. Entre as provocações da obra de Brown está a versão de que Jesus casou-se com Maria Madalena e que a Igreja procurou esconder a verdade sobre sua vida.


O cardeal-arcebispo de Salvador e primaz do Brasil assinou uma nota da CNBB orientando os católicos. ‘Não devemos esquecer que a obra em questão é de ficção e não retrata a história de Jesus, nem da Igreja’, diz. ‘O que é fantasia deve ser entendido como fantasia. As únicas fontes dignas de fé sobre a vida de Jesus e o início da Igreja estão no Novo Testamento.’


JOIO E TRIGO


Segundo ele, nas datas consideradas sagradas pela Igreja, como Natal e Páscoa, ‘sempre aparece alguma coisa para desmerecer a instituição’. Ele citou a divulgação, na semana passada, de que é autêntico o Evangelho de Judas, texto gnóstico no qual o apóstolo traidor aparece como o mais próximo de Jesus.


Em 1986, a exibição do filme francês Je Vous Salue Marie, de Jean Luc Goddard, foi proibida no País por pressão da Igreja Católica. Na versão de Godard, Maria é uma estudante que joga basquete, José é motorista de táxi e o anjo Gabriel é violento.


A Igreja também reagiu em 1988 contra A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, que retrata como teria sido a vida de Jesus com esposa, filhos e um cotidiano normal. No início de 2000, entidades religiosas pediram a proibição do filme Dogma, dirigido por Kevin Smith, que mostrava personagens bíblicos em meio a cenas de violência.


Mas não é sempre que a CNBB critica filmes de cinema baseados em passagens da Bíblia. A entidade recomendou há dois anos o filme A Paixão de Cristo, dirigida pelo ator Mel Gibson, que retrata as últimas horas de vida de Jesus.’


TV DIGITAL
Renato Cruz


Padrão japonês de TV digital aguarda só assinatura de Lula


‘O padrão japonês de TV digital, ISDB, está muito próximo de ser adotado no Brasil. Falta só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar. A comitiva de ministros e técnicos em Tóquio finaliza um memorando de entendimento, a ser assinado em breve, em que o governo japonês se compromete com uma proposta considerada suficiente pelo Brasil.


‘Valeu a pena vir, foi excelente’, afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que sempre defendeu a tecnologia japonesa. ‘Se o presidente se sentir seguro, já pode decidir.’ As emissoras brasileiras de TV também querem o ISDB, apontado como o tecnicamente melhor pelos estudos.


Os ministros tomam um grande cuidado, porém, para não darem a entender que capitularam às pressões dos radiodifusores. Nem que jogaram fora os estudos dos pesquisadores brasileiros, financiados com recursos públicos. ‘Negociamos que o sistema seja aberto, para incorporar as inovações já desenvolvidas no Brasil e também futuras inovações’, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O relatório deve falar em Sistema Brasileiro de TV Digital, com tecnologia de modulação japonesa, no lugar de dizer padrão japonês. O ministro japonês de Assuntos Internos e Comunicações, Heizo Takenaka, falou em padrão ‘nipo-brasileiro’, em reunião com a comitiva brasileira.


FÁBRICA


Em clima de vitória, o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, posou para fotos segurando as mãos dos três ministros brasileiros: Costa, Amorim e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento). ‘O grupo de trabalho da TV digital prepara um pacote atraente para garantir a fábrica de semicondutores’, disse Furlan. ‘Estamos dispostos a fazer um pacote de estímulo fiscal, desde que haja transferência de tecnologia.’


As principais condições negociadas pelo governo brasileiro com o Japão são a incorporação das pesquisas brasileiras, o incentivo à instalação de uma fábrica de semicondutores no País e participação do Brasil na evolução do padrão. ‘O sistema japonês é adequado à realidade brasileira e outros também podem ser adequados’, explicou Amorim. ‘Por isso as contrapartidas são exigidas.’


O que ficou acertado, quanto à unidade fabril de microeletrônica, é que o governo japonês irá apoiá-la, o que pode incluir crédito oficial do Japan Bank for International Cooperation (JBIC). A fábrica não deve ser o grande projeto de US$ 2 bilhões a US$ 5 bilhões com que sonhou por alguns anos o governo brasileiro, mas uma unidade de chips dedicados, para eletrônicos de consumo, com investimento de US$ 400 milhões a US$ 700 milhões. Hoje, a comitiva visita empresas como NEC, Sony e Toshiba. ‘A Toshiba está extremamente interessada em instalar uma fábrica de semicondutores’, disse Costa.


Os ministros fizeram questão de destacar que a assinatura de um memorando não significa que a decisão já está tomada, mas o restante do discurso acabou indicando o contrário. ‘A escolha só será feita no Brasil’, garantiu Amorim. O Brasil é essencial à tecnologia de TV digital japonesa, até agora limitada ao mercado local. Foram vendidos cerca de 10 milhões de televisores no Japão em 2005, uma quantidade equivalente ao comercializado no Brasil. A decisão do governo brasileiro pelo padrão japonês pode mais que dobrar o mercado atual, pois outros países sul-americanos podem segui-la.’


