Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Claudia Ferraz

‘O combate a agressão virtual de um adolescente de 13 anos de São Paulo por uma comunidade do site Orkut no início do ano ganha força internacional. O advogado norte-americano Robert Vance vai entrar com um processo nos Estados Unidos contra o site e os usuários da comunidade por difundirem racismo.

Ele soube do caso por meio da publicação no jornal The New York Times. ‘O Brasil e os Estados Unidos se unirão para combater o racismo’, disse o advogado da Pensilvânia, que é da área criminal e cível, além de ser ativista do movimento negro norte-americano.

Uma foto do garoto foi publicada, sem consentimento, no grupo ‘Anti-heróis’ e o autor da comunidade estimulava seus usuários a ‘despejarem todo o seu ódio’ clicando na imagem.

INDENIZAÇÃO

No final de janeiro, o procurador Christiano Jorge dos Santos, do Ministério Público Estadual de São Paulo, iniciou uma investigação sobre a incitação ao ódio e ao preconceito no Orkut. O Ministério Público já se ofereceu para fornecer o suporte necessário para que o advogado formule o processo, inclusive oferecendo provas já colhidas no Brasil.

Representando o menino e também o Instituto Negro Padre Baptista, Vance pretende pedir uma indenização milionária. ‘Acho que será impossível convencer um juiz a interditar o site, mas na lei americana se uma pessoa ou organização ajuda outra a cometer violação da lei, essa pessoa é culpada’, explica.

O advogado também vai processar o site Google, que administra o Orkut. Segundo ele, a vítima se enquadra no ‘ato de reclamação de estrangeiros’ podendo assim entrar com ação judicial no exterior. O advogado acha que o processo será mais eficaz no seu país com a ajuda do Brasil.

Pela legislação brasileira, constitui crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito com base na raça, na cor, etnia, religião ou nacionalidade do indivíduo. A condenação vai de 2 a 5 anos de prisão, além de multa considerável.

O Orkut surgiu há cerca de um ano nos EUA. Com cerca de dois terços dos usuários do site, os brasileiros aderiram com entusiasmo à nova idéia. O Google não divulga o número total de membros.’



Robson Pereira

‘A internet que solta a voz’, copyright O Estado de S. Paulo, 2/03/05

‘Ainda não dá para saber exatamente aonde isso vai nos levar, mas é bom ficar de olho no Skype, a mais nova onda da internet, que promete ser para o telefone o que o velho Napster representou para a música. Apareceu por aqui não faz muito tempo e precisou apenas de alguns meses para encantar e fidelizar milhares de usuários, quase meio milhão de pessoas, para ser um pouco mais preciso – um número que com toda a certeza será duas vezes maior antes da próxima primavera. Imagino que as operadoras de telefonia estejam preparadas para enfrentá-lo.

Para aqueles que ainda não experimentaram, uma breve apresentação. O Skype (www.skype.com) é uma espécie de mensageiro instantâneo, como o ICQ e o Menssager, mas com uma diferença fundamental: em vez de teclar para se comunicar com o amigo ou o companheiro de trabalho, você fala com um e outro – ou com ambos ao mesmo tempo, se preferir – como se estivesse utilizando um telefone. É só descobrir quem está online, clicar e falar à vontade.

Dá para passar a manhã inteira divagando sobre as vantagens de usar a internet também para falar, mas a principal está mesmo no bolso: não é preciso pagar nada por isso, a não ser o que já se paga normalmente para navegar. Não importa se o amigo, o parente, a amada ou o amado estão na mesma rua ou do outro lado do mundo. Assim como ninguém paga tarifas internacionais para visitar um site hospedado em um servidor finlandês, você também não paga um centavo a mais para falar com alguém que acabou de embarcar para a Austrália.

Comunicação por voz na internet não chega a ser uma grande novidade, assim como comunidades virtuais e serviços de relacionamentos não nasceram com o Orkut. Existiam antes, até que alguém com boa dose de oportunismo e competência decidiu centralizar tudo em um só lugar. Aconteceu o mesmo com o Skype. Ele não é o primeiro nem o único a promover conversas no ciberespaço, mas teve o mérito de explorar plataformas consolidadas – comunicadores instantâneos e sistemas de compartilhamento de arquivos – para levar a falação para o ambiente digital.

Deu tão certo que, pelo menos por enquanto, deixou meio de lado as maravilhas do compartilhamento para se concentrar naquilo que mais queria o usuário: uma ferramenta barata (ele é gratuito) que tornasse mais fácil e instantânea a comunicação por voz na internet.

Há quem profetize que, mais cedo ou mais tarde, sistemas como o Skype vão se transformar numa espécie de Napster da voz, uma comparação muito mais pelo impacto que o troca-troca musical provocou nos bastidores das gravadoras do que pelas vantagens que ele apresenta em relação à telefonia convencional.

O serviço já nasceu com uma versão em português e tem feito sucesso, principalmente com os adolescentes que costumavam passar horas e horas teclando e agora descobriram também o prazer da voz pela internet. E como fala, essa turma. Em janeiro, segundo o acompanhamento doméstico do Ibope/NetRatings, foram quase 10 milhões de minutos de papo pelo Skype – o que representa quase 7 mil dias de conversa telefônica que deixaram de entrar no caixa das operadoras.

O tempo médio de utilização do programa ficou na casa dos 23 minutos por usuário – quatro vezes mais do que o tempo médio dedicado pelos internautas a consagrados sistemas de mensagens instantâneas e programas multimídia. E a onda está apenas começando. E vai crescer mais ainda à medida que mais gente entrar no falatório que se alastra pela internet, ao mesmo tempo em que ameaça se libertar.

Das agências de notícias internacionais chega a informação de que o programa começa a ser embutido em computadores de mão e até em telefones celulares. Pelo menos dois fabricantes já decidiram incluir o Skype em seus aparelhos para que felizes proprietários possam realizar chamadas normais (e caras) ou utilizar redes sem fio para falar à vontade, de forma muito mais barata.

Os próprios desenvolvedores do programa correm contra o tempo para colocar no mercado uma nova versão que permitirá ao usuário usar o computador e a internet para falar com qualquer telefone fixo. Como disse lá em cima, é cedo para dizer aonde isso vai nos levar, mas é bom se preparar para incluir um novo verbo no seu vocabulário, algo parecido com ‘escapear’.

FILMES PARA VIDEOGAMES

A Sony vai investir pesado na tentativa de transformar o UMD (Universal Media Disc) em formato padrão para o mercado de videogames, o que abre uma nova perspectiva de faturamento para os estúdios cinematográficos e reforça o caixa da própria Sony com o seu novo console, o PSP, que chega às lojas americanas ainda este mês. Com o ‘brinquedinho’, chegam cinco filmes em UMD, Spyder Man e Triplo X, incluídos.

Os filmes, à prova de cópias, virão em disco óptico, com diâmetro bem menor do que os CDs tradicionais, mas com capacidade para 1,8 GB de dados. Além de filmes, a música será o próximo passo. O alvo parece mesmo o I-Pod da Apple, com quem o PSP pretende disputar o título de walkman do século 21. Os planos da Sony prevêem a venda de 3 milhões de PSPs até o dia 31, a tempo de engordar os balanços da empresa no fim do ano fiscal.’



INTERNET GRÁTIS
Elvira Lobato

‘Anatel suspende desconto da Oi Internet’, copyright Folha de S. Paulo, 5/03/05

‘Por ordem da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a Telemar suspendeu ontem o desconto de 31% preço nas ligações telefônicas para a Oi Internet, que havia sido anunciado pelo grupo, na quinta da semana passada.

A Oi Internet é a empresa de acesso gratuito à internet da Telemar. O serviço foi lançado no último dia 24, quando foi prometido desconto nas ligações para conexão com o provedor, durante três meses, aos primeiros 500 mil clientes que se cadastrassem.

Foi prometido o desconto na conta telefônica sobre os pulsos que excedessem o consumo mínimo previsto na assinatura básica do serviço de telefonia, que é de 100 pulsos/mês.

A estratégia provocou protesto imediato dos outros provedores de acesso à internet, que se queixaram à Anatel. Eles alegaram que a companhia telefônica estava favorecendo seu provedor, em detrimento dos concorrentes.

Anteontem, a Anatel determinou que a Telemar suspendesse o lançamento do desconto na conta telefônica. A ordem partiu da Superintendência de Serviços Públicos da agência, que considerou procedente a reclamação formalizada pela Embratel e pela empresa GVT. A primeira tem o provedor de acesso gratuito Click 21, e a segunda é responsável pelo provedor Pop.

A Telemar nega que tenha privilegiado a Oi Internet. A empresa afirmou ontem que ofereceu aos demais provedores a possibilidade de lançar na conta telefônica os descontos que eles viessem a conceder a seus clientes.

O grupo Telemar sustenta que o desconto é uma promoção da Oi Internet, e não da companhia telefônica. O presidente da Oi Internet, Sérgio Creimer, disse que a empresa estuda outras formas de dar o desconto prometido aos clientes. Uma possibilidade, segundo ele, é a pagamento de bônus, em dinheiro. De acordo com o executivo, até o próximo dia 24 a empresa comunicará a solução encontrada para viabilizar o desconto.’