‘‘Eu achei o ‘Papo’ interessante pelas perguntas e pelo conhecimento do público sobre telejornalismo, e também pela expectativa favorável em relação ao Jornal da Band. Isso mostra que é mais fácil dar certo.’ Foi com essa avaliação positiva que Carlos Nascimento definiu sua participação no ‘Papo na Redação’ desta quarta-feira (24/03).
O editor-chefe e apresentador do Jornal da Band respondeu sobre o estilo opinativo de fazer telejornalismo e ressaltou a sua importância. ‘Opinião não no sentido do ‘achismo’, da ‘palpitologia’. Mas no sentido da análise e da interpretação da notícia.’
Nascimento explicou sua saída da Rede Globo e sua chegada à Band como uma experiência da qual ele necessitava e revelou algumas diferenças entre as duas casas. ‘Eu diria que a Band é mais ‘quente’ no sentido do carinho e do afeto. Eu me senti como se estivesse aqui já há muitos anos.’
Para quem está começando, Carlos Nascimento dá um conselho que serve também para os jornalistas mais experientes: ‘Em primeiro lugar é preciso conhecer o Brasil nos nossos dias. O País, o povo, os sentimentos, os anseios, as frustrações, aquilo que define o povo brasileiro. Depois ter uma formação escolar sólida, falar e ler em mais de uma língua, ter o hábito regular da leitura, muita curiosidade, originalidade de idéias, disposição para o trabalho e gosto pela aventura, pela ousadia. E, junto com tudo isso, muita humildade.’
Confira, na íntegra, o ‘Papo na Redação’ com Carlos Nascimento:
[13:00:54] – Pedro Rodrigues Neto (Estudante) pergunta para Carlos Nascimento: Por que a troca de emissora Carlos?
Carlos Nascimento responde: Como eu disse nas entrevistas, estava com o ‘prazo de validade vencido’. Eram quase trinta anos de TV Globo e meu apetite profissional pedia experiências novas e mais interessantes. Recebi um convite muito oportuno da Band e aqui estou.
[13:01:56] – Dulcivania Freitas (Profissional Contratado – Coordenadoria de Comunicação do Governo do Pará) pergunta para Carlos Nascimento: Olá, Nascimento! Estou em Belém, já conheces? Bem, que achas de telejornalismo on line?
Carlos Nascimento responde: Olha, vai funcionar no dia em que a tela do computador oferecer as mesmas qualidades de um monitor de tevê. Caso contrário é uma concorrência desleal. O telespectador não trocaria uma tela grande e com boa definição pela telinha se não tivesse a mesma qualidade.
[13:03:08] – Luciana Santos Silva (Assessor de Imprensa – Target Consultoria em Comunicação Empresarial – SP) pergunta para Carlos Nascimento: Boa tarde Carlos! Qual a principal mudança que você sentiu ao começar a trabalhar na Bandeirantes, após tantos anos de Globo?
Carlos Nascimento responde: A excelente receptividade que tive de todos os companheiros – embora eu tenha muitos amigos na Globo também. Eu diria que a Band é mais ‘quente’ no sentido do carinho e do afeto. Eu me senti como se estivesse aqui já há muitos anos.
[13:05:24] – Isabella Ferreira (profissional contratado – Prefeitura de Curitiba) pergunta para Carlos Nascimento: Olá Carlos! Desejo sorte! Qual foi a estrutura que encontrou na Band?
Carlos Nascimento responde: Muito melhor do que eu pensava e do que você e todos poderiam imaginar. A Band tem uma boa estrutura, talvez não tão azeitada quanto deveria ser. Mas a Redação da Band é moderna, o equipamentos de trabalho são satisfatórios e – o que é mais importante – há espaço para crescer e disposição da empresa de investir em telejornalismo. Eu me referi à Redação, mas na verdade a Band tem 5 redações: a do Jornalismo, a do canal 21, a do Band News, a do Band Esporte e a da Rádio Bandeirantes, todas de grande porte e profissionais.
[13:07:31] – Leonardo Pessoa (Freelancer – Freelancers) pergunta para Carlos Nascimento: Boa tarde, Carlos! Li em algumas entrevistas nas últimas semanas sobre sua mudança, e tenho acompanhado o Jornal da Band e visto realmente algumas diferenças. Você acha que acertou no formato ou ainda estão em testes? As críticas vão influenciar?
Carlos Nascimento responde: Claro que as críticas vão influenciar. Os telespectadores me mandam dezenas de e-mails todos os dias e eu os leio atentamente. Críticas de jornal também devem ser levadas em conta, principalmente aquelas que apontam defeitos. Quanto ao formato a gente já mostrou o desenho do que queremos no ar. Mas ainda falta afinar muita coisa. Eu peguei o ‘bonde andando’, no sentido de que o jornal estava no ar com o formato e as caracerísticas antigas e tive de fazer as adaptações. Isso leva um tempo até ficar legal.
[13:09:05] – Isabella Ferreira (profissional contratado – Prefeitura de Curitiba) pergunta para Carlos Nascimento: Existe alguma intenção em ‘abastecer’ as afiliadas com novos profissionais ou a idéia é investir apenas na cabeça de Rede?
Carlos Nascimento responde: Bom, uma Rede só existe com as Praças e Afiliadas, certo? Então é fundamental que essas emissoras também sejam fortes e profissionalmente sólidas. Semana passada, no Rio, tive um encontro com todos os diretores das emissoras Band e gostei muito do que vi e ouvi. Todos têm o maior interesse em ver as suas Praças bem representadas no Jornal da Band. Aos poucos iremos melhorando, esteja certa.