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TV aberta já chegou ao celular


‘Desde o começo do mês, o japonês pode assistir a TV aberta no celular. Chamado One Seg, o serviço usa um dos 13 segmentos em que o canal de TV é dividido no padrão japonês de televisão digital. A tecnologia foi apresentada à comitiva brasileira em Tóquio pela NTT DoCoMo, a maior operadora celular do Japão.


Apesar de o cliente não pagar nada para ter o sinal de TV aberta, a DoCoMo espera aumentar seu faturamento ‘de dezenas de bilhões a centenas de bilhões de ienes’, segundo o vice-presidente da empresa, Kunio Ishikawa. Ou seja, de centenas de milhões a alguns bilhões de dólares. Isso porque as pessoas se sentem compelidas a trocar o aparelho e a usar mais os serviços de dados. A pergunta sobre o aumento de faturamento foi feita pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. O Japão fechou março com 91 milhões de telefones celulares, um número próximo dos 88 milhões existentes no Brasil no mês anterior. A DoCoMo tinha 51,1 milhões de assinantes. O telefone One Seg tem tela de 2,5 polegadas e autonomia de bateria para três horas de programação de televisão.


A DoCoMo criou uma série de conteúdos que estão relacionados aos programas de TV, para que o novo serviço gere tráfego e, em conseqüência, receita. Até 2008, o sinal de TV aberta para o celular terá o mesmo conteúdo que o transmitido para os televisores no Japão.’


EUA / PROPAGANDA FALSA
O Estado de S. Paulo


Bush fez anúncio falso, diz ‘Post’


‘WASHINGTON POST, AP E REUTERS – O jornal The Washington Post sustentou num artigo ontem que o serviço de inteligência dos EUA sabia em 27 de maio de 2003 que dois trailers encontrados no Iraque não eram laboratórios de armas biológicas. Mesmo assim o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou o achado num pronunciamento no dia 29 desse mesmo mês.


‘Nós achamos as armas de destruição em massa’, disse então Bush, que citava as armas químicas, biológicas e nucleares do governo de Saddam Hussein como principal justificativa para a invasão do Iraque. Até hoje nenhuma dessas armas foi encontrada no país.


O Post observou que funcionários do alto escalão do governo repetiram essa informação por meses, apesar de saberem que era mentira.


A notícia irritou o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, que ao ser indagado sobre o fato pela TV ABC repreendeu a emissora por divulgar informações ‘sem fundamento’. ‘Isto é reportagem sem fundamento. Como vocês divulgam isto logo de manhã e fazem tal acusação irresponsável. Espero que a ABC peça desculpas por isso e faça uma correção’, disse o porta-voz de Bush. McClellan afirmou que Bush fez o pronunciamento, na época, com base em dados fornecidos pela Agência Central de Inteligência (CIA) e a Agência de Inteligência da Defesa (a DIA, um setor do Pentágono).


O Post destacou que uma equipe de investigação formada pelo Departamento de Defesa (Pentágono) já havia concluído em 27 de maio que os trailers nada tinham a ver com armas biológicas.


O jornalista Joby Warrick diz ter obtido a informação de seis peritos em armas e funcionários do governo americano que integraram a equipe de investigação ou tiveram conhecimento direto dela. De acordo com Warrick, o informe inicial tinha 3 páginas e negava categoricamente que os trailers fossem laboratórios. O documento final ficou com 122 páginas. Ambos foram classificados como secretos e arquivados.


A agência Reuters informou ter contatado um funcionário do setor de inteligência dos EUA que, sob condição de manter o anonimato, confirmou o relato do Post.’


TELEVISÃO
Jotabê Medeiros


Quando Jack Osbourne subiu a montanha


‘Sinceramente, atire a primeira pedra quem nunca teve vontade de aplicar um corretivo nos filhos do Ozzy. Nos dois, Kelly e Jack, milionários meninos mimados, arrogantes, ignorantes, autoritários e mal-educados comedores de hambúrgueres e viciados em porcarias.


Bom, não há registro de que Kelly tenha mudado muito, mas hoje em dia Jack Osbourne virou um outro menino. Aos 20 anos, ele pesava 100 kg e consumia drogas com tanta voracidade quanto consumia açúcares, comprimidos, fast food e jogos eletrônicos. Era o verdadeiro Fatboy. Hoje, aos 21, Jack não chega a ser um galã, mas parece ter perdido algumas toneladas de tecido adiposo e está limpo, sério, até mesmo parecendo conseqüente. O ‘novo’ Jack é fruto de uma empreitada insólita: o gordinho nerd da família Osbourne topou o desafio de escalar uma montanha inóspita, a El Capitain, no Yosemite Park, nos Estados Unidos. Para tanto, teve de se preparar fisicamente em diversos esportes, para tornar-se apto.


Tudo isso seria só um caso de uma limpeza bem-sucedida, problema familiar deles, os Osbournes, sem nada de interesse para ocupar tempo e papel da imprensa. Tá cheio por aí de celebridades achando que sua saga de superação pessoal merece aplausos de multidões. Mas Jack teve a sacada de registrar sua escalada rumo a um lugar mais seguro, e o filme que resultou disso tornou-se uma série em seis episódios, Adrenaline Rush, que o canal Multishow exibe hoje, às 21h15.


Ninguém poderia imaginar Jack praticando os chamados extreme sports, certo? Mais certo seria vê-lo praticando sumô. ‘Não estou tentando ser um modelo para ninguém. Foi um desafio que propus a mim mesmo. Mostrei que era possível, estou melhor, ganhei um nova forma física. Mas seria bom que as pessoas que vissem o programa decidissem por si mesmas se é bom enfrentar tudo isso e mudar. O que posso dizer é que é um avanço na vida da gente’, disse o garoto, em entrevista ao Estado por telefone, no mês passado.


Jack, o ex-Fatboy, jura que os bons hábitos vieram para ficar. Parou de fumar e de beber, e acorda todo dia às 7 horas da manhã para correr 45 minutos. Come saladas, frutas e alimentos naturais. Drogas, nunca mais. ‘Droga é uma coisa divertida no começo. Depois, torna-se tudo em que você pensa, é tudo que quer fazer. Finalmente, a diversão acaba, aquilo torna-se doloroso. Não recomendo a ninguém’, diz. ‘Espero que alguém, vendo o programa, fique inspirado a sair de sua rotina, forçar seus limites.’


Adrenaline Rush mostra o garoto suando a camisa em diversas situações, a maioria delas orientado por uma espécie de Mestre Kung-Fu chamado Mike Weeks. ‘Conheci também a família Gracie, do Brasil, e tive aulas de jiu-jítsu. Agora tenho muitos amigos do Brasil’, conta ele. Muita baboseira filosófica de quinta categoria, mas também muito bom humor permeia a saga de Jack para se tornar mais ágil e menos paquidérmico. A subida da montanha é a metáfora mais óbvia da condição de Jack Osbourne. Não havia nenhum arbusto em chamas dizendo-lhe o caminho a seguir, mas os treinamentos foram exaustivos e o resultado o agradou.


Todo o processo de transformação durou 6 meses. Ele conta que viu o novo Jack pela primeira vez quando estava na Tailândia treinando, num camping rústico, sem espelhos. Quatro semanas depois, ele se viu pela primeira vez num espelho de hotel. ‘Eu me olhei e somente pude dizer – uau!’. Até a música que ele ouve ficou mais relax depois disso. ‘Agora eu ouço muito Jeff Buckley, Jack Johnson, musica mais melodiosa. Mas também gosto muito de Queens of Stone Age.’


Vendo as fotos do Jack Antes e do Jack Depois, isso tudo pode parecer apenas um daqueles comerciais de 0800FiqueMagroInstantaneamente. Mas o programa é bem divertido. E despretensioso. ‘Desde que me conheço por gente, eu vejo TV. Adoro TV. Mas trabalhar em TV não é algo que eu queira fazer o resto da minha vida. Até que eu decida o que fazer, no entanto, faço TV.’(canais/operadoras: Net, 42)


Adrenaline Rush. 5.ª, 21h15 (reapresentação: 6.ª, 9 h e


18 h; dom., 17h). Multishow’


Cristina Padiglione


Rede 21 muda dia 1.º


‘Há mais de um mês em ensaio, foi consumada ontem no papel a parceria entre a Rede 21 e a produtora Game Corp. A empresa, que ganhou as páginas da mídia por ter entre seus sócios um dos filhos do presidente Lula – Fábio Lula da Silva – tem, aos olhos do grupo Bandeirantes, méritos mais significativos: a boa audiência do Game TV, exibido pela TV Bandeirantes, e bons resultados na TV Mix. Aliás, o staff do 21 espera da Game Corp uma dedicação exclusiva e, portanto, o desligamento da produtora com a TV Mix, de João Carlos Di Gênio.


Segundo Marcelo Meira, vice-presidente da Band, o acordo é ‘uma espécie de joint venture’. O segmento que ele chama de ‘entretenimento’, aos cuidados da produtora, irá das 17 à 0 h, mas o Jornal 21 e o Saca-Rolha, talk show com Marcelo Tas, Lobão e Mariana Weickert, permanecem no ar. A idéia, diz Meira, é estender o segmento de entretenimento aos poucos, até ocupar o dia todo. A meta é a audiência jovem. O novo pacote tem estréia prevista para 1º de maio e inclui animação, musicais e, óbvio, games. ‘E a perspectiva do que o futuro do mundo digital nos acena’, fala Meira.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 13 de abril de 2006


ALCKMIN SOB SUSPEITA
Folha de S. Paulo


Assessor de Alckmin diz que Lu doou 49 peças


‘A assessoria do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência da República, afirmou ontem que a ex-primeira-dama Maria Lúcia Alckmin recebeu e doou, a partir de 2004 e de forma anônima, 49 -e não 400- peças de roupas confeccionadas pelo estilista Rogério Figueiredo. As doações foram para favelas de São Paulo, para dois bazares beneficentes e para a entidade Fraternidade Irmã Clara.


