Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

PHA
Sérgio Matsuura

Para Juca Kfouri, Paulo Henrique Amorim ‘cumpre o que o patrão diz’, 3/10

‘Em entrevista à revista Look, Juca Kfouri criticou o jornalismo praticado por Paulo Henrique Amorim. Segundo ele, Amorim é ‘adepto da linha profissional que cumpre o que o patrão diz’. Ainda classifica entrevista com o bispo Edir Macedo para o Domingo Espetacular como ‘nojenta’. A crítica foi uma resposta ao que a revista perguntou sobre a expressão PIG – Partido da Imprensa Golpista -, criada por PHA.

‘Ele criou a imagem de que lutou contra a ditadura, mas nunca militou em grupo algum. (…) virou porta-voz do bispo Edir Macedo e quer ser visto como um cara de esquerda’, critica Kfouri.

A entrevista foi publicada na edição de setembro, mas foi concedida há seis meses. Hoje, Kfouri continua com a mesma opinião:

‘Ele é capaz de dizer que na TV ele faz entretenimento e no blog faz jornalismo. O ‘médico e o monstro’ não falaria coisa pior’.

Paulo Henrique Amorim foi procurado pelo Comunique-se, mas se limitou a dizer que não está ‘interessado em saber o que o Juca Kfouri pensa’.’

 

 

PARCERIA
Carla Soares Martin

Jornal do interior de SP fecha acordo com NYT, 3/10

‘O Bom Dia, jornal que circula no interior de São Paulo, fez uma parceria com o jornal The New York Times, para reproduzir o conteúdo do diário durante o processo eleitoral norte-americano. Leitores das regiões de Jundiaí, Itu e Salto, Sorocaba, Bauru e São José do Rio Preto terão à disposição todo o conteúdo que o Bom Dia quiser publicar sobre o pleito, apuração e posse do presidente eleito dos Estados Unidos.

Flávio Pestana, diretor-geral da divisão de jornais e internet do grupo Traffic, que publica o Bom Dia, argumenta que a compra do conteúdo se deu porque as eleições norte-americanas são o evento mais importante para o mundo na atualidade. ‘É o momento mais importante para o mundo nos próximos quatro anos’, disse.

Mesmo sendo um jornal local, o diretor-geral afirma que seu público se interessa por noticiário internacional. ‘Hoje em dia, a gente tem a convicção de que o público não pode ler mais que um jornal. O jornal regional precisa ser completo, trazer o que há de mais importante na região, na área nacional e internacional’, afirmou.

O jornal Bom Dia custa R$ 0,50, nos dias de semana, e R$ 1, aos domingos. Segundo Pestana, o diário segue os parâmetros de ser completo e, ao mesmo tempo, acessível à população.’

 

 

ELEIÇÕES
Sérgio Matsuura

Justiça Eleitoral determina apreensão de jornal em SC, 3/10

‘Pela segunda vez na atual campanha, a Justiça Eleitoral de Santa Catarina determinou a apreensão do jornal semanal Impacto. Na manhã desta sexta-feira (03/09), um oficial de justiça foi à sede do veículo e recolheu 20 exemplares da edição número 46. A publicação continua disponível na internet.

O pedido de apreensão foi feito pela coligação ‘O trabalho continua’, do atual prefeito de Florianópolis e candidato à reeleição, Dário Berger. A decisão foi assinada pelo juiz Luiz Henrique Marins Portelinha, o mesmo que determinou, em 31/07, a primeira apreensão do veículo.

De acordo com o diretor superintendente do Impacto, Olívio Beltrão Júnior, o motivo do recolhimento seria uma matéria onde Berger é chamado de mentiroso.

‘Como se chama quem falta com a verdade? Ele diz reiteradamente que a inclusão do nome dele na lista dos candidatos com ficha suja da AMB se trata de perseguição. Nós fizemos matéria mostrando que ele já foi condenado em primeira instância’, diz Beltrão Júnior.

A Associação Nacional de Jornais divulgou nota repudiando a decisão da Justiça Eleitoral, afirmando que se trata, ‘lamentavelmente, de repetição de censura, medida inconstitucional e contrária à convivência democrática’.

‘A ANJ espera que os juízes eleitorais brasileiros, que vêm exercendo a censura com tanta freqüência, lembrem-se da frase do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Ayres Britto: ‘A liberdade de expressão é a maior expressão da liberdade’, diz nota assinada pelo vice-presidente da ANJ, Júlio César Mesquita.’