[13:10:00] – Flávia Lopes (Profissional Contratado) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, você acha que falta mais opinião e interpretação dos fatos no jornalismo brasileiro?
Carlos Nascimento responde: Claro que sim. Opinião não no sentido do ‘achismo’, da ‘palpitologia’. Mas no sentido da análise e da interpretação da notícia. Isso falta e nós vamos aperfeiçoar no Jornal da Band.
[13:10:25] – Erika Martins (Assessor de Imprensa – Capital Informação – SP) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, o Jornal da Band sofrerá algum tipo de reformulação?
Carlos Nascimento responde: Bom, Erika, as mudanças já estão no ar e ainda faremos muitas.
[13:11:36] – Marcus Cardoso (Diretor – Redação / Jornalismo – Revista Paradoxo – Vitória-ES) pergunta para Carlos Nascimento: O que tornou a Band mais atrativa para voce?
Carlos Nascimento responde: Eu acho que já respondi, certo? O carinho das pessoas e a proposta profissional da empresa voltada para o Jornalismo.
[13:13:40] – Gisele Alquas (Repórter – Rádio Bebedouro AM – SP – Bebedouro) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, primeiramente queria que soubesse que você é uma fonte de inspiração para nós, jornalistas amadores. Seu trabalho é maravilhoso e inconfundivél. Bom, muitos telejornais hoje em dia são apresentados por homens e mulheres belíssimas, onde o rosto chama muita atenção. Analisamos o Jornal do SBT, com aquelas moçoilas onde mais parece desfile de cabelo. Bem, você acha que atualmente, na TV, a beleza está acima do talento?
Carlos Nascimento responde: Gisele, não se considere amadora. Se você já é repórter de uma emissora numa cidade da importância de Bebedouro deve encarar isso como um desafio profissional. Quanto à estética, faz parte do mundo da televisão. Mas, claro, não pode nem deve ser o mais importante. O que valerá, sempre, é o conteúdo. Mas se for feito por gente bem apresentável, tanto melhor.
[13:14:18] – Beatriz Ribeiro de Oliveira (Gerente – Andreoli Manning Selvage & Lee – SP) pergunta para Carlos Nascimento: Qual o fator decisivo para mudança de emissora?
Carlos Nascimento responde: Já respondi.
[13:15:38] – Luiz Amaro Ribeiro (Estudante – TV Cidade) pergunta para Carlos Nascimento: Será que a Band tem mesmo pessoal e equipamentos compatíveis aos da Globo, Carlos?
Carlos Nascimento responde: Compatíveis talvez não. Mas também não são incompatíveis. Veja que hoje em dia a parte técnica das emissoras, em se tratando de Jornalismo, tornou-se muito igual. A grande diferença virá na fase a seguir, a da digitalização total. E a Band tem um projeto bastante ousado nesse sentido.
[13:16:02] – Tissiane Merlak (Estagiária pelo CIEE – Jornal A Voz do Paraná) pergunta para Carlos Nascimento: O Jornal da Band, com a sua entrada, logo no primeiro dia foi totalmente remodelado, tendo um ar mais voltado ao diálogo… este é o seu estilo de fazer jornalismo? Pretende fazer com que as informações passadas ao telespectador sejam ainda mais compreensíveis?
Carlos Nascimento responde: Sim, este é o nosso objetivo. Um jornal mais conversado, comentado e dialogado.
[13:18:27] – Beatriz Ribeiro de Oliveira (Gerente – Andreoli Manning Selvage & Lee – SP) pergunta para Carlos Nascimento: Qual seu posicionamento em relação a não mencionar o nome de empresas em matérias positivas e expô-las claramente em momentos de crise?
Carlos Nascimento responde: Eu sou um dos poucos jornalistas da tevê aberta, principalmente, que defende a citação do nome de empresas. Claro, empresas grandes e que tenham importância para a sociedade. Ou pequenas, se for o caso, mas sempre pensando do ponto de vista da utilidade para o telespectador. E por um motivo simples o Estado perdeu para a iniciativa privada o papel de principal gerador de notícias no Brasil. Omitir os nomes de empresas é, na maioria das vezes, dificultar a compreensão de uma notícia inutilmente. Claro que é preciso haver muito cuidado para isso não se transformar em publicidade ou promoção das empresas. Não é o caso.
[13:19:12] – Julienne Gananian (Jornalista) pergunta para Carlos Nascimento: O time que está trabalhando com vocês é novo também? Qual possibilidade de novas contratações?
Carlos Nascimento responde: Estamos basicamente com o time que já havia no Jornal da Band. Mas estamos mudando algumas pessoas e certamente haverá contratações. O que nos interessa é ter os melhores profissionais do mercado.
[13:21:00] – Jean Jefferson Jareck (Assistente – Marketing – Cataratas – PR – Foz do Iguaçú) pergunta para Carlos Nascimento: Cumprimentando-o inicialmente Carlos, gostaria de saber – como você esta encarando esse novo desafio? A Band é interessante para trabalhar do ponto de vista do salário e da liberdade de ações?
Carlos Nascimento responde: É interessante sob todos esses pontos de vista. Eu recebi uma boa proposta salarial, compatível com a minha função e o meu tempo de carreira, quanto à liberdade não tenho queixas e desconfio que não terei e – o que é muito importante – temos muito trabalho pela frente para tornar o Jornal da Band mais competitivo e importante.
[13:21:56] – Phelipe Caldas Pontes Carvalho (Estudante – UFPB) pergunta para Carlos Nascimento: Carlos Nascimento, Boa Tarde!!! Qual o sentimento (pessoal e profissional) de cobrir um episódio (que ninguém sabia como terminaria) durante mais de cinco horas? A exemplo da invasão a casa de Silvo Santos e aos atentados de 11 de setembro.