A lista dos beneficiados com as roupas foi enviada ontem pela assessoria. São eles: no início de 2004, a favela da Barragem (seis roupas) e a favela do Bororé (cinco); a Fraternidade Irmã Clara (35 roupas, em três lotes diferentes, setembro de 2004, abril de 2005 e 23 de março de 2006), além de bazares beneficentes nas cidades de Santa Fé do Sul e Conchal (três roupas em maio de 2005).


A assessoria do ex-governador afirmou ainda que Lu Alckmin fez uma doação à Favela Ayrton Senna, no Jardim Ângela, também no início de 2004, na qual foram incluídas roupas de sua filha Sophia, mas que não sabe dizer quantas peças foram destinadas à comunidade local naquela data.


‘Na maior parte das vezes, essas roupas eram entregues sem alarde ou publicidade e sem a preocupação de fazer registros, uma vez que se tratava de gesto pessoal de solidariedade’, disse à Folha o assessor Luiz Salgado Ribeiro.


A nova versão diverge daquela que havia sido encaminhada à Folha pela assessora de Lu Alckmin, Cristina Macedo, no último dia 30. Segundo ela havia dito, a ex-primeira-dama ganhou 40 roupas do estilista e doou quase tudo, com exceção de uma peça, para a Fraternidade Irmã Clara.


Rogério Figueiredo, por sua vez, afirma que não foram 40 nem 50 peças confeccionadas para a ex-primeira-dama, mas em torno de 400, entre camisas, vestidos e tailleurs. A Fraternidade Irmã Clara reafirmou ontem à reportagem não ter registro de doações realizadas por Lu Alckmin em 2004 ou em 2005. A entidade tem ciência de uma única doação, feita no dia 23 de março, dois dias após a Folha publicar reportagem sobre os presentes do estilista.


Luiz Salgado atribuiu a diferença no número de peças (de 40 para 50) e na relação dos beneficiados a um equívoco da ex-primeira-dama quando rememorou as doações que fez. ‘Dona Lu sempre doou suas roupas de forma espontânea, anônima, sem guardar recibos. Os cálculos agora são feitos a partir da lembrança dela. Por isso ela tinha falado 40, era uma estimativa’, afirmou.


A resposta por escrito que Cristina encaminhou à Folha no dia 30 dizia o seguinte: ‘Ela [Lu] reafirma que foram 40 peças e todas foram doadas. A quase totalidade para a mesma entidade [Fraternidade Irmã Clara], em três lotes. Com exceção de uma peça, doada, em 2005, para a primeira-dama e presidente do Fundo Social de Santa Fé do Sul, que, por sua vez, a destinou à Comissão de Leilões da Santa Casa de Misericórdia da cidade.’


No dia 18, Figueiredo deve depor na Promotoria da Cidadania de São Paulo, que investiga se Lu cometeu ato de improbidade.’


INTERNET
Luís Nassif


Submarino submerge


‘O adiamento do lançamento de ações da Submarino (o site de compras mais bem-sucedido da internet brasileira) não ocorreu simplesmente por conta do vazamento de informações, mas pela natureza das informações vazadas. Em belo serviço prestado ao mercado, o repórter Ricardo César, do ‘Valor’, constatou que o P/L (relação preço/lucro) do lançamento estava em 138. Ou seja, mantidos o faturamento e o lucro atuais, o investidor levaria 138 anos para recuperar seu investimento. É evidente que o preço da ação estava turbinado, podendo levar milhares de investidores ao prejuízo. O mercado estimava um máximo de 30 a 50 vezes.


Em dezembro de 2003, o P/L da Amazon estava em 657,8. Em dezembro de 2005, em 47,6. Na terça passada, em 31,9. No ano passado, pela primeira vez o Submarino registrou lucro, de R$ 18 milhões. O mercado estima para este ano um crescimento de 40% nos ganhos.


Como se sabe, uma empresa nova apresenta uma curva de crescimento que, a cada ano que passa, decresce, até se estabilizar em patamares normais de crescimento.


Vamos a algumas hipóteses superotimistas de desempenho, com o crescimento dos lucros registrando 40% em 2006 e caindo 5% ao ano até se estabilizar em 5%. Nessa hipótese superotimista, supondo que o P/L permaneça nesses inacreditáveis 136 anos, ocorreria o seguinte:


Quem aplicasse nos papéis por cinco anos teria uma taxa interna de retorno de 26% ao ano; por dez anos, em 19% ao ano; por 15 anos, de 14% ao ano.


Agora suponha o seguinte quadro, bastante mais factível:


1) No segundo ano, o P/L da Submarino cai para 30 (ainda expressivo).


2) A partir do oitavo ano, a empresa já estabilizada, o P/L cai para 8.


3) O crescimento dos lucros mantém o padrão superotimista já adotado.


Quem aplicasse por cinco anos amargaria um prejuízo de 5,82% ao ano; por dez anos, um prejuízo de 5,35% ao ano; e, por 15 anos, um prejuízo de 0,53% ao ano. Não se está levando em conta o custo de oportunidade: ou seja, quanto ele deixaria de ganhar se aplicasse em renda fixa.


Vamos, agora, a uma hipótese mais realista. Mantém-se a estimativa de queda do P/L da Submarino e acelera-se a queda do crescimento em 8% ao ano, até se estabilizar em 5% ao ano. Nesse caso, quem aplicar por cinco anos levará na cabeça um prejuízo de 8,45% ao ano; por dez anos, um prejuízo de 8,98% ao ano, e, por 15 anos, um prejuízo de 3,32%.


Lançamentos sérios já confirmaram o potencial do mercado de capitais como financiador do desenvolvimento. O investidor está suficientemente maduro até para conviver com oscilações de cotações após o IPO (lançamento de ações) da companhia.


Mas é evidente que, caso o IPO da Submarino, do incontrolável GP Investimentos, tivesse se concretizado, causaria um enorme desserviço à causa do mercado de capitais e à modernização dos investimentos no país.


Caso Suzane


A coluna de terça-feira rendeu mais de 160 e-mails de leitores, surpreendentemente (para mim) a maioria a favor, uma parte relevante contra. Estou compilando todos eles em um arquivo PDF para colocar à disposição de cientistas sociais, psicólogos sociais ou estudiosos do jornalismo, que pretendam se aprofundar em um estudo de caso bastante interessante.’


TV DIGITAL
Folha de S. Paulo


Amorim diz que padrão japonês é superior


‘O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou ontem durante visita ao Japão que o padrão japonês para a TV digital é ‘ligeiramente’ mais atrativo que os outros, mas que a decisão final dependerá dos investimentos e transferências de tecnologia que o país obtiver em contrapartida pela escolha do padrão.


Amorim está no Japão com os ministros Luiz Fernando Furlan, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e Hélio Costa, das Comunicações, para conhecer o modelo de televisão digital do país asiático.


‘Ainda não escolhemos [o padrão]’, disse Amorim em entrevista coletiva, na qual negou que os padrões europeu e norte-americano estejam descartados.


Noivas


‘Basicamente, temos que escolher entre três noivas. As três são muito bonitas, mas uma é mais bonita que as outras’, afirmou o chanceler, referindo-se ao padrão japonês. ‘Mas as outras duas noivas também são bonitas, então escolheremos aquela que tiver mais dólares.’


Amorim disse ainda que há três condições para a adoção de um determinado padrão. ‘A primeira é que seja um sistema aberto, para que possa incorporar inovações feitas no Brasil ou que serão feitas no Brasil. A segunda é que possamos participar das decisões a respeito do sistema. E a terceira é que se realizem transferências tecnológicas e de produção industrial.’


Lula


Os ministros não disseram quando será tomada a decisão a respeito do padrão da TV digital, dizendo que isso depende do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


A Folha divulgou, no mês passado, que o governo brasileiro já se definiu pelo sistema japonês e que só faltaria anunciar. O padrão é o preferido das redes de TV.


Os três ministros se encontraram ontem com o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, que reafirmou, após o encontro, sua disposição a ‘cooperar com o Brasil no tema da teledifusão digital’.


A delegação brasileira também se encontrou com os ministros japoneses das Relações Exteriores, Taro Aso, da Economia, Comércio e Indústria, Toshihiro Nikai, e de Assuntos Internos e Comunicações, Heizo Takenaka.


Furlan, Amorim e Costa também vão se encontrar com representantes da associação nacional de redes de televisão, da televisão estatal NHK e de indústrias de eletrônicos, como Sony e Toshiba, durante sua estada no Japão.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Lulinha troca nome da Rede 21 para PlayTV


‘No ar há quase dez anos, a Rede 21, emissora em UHF do Grupo Bandeirantes, passará a se chamar PlayTV a partir de maio, quando a Gamecorp assume o controle de parte de sua programação diária _das 17h às 22h.


Especializada em programas sobre games e conteúdo para celular, a Gamecorp tem entre seus sócios Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Lula.


No final de 2004, a produtora recebeu um aporte de R$ 5 milhões da Telemar, que passou a ter 35% de suas cotas. No ano passado, a Telemar injetou nela mais R$ 5 milhões como publicidade _o que fez a oposição levantar a suspeita de favorecimento por parte de uma concessionária pública à empresa do filho do presidente.


O contrato entre a Gamecorp e o Grupo Bandeirantes foi assinado ontem e terá vigência de dez anos. A mudança de nome foi exigência da Gamecorp, que terá total controle sobre a programação que exibirá na PlayTV.


Segundo a Bandeirantes, ambas as partes dividirão custos e receitas. O termo arrendamento é recusado. A empresa de Lulinha prefere ‘terceirização de produção’. A Band, ‘parceria’.


Com a mudança para o novo canal, a Gamecorp deixará a MixTV (canal 16 em SP), onde exibe programação jovem que bate a MTV no Ibope. Na PlayTV, a Gamecorp exibirá, além de programas sobre games e videoclipes, atração para o público infantil.


OUTRO CANAL


Round 1 O jornalista Boris Casoy teve sua primeira vitória na disputa judicial que trava com a Record por causa da rescisão de seu contrato, em 30 de dezembro. Na última sexta, o juiz André Cividanes Furlan, da 13ª Vara Cível de São Paulo, concedeu a Casoy liminar que obriga a Record a depositar os salários dos 11 meses que tinha a cumprir de contrato (que só venceria em novembro).


Round 2 O juiz determinou o pagamento, no prazo de dez dias, porque a Record admitiu em documento que deve isso a Casoy. Mas o jornalista pede na mesma ação, que prossegue na Justiça, o pagamento de 48 meses, a duração total do contrato, como previa uma de suas cláusulas. A Record afirma que irá recorrer da liminar.


Gaveta A Globo comprou da Universal Studios os direitos de exibição da festejada série ‘House’, cuja segunda temporada estréia hoje no Universal Channel. Mas a emissora ainda não sabe quando exibirá ‘House’, que trata de investigações de doenças.


Sofá Hebe Camargo grava na próxima segunda-feira seu milésimo programa no SBT. A edição inverterá papéis. Desta vez, Hebe é quem sentará no sofá e responderá a perguntas de Marília Gabriela, Adriane Galisteu, Amália Rocha e Ana Paula Padrão, entre outras.


15 minutos Os ex-’big brothers’ Iran, Inês e Rafael são os mais novos integrantes do elenco da agência de modelos Elite.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Populismo, o retorno


‘Depois de vários textos sobre o assunto no ‘Financial Times’, a nova edição da ‘Economist’ comprou a tese ontem, na longa análise ‘O retorno do populismo’.


A idéia, no subtítulo, é que ‘o tão falado movimento para a esquerda mascara algo mais complexo: o renascimento de uma influente tradição política da América Latina’.


Para a revista, a visão corrente erra ao misturar os ‘moderados Lula, Michelle Bachelet, Óscar Arias e Tabaré Vázquez’ com uma ‘segunda categoria’.


Hugo Chávez, Néstor Kirchner, Evo Morales, Andrés Manuel López Obrador e os peruanos Ollanta Humala e Alan García ‘todos correspondem à tradição do populismo’.


Após fazer longa genealogia do fenômeno, de Rússia e EUA no século 19 a Getúlio Vargas e Juan Perón, a ‘Economist’ fez o perfil de um populista.


Ele tem carisma, usa mídia de massa, busca relação direta com as massas, apela à religião, é nacionalista, estimula papel maior para o Estado, faz cruzadas anticorrupção, mas engendra mais corrupção. Para fechar, ‘não há nada inerentemente de esquerda no populismo’.


Para quem anda temeroso de tal cenário no país, sobretudo no segundo turno, como no Peru, é um texto revelador.


Não guarda relação direta, mas o ‘Guardian’ deu que o britânico Tony Blair vem tendo ‘conversas intensas’ com o americano George W. Bush e a alemã Angela Merkel, buscando ‘preparar’ o terreno ao colapso da liberalização global.


Blair acredita, diz o jornal, que ‘as negociações não vão cumprir as promessas feitas aos países em desenvolvimento quando a rodada Doha foi lançada em 2001’.


O Brasil de Lula é protagonista nas negociações.


O SENADOR


José Del Roio, de Bragança Paulista


O site Carta Maior entrevistou ontem o recém-eleito senador italiano pela Lombardia, ou ainda, por Bragança Paulista (SP), sua cidade natal, José Luís Del Roio. Com biografia que ‘daria um rocambolesco roteiro de cinema’, no dizer de Gilberto Maringoni, que o entrevistou, Roio foi um dos fundadores da ALN, com Carlos Marighela, casou-se depois com uma professora milanesa e é um dos organizadores do Fórum Social Mundial.


Ele afirma que ‘é preciso ficar claro que só houve a possibilidade de derrotar Silvio Berlusconi por existirem os fóruns sociais e os gigantescos protestos contra a globalização neoliberal’.


O ARQUITETO


Mendes da Rocha, pelo mundo todo


Desde a segunda, hora após hora, estão sendo postados pelo mundo textos em louvor ao arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que venceu o prêmio Pritzker, ‘o mais prestigioso e bem pago no mundo’.


Ele era descrito ontem como ‘mestre brasileiro do concreto e do aço’, no título do francês ‘Le Monde’, e ‘humanizador da moderna megalópole’, no britânico ‘Financial Times’. No francês ‘Le Figaro’, ‘um modernista coroado’. No espanhol ‘El País’, o arquiteto das ‘formas horizontais e compactas’. E por aí vai, do americano ‘Christian Science Monitor’ ao mexicano ‘La Crónica de Hoy’. O ‘New York Times’, em longa reportagem, ouviu Mendes da Rocha, que se declarou ‘surpreso’ e ‘honrado’.


Dedo


O blogueiro e diretor teatral Gerald Thomas foi destaque na home page do iG e de outros, mostrando o dedo médio para as câmeras, supostamente para Lula, em ato de artistas em favor da Varig.


Minutos depois e Fátima Bernardes surgia na Globo para noticiar o arresto dos bens da empresa e a intervenção no fundo de pensão Aerus.


Feijão


A mesma Fátima Bernardes relatou, em seguida, como ‘as sementes de feijão que o astronauta brasileiro levou ao espaço foram entregues aos estudantes de São José dos Campos’ e ‘plantadas’.


Do blog Aboboral, de Carlos Castelo Branco:


– A pergunta de US$ 10 mi: Por que não usaram a verba do astronauta na Varig?’


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O Globo


Quinta-feira, 13 de abril de 2006


CASO NOSSA CAIXA
Tatiana Farah


Ex-gerente da Nossa Caixa confirma desvios


‘SÃO PAULO. O ex-gerente de Marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior responsabilizou ontem, em depoimento ao Ministério Público Estadual, o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, e o ex-presidente do banco Valderi Albuquerque pelo gasto irregular de R$ 48 milhões em publicidade sem contrato. De 2003 a 2005, por 22 meses, o banco operou as verbas publicitárias sem licitação nem contrato.


Em depoimento ontem, Castro Júnior acusou também Roger Ferreira, o ex-assessor de comunicação do ex-governador Geraldo Alckmin, de participar de um suposto esquema de uso político de verbas de propaganda do banco.


– Jaime disse que era um fato normal a Secretaria de Comunicação (da Casa Civil) indicar ações de marketing e indicar alguns veículos de comunicação para a divulgação dessas ações – informou o promotor Sérgio Turra, responsável pela investigação.


Segundo Turra, Jaime confirmou que sabia que os veículos de comunicação indicados pela Casa Civil eram ligados a parlamentares governistas na Assembléia. Pelo menos quatro deputados aliados de Alckmin teriam sido contemplados pelas verbas de publicidade do banco.


– Ele falou genericamente que algumas verbas de publicidade tinham direcionamento a veículos de comunicação de parlamentares – disse Turra, afirmando que o ex-gerente não detalhou as supostas operações de uso político das verbas.


Deputado tucano fala em ‘compromisso superior’


No depoimento de mais de quatro horas, Jaime afirmou ter se contraposto por questões técnicas a algumas dessas veiculações, mas que seu parecer teria sido desconsiderado pela presidência do banco. Jaime estava acompanhado por três advogados e não quis falar com a imprensa ao chegar. Segundo o promotor, ele não comentou nada sobre as ameaças que disse que sofria. Recentemente, deputados da Assembléia de São Paulo informaram que o ex-gerente sofria ameaças de morte.


Ontem, o promotor ouviu o diretor de Marketing da Nossa Caixa, Mário Sérgio Moreira Lopes. No depoimento, ele disse que o deputado Wagner Salustiano (PSDB) teria mencionado um ‘compromisso superior’ para pressionar o banco a fazer publicidade em seus veículos de comunicação.


– Mario Sérgio confirmou que recebeu um telefonema do deputado em razão de uma negativa de publicidade. O deputado disse que isso fazia parte de compromissos superiores e que ele iria tratar do assunto com o governador (Alckmin) – relatou Turra.


Segundo o Ministério Público, as empresas de Salustiano teriam recebido R$ 300 mil em propaganda da Nossa Caixa.


Roger Ferreira, que se demitiu há três semanas, rebateu ontem em nota a acusação de Jaime feita ao Ministério Público.


– A comunicação da Nossa Caixa é de inteira responsabilidade da Nossa Caixa. Como empresa cotada na Bolsa de Valores, a Nossa Caixa não tem nenhuma subordinação formal ou informal, no que se refere à comunicação, a nenhuma instância ou pessoa exterior à empresa – afirmou Ferreira, que deverá depor ao Ministério Público na próxima semana.


O presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, disse lamentar que Jaime tenha ‘faltado com a verdade’. Em nota, afirma que soube do contrato no dia 27 de junho de 2005 e, ‘de imediato’, determinou providências, entre elas a ‘abertura imediata de sindicância, que levou à demissão por justa causa do sr. Jaime de Castro Júnior’.


Ainda ontem, após às 17h, Jaime prestou depoimento ao deputado Romeu Tuma Jr, corregedor da Assembléia Legislativa, na sede do Ministério Público.’


TV DIGITAL
Gilberto Scofield Jr.


TV digital: Brasil a um passo do padrão japonês


‘TÓQUIO. O Brasil está a um passo de adotar o padrão tecnológico japonês – o Integrated Service Digital Broadcasting, ISDB – como base para seu sistema de TV digital. Os governos dos dois países assinam hoje ou amanhã um memorando de entendimento detalhando os pontos principais do uso do padrão japonês. Será a quinta e última versão do documento.


O texto, com as assinaturas dos ministros brasileiros das Relações Exteriores, Celso Amorim, do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, das Comunicações, Hélio Costa, dos seus correspondentes japoneses e do próprio primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, será então enviado para análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


E há poucas chances de uma negativa de Lula. Afinal, observam os ministros, Koizumi deu o aval governamental ao projeto, como havia pedido o governo brasileiro. Além disso, o documento garantirá três itens que o próprio presidente Lula considerava fundamentais para a adoção de qualquer padrão. O primeiro é a abertura do projeto para o uso de tecnologias nacionais sugeridas pelos centros de pesquisas que ajudaram a criar o Sistema Brasileiro de TV Digital. O aval institucional do governo japonês, disse Amorim, acabou com algum receio que ainda podia haver no setor privado do Japão e transformou o projeto, nas palavras do ministro do Interior e das Comunicações japonês, Heizo Takenaka, num ‘programa nipo-brasileiro’, com o modelo nas mãos do Brasil.


Costa destaca avanços, como criação de conteúdo nacional


O segundo ponto é a instalação de uma fábrica de semicondutores no Brasil e a ampliação do parque nacional de produção de monitores de TV. E, por último, a participação do Brasil na gestão futura do padrão, inclusive, segundo Costa, com assentos nos vários comitês da Associação das Indústrias e Empresas de Rádio (Arib, na sigla em inglês), entidade que gerencia a evolução do padrão ISDB.


– A escolha final cabe ao presidente Lula. Mas o que estamos fechando aqui é uma proposta avançada. Um grupo de trabalho já foi criado para cuidar de detalhes, como garantia de transferência de tecnologia e capacitação de fábricas no Brasil – disse Amorim.


Costa afirmou que houve ‘enormes avanços’ em todos os aspectos, destacando a possibilidade de criação de um conteúdo brasileiro, a multiplicação dos canais da TV aberta e até a produção de conteúdo digital para celulares.


– Há uma clara disposição do governo japonês em avançar em questões de desenvolvimento, como o financiamento da fábrica de semicondutores pelo JBIC (banco estatal japonês que aplica em projetos de intercâmbios com países estrangeiros) ou a isenção de direitos de propriedade intelectual para a TV digital – afirmou Furlan.


Os ministros brasileiros passaram todo o dia de ontem reunidos com seus correspondentes japoneses e com Koizumi, que deu ao encontro ares de comemoração. Ele insistiu em tirar uma foto oficial com todos os ministros de mãos dadas como num time.


Os representantes do governo brasileiro evitaram dar maiores detalhes sobre o memorando a ser fechado hoje, mas garantiram que este avança enormemente em comparação às ofertas das empresas que desenvolvem os padrões europeu e americano de TV digital.


– As visitas de hoje não foram de cortesia. Tratou-se de substância nos encontros, tanto com o governo japonês quanto com as empresas privadas – disse Amorim.


Os ministros estiveram ontem pela manhã na sede da NTT DoCoMo, a maior operadora de celular do Japão, e da Panasonic. Hoje, eles visitam outras empresas, como NHK, Toshiba, Sony e NEC.


– Eu diria que a escolha está praticamente fechada, mas se eu afirmar isso a ministra Dilma Rousseff me mata – disse Costa.’


TABLÓIDES / EUA
Helena Celestino


Denúncia de chantagem esquenta guerra suja de tablóides nos EUA


‘NOVA YORK. Está escorrendo sangue na briga pelo mercado dos tablóides em Nova York. Há anos que o ‘New York Post’ e o ‘Daily News’ mantêm uma feroz e suja guerra por um mercado estimado em 1,5 milhão de leitores. O prêmio para quem conseguir mais leitores é a sobrevivência garantida por uma fatia substancialmente mais gorda de publicidade.


Os golpes ficaram mais pesados esta semana porque uma das melhores armas do ‘Post’ nesta guerra, uma coluna de fofocas chamada ‘Page Six’ (página seis), acaba de atingir seriamente seus próprios colegas. A ‘Page Six’ está sendo acusada de chantagear um milionário, exigindo US$ 220 mil para não publicar nada que atingisse sua imagem. A cena da extorsão foi filmada e quem primeiro recebeu uma cópia foi, claro, a redação do ‘New York Post’.


Repórter foi afastado do jornal


Nos três primeiros dias depois que a denúncia se tornou pública, o ‘Daily News’ bateu pesado no ‘Post’, dedicando toda a sua primeira página ao assunto e levantando a suspeita de que a extorsão praticada pelo repórter Jared Paul Stern contra o bilionário Ronald W. Burkle poderia não ter sido um ato isolado e que talvez fosse uma prática comum na ‘Page Six’ que ele rebatizou de ‘Page Sick’ (página doente).


O ‘Post’ afastou imediatamente o repórter, está colaborando com uma investigação federal aberta pelo FBI e se nega a fazer qualquer comentário enquanto não houver um pronunciamento oficial da Justiça. Burkle, um magnata californiano do setor de supermercados e financiador de campanhas do Partido Democrata, acusou Stern de exigir dinheiro para trabalhar sua imagem e não publicar nada de negativo sobre ele.


O editor de ‘Page Six’, Richard Johnson, um jornalista com mais de 20 anos de experiência, não está envolvido até agora em qualquer acusação de extorsão. Sua ex-mulher, Nadine Johnson, é proprietária de uma agência de relações públicas que tem entre seus clientes personalidades que freqüentam a ‘Page Six’ com simpática assiduidade, entre elas a supermodelo brasileira Gisele Bündchen.


O escândalo tem enorme repercussão nos EUA, com matérias publicadas diariamente pelos principais jornais e redes de TV, além de ter aberto um debate sobre os delicados limites entre jornalismo, colunas sociais e relações públicas.


Ao longo de seu tempo como editor de ‘Page Six’, Richard Johnson construiu fortes laços de amizade e negócios com as personalidades que aparecem em sua coluna, muitas das quais se tornaram, além de amigas, fontes para as informações publicadas na coluna. Cobrindo eventos para a coluna, Johnson é visto constantemente viajando na primeira classe e se hospedando em hotéis de luxo.’


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