 

 

INTERNET
Bruno Rodrigues

Você tem medo do Google?, 1/10

‘Para muitos, é pior que medo de barata, trovão ou viagem de avião. O que o misterioso e onipresente Google pode fazer com o nosso planeta ultrapassa o limite das teorias conspiratórias. Para os mais apocalípticos, a empresa não vai dominar o mundo – ela já o fez.

Exagero? Neurose? Falta do que fazer? Claro que parte do que descrevi acima é brincadeira, mas o restante da história causa desconfiança e preocupação bem palpáveis para certos analistas de mercado. Como pode uma empresa que começou outro dia, mesmo, ter se transformado na marca mais valorizada do mundo, à frente de ícones como IBM e Microsoft, que se esforçam, há décadas, para ficar na dianteira do mercado de tecnologia? É esta mistura de fascinação e mistério que deixa muitos de pé atrás.

Na semana passada, quando o Google lançou seu celular para competir com o iPhone, ficou claro para mim, finalmente, a real preocupação que podemos ter caso o Google ‘domine o mundo’ [será que já estou delirando?]: aplicativo algum ‘mora’ no aparelhinho, ao contrário do que acontece com todos os outros. Explicando: tanto a agenda do celular, quanto o calendário, assim como o processador de textos, por exemplo, ficam na web. Você precisa acessar a internet para trabalhar com todos eles.

O que pode ser um terror para mim [e é], é naturalíssimo para outros. ‘Claro que deve ser assim, o futuro está nas mãos dos aplicativos web’, eles dirão. Neste cenário, esqueça softwares que vivem em seu computador – tudo está na web, basta acessá-los.

O que tudo isso significa? Pelo lado bom, as máquinas ficam livres de tanto peso, afinal os programas ‘moram’ na internet. Além disso, se eles estão lá, você pode manuseá-los de qualquer lugar, não precisa ser de seu computador. Milhões de usuários já vivem assim (entre eles, eu), e acessam o pacote Google Docs de todo ponto do planeta.

Os críticos vêem isso de outra maneira. Para eles, tanto a sua agenda de compromissos do notebook como as informações do celular são reféns do Google. Afinal, todos os milhões e milhões de aplicativos de milhões e milhões de usuários – entre eles, pode estar você – ‘moram’ nos poderosíssimos computadores [servidores] do ‘Big G’.

Mas é justamente em sua super/mega/blaster rede de computadores do Google que reside a fama, o poder e glória (e também o $, é claro) da empresa. Todos querem depender deles, a bem da verdade. O que a empresa conseguiu não é pouco.

Conquistar o mundo, para mim, é apenas um detalhe na trajetória da empresa. Pelo que percebi esta semana, pelo menos por estas bandas, o Google já conquistou o coração dos pós-adolescentes. Entre as empresas que os jovens brasileiros sonham em trabalhar, a Petrobras está em primeiro lugar – logo após vem o ‘Big G’.

E você, acha que está tudo apenas começando? Ou enxerga no Google o Armageddon das nossas informações pessoais?

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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ terá início no dia 28/10, no Rio de Janeiro. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 2102-3200 (ramal 4).

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

 

TELEVISÃO
Comunique-se

Retransmissora da Record no interior do MT é retirada do ar por monopólio, 3/10

‘A Justiça Federal determinou, na noite desta quinta-feira (02/09), a suspensão da programação local da TV Pantanal, retransmissora da Record na cidade de Cáceres, no Mato Grosso. A decisão tem validade até que o processo que pede o cancelamento da permissão de exploração do serviço de radiodifusão da empresa seja julgado.

O pedido de cancelamento da permissão foi feito pelo Ministério Público Federal após quase três anos de apuração sobre o monopólio dos meios de comunicação na cidade.

‘O regime de monopólio de radiodifusão de sons e imagens fere a livre iniciativa e concorrência, a liberdade de escolha do consumidor e até mesmo a soberania nacional’, argumenta a procuradora da República Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro, autora da ação.

Caso a emissora não cumpra imediatamente a decisão judicial, estará sujeita a multa de R$ 500 mil, além de outras sanções. As propagandas comerciais já negociadas não serão suspensas.

De acordo com as investigações do MPF, ficou comprovado que a família do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Luiz Henry, é proprietária de duas das três emissoras de TV da cidade. Além da TV Pantanal, ela controla a TV Descalvados, retransmissora do SBT. A família também é proprietária da Rádio Clube de Cáceres.

A TV Pantanal foi comprada em 2004, por meio de ‘laranjas’, em plena campanha eleitoral para a Prefeitura. Segundo a ação do MPF, ‘como meio de neutralizar os opositores, ou com receio de que sua campanha fosse de alguma maneira atrapalhada por manchetes ou notícias veiculadas nos programas’ da emissora, que era de propriedade de adversários políticos da família Henry.

O Comunique-se não conseguiu entrar em contato com responsáveis pela TV Pantanal.’

 

 

Carla Soares Martin

Lúcia Guimarães troca o Manhattan pelo Saia Justa, 3/10

‘A jornalista Lúcia Guimarães saiu, após 16 anos, do programa Manhattan Connection. Lúcia estreará agora ao lado de Mônica Waldvogel, Maitê Proença, Beth Lago e Márcia Tiburi no Saia Justa.

Ela fará reportagens sobre pesquisas e outras tendências a respeito da mulher que aconteçam nos Estados Unidos. Eventualmente, Lúcia participará do programa na roda de conversa feminina.

O Saia Justa é um programa do GNT, transmitido às quartas, 22h30.

Lúcia Guimarães também estreou como colunista do Estadão em outubro.’

 

 

Milton Coelho da Graça

Record ataca no ar e no papel, 3/10

‘Foi Daniel de Castro quem deu o furo – a Globo foi apanhada inteiramente de ‘surpresa por mais um ataque da Record: a compra dos direitos de transmissão dos Jogos Panamericanos de 2011. E a batalha continua solta nos bastidores do esporte, porque a Record continua disposta a disputar tudo que puder.

E, pelo jeito, não quer ser apenas mais um império eletrônico. Jornal de papel também está atraindo sua atenção. Como já é sabido, a Record já é dona dos jornais Correio do Povo e Diário Gaúcho, no Rio de Grande do Sul, e do Hoje em Dia, em Minas Gerais. Esses jornais foram adquiridos como contrapesos nas compras de emissoras de televisão.

A Record está empenhada em separar-se inteiramente da Igreja Universal. Já não transmite cultos (agora arrenda espaços em outros canais) e está convencida de que O GLOBO foi importante para o crescimento e a manutenção da liderança da Rede Globo.

A Igreja Universal no ano passado tentou comprar O DIA, mas se assustou com a pedida de d. Gigi de Carvalho: 200 milhões. Mas a queda de circulação do jornal e a crise financeira (que poderá ter sérias conseqüências para as receitas de publicidade, especialmente dos jornais populares) favorecem uma nova abordagem. O DIA oferece não só a atração de uma fortíssima marca de jornal, mas também um parque gráfico com ampla capacidade ociosa.

A Folha Universal tem uma anunciada circulação semanal de 2,5 milhões (até peço desculpas pelo erro da semana passada, quando falei em 1,5 milhão), mas ninguém sabe exatamente quantos exemplares são pagos e quantos são distribuídos de graça.

O jornal há alguns meses passou a circular com dois cadernos – um destinado a assuntos religiosos e outro com noticiário geral (aliás muito bem feitos, com equipes de bons profissionais). Alguns executivos da Record – dentro da estratégia de separação máxima da Universal – acariciam a idéia de fazer desse caderno noticioso o embrião de um diário nacional, rodado simultaneamente em Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Rio. Outros imaginam uma rede de jornais regionais, com uma parte de noticiário comum (política, economia, TV etc.), com esporte, polícia etc. produzidos localmente.

A crise financeira vai atingir o Brasil e com características muito próprias, por conta do crédito consignado, do crédito ao consumidor (a inadimplência já está aumentando em São Paulo) e, também, do crédito para compra de carros (reparem que os prazos já baixaram de 60 e mais meses para 24 ou 36). Se cair o consumo das famílias, a publicidade do varejo vai cair também e, aí, os jornais vão sofrer, especialmente os que dependem mais desse tipo de anunciante, como é o caso de O DIA. Quem errar na estratégia de defesa evidentemente se tornará mais sensível a propostas de venda.

Há outras novidades na área. Opus Dei, defensora da ortodoxia católica da fé e braço político do Vaticano, por decisão do Papa João Paulo II, está empenhada em duas batalhas principais no Brasil: ‘enquadrar’ os bispos mais ligados às lutas sociais e deter a maré evangélica, na qual o setor mais perigosamente atuante e de maior aumento de fiéis tem sido a Igreja Universal.

Como a CNBB parece ‘pacificada’ desde a eleição do papa Bento XVI, a Opus Dei dedica sua total atenção à Igreja Universal, e conseguiu reunir em torno da candidatura Eduardo Paes o governador Sérgio Cabral Filho, a Rede Globo e fortes setores empresariais. E há rumores – bastante convincentes – de que é possível o surgimento de um jornal católico. Enviado pelo Vaticano, Padre Edvino, um sacerdote jovem, graduado em Comunicação e vários outros cursos, elegante e apreciador de bons vinhos, mudou toda a antiga burocracia da Arquidiocese do Rio, especialmente a de informação, é o principal articulador de todo o trabalho de arregimentação católica, numa versão contemporânea do enfrentamento Reforma x Contra-Reforma do século XVI.

Há quem diga que Geraldo Alckmin – freqüentemente apontado como membro leigo da Opus Dei – não perderia em São Paulo se tivesse padre Edvino na coordenação de sua candidatura.

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Ponha na sua mesa para não esquecer

Constituição do Brasil

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.

Se v. quiser me mandar comentário ou informação sem se identificar, mande, por favor, para m.graca@comunique-se.com.br.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

 

Antonio Brasil

Por que a TV não é mais a campeã absoluta de audiência?, 3/10

‘A cada dia que passa a crise de audiência da TV se aprofunda. A cada notícia ou pesquisa anunciada, essa crise toma contornos ainda mais dramáticos. Se os responsáveis pela TV não conseguirem desenvolver novas idéias, formatos e estratégias de recuperação de audiência com a maior urgência, o fim do meio é mais do que previsível. É certo!

Mas talvez essa crise pudesse ter sido evitada. Afinal, não foi por falta de avisos.

Já em 2000, o jornalista Gabriel Priolli antevia um futuro pessimista para a Globo no Brasil. Em seu excelente livro ‘A Deusa Ferida – Por que a Rede Globo não é mais a campeã absoluta de audiência’, (ver aqui) eram apresentados os primeiros resultados de pesquisas acadêmicas sobre a queda de audiência emissora líder durante a década de 90.

Na introdução, Priolli comentava a situação dramática do império:

‘A Globo não é mais a mesma. A Globo agora perde de todo mundo. Logo o SBT vai passar a Globo, se a Record não passar os dois antes. A Globo só se sustenta porque tem as novelas. As novelas da Globo estão em crise. A Globo só tem força porque tem um jornalismo forte. O jornalismo da Globo está piorando. A TV a cabo vai acabar com a Globo…A Globo não é nem sombra do que foi no passado.’

E pensar que estas palavras foram publicadas em 2000!

Hoje, tomo a liberdade de adaptar o subtítulo do livro de Gabriel Priolli para falar não só da Globo no Brasil, mas para comentar a situação da televisão no mundo.

A TV como a conhecemos está morrendo. Deve deixar de existir da forma como a conhecemos nos próximos anos. Estamos diante de grandes mudanças.

É bem provável que não sentiremos falta dessa época de ‘ditadura’ da audiência massiva e hegemônica. Um dia desses teremos que explicar aos nossos filhos e netos, como um país com milhões de habitantes, com a maior diversidade étnica e cultural do mundo, ficava assistindo aos mesmos programas na mesma hora todos os dias do ano. Eles provavelmente vão nos considerar meio ‘esquizofrênicos’, meio ‘zumbis’ ou mortos-vivos. Todos passivos e inertes diante da TV.

Como pudemos nos contentar em receber uma única mensagem transmitida por uma única TV para tantas pessoas tão diferentes durante tanto tempo? E o problema não se restringe ao nosso País.

Explicar a atual decadência vai ser muito mais fácil do que explicar a hegemonia do meio. As ditaduras na TV ou no rádio, no Brasil e no mundo, custam a desaparecer. O modelo dos meios de comunicação de massa como a TV ainda são fortes e poderosos. Mas tendem a serem pulverizados pelos novos tempos.

Fla-TV no ar!

Mas em relação à Globo, as ameaças das novas formas de ver TVs a cabo ou pela Internet tendem a confirmar todas as previsões do passado.

Infelizmente, para nós, o pior nessa decadência da TV fica por conta do papel do jornalismo. Em qualquer emissora do mundo, os telejornais se tornam programas irrelevantes, programas de velhos para velhos e até mesmo os programas esportivos não escapam mais à queda de audiência.

Para confirmar essas previsões do passado, procurei destacar algumas manchetes recentes do nosso noticiário:

Globo tem queda assombrosa nos últimos oito anos, 19/09/2008, Adnews

‘A Globo tem um cenário pessimista para se preocupar. Principal produto da emissora, as três novelas do horário noturno vêm registrando queda histórica desde 2000.

A Globo vem amargando queda seguida de queda. Entre 2004 e 2008 a Globo perdeu um em cada quatro telespectadores (queda de 26,19%).’

Ibope das novelas da Globo está em queda, diz coluna. 18/09/2008, Folha Online

‘Mesmo mantendo a liderança, a Globo sofre uma queda histórica no Ibope de suas novelas.

Essas notícias já seriam mais do que suficientes para confirmar a relevância e seriedade das pesquisas da equipe de Gabriel Priolli no passado. Até mesmo o papel das TVs a cabo, do jornalismo e até mesmo, quem diria, o papel do horário eleitoral nessa vertiginosa queda de audiência da TV aberta:

TV paga bate recorde com horário eleitoral. 26/09/2008, Folha de SP

‘TV paga está batendo recordes de audiência durante o horário eleitoral gratuito na TV aberta. No conjunto, a audiência subiu 104% entre as 20h30 e as 21h30 no primeiro mês de propaganda política. O crescimento dos canais pagos está maior do que nas últimas eleições municipais _em 2004, o aumento foi de 96% à noite’.

Globo Esporte enfrenta crise sem precedentes 29/09/2008 da Redação da Folha

Vendo seus índices no Ibope despencarem, o ‘Globo Esporte’ passa por uma crise sem precedentes com sua audiência na Grande São Paulo. A informação é da coluna Outro Canal, de Daniel Castro. Na semana passada, o programa registrou 7,2 pontos, seu pior desempenho em toda a década. Desde 2004, o ‘Globo Esporte’ perde quase um ponto por ano em audiência, de acordo com dados obtidos pela coluna. Em 2000, teve média de 16,9 pontos. Em 2008, está com 11. Na última quinta, o programa marcou 7,2 pontos, o menor índice desde 1998.

Por outro lado, essa queda de audiência não significa o desinteresse do público por informações, conhecimento e entretenimento. O que podemos denotar é a migração dos telespectadores para novas formas de comunicação. A pesquisa divulgada pela Gartner é sintomática dessa mudança:

Clientes de TV pela Internet crescem 64% em 2008, diz Gartner, 25/09/2008

Redação Exame (ver aqui)

‘As assinaturas mundiais de plataformas de televisão pela Internet estão a caminho de alcançar 19,6 milhões de clientes em 2008, o que representa um aumento de 64 por cento sobre o ano passado, de acordo com analistas da Gartner’. Reuters. A empresa prevê que 1,1 por cento dos domicílios do mundo usarão IPTV em 2008, e espera que esse número aumente para 2,8 por cento até 2012.

E para confirmar a migração da TV, do jornalismo e principalmente dos esportes para novos espaços, aproveito para destacar a matéria de interesse não só para os flamenguistas, mas para todos que gostam de futebol e que acreditam na hipersegmentação como um modelo mais avançado e inovador para a TV do futuro:

Fla assina contrato com a TV Globo nesta terça. 23/09/2008, O Globo Online

‘O Flamengo assina nesta terça-feira o contrato de transmissão das próximas temporadas do Campeonato Brasileiro com a Rede Globo. O valor pago pela emissora será maior do que o último contrato e passa dos R$ 37 milhões anuais.

Em nota oficial, o presidente do Flamengo, Marcio Braga, comemora conquistas no novo acordo como a ‘adoção de critérios técnicos para o rateio dos valores do pay-per-view’ e o direito da Fla-TV (ver aqui) de utilizar imagens que eram de exclusividade da Rede Globo’.

Perceberam? Mais uma vez, o Flamengo indica o caminho do futuro para os demais clubes brasileiros.

Nesse futuro, em contraposição ao modelo atual, veremos uma ênfase cada vez maior em inovação e serviços diferenciados na TV.

E pensar que ainda tem gente que se surpreende com a queda de audiência da TV. Afinal, após tantos anos de liderança, nada mudou. Continuamos diante das mesmas novelas e do mesmo Globo Esporte!

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

 

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Gatos que fazem a diferença, 2/10

‘Não sou mais o homem

do interior, sou

o homem do mundo.

(Bueno de Rivera in Mundo Submerso, Rio, 1944.)

Gatos que fazem a diferença

O considerado José Truda Júnior, que do alto de seu minarete em Santa Tereza acompanha os esbarrões e derrapadas desta vida, leu no Globo Online, sob o título Pit stop desastroso prejudica Massa:

— No primeiro pit stop, a Ferrari liberou o carro antes da hora. Massa arrancou e a mangueira de combustível ficou presa ao veículo.

— Alonso volta vencer GP noturno de Cingapura. ‘É difícil de aceitar’, diz brasileiro.

Truda garante que, embora sejam todos pardos à noite, existem alguns gatos capazes de fazer a diferença:

Dou total razão ao Felipe Massa. Mais ainda, acredito que até para o próprio Fernando Alonso é impossível aceitar a idéia de que tenha voltado a vencer o GP noturno de Cingapura, realizado pela primeira vez na história do automobilismo!

Janistraquis até se conforma com a façanha do piloto espanhol, ‘novamente vencedor’ da única edição de um GP, mas não consegue engolir o obtuso hábito paulistanês de comer a preposição a; aqui por esses lados, tanto ‘Alonso volta vencer’quanto a eleição ocorre ‘daqui três dias’. É de doer.

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Miss Freirinha

Janistraquis e o considerado editor do UOL Tablóide lamentaram profundamente a decisão do padre italiano Antonio Rungi, que cancelou o concurso de ‘Miss Freirinha’.

O ousado sacerdote havia anunciado o concurso na internet, convocara noviças e veteranas entre 18 e 40 anos, mas desistiu ‘momentaneamente’, por causa das críticas que recebeu.

Desconsolado, meu assistente prometeu iniciar poderosa novena ao Menino Jesus de Praga para que o ‘momentaneamente’ passe depressa:

‘Considerado, imagine como será o desfile de biquíni!’

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Coisa finíssima

Sob o chapéu Eleições 2008 / coligações, a Folha de S. Paulo resumiu a suruba:

PT e PSDB são aliados em mais de 1.000 municípios

— Dobradinha PT-DEM registra o maior crescimento em relação a 2004, 41,9%

— Na eleição municipal, petistas estão aliados com PSDB, DEM e PPS, partidos de oposição a Lula, em 41,2% das 5.563 cidades

Janistraquis acha fenomenoso o desprendimento do partido que nasceu para enterrar ‘alianças espúrias’ e ensinar o país a se comportar, porém explica-se: o PT se revelou simples espelho da politicagem e esta faz divisa com todas as infâmias.

(Aqui em Cunha o partido do qual Lula é presidente honorário fez aliança com o DEM.)

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Frase da semana

Como diz o genial frasista Joelmir Beting, depois da tempestade vem a inundação.

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Mãe de Deus

Querençoso como o carcará do sertão, Janistraquis assim falou sobre a provável derrota de Geraldo Alckmin à prefeitura paulistana:

‘O ex-governador está apto a se considerar um cristão eleito para a glória dos céus; católico como é, agora poderá dedicar todo o tempo do mundo à adoração da Virgem Maria.’

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Boxe animado

O considerado Ismar Leonard Andrade, professor de inglês no Rio de Janeiro, elege Delano Vaz, do Canal 73 (HBO) da Sky, o narrador esportivo mais divertido da televisão:

‘O rapaz, que é locutor de lutas de boxe, deve viver há anos e anos nos EUA e, certamente por isso, esqueceu muito da língua portuguesa (se é que antes sabia mesmo alguma coisa); utiliza palavras inexistentes em nosso idioma e ainda faz uma confusão infernal ao narrar os combates, porque desconhece os golpes; assim, o direto se transforma em gancho ou cruzado e o uppercut, aquele que pega o adversário na ponta do queixo, às vezes tem nome, às vezes não tem.’

Janistraquis acha que você está sendo injusto com o rapaz, ó Ismar. Delano é o único narrador que não deixa a gente cochilar durante as lutas exibidas de madrugada; com gritos repentinos e assustadores, desperta qualquer um da letargia.

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Cem por cento

O considerado Nei Duclós, que é poeta mas não vive no mundo da lua, como dizem dos poetas, escreveu na área de comentários:

Impressionante. O Lula está quase chegando aos níveis de popularidade do Sadam Hussein, Stroessner e Idi Amin Dada, que eram de cem por cento.

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Uno escalador

O considerado Richard Jakubaszko, jornalista em São Paulo, lia noticiário da Agência Estado no IG e encontrou esta preciosidade sob o título Quadrilha faz 19 reféns em Guarulhos:

Dezenove funcionários da metalúrgica Deluma, no bairro de Cidade Satélite, em Guarulhos, na Grande São Paulo, ficaram sob a mira de revólveres por mais de uma hora no início da madrugada deste sábado.

Quatro bandidos, todos encapuzados, invadiram a empresa à 0h15 usando o próprio veículo, um Fiat Uno verde, para escalar o muro e ter acesso ao pátio, onde um segurança, que trabalha desarmado, foi rendido.

Jakubaszko ficou encantado com a maravilha da moderna tecnologia:

O Fiat Uno dos amigos do alheio escala até muro! Quero um desses pra me divertir por aí…

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Bueno de Rivera

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema intitulado O Homem do Mundo, cujo fragmento encima a coluna. O autor, químico, jornalista e radialista, foi um dos melhores poetas da chamada Geração de 1945. Publica-se o poema juntamente com a apresentação do escritor mineiro Paschoal Motta.

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Acordo ortográfico

De Janistraquis, que passou a manhã de hoje disposto a provocar:

‘Deve ser uma sensação esquisitíssima você assinar o novo acordo ortográfico da língua portuguesa sem conhecer o acordo anterior…’

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Profissão de fé

O considerado Armando Ribeiro Alvarenga, aquele empresário paulistano que causou sensação ao nos enviar longo texto a respeito dos ‘perigos’ da veadagem (coluna de 28/8/08), escreve para dizer por que a Miss Simpatia da Terceira Idade não expôs nenhuma bichona em seu programa eleitoral:

‘Dona Marta é madrinha dessa gente, mas sabe que apoio explícito de veados tira votos de qualquer candidato. Ainda bem que o eleitor brasileiro não está inteiramente entregue a profissões de fé alienígenas.’

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Hermetismo da pomba

Saiu na capa do UOL a chamada que Janistraquis considerou a mais hermética desde Alastra-se o mistifório, publicada num grandevo Estadão:

New York Times Na Bolívia, um crítico croata é mostrado de modo adverso

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Coisa vagabunda

O computador do Janistraquis é tão ruim, mas tão ruim, tão ultrapassado, que quando você clica para preservar os textos ele não avisa que ‘o word está salvando…’, mas ‘o word está tentando salvar…’

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Erro no verso

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo banheiro, em subindo-se no vaso sanitário, dá pra ver dona Dilma a arrancar os presentes das mãos das secretárias em festa, pois Roldão reprovou a incursão do Correio Braziliense pelo universo poético do bruxo do Cosme Velho:

Pensar, caderno C, página 4: Na transcrição do soneto ‘O Desfecho’ de Machado de Assis a águia que devora o fígado de Prometeu virou ‘água’… (A primeira referência no Google a esse soneto está errada. Foi copiada sem atenção).

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Safadeza antiga

Deu na Folha de S. Paulo:

Biólogo encontra formiga que viveu com os dinossauros

Impressionado, Janistraquis comentou:

‘Considerado, sempre falaram mal da cigarra, que seria de uma estroinice condenável, mas na verdade foi a tão badalada formiga que passou a longa existência na maior pândega com os dinossauros de trombas indecentemente avantajadas!’

Alertei meu assistente de que dinossauro não tinha tromba, mas os mamutes, e ele não deu o braço a torcer:

‘Aí é que está, considerado; a safadeza começou quando aquele mamute enorme ajudou a formiguinha a atravessar o rio e, quando ela agradeceu, ele respondeu: ‘muito obrigado o cacete! Vá tirando a calcinha…’. Nasceu naquele dia a sem-vergonhice e a partir de então a formiga deu pro mamute, que é bisavô do elefante, pro dinossauro e até pro brotonsauro.’

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Nota dez

O considerado José Nêumanne, que sabe das coisas da política, escreveu no Estadão:

(…) Até agora a história eleitoral brasileira registra raríssimos casos de transferência de votos bem-sucedida, mas pode ser que – no auge da glória em seu segundo mandato, outra coisa rara – o chefe do governo quebre mais esse tabu e consiga convencer aquele que votaria nele a sufragar o nome de sua ex-ministra do Turismo.

Ainda assim, seria aconselhável que dona Marta do PT desse atenção ao fato de que seu padrinho perdeu todas as eleições em que disputou votos no maior município do País, entre elas a última, em que enfrentou o mesmo Geraldo Alckmin, adversário dela hoje. São Paulo fica muito longe de Garanhuns.

Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo segundo o qual está difícil relaxar e, muito menos, gozar.

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Errei, sim!

‘QUEM DÁ MAIS – Manchetona do Caderno Copa 94 da Folha de S. Paulo: Olimpíada gay lota hotéis em Nova York. Janistraquis certamente comprará briga com o Grupo Gay da Bahia ao fazer esta perversa observação: ‘Considerado, quem diria, uma olimpíada de baitolas… Deve ser para premiar aquele que der mais.’. (julho de 1994)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

 

DESPEDIDA
Carlos Chaparro

Texto de despedida e agradecimento, 3/10

‘Este é o meu último texto de colunista do Comunique-se. Tolhido pela inevitável emoção da despedida, talvez não seja capaz de escrever algo que valha a pena ser lido. Mas antes que me enrole nas palavras, acho importante dar uma explicação ao Comunique-se e aos que habitualmente me acompanharam no que escrevi. Para concordar ou discordar.

A explicação é tão simples quanto sincera: na beirada dos 75 anos, decidi me libertar dos compromissos que me impõem rotinas organizadas em dias e horários certos. Quero liberdade para me organizar ao sabor da vontade e, com liberdade, usar o tempo e os espaços que me cabem, para encarar o muito que ainda há a descobrir, questionar e escrever.

Em resumo: vou cuidar do meu blog (www.oxisdaquestao.com.br), observar, estudar e escrever livros. Teimosamente. Mas sem excessos ou obsessões que sacrifiquem os prazeres e os deveres do viver.

No texto da despedida, deixo curtos comentários sobre três questões que me preocupam como cidadão, jornalista e professor de jornalismo:

1) O aumento de frequência, nos ditos e feitos pelo noticiário do dia-a-dia, de cacoetes ditatoriais, por parte de autoridades e lideranças institucionalmente constituídas. Cacoetes que não chegam a ser preocupantes nem ameaçam a democracia. Mas que devem ser decididamente expostos pelo jornalismo à discussão pública, para que não cresçam a ponto de produzir aleijões políticos. Nos escândalos dos grampos, e nas discussões decorrentes, alguns desses cacoetes apareceram. Entre eles, a tolerância e o uso da arapongagem herdada da ditadura. Outro cacoete que se repete é a propensão a decisões de controle da informação com vieses de censura, tanto por parte do Judiciário quanto por parte de alguns pólos dos poderes executivos. É preciso estar de olho em gente como o secretário municipal dos Transportes de São Paulo, Sr. Alexandre de Moraes, e seus assessores de comunicação, que, segundo relatam os jornais de 19 de setembro, se acharam no direito de não divulgar oficialmente os dados estatísticos de mortes no trânsito da capital paulista só porque ‘não eram favoráveis’, na explicação dada por um funcionário do órgão que controla o trânsito da cidade.

2) Na discussão sobre a regulamentação da profissão de jornalista, é preciso ir além da questão da obrigatoriedade do diploma. Na minha opinião, precisamos, e com urgência, rechear a polêmica com argumentos e razões que levem em conta a dignidade e a identidade da profissão, qualquer que seja o lado de onde venham os argumentos e as razões. O que implica levar o debate para terrenos argumentativos mais filosóficos e menos instrumentais. Como há meses escrevi aqui, nesta coluna, a regulamentação profissional do jornalismo deve servir a um conceito de sociedade – com ou sem a obrigatoriedade do diploma.

3) A convicção de que a formação profissional do jornalista deve assentar no pressuposto de que sem as razões da Ética não há nem se faz jornalismo. Na verdade, olhando para as responsabilidades cívicas que a sociedade e os conceitos de cidadania atribuem ao jornalismo, um entendimento se impõe: o de que nas razões da Ética, e só nelas, estão as razões de ser do Jornalismo. Nos valores da Ética (que não devem ser confundidos com as normas da moral) estão todas as raízes dos ideais humanistas que nos levaram à escolha da profissão.

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E por aqui fico, dando por encerrada a caminhada de colunista do Comunique-se.

Muito obrigado a todos pela acolhida que me deram, ao longo do percurso.

(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’

 

 

 

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O Estado de S. Paulo – 2

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