Carlos Nascimento responde: A mesma sua, em casa, vendo. Eu era uma pessoa como outra qualquer, apenas com a possibilidade e a obrigação de narrar aqueles acontecimentos. Tive as mesmas dúvidas, fraquezas, ansiedade e frustrações ou alegrias que todos tiveram.
[13:22:47] – Rodrigo Fetter (Repórter – TV SBT – SC – TV Cidade dos Príncipes – Joinville) pergunta para Carlos Nascimento: Você agora faz comentários também, a Globo o proibia?
Carlos Nascimento responde: Não é que proibisse, o fato é que o telejornalismo da Globo, no geral, não adota essa linha. Mas, nos últimos dois anos, no Jornal Hoje, eu vinha fazendo comentários regularmente e sobre os mais variados assuntos sem nenhum problema.
[13:24:16] – Elane Martins (Desempregado – Desempregado) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, acabei de sair de uma afiliada da Globo no Mato Grosso. Era repórter e pauteira. Estou em São Paulo a procura de emprego. Fui na Globo e ninguém me recebeu. Você que ficou lá por muito tempo, poderia me dizer a causa desse pouco caso dessa emissora com profissionais que não estão sendo `disputados` por outras TVs?
Carlos Nascimento responde: Elane, não se trata de pouco caso, com certeza. Tanto a Globo quanto a Band e as demais emissoras sempre estão interessadas em recrutar novos talentos, até porque vivem disso. O problema é que as emissoras não estão suficientemente estruturadas para receber essas ofertas profissionais. E você imagine a quantidade de gente que nos procura diariamente nas redações. São dezenas e nem sempre é possível atender a todos.
[13:26:28] – Michelle Monte Mor (Repórter e assessora de imprensa – Secretaria de Cultura e Folha de Rio Preto) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, hoje, qual é o perfil ideal para o profissional de TV?
Carlos Nascimento responde: Em primeiro lugar é preciso conhecer o Brasil nos nossos dias. O País, o povo, os sentimentos, os anseios, as frustrações, aquilo que define o povo brasileiro. Depois ter uma formação escolar sólida, falar e ler em mais de uma língua, ter o hábito regular da leitura, muita curiosidade, originalidade de idéias, disposição para o trabalho e gosto pela aventura, pela ousadia. E, junto com tudo isso, muita humildade.
[13:34:33] – Beatriz Ribeiro de Oliveira (Gerente – Andreoli Manning Selvage & Lee – SP) pergunta para Carlos Nascimento: Quais os desafios em sua nova posição?
Carlos Nascimento responde: Fazer com que o público do Jornal da Band me aceite e à nova proposta do telejornal e ampliar a nossa faixa de audiência para telespectadores de outras emissoras.
[13:35:25] – Elane Martins (Desempregado – Desempregados) pergunta para Carlos Nascimento: Nacimento, a Band parece ser uma emissora bem democrática. Com cinco redações, vocês recebem muito material de repórteres. Você já sabe qual é o critério de seleção da Band? Quem está começando tem vez?
Carlos Nascimento responde: Todos terão vez. Existe aqui um programa de estágios estabelecido com uma faculdade. E quem não tiver vez aqui terá em algum lugar. Para começar é preciso ter talento, disposição, confiança e perserverança.
[13:36:02] – Tissiane Merlak (Estagiária pelo CIEE – Jornal A Voz do Paraná) pergunta para Carlos Nascimento: Nascimento, como você comentou eram muitos anos de Globo… Existe algum projeto para ser incorporado na Band que você ainda não tenha tido a oportunidade de fazer na outra emissora que terá a possibilidade agora?
Carlos Nascimento responde: Acho que o Jornal da Band como um todo. Se nós conseguirmos fazê-lo com êxito e obter sucesso na audiência estarei satisfeito.
[13:36:24] – Carla Costa (Estudante/Assessora de Imprensa – Escola ) pergunta para Carlos Nascimento: Qual é o diferencial que você está propondo em relação aos jornais das outras emissoras?
Carlos Nascimento responde: Um jornal mais analítico, intepretativo e bem humorado.
[13:36:33] – Cássia Machado (Diretor – Guaco Publicidade e Consultoria – BA) pergunta para Carlos Nascimento: Quanto tempo duraram as negociações até você decidir fechar contrato com a Band?
Carlos Nascimento responde: Uns três meses.
[13:37:59] – Paulo Galvez (Repórter – TV Globo – GO – TV Anhangüera) pergunta para Carlos Nascimento: Boa tarde, Nascimento. O que vemos normalmente, principalmente no interior do País, são emissoras tentando fazer um jornalismo mais sério, outras nem tanto, mas a maioria sem a estrutura das retransmissoras da Globo, o que acaba, infelizmente, restringindo o mercado de trabalho. A Band, em nível nacional, sempre se mostrou interessada em realizar um bom jornalismo. Até que ponto existe esse espaço e esse interesse em fazer a rede crescer, como você já mencionou?
Carlos Nascimento responde: Tudo depende de audiência e recursos para investimentos. Se o Jornal da Band der certo, seguramente as emissoras de outras regiões do Brasil crescerão conosco.’
TODA MÍDIA
Nelson de Sá
‘Palavras, palavras’, copyright Folha de S. Paulo, 30/03/04
‘Começou no JN de sábado, com um discurso de João Pedro Stédile, do MST, gravado às escondidas:
– Abril será mês vermelho. Servidor, estudante, a turma da moradia, nós vamos infernizar. Abril vai pegar fogo.
Jorge Bornhausen, bem mais rápido que José Serra, abraçou a oportunidade e cobrou, de novo, ‘autoridade’. E renasceu, com a retórica, a ‘crise’.
Às pressas, Globo e Globo News saíram à cata de invasão pelo interior do país:
– Uma fazenda foi ocupada em Jaboatão dos Guararapes… No interior paulista, invadiram fazenda… Em Maceió, mulheres ocuparam o Incra.
Não ficou claro se eram fatos de ontem nem se era ação do MST. Em Maceió, mostraram depois, não era.
O Jornal da Band não ajudou a esclarecer as coisas, nem Jornal da Record, nem JN. Estavam presos já às palavras da UDR. Alexandre Garcia, estimulado, voltou à guerra fria:
– É preciso evitar que (os agricultores brasileiros) passem a achar mais segura a China, que garante propriedade. Na China dos comunistas, o MST não teria tolerância.
Palavras.
Pelo governo, falaram Aldo Rebelo no Canal Livre (Band) e o vice José Alencar. Disseram que foi ‘bravata natural’, mas que ninguém será ‘leniente’.
SOCORRO, KAREN
Se Lula apela para Duda, George W. Bush apela para Karen Hughes, em meio a críticas sobre a ação de seu governo antes e depois do 11/9.
A consultora da última campanha volta à cena em meio a reportagens com títulos tipo ‘Karen ao resgate’ -ontem no ‘Washington Post’.
Para começar, faz turnê de lançamento de suas memórias, ‘Ten Minutes from Normal’ (acima), em que, segundo a revista ‘Time’, descreve Bush com adjetivos como ‘maravilhoso’ e com ‘uma habilidade de laser para ver a essência de uma questão’.
A ação mais importante viria ontem à noite, com uma entrevista para Barbara Walters, da rede ABC. Ela é a principal entrevistadora de televisão nos EUA.
Em seguida, Karen Hughes assume a campanha de reeleição, para tentar tirar Bush da defensiva.
Teorias 1
As teorias conspiratórias se espalham, com a internet.
No UOL e depois na Record, Paulo Henrique Amorim ouviu o ex-ministro Fernando Lyra. Pergunta e resposta:
– Há analogia entre o ímpeto com que a oposição vai hoje na jugular do governo e a reação ao comício da Central em 64?
– Não acredito. Lula tem respaldo da população, legitimidade. Jango não tinha apoio popular nem da elite.
Pausa, Lyra acrescenta:
– Mas é bom estar de olho… Sinto uma coisa estranha ao ver Bornhausen e Brizola juntos.
Teorias 2
Tem também Ricardo Noblat, em seu blog:
– A suspeita de um complô em marcha para desestabilizar o governo ou abreviá-lo ganha adeptos a cada dia. Tenho ouvido muita gente preocupada.
E teve também Tereza Cruvinel, em ‘O Globo’:
– FHC convidou tucanos e pefelistas para dizer que é cedo para falar em desgoverno. Que é perigoso trabalhar por isso.
Teve mais. Mas basta.
Especulação
O site da revista Forbes trazia uma leitura diversa sobre a popularidade de Lula:
– Os mercados do Brasil subiram (ontem) após nova pesquisa mostrar que um escândalo não havia afetado a popularidade do governo tanto quanto diziam muitos analistas.
Para a agência Bloomberg, o mercado tinha mais o que fazer, com a ‘especulação de que as exportações crescentes vão incentivar a quantidade de dólares em circulação’.
Catarina
Nem furacão nem ciclone. Na dúvida, o JN diz ‘fenômeno’. E cobra por que minimizaram o que estava para acontecer.
Superestratada
É tedioso reproduzir, dia após dia, os jornais financeiros que tratam o Brasil como ‘país do futuro’ ou coisa assim.
Para variar a fonte, ‘a maior revista africana de negócios’, ‘African Business’, diz em sua edição de abril:
– Uma superestrada econômica transatlântica está em construção, entre as empresas de indústria e comércio da África do Sul e as suas semelhantes no Brasil.
Espanha de volta
Míriam Leitão dizia na CBN que a ‘crise’ ameaça os ‘investimentos estrangeiros’.
Mas aí vem o jornal ‘El País’ de domingo e publica duas longas reportagens para dizer que a América Latina, em especial o Brasil, ‘volta a encantar’:
– O que mudou para que as empresas espanholas voltassem após quatro anos? O retorno da confiança.
É citada uma frase do futuro primeiro-ministro, de que a área ‘volta a ser prioritária’.
Democracia
Além das mortes sequenciais de soldados, ontem uma outra notícia escapou do Iraque e foi ocupar as primeiras páginas de ‘NY Times’ e ‘LA Times’.
Foi o fechamento de um jornal xiita, por ‘incitar à violência’. O ‘NYT’ registrou a reação de um jornalista iraquiano:
– Imagino que esta seja uma versão Bush da democracia.
O BEM CONTRA O MAL
O bem e o mal também se enfrentam on line. A Folha destacou ontem a chegada na nova versão do game Counter-Strike (home page acima), ‘o maior sucesso das ‘lan houses’ e entre os jogos on line’:
– É uma loucura. Meninos e meninas passam horas, dias e semanas matando uns aos outros.
Uns são terroristas, outros contra-atacam. Segundo ‘O Estado de S.Paulo’, o mal não perde mais com facilidade:
– A inteligência dos terroristas foi aprimorada.’
***
‘Catarina, o filme’, copyright Folha de S. Paulo, 28/03/04
‘O país acordou no sábado sob a ameaça das imagens de satélite da Noaa e do Inpe, organismos que monitoram a atmosfera, nos EUA e no Brasil.
O ‘Miami Herald’, da Flórida, surgiu na madrugada com título que parecia comemorar:
– Surpresa! Um furacão se forma na costa do Brasil.
De um especialista americano:
– Parece que temos nosso primeiro furacão do Atlântico sul. Estamos todos coçando as cabeças por aqui.
A partir daí os EUA, que têm um fascínio hollywoodiano pelo tema, amaram o ‘furacão’. Veio o ‘USA Today’, arriscando que ‘tem todo jeito de ser furacão’. E tome previsão de tempestade para Florianópolis.
Citaram-se casos anteriores de quase-furacões no Atlântico sul. Um há dez anos, na costa da África. Mas outro em janeiro, perto de Salvador -sem porém alcançar o continente.
Do ‘NY Times’ aos jornais sul-africanos, o suposto furacão virou febre. Na CNN:
– Ele tem olho no centro.
País em que quase tudo vira espetáculo, os EUA passaram a especular sobre o título da mais nova atração:
– O furacão não tem nome. Os especialistas não têm lista de nomes sul-americanos.
O batizado acabou sendo feito por aqui mesmo.
Em meio à crítica dos técnicos do Inpe aos colegas americanos -seria ciclone e não furacão- a Globo anunciou afinal o título: ‘Catarina’.
A revista ‘Época’, que detonou o caso Waldomiro, diz que ‘a caça ao dinheiro escondido de Paulo Maluf chegou ao fim’, com o desembarque de ‘oito quilos de extratos bancários’. Dos promotores:
– Agora será possível processá-lo por improbidade e pedir a devolução do dinheiro.
Ecologia
Mais de Franklin Martins. Ele falou abertamente à CBN sobre a ‘conversa’ com Lula. E sobrou para Marina Silva. Palavras do presidente, via Martins:
– Há hidrelétricas aprovadas, há dinheiro, mas estão paradas por gargalos ambientais.
Ele teria chamado a ministra e cobrado:
– Se tem problema que não dá para resolver, que se fale. Se não, elimine a burocracia.
Buraco negro
Sobrou para Marina também em ‘Veja’, com os reclamos de Antônio Ermírio de Moraes e a reportagem de capa, que trata a ministra por ‘buraco negro’.
No máximo
Numa semana em que Lula deu sua terceira longa entrevista à (e recebeu prêmio da) Globo, a rede noticiou no Bom Dia Brasil ‘o empréstimo do BNDES para empresas de comunicação’:
– O projeto de apoio ao setor prevê no máximo R$ 4 bilhões.
Teoria 1
Lula culpou ‘conservadores’ pela crise, como revelou Mônica Bergamo na Folha, e abriu nova rodada de críticas, agora contra a ‘teoria conspiratória’.
Foi o que fez Míriam Leitão, longamente, em ‘O Globo’. Até o neoconservador ‘Washington Times’ destacou o ataque do ‘presidente esquerdista’.
Teoria 2
Mais teoria conspiratória, às vésperas do aniversário do golpe de 64. Dora Kramer diz hoje, no ‘Jornal do Brasil’ e ‘O Estado de S.Paulo’, que ‘entra em pauta o parlamentarismo’.
Foi ameaça do PTB durante o toma-lá-dá-cá, mas agora ganha o apoio de José Serra:
– O PSDB não deseja nem a co-autoria da proposta -para não parecer golpista-, mas José Serra acha viável a integração dos tucanos no movimento.
Cara feia
Brasília se divide entre a crítica e o elogio ao fisiologismo.
Na primeira faixa, Kennedy Alencar com texto sobre os ‘300 picaretas’, na Folha Online. Na segunda, Ricardo Noblat, em seu blog. Dele:
– Fazem cara feia a esse tipo de coisa. Acham imoral. Não é. É assim que se governa.
Navio
Pode ser, mas nem ele nem ninguém aceitou o fisiologismo no jogo de cena do PMDB.
Villas-Bôas Corrêa resumiu, escrevendo no ‘Jornal do Brasil’ e no site Nomínimo, ao chamar os peemedebistas de:
– Camundongos.
Mais China
Enquanto ‘O Globo’ acordava para a semana de Celso Amorim na China, a Dow Jones noticiava um acordo já próximo entre a Petrobras e a Sinopec -gigante chinesa de petróleo.
E o ‘Wall Street Journal’ dizia que China e Brasil já dividem uma grande produção: spams. São as mensagens que entopem o seu e-mail. Os EUA lideram em spam, mas a China foi para segundo e o Brasil é quarto.
Estética
Nem Lula nem negociações de comércio. A primeira notícia de destaque sobre o Brasil a surgir no ‘Le Monde’, em semanas, é de cirurgia plástica, dizendo que aqui ela virou ‘um hábito’.
A semana
A coluna The Note, que a ABC mantém na internet e é muito semelhante a esta coluna, deu seu ‘prêmio dos vencedores e perdedores da semana’. Não disse quem venceu, mas:
– Entre o livro de Richard Clarke, a recusa de Condoleezza Rice de depor e as dúvidas sobre sua consistência, as piadas de Bush e o preço da gasolina… o envelope da The Note diz que o presidente perdeu.
AMOR, ORDEM E PROGRESSO
Em meio ao tiroteio de Brasília, Eduardo Suplicy foi ao teatro ver ‘Os Sertões’, segundo Mônica Bergamo. Saiu de lá com a idéia de propor, como sugere uma cena da peça, a mudança da bandeira -de ‘Ordem e Progresso’ para ‘Amor, Ordem e Progresso’, do mote positivista original. Uniu-se ao deputado Chico Alencar e saíram a campo, segundo ‘O Estado de S.Paulo’. Retomam uma campanha que já foi também de Darcy Ribeiro e Carlito Maia, ícones da esquerda -antes de chegar ao poder.’
***
‘Todo mundo vai elogiar’, copyright Folha de S. Paulo, 26/03/04
‘Lula escolheu seu porta-voz, literalmente.
O Jornal Nacional deu manchete e ‘entrevistou’ Franklin Martins, para este falar de seu ‘encontro’ com o presidente.
As palavras do jornalista da Globo se confundiam, no relato, com as do presidente.
Lula/Franklin Martins produziu até uma nova metáfora para justificar o desemprego, da ‘dona-de-casa que está preparando a ceia de Natal’:
– Como a comida sai tarde, as crianças começam a reclamar. O que ela deve fazer? Ficar nervosa, largar a cozinha, deixar o peru queimar? Não, deve fazer bem feita a ceia. Depois, na mesa, todo mundo vai elogiar.
O tom foi todo assim, entre supostas perguntas de William Bonner e Fátima Bernardes. Mais Martins/Lula, agora sobre a crise Waldomiro, que ‘foi inchada pela oposição’:
– Li a reportagem com a denúncia às 10h30 e ao meio-dia o sujeito estava demitido e a investigação aberta. O que o governo tinha de fazer fez. O resto é com o Congresso.
Dirceu fica, diz Lula/Martins:
– Ele fez um trabalho extraordinário na articulação política e foi decisivo para o governo no primeiro ano. Mas ele sentiu o caso Waldomiro. É compreensível. Para uma pessoa honesta é uma situação terrível. Ainda mais porque atingiu o filho dele.
Está tudo bem, não há crise, diz Martins/Lula. Por exemplo:
– No núcleo do governo não existe esse negócio de um jogar contra o outro, de Dirceu puxar o tapete de Palocci ou vice-versa. É um pessoal que está junto há 25 anos.
Por fim, Franklin Martins, ele sozinho, para descrever:
– O presidente está tranqüilo. Fisicamente está bem, faz esteira 45 minutos por dia e a pressão dele é de 11 por 7. O problema é a cigarrilha. Fumou duas em uma hora e meia de conversa. Mas garante que vai largar.
Uma graça, esse Lula.
A revista britânica ‘The Economist’, com a modéstia de sempre, dá reportagem para mostrar ‘como reformar o sistema judiciário do Brasil’. Opõe as visões de Lula e do presidente do Supremo, Maurício Corrêa. Apresenta uma Justiça cheia de ‘casos frívolos’ e ‘morosidade’, com juízes ‘antiquados e distantes dos cidadãos que eles servem’ -e que ‘drena de dinheiro e moral o país’. Mas não chega a apoiar a reforma de Lula, até elogia os juízes. Diz que quando se abrir a caixa-preta (acima) vão achar uma instituição ‘tão complexa quanto uma civilização’.
Azeite
Lula não foi, mas segundo a Globo ele se viu ‘obrigado a ficar de plantão durante todo o dia, de noite… e de madrugada’.
Ficou esperando o resultado dos jantares convocados para resolver a crise. E resolvida ela foi, do jeito de sempre. Com os eufemismos de sempre. Do presidente do PT, José Genoino:
– Vamos azeitar o diálogo.
Orçamento
O que querem os aliados? Do presidente do PP, Pedro Corrêa:
– Queremos que o governo promova os investimentos.
Para traduzir, Cristiana Lôbo, na Globo News e Globo On Line:
– Os aliados voltaram a cobrar a liberação de emendas, porque em ano eleitoral os empenhos têm que sair até junho.
Pesquisas
A quinta foi de esforços para adiantar o que vem aí, para Lula.
Em ‘O Globo’, falou-se em queda de 20 pontos em três meses, no Vox Populi. No ‘Jornal do Brasil’, falou-se que bom/ótimo perde para ruim/péssimo, num certo Instituto CPP.
Até Dirceu e os ‘aliados’ falaram em pesquisa, com esta avaliação, segundo a Globo News:
– O desgaste de Lula acontece entre os formadores de opinião, não nas classes C, D e E.
O pior momento
Mas este é ‘o pior momento’ de Lula, afirma o jornal conservador argentino ‘La Nacion’:
– Acumula críticas, pressões e ameaças de setores sindicais, políticos, empresariais e sociais.
Todo o mundo.
Crise Lula
O ‘pior momento’ de Lula seria o melhor de José Serra, no encontro da frente de oposição.
Mas foi o melhor de Jorge Bornhausen, que dominou a cobertura com o ‘mais contundente ataque contra o governo’, para Cristiana Lôbo. Do pefelista:
– A crise se chama Lula.
Só pensa no poder
O melhor que Serra conseguiu foi dizer, nos telejornais:
– Que o governo governe.
Nem no site do PSDB o nome de seu presidente foi ao título. Curiosamente, no do PFL ele foi:
– Para José Serra, governo do PT só pensa no poder.
Ah, e Leonel Brizola não deu as caras para a ‘photo-op’.
Energia
Mais Argentina. O jornal ‘Clarín’ destacou a crise energética em seu país. E o ‘Wall Street Journal’ noticiou que o Brasil pós-apagão vai exportar eletricidade para o colega do sul.
STAND-UP
O jantar anual dos jornalistas de Washington sempre traz um comediante ‘stand-up’. Este ano, foi o próprio George W. Bush, com dez minutos de piadas -escritas para ele. Todas as redes americanas cobriram, bem como a Globo.
A certa altura, durante a apresentação de um ‘álbum de fotos do ano na Casa Branca’, ele mostrou uma cena de si mesmo procurando sob uma mesa (acima) e disse estar atrás das armas de destruição em massa.’
***
‘Coração na boca’, copyright Folha de S. Paulo, 25/03/04
‘O dia já começou carregado, com Ancelmo Góis anunciando em ‘O Globo’ que ‘Lula vai criar o Ministério da Administração’.
E com o ex-collorido Cláudio Humberto acrescentando em ‘O Dia’ que o presidente ‘quer contratar um gerentão’ para o lugar de José Dirceu.
E com Eliane Cantanhêde fazendo na Folha On Line a comparação de Antonio Palocci com Dirceu, que ‘está perdendo as estribeiras’ e:
– Precisa de descanso. Quem sabe fora do Planalto?
A partir daí Brasília não viveu de outro assunto.
Já de madrugada o blog de Ricardo Noblat trazia:
– Se continuar criando problemas para o presidente, Dirceu pode perder o emprego de uma hora para outra.
No meio do dia, nova entrada no blog:
– O mercado está agitado com a suspeita de que Dirceu pode deixar o governo.
Às 16h, mais blog:
– Brasília está com o coração na boca à espera da confirmação ou não da saída. As pessoas se telefonam, a oposição espalha que ele vai cair e os jornalistas suplicam por notícias.
Início da noite, mais blog:
– O dia hoje promete entrar pela noite. O deputado João Paulo acabou de conversar com Lula. Em vez de voltar à Câmara, foi direto para casa. O Congresso fervilha com a história de que teria sido sondado para o lugar de Dirceu.
O líder do PTB na Câmara, José Múcio, não se agüenta e diz à versão on line de ‘O Estado de S.Paulo’ que ‘a cidade só fala na saída de Dirceu. Gosto dele, mas a situação está beirando a insustentabilidade’.
O pânico se instala, ou talvez o sentido de oportunidade. O UOL dá a manchete:
– Principal aliado, PMDB ameaça deixar o governo.
Se a capital federal já era uma central de boatos, com a crescente cobertura on line ela se aproxima da histeria.
E os efeitos sobre os telejornais noturnos das principais redes já se fazem sentir. Por exemplo, na primeira manchete do Jornal da Record, ontem:
– Boatos da queda de Dirceu agravam a crise e confundem aliados no Congresso.
INIMIGO EXTERNO
Entrou em cena um site próximo do tucanato, com opiniões fundadas e menos alarido.
Chama-se E-agora e trazia desde anteontem, por exemplo, a análise dos motivos do ataque de José Dirceu a tucanos como Tasso Jereissati e Aécio Neves:
– É um expediente para que Dirceu possa continuar formalmente no comando do aparelho governamental e do Partido dos Trabalhadores.
Ontem, Eduardo Graeff, que foi secretário-geral da Presidência com FHC e protagoniza o site, acrescentou:
– A saraivada de grosserias (de Dirceu) só se explica como tentativa de Dirceu de arrumar ‘inimigo externo’ para se segurar na ‘luta interna’.
Pelo mundo
Com Brasília desabando à sua volta, Lula vai para o mundo. Ontem, deu um jeito de abrir a agenda para uma entrevista ao ‘New York Times’.
Rumo à China
É lá fora que estão as poucas boas notícias de Lula.
O chanceler Celso Amorim continua em Pequim, ao menos foi de lá que falou longamente ao ‘Wall Street Journal’.
Disse que as negociações para a criação de um bloco de livre comércio com a China abrem em menos de um mês -antes da viagem de Lula. Dele, no ‘WSJ’ de ontem:
– China e Índia são mercados que estão crescendo muito rapidamente. O potencial da China é enorme.
Mandarim
Não é só o Ministério das Relações Exteriores que tem a cabeça no Oriente.
O ‘Valor Econômico’ falou dos executivos que ‘começam a estudar mandarim para agradar os chineses’. De um analista da Vale do Rio Doce, há seis meses aluno de Yuan Aiping:
– A China está prestes a dar um boom e poucos terão disposição para estudar o mandarim, que é muito difícil. Queremos nos destacar.
De um advogado que montou filial em Xangai e é aluno de Tyn Yn Chang, em SP:
– Falar um pouco já faz toda a diferença na hora de fechar qualquer negócio por lá.
E relatou como obteve um desconto de 80% num vaso.
Efervescente
Num ritmo que Eliane Cantanhêde descrevia como ‘efervescente’, dias atrás na Folha On Line, a área externa tinha mais boas novas no ‘Valor’:
– Colômbia, Venezuela e Equador se unem ao Mercosul.
Pelo petróleo
Por falar em viagens, a BBC destacou o anúncio do vôo de Tony Blair à Líbia, hoje, para ver Muammar Gaddafi.
Lula fez o mesmo e foi criticado. Já Blair é louvado no ‘Financial Times’ pelas ‘negociações históricas’ -que incluem a exploração de petróleo pela Shell. Está previsto até acordo na área de defesa.
Partidarismo
Os depoimentos sobre o 11/9 vinham calmos, os jornais americanos elogiavam a ausência de partidarismo.
Mas aí surgiu Richard Clarke, ex-assessor de Bush, e declarou diante das câmeras de CNN, Fox, BBC, que o governo falhou com ‘as famílias do 11/9’. A campanha reabriu.
CENSURA O órgão que regula a publicidade britânica julgou ofensivo e vetou um cartaz da modelo Elle MacPherson. Com a proibição, a publicidade, que já havia sido veiculada na revista ‘Vogue’, acabou reproduzida em vários jornais europeus, como o ‘La Reppublica’’
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‘Socorro, Duda’, copyright Folha de S. Paulo, 24/03/04
‘Do ‘Financial Times’, em texto que o Uol traduziu, a Jovem Pan ecoou e o site do PSDB fez a festa:
– O PT sempre se orgulhou de ser um partido mais aberto ao debate. Mas a retórica que vem do governo mais parece disputa de parque infantil para ver quem grita mais.
Lula ‘não está nem um pouco impressionado’, diz o jornal:
– Sua resposta? Campanha publicitária de TV. Mensagem: Somos um governo sério.
Os milhões de Luiz Gushiken foram bater em Londres. E nem deveriam ter sido mencionados, segundo ‘O Globo’:
– Gushiken teria decidido por sua conta… Ao anunciar, produziu notícia negativa.
Agora é tarde. Na descrição do Bom Dia Brasil:
– Waldomiro, proposta da Previdência, briga de ministros. Tudo isso fez Lula tomar uma decisão: campanha publicitária.
E tome Duda Mendonça, para salvar a imagem que vendeu tão bem, em 2002. Não vai ser fácil, avisam na Globo News:
– Pesquisas encomendadas pelo Planalto já mostram que a popularidade de Lula é alta, mas começa a ser afetada.
A rádio Band disse que ‘dois institutos estão terminando uma nova rodada. As indicações não são boas: a avaliação de Lula deve ter queda de cinco pontos, a do governo, de dez pontos’.
Até no jantar tucano-pefelista de FHC ‘a avaliação geral foi que a popularidade de Lula está em baixa’, segundo o Uol.
Resposta: campanha.
Para piorar as coisas, Lula anuncia, mas quem entra com campanha publicitária é o PFL. Dos comerciais, ontem:
– Lula prometeu dez milhões de empregos… Ao contrário do que faz o PT, o PFL cumpre os compromissos… O PT faz vista grossa para a corrupção.
RETRATO OFICIAL
O recifense Lailson, que publicou as suas primeiras charges aos 17, nos EUA, é considerado o chargista com mais tempo de atuação num periódico no Brasil. No ‘Diário de Pernambuco’, está próximo das dez mil charges diárias publicadas.
Ele já expôs no exterior e conseguiu prêmios de Piracicaba a Montreal, no Canadá. Volta e meia aparece na página de Daryl Cagle, do site americano Slate, que reúne chargistas ‘top’ de política.
Lançou sete livros com seus desenhos, o último deles no ano passado, ‘Retrato Oficial’. Autor da imagem ao lado, publicada ontem no ‘Diário’, Lailson dá a seguinte definição de seu trabalho, falando ao site Cyberartes:
– A caricatura é o retrato oficial dos homens públicos.
Depressão 1
Se já andava ‘nervoso’, para Boris Casoy, e precisando de ‘férias num sítio’, para Tasso Jereissati, José Dirceu deve ter mergulhado na depressão no fim do dia de ontem.
Depois de ouvir FHC acusar o governo Lula de aliciar o PSDB, o ministro respondeu com uma ‘declaração de guerra’, no dizer do Jornal da Record.
Sua entrevista a ‘O Globo’ foi ataque aos tucanos próximos. Sobre os governadores:
– Eles eram oposição, mas havia acordo de procedimento. Eles derrubaram isso. Queriam me derrubar.
‘Me derrubar.’ Virou pessoal.
Depressão 2
Merval Pereira, entrevistador de Dirceu, descreveu como ele passou uma noite remoendo as críticas de Tasso.
Na CBN, depois, Pereira falou do ministro como carregado de ‘ressentimento’, mas disse que isso poderia ser ‘positivo’ para o PT nas eleições.
Não para Lula, que se ‘irritou’ com Dirceu, segundo a Record -e o resultado foi um registro lacônico do JN:
– À noite, o ministro José Dirceu divulgou nota pedindo desculpas.
Caiu a ficha
Delfim Netto, no Uol:
– Finalmente caiu a ficha. A aliança entre PT e PSDB era fora de propósito.
Lobby tucano
Não foi na tal entrevista, mas sobrou até para a tucana Zulaiê Cobra. O ‘Correio Braziliense’ deu submanchete e a Globo News ecoou:
– Deputada tucana fez lobby para GTech.
Foi no governo FHC, com um pedido à Fazenda por ‘atenção especial ao pleito da GTech’ em uma concorrência. A GTech do Waldomiro.
Candidatíssimo
Dos relatos do jantar de FHC, sobraram supostos vazamentos de que o ex-presidente pode tentar de novo.
No Uol, o pefelista Agripino Maia confirmou que se discutiu 2006 sem ‘fulanizar’. Um dos convidados, ‘que não quis se identificar’, relatou a seguinte observação de FHC:
– O presidente dos EUA, após duas vezes, não pode ser mais nada. No Brasil, não.
Helena Chagas, em blog na Globo On Line, comentou:
– Candidatíssimo: Sabem quem anda animadinho? FHC.
Sem saída
Carlos Chagas, na Jovem Pan:
– Cresce a impressão, no PSDB, de que Serra admitirá a candidatura em SP.
O Uol acrescentou:
– Os tucanos (presentes no jantar de FHC) admitem que praticamente não há saída.
Turnê
O chanceler Celso Amorim continua em turnê mundial -abrindo para as próximas viagens de Lula.
Na última semana, falou ao ‘Financial Times’ e a jornais da Turquia, em passagem pelo país. Ontem foi a vez da agência estatal chinesa Xinhua.
Em sua linguagem tortuosa, disse que a cooperação de Brasil e China é ‘encorajadora’, que o comércio bilateral é ‘altamente compatível’ etc.
TV congresso
O dia na eleição planetária foi de depoimentos no congresso americano, transmitidos ao vivo pelos canais de notícia, sobre o combate ao terrorismo antes e depois do 11/9.
CNN e BBC não pararam. A Fox News cortou como pôde os democratas.
O ‘Washington Post’ destacou a avaliação de que tanto Bush como Clinton falharam.’