Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se

PROTESTO
Comunique-se

Funcionários tiram página da Tribuna da Imprensa do ar

‘Com seis meses de atraso de salários, sem repasse à Receita Federal do imposto de renda recolhido e sem ter em suas carteiras de trabalho a baixa registrada para pelo menos darem entrada no seguro-desemprego, os funcionários da Tribuna da Imprensa decidiram cruzar totalmente os braços, principalmente aqueles que ainda atualizavam o site, que está fora do ar desde 01/04. O webmaster, que também deixou de trabalhar, é quem hospeda a página do jornal.

Eles divulgaram também um manifesto, intitulado ‘Documento-Denúncia’, relatando os problemas pelos quais estão passando.

Jornalistas com os quais o Comunique-se conversou contaram também que o trabalho realizado para fazer edições especiais foi pago parcialmente, já que a direção da Tribuna alega que, por duas vezes, foi assaltada. ‘Da primeira vez, um funcionário teria ido ao banco para receber [jornalistas têm recebido em dinheiro] e foi assaltado. Outra vez informaram-nos que dois homens em uma moto entraram no prédio e levaram o dinheiro que teríamos para receber. O que mais nos causa estranheza é que da primeira vez notamos uma resistência para a Tribuna registrar o Boletim de Ocorrência’, contou uma fonte.

No documento, a comissão de funcionários da Tribuna pede um posicionamento da Associação Brasileira de Imprensa, da qual Hélio Fernandes, proprietário do jornal, é conselheiro. ‘Nós, jornalistas, entendemos que à ABI caberia se manifestar em favor destes trabalhadores, já que é um órgão criado por jornalistas em defesa dos jornalistas, mas que nunca deixou de se engajar nas grandes lutas deste País em defesa da sociedade. Entretanto, meses se passaram e nenhuma manifestação de repúdio a esta situação vivida pelos funcionários da Tribuna da Imprensa, tampouco qualquer denúncia contra o Sr. Hélio Fernandes, um de seus conselheiros’, escreveram.

‘A ABI não é um órgão sindical. Quem tem que se posicionar é o sindicato do Rio e a Federação Nacional dos Jornalistas. Não só se manifestar mas também agir junto aos poderes constituídos no sentido que a Tribuna seja indenizada pelos anos que sofreu durante a ditadura militar’, disse o presidente da ABI, Maurício Azêdo.

No final de fevereiro, o ministro Celso de Mello rejeitou recurso movido pela União para o não pagamento de indenização à Tribuna da Imprensa por censura, perseguições e prejuízos morais e materiais sofridos entre 1969 e 1979, durante a ditadura militar. O proprietário da Tribuna, Hélio Fernandes, informou na época que assim que receber a indenização pagará todas as dívidas contraídas pelo jornal ao longo de todos esses anos, a começar pelos salários atrasados dos funcionários.

Fernandes ainda não se manifestou sobre o manifesto, tampouco sobre a página da Tribuna estar fora do ar.

Leia o manifesto na íntegra:

‘DOCUMENTO-DENÚNCIA

Os funcionários do jornal Tribuna da Imprensa e seus familiares, indignados com a situação de penúria a que foram relegados pelo Sr. Helio Fernandes, proprietário do citado jornal, resolvem denunciar à população e autoridades públicas, depois de promessas e acordos firmados com o Sindicato dos Jornalistas que não foram cumpridas:

Seis meses de salários atrasados.

Não há depósito de Fundo de Garantia nem recolhimento de INSS desde 1995 (crime).

Não recebemos 13° salários de 2007/2008 e falta pagar 50% do 2003.

Não há repasse à Receita Federal do imposto de renda recolhido dos empregados, impedindo assim o recebimento da restituição (crime sonegação).

Não há vale-transporte, vale-refeição e plano de saúde.

Condições de trabalho insalubres.

Durante o ano de 2008, não recebemos sequer 1 mês o salário integral, sempre entre 25% e 50%.

Os pagamentos, quando feitos, eram em espécie, na própria empresa, expondo os empregados a uma série de riscos (não há conta-salário).

Os empregados demitidos ou que pediram demissão não receberam o mês trabalhado e em atraso.

E, como se não bastasse tudo isso, o Sr. Helio Fernandes, no mês de dezembro último, comunicou que estava encerrando ‘momentaneamente’ as atividades da empresa, sem prazo de volta, segundo ele pode ser 1 mês, 1 ano, 5 anos…, deixando os funcionários, num período de festividades, com dois meses de salários atrasados (completou 6 meses este mês). Não teve ao menos a preocupação social de dar baixa nas carteiras dos funcionários para recebimento do seguro-desemprego e aqueles mais antigos, anteriores a 1995, retirarem o pouco de Fundo de Garantia que ainda têm.

Pretendemos com este documento mostrar verdadeira face do jornalista Helio Fernandes e sua ‘preocupação social’, tantas vezes preconizada em seus artigos, com críticas a empresários, políticos e membros do Judiciário, mas que esqueceu de pôr em prática na sua empresa.

Na verdade, a tão criticada, por ele, reforma trabalhista, que suprime direitos conquistados com suor e muita luta pelos trabalhadores, já foi implantada em sua empresa.

Quanto à alegação de que se encontra em insolvência, pelo fato de o Supremo Tribunal Federal não resolver a sua demanda judicial, que pede indenização por perseguições ocorridas durante a ditadura militar, é de se estranhar que só 23 anos depois do término deste período negro e próximo de uma solução o jornalista Helio Fernandes resolva fechar sua empresa. Nós, funcionários da Tribuna da Imprensa, temos o sentimento de estarmos sendo usados como massa de manobra para que Sr. Helio Fernandes possa obter êxito em seu processo contra a União. É justa a sua demanda e injusta e cruel a forma como estamos sendo tratados.

O sentimento de impunidade fica cada vez mais forte entre os empregados da Tribuna da Imprensa, tendo em vista que no mês de janeiro deste ano uma comissão de funcionários procurou o Ministério Público do Trabalho e relatou todas estas irregularidades, ficando a promessa por parte deste órgão de serem tomadas, urgentemente, todas as providências necessárias para uma solução às denúncias feitas. Estamos no mês de abril e nada resolvido, sequer multa para os infratores.

Quanto à Receita Federal, não vimos também nenhuma ação concreta, por conta dos descontos do imposto retido na fonte feitos nos contracheques dos funcionários, mas não repassados a este órgão. Muitos estão na malha fina em razão deste crime praticado pela empresa do Sr. Helio Fernandes (não há lei que puna esta prática com cadeia?). Não bastasse isso, o Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte fornecido pela empresa declara salários, abonos e 13° que não foram pagos. O que mais é permitido ao Sr. Helio Fernandes fazer?

Nós, jornalistas, entendemos que à ABI caberia se manifestar em favor destes trabalhadores, já que é um órgão criado por jornalistas em defesa dos jornalistas, mas que nunca deixou de se engajar nas grandes lutas deste País em defesa da sociedade. Entretanto, meses se passaram e nenhuma manifestação de repúdio a esta situação vivida pelos funcionários da Tribuna da Imprensa, tampouco qualquer denúncia contra o Sr. Helio Fernandes, um de seus conselheiros.

Atenciosamente,

Comissão dos Funcionários da Tribuna da Imprensa’’

 

LEI
Comunique-se

Gilmar Mendes defende normas de direito de resposta da Lei de Imprensa

‘O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, voltou a defender a manutenção de dispositivo da Lei de Imprensa que trata sobre o direito de resposta. A declaração foi dada nesta quinta-feira (02/04), um dia após o início do julgamento do pedido de revogação da lei, quando, ao final da sessão, o ministro também defendeu a questão.

‘A liberdade de imprensa não é um valor único. É preciso que levemos em conta outros valores. Daí a necessidade de manter-se, a meu ver, aquele capítulo referente ao direito de resposta até que o Congresso eventualmente lhe dê uma nova conformação’, afirmou Mendes, que participou de um seminário sobre o sistema carcerário nacional, no Rio de Janeiro.

Segundo o ministro, a liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais da democracia e a manutenção de normas para o direito de resposta é ‘fundamental’ para a própria imprensa..

‘Até considero que, se estamos agora celebrando 20, 21 anos da Constituição de 1988 num quadro de normalidade institucional, é graças ao modelo poliárquico em que temos a atuação do Judiciário, do Ministério Público e da imprensa’, disse.

Na última quarta-feira, durante o início do julgamento da revogação ou não da Lei de Imprensa, o relator do processo, ministro Carlos Ayres Britto, defendeu a suspensão de todos os artigos da lei. Seu voto foi seguido pelo ministro Eros Grau e a sessão foi interrompida. Ainda não existe data para a retomada da matéria.

A Lei de Imprensa foi instituída em 1967, durante o regime militar. Muitos a consideram autoritária, já que possui mecanismos para a censura prévia e a apreensão de publicações. No ano passado, o STF concedeu liminar suspendendo 22 dispositivos da lei.

Com informações da Folha de S. Paulo.’

 

Milton Coelho da Graça

Como torcer durante sessão do Supremo

‘O Supremo Tribunal julga, nesta quarta-feira, duas questões da maior importância para a imprensa e seus jornalistas.

Na primeira delas – sobre a Lei de Imprensa criada pela ditadura militar – há uma quase total unanimidade pela sua extinção pura e simples, até como início de uma limpeza final do chamado ‘entulho autoritário’ criado durante aqueles 20 anos trágicos.

Existe uma generalizada (mas não unânime) convicção, tanto entre nós – empresas jornalística e profissionais – como em toda a sociedade civil, de que os Códigos Civil e Penal já são instrumentos suficientes para estabelecer claros limites protetores das garantias individuais e institucionais contra qualquer uso errado da liberdade de expressão.

Mas persiste em muita gente a opinião de que nossos meios de comunicação nem sempre respeitam os padrões de confiabilidade, ética, responsabilidade social e bom gosto desejados pela cidadania, mas não protegidos por legislação adequada. Tanto as associações de empresas como de jornalistas têm códigos de ética, mas pouco conhecidos, sem a necessária aprovação social e – pior – sem a previsão de punições adequadas.

Não haverá o menor sentido de nos rejubilarmos pelo fim da Lei da Mordaça, se as entidades empresariais e profissionais não entendê-lo como exigência de que sejamos estritamente responsáveis, acabando com a fajutice da auto-regulamentação e da constante atitude de cruzar os braços quando um jornalista – regulamentado, sindicalizado e diplomado – aceita ser fotografado com uma criança no colo e fingindo cheirar cocaína. Ficamos calados quando isso e muitas outras coisas semelhantes acontecem. Se os sindicatos, a Fenaj e a ABI punissem e até mesmo expulsassem esses falsos ‘companheiros de profissão’, nossa defesa da liberdade de expressão ganharia um peso mais convincente. Da mesma forma, se ANJ, ABERT e outras associações empresariais aceitassem a montagem de um Conselho Nacional de Comunicação segundo os debates e as razões que o criaram, teríamos jornais e emissoras mais respeitados por toda a sociedade brasileira.

Quanto ao diploma, creio que em nossas discussões sempre esquecemos o fato essencial de que a emergência e crescente participação do jornalismo-cidadão torna cada vez mais irrelevantes tanto a decisão do Supremo como a própria discussão entre nós. Como poderia se tornar obrigatória a exigência do canudo para os jornalistas de jornais, revistas, tevês e rádios on-line de cooperativas, comunidades e mesmo empresas? Vejam o caso do excelente ‘Direto da Redação’, lançado por Eliakim Araújo e Leila Cordeiro lá nos Estados Unidos. Tem gente escrevendo de Miami, Berna, Bristol e Montreal. Acho até que todos têm diploma. Mas se não tiverem? A lei do diploma não tem como existir na Internet, em blogs ou Youtube.

Vamos proteger a profissão e o mercado de trabalho. Mas olhando para o futuro, não só com saudade da década de 60.

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

VENDAS
Sérgio Matsuura

Maiores jornais do País seguem com tendência de queda na circulação

‘A circulação dos principais jornais do País continua com tendência de queda. Em fevereiro, a circulação média diária dos dez maiores veículos foi 1,3% menor que em janeiro. Quando comparado com o mesmo mês do ano anterior o resultado é ainda pior: queda de 6,45%.

O resultado anualizado é pior que o obtido em janeiro, quando foi registrada queda de 4,7%.

A Folha de S. Paulo, líder em circulação do País, apresentou queda de 1% em relação a janeiro, com média de 297581 exemplares vendidos. O resultado foi 6,6% menor que em fevereiro de 2008.

A circulação do mineiro Super Notícia, segundo do ranking, foi 3,3% menor que em janeiro. Comparando com fevereiro de 2008, a queda foi de 4,7%.

O Globo conseguiu um leve aumento na circulação. Em relação a janeiro, o crescimento foi de 0,2%. Entretanto, o jornal não conseguiu reverter o resultado negativo obtido em janeiro, quando perdeu 11,1% da circulação em relação a dezembro. O resultado anualizado é de queda de 9,3%.

O Extra também tenta recuperar espaço. Registrou crescimento mensal de 3%, mas, comparando com fevereiro de 2008, a queda é de 22,2%. O Estadão foi outro jornal que apresentou uma leve recuperação no mês (0,3%), mas o resultado é bem abaixo do obtido em fevereiro do ano passado (-15,3%).

Da lista dos dez maiores jornais do País, apenas o Lance! apresenta crescimento significativo quando comparado com o mesmo mês de 2008 (23,7%). O Meia Hora (3,6%), o Zero Hora (3,2%) e o Correio do Povo (2,5%) também mostram resultados negativos em relação a fevereiro do ano passado.

Os números são do Instituto Verificador de Circulação.’

 

CONTEÚDO NA REDE
Bruno Rodrigues

Livro publicado em pdf é livro publicado?

‘Sou autor de dois livros publicados – em papel. Ambos estão esgotados – o mais recente, há apenas dois meses – e por isso estou sofrendo da leve angústia e sensação de cansaço que toma qualquer autor de obra-em-papel neste momento: lá vamos nós de novo, rumo à via-crúcis que é publicar (mais) um livro.

Realmente ainda precisamos disso? Em plena era digital, quando a informação já provou que pode estar em qualquer lugar, acessível a todos, e quando publicar uma obra diretamente em formato digital nos desobriga da relação autor/editora, o livro impresso ainda é essencial para dar propriedade a uma obra?

A resposta é sim.

Há algumas razões para isso:

1. Um livro em pdf não está em todo o lugar.

Quando um leitor se dispõe a comprar um livro, o ponto focal é a boa e velha livraria. E não estou sendo rígido: quando me refiro à livraria, também entram neste grupo as filiais virtuais de uma Saraiva e de uma Cultura, por exemplo, assim como a poderosa Amazon.com e sites que vendem ebooks como o eReader. Se uma obra está fora do radar, ou seja, longe destes pontos focais, é como se ela não existisse. Mesmo. Quem tem obras publicadas (em papel), mas ainda assim mal distribuídas, sabe do que estou falando. E mais: contar com a máxima do ‘boca-a-boca’ como maneira eficaz de distribuição de um livro digital – o chamado ‘viral’ – é um erro crasso; é bom saber que só dá certo para nichos, nunca para atingir o grande público.

2. Um livro em pdf não passa pelo crivo de uma editora

Um livro em papel cuja publicação foi bancada pelo autor é como um vencedor de um concurso que foi organizado por ele próprio, sem concorrentes ou júri, em que até o troféu saiu do próprio bolso. O que falta neste caso? Filtro. Como nos acostumamos a ver, um livro, para ser publicado, precisa ser submetido ao olhar clínico de editores e ser aceito ou não, com ressalvas ou não. Muito já se falou da real validade deste ‘funil’, e por isso muitos correm por fora e publicam suas obras por conta própria – curiosamente para terem os direitos comprados por grandes editoras assim que começam a fazer sucesso. Não conheço um que tenha dito ‘ah, não, obrigado, vou continuar tirando do meu bolso’. Ou seja, a visão de qualidade e sucesso passa pelas editoras. O que, da mesma forma, faz de um livro publicado direto em pdf e distribuído na Rede ser questionável quanto à sua qualidade. Pode até ser uma obra-prima, mas, sejamos sinceros, a dúvida que surge é mui to maior que a de um livro publicado em papel por uma editora.

3. Um livro em pdf não tem estoque

Isso não seria uma vantagem? Um arquivo multiplica-se por um bilhão, se for o caso; até o infinito, de acordo com a necessidade. Mas existe um complicador nesta fórmula: o terrível e inclemente fator tempo. Livros de papel enviados a livrarias formam estoques, ainda que pequenos, e lá permanecem. Livros digitais esgoelam-se para ser divulgados (e isso raramente acontece através de jornais e revistas) e pouco tempo depois a memória de sua existência se esvai para os nichos. Ah, sim, o Google neste caso serviria exemplarmente como as maquininhas que nos auxiliam – e aos livreiros – a localizar as obras em uma livraria. Mas, sejamos sinceros, os resultados de busca do Google são tão certeiros e organizados quantos as maquininhas? É como procurar agulha em palheiro.

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Acha que fico feliz com que escrevi acima? De forma alguma. Nas últimas semanas soube de quatro livros que foram lançados apenas em pdf, obras que têm muito acrescentar, mas que: 1) tenho certeza de que não estão fazendo nem metade do ‘barulho’ que poderiam estar fazendo, justamente porque não estão nas livrarias, 2) têm erros de revisão, de ajustes editoriais, o que não compromete, mas dá a perceber a falta de um olhar ‘formal’ sobre o conteúdo e 3) vão sumir do mapa se não arrumarem uma forma de serem impressos em algum momento.

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Antes que eu me esqueça: a tendência de não cobrar por um livro e/ou abrir a mão de seus direitos autores, tão em voga na web, por mais que seja uma tendência, ainda está sob o olhar atento da História. Tais atitudes podem estar colocando em extinção a profissão de escritor profissional, aquele que escreve livros para viver. Reconhecimento não enche barriga, é sempre bom lembrar.

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Dito isso, e enquanto o mundo não muda (pelo menos neste quesito), deixem-me voltar à minha via-crúcis de autor de livro de papel. O que pode até ser um pouco masoquista, mas que me dá uma sensação de que fiz por merecer quando consigo, ah se dá!

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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ começa na terça-feira que vem, dia 7 de abril, no Rio. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha..edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 21 21023200 (ramal 4).

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Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

No Rio, até santo parte pra ignorância!

‘os operários não

descortinam quando

noite quando dia

(Talis Andrade in A Dança dos Robôs)

No Rio, até santo parte pra ignorância!

A considerada Bete Nogueira, jornalista da MultiRio, empresa da prefeitura carioca que produz material educativo, como publicações, sites e programas de TV para professores e alunos, despacha de seu sempre agitado escritório:

Certas ‘chamadas’ jornalísticas nos fazem lembrar imediatamente de seu comentarista de plantão. Hoje, 1° de abril, no portal do jornal O Dia, tem uma assim:

‘Homem é arrastado por São Cristóvão’.

Aposto que Janistraquis vai se arrepiar de imaginar o santo, padroeiro dos motoristas, praticando tal barbaridade. Mas o certo é que um cara foi arrastado pelas ruas do imperial bairro carioca.

Meu assistente, que anda mais distraído do que comentarista esportivo, leu e comentou, perplexo:

‘Hare baba, considerado! A barra no Rio anda tão pesada que o santo, mesmo com aquele jeito de bom velhinho, agarrou o elemento e fez justiça com as próprias mãos!!!’

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Aventuras na História

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre as inutilidades da República enxerga-se o vazio que a ausência de Lula preenche, se me entendem, pois Roldão, sempre de olho em Aventuras na História, examinou com sherloquiana lupa a edição deste mês e enviou ingente arregaço ao diretor da redação:

1 — A matéria de capa sobre Canudos está muito boa, com um enfoque original. Parabéns.

2– A matéria sobre a participação de brasileiros na Guerra Civil espanhola também é original. Entretanto, o mapa da Península Ibérica merece reparos: a projeção é muito distorcida, Portugal está mais largo do que deve ser. A Espanha, muito destorcida também.

As linhas de combate deveriam se referir a uma data mais precisa do que apenas 1938. Madri está deslocada, a capital espanhola fica praticamente no centro do país e não como aparece.

Indicações de cidades: Extremadura e Andaluzia não são cidades; são regiões. Vallarca: não consegui localizar nos mapas que consultei. Segre não é uma cidade: é um rio. Ebro também não é uma cidade: é um grande rio. A Batalha do Ebro foi travada perto de Tortosa.

3 – ‘Alimentos com sabor de Brasil’ – Carne seca e charque são sinônimos. No Nordeste, usa-se a carne de sol, esta sim, menos salgada do que o charque.

4 — O bolo Souza Leão não leva coco e sim leite de coco. E muitas gemas e manteiga.

5 — ‘A grande família’ – p. 57 – ‘Alguns dos Medici caíram na besteira (sic) de apoiar, no fim do século 14, a chamada Revolta dos Ciompi (…)’

Novamente o estilo popularesco de redação, que acho condenável numa revista de História.

6 – ‘Nessa época, segundo Piccomini, as repúblicas italianas tinham um regime baseado nos chamados checks and balance (restrições e contrapesos).’

Agora, usa-se um jargão em inglês!

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Embiocado brunch

Espectador atento do Manhattan Connection, do GNT (aqui no meio do mato, canal 41 da Sky), Janistraquis, que sempre achou uma besteira o tal brunch importado e servido nalguns restaurantes de São Paulo, pois prefere uma boa feijoada no café da manhã, ficou tristíssimo por não saber o que comeu o repórter cultural Pedro Andrade no programa de 29/3:

‘Considerado, o rapaz não deu um detalhe sequer sobre a escolha dos pitéus do brunch que lhe encheram o prato. Vi que lá jaziam dois ovos que nos observavam arregalados e mais nada. Aliás, o Pedro é bonito, simpático, mas precisa de umas lições de reportagem, como aliás já demonstrou noutras aparições; é que reportagem não existe sem alguns pormenores, também chamados de minudências.’

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De cagões

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, casarão vizinho ao Palácio da Liberdade, de cujo quintal, em subindo-se na jabuticabeira, enxerga-se o desespero de Aécio, que perde terreno para Dilma Petúnia nas pesquisas eleitorais, pois Camilo de lá despachou a seguinte frase:

Não suporto mais esses repórteres cagões a escrever ‘suposto’, ‘suposta’.

Janistraquis concorda, ó Camilo, e sugere que os jornais metam lá na primeira página um permanente calhau com os seguintes dizