‘A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirma que 53 jornalistas foram mortos em 2004 no exercício da profissão – o pior ano desde 1995. No Brasil, os radialistas José Carlos Araújo, da Rádio Timbaúba FM de Pernambuco, e Samuel Roman, da Estação Conquista do Mato Grosso do Sul, foram assassinados em abril.
De acordo com o francês François Julliard, porta-voz da organização, a guerra no Iraque contribuiu para o aumento do número de jornalistas assassinados. Somente naquele país, considerado pelo segundo ano consecutivo o lugar mais perigoso do mundo para jornalistas, 19 foram assassinados em 2004, segundo a RSF.
O relatório traz ainda informações sobre mortes de 15 colaboradores de comunicação, como assistentes, motoristas, tradutores, técnicos e agentes de segurança. Além desses, pelo menos 907 jornalistas foram presos, 1.146 foram agredidos ou ameaçados e 622 meios de comunicação foram censurados.
O Brasil é 66º país no ranking mundial de países com maior número de jornalistas assassinados em 2004. ‘Essa posição é negativa para o Brasil, principalmente se for considerado que, no ranking de 2003, o país ocupava o 71° lugar. São cinco posições acima em apenas um ano’, analisa Julliard.
Em 2004, dois jornalistas brasileiros, conhecidos por denunciar o narcotráfico e a corrupção, foram assassinados. O locutor José Carlos Araújo, 37 anos, foi morto no dia 24 de abril em Timbaúba (PE) por dois indivíduos quando saía do estúdio de gravação, próximo a casa dele. Ele apresentava o programa José Carlos Entrevista, na Rádio Timbaúba FM. Segundo a RSF, o jornalista denunciava a existência de esquadrões da morte e o suposto envolvimento em crimes de importantes personalidades da cidade.
No dia 20 de abril, outro radialista, o apresentador e proprietário da Estação Conquista, Samuel Roman, 36 anos, foi assassinado com 11 tiros em Coronel Sapucaia, cidade no Mato Grosso do Sul, localizada na fronteira com o Paraguai. Ele morreu antes de chegar ao hospital. Roman denunciava o tráfico de drogas e a criminalidade na região.
O vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Brasília, Antônio Carlos Queiroz, diz que ‘nessa profissão, quando em situações limites, esses riscos fazem parte. Quando o jornalista afeta interesses de grupos econômicos e empresas poderosas, evidentemente corre riscos e sofre restrições’.
Queiroz afirma que, ‘no Brasil, houve um grande avanço nos poderes públicos. Em outras partes do mundo ainda existem restrições contra a liberdade de imprensa. Mesmo nos EUA, os juízes forçam jornalistas para que revelem sua fonte. E em Israel é a mesma situação’, diz.’
O Estado de S. Paulo
’19 jornalistas morreram no país em 2004′, copyright O Estado de S. Paulo, 6/01/05
‘Um relatório divulgado ontem pela ONG Repórteres Sem Fronteiras indicou que 19 jornalistas e 12 colaboradores de meios de comunicação (intérpretes, motoristas, técnicos, etc.) morreram no Iraque em 2004. No total, 53 jornalistas morreram no exercício da profissão em todo o mundo. Desses, 12 morreram na América Latina – sendo 2 no Brasil.’
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‘No ar, a nova guerra das cervejas’, copyright O Estado de S. Paulo, 7/01/05
‘O mercado de cerveja cresceu entre 5% e 6% em 2004 em relação a 2003. A estimativa é do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). Este crescimento e o fato de o período de verão responder, em média, por 40% das vendas – que somam R$ 10 bilhões por ano – são o combustível da disputa das cervejarias, que ganhou corpo na virada do ano e se desdobra agora, com mais fôlego e muitas liminares no Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária (Conar).
A Molson, dona da Kaiser e da Bavaria, lança hoje nova campanha publicitária, criada pela Giovanni, FCB, para fixar o mote ‘Vem Kaiser vem’, que começa a fazer sucesso e a dar retorno em vendas. O diretor de Marketing da Kaiser, Marcelo Toledo, que dispõe de verba de R$ 180 milhões para o ano, diz que os números ainda não estão fechados, mas que as vendas mostram recuperação desde a primeira semana de dezembro até agora. A empresa, que exibia fatia de mercado de 10,1%, já foi dona de 24%, incluindo Kaiser e Bavaria.
Toledo garante, porém, que a Kaiser não vai comprar fatia de mercado – o que se faz com alto investimento publicitário e baixo preço ao consumidor -, mas apenas mostrar que está na competição com as líderes. ‘Nossa prioridade é estreitar ainda mais o vínculo com os distribuidores Coca-Cola e, com eles, dentro do conceito de gestão participativa, posicionar melhor nossos produtos.’ Ele adianta que a agência Publicis, Salles Norton está preparando também campanha publicitária para a Bavaria. ‘Mas não vamos abrir mão de preço.’
Nesse caso, diz Toledo, a promoção de verão que começa agora e que dá uma cerveja de brinde nos bares para quem comprar um engradado em auto-serviço – 12 latas -, visa apenas reforçar essa presença com o consumidor e fazer com que a marca seja pedida nos bares.
Neste verão, a Kaiser não abriu mão apenas do ‘Novo Sabor’, que já saiu do rótulo, mas também do camarote no Sambódromo de São Paulo, no Anhembi, onde reinou nos últirmos quatro anos. Em contrapartida, será patrocinadora das transmissões dos desfiles do Rio e São Paulo pela TV Globo.
Quem comemora este verão é a AmBev. A dona das marcas Skol, Brahma, Antarctica e Bohemia, que exibia uma participação de 62,5% em novembro de 2003, saltou para 67,9% em novembro de 2004 e garante estar recuperando ainda mais o terreno. Foi a marca Antarctica, que a empresa pôs na arena para duelar com a Nova Schin, a que mais cresceu, passando de 8,8% para 11,4%. No mesmo período, a Nova Schin passou de 13,6% para os atuais 10,9%. A Skol, que tinha fatia de 29,8%, agora tem 31,6%, e a Brahma passou de 18,3% para 19,6%.
Mas se as marcas da AmBev ganharam terreno, quem perdeu? O gerente de Comunicação da AmBev, Alexandre Vieira Loures, está convencido de que a AmBev cresceu com a perda de mercado da Kaiser e da Nova Schin, e também se beneficou do crescimento das vendas, decorrência do verão de 2004 e da recuperação da renda do consumidor. É nesse ringue, em que marca presença também um festival de liminares, que a Antarctica, com Juliana Paes à frente, tem enfrentado a Nova Schin, que recorreu a Ivete Sangalo para renovar a imagem do produto lançado em 2003.
O gerente de Produto do Grupo Schincariol, Luiz Fernando Amaro, diz que a empresa tem sentido recuperação nas vendas. A meta da Schin é atingir uma fatia de mercado de 16,5%. Só que a empresa questiona os dados do Instituto ACNielsen, usados pelo setor, alegando que não contabilizaram a região Norte, onde sua participação tem crescido. ‘A NS+2 (cerveja com tequila e limão) também está nos dando um empurrão nesse verão’, diz.’
ECOS DO PRÊMIO ESSO
‘O Esso ou a carteira’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 6/01/05
‘Prefiro iniciar o meu ano com o anterior quitado. Como não consegui publicar este artigo em dezembro, puxo para cá o assunto que não haverá de se perder nas calendas. Trata-se de exemplo, bom ou mau, e a omissão ajuda a decidir a parada. Daí a necessidade de uma resistência ao tempo.
O jornalista Renan Antunes de Oliveira mereceu ganhar o Esso? Não sei, não li os trabalhos inscritos. Posso dizer, contudo, que ele escreveu uma boa reportagem, em nada envergonha a tradição do prêmio.
Não foram o diz-que-diz-que, a dor-de-cotovelo, a profusão de bravatas, a justiça ou a injustiça que me chamaram a atenção nos debates aqui do Comunique-se, mas uma declaração de Renan, tanto mais absurda por ter sido acolhida por colegas que me surpreendem a cada dia neste espaço. Lá estava, em uma reportagem do portal: ‘Ele promete devolver o diploma mas não o dinheiro que ganhou, no valor de R$ 10 mil. ‘Eu mereço’, afirma. O repórter defende a idéia que a organização anule a premiação. Caso contrário, o prêmio, segundo ele, ‘não vale nada’. ‘ Quando devolvo o diploma, estou dizendo apaguem o meu nome dos registros, porque não quero fazer parte da história do prêmio Esso logo no ano em que sua credibilidade é questionada pelos grandes veículos do Brasil’.
Renan tem todo o direito de protestar, e a sua experiência nos mostra que, quanto mais pirotécnica, maior é a eficácia da arte de chamar a atenção. Mas se ele quer se dignificar e dar o bom exemplo tem que protestar direito.
É inadmissível (talvez pândego) que qualquer jornalista, em sua arrogada responsabilidade social ao cubo, venha a público dizer que devolve o diploma, mas não o dinheiro conferido pela mesma instituição.
Está confirmado: a grana redime a manada. Todos passam a ser iguais perante as dificuldades e as facilidades da vida. A honra e a verdade habitam o terreno da utopia, enquanto a moeda justifica todas as nossas decisões. Qual é a proposta, companheiro? Devolver o diploma e expropriar a grana da multi do petróleo?
Não me admira que Renan faça o seu show. Espetáculos incoerentes levam o circo ao delírio. Duro é ver a quantas anda a convicção da moçada, essa mesma que, como eu, vive a lamentar as incongruências do capitalismo diário.
Uma amiga minha, defensora incondicional do Governo Lula, irrita-se com as minhas críticas à administração atual. A sua reação mais freqüente tem sido perguntar: ‘E o Fernando Henrique? O que ele fez?’- como se combater as lorotas de um governo fosse o mesmo que se alinhar a qualquer outro. Quando a paciência acaba, ela me esbofeteia: ‘Você é de direita!’- o que tomo pela ofensa das ofensas.
É por essas e por outras que não suporto mais esse papo de esquerda de boteco. Como bem diz o meu pai, o cachorro só é o melhor amigo do homem porque não fala, nem conhece dinheiro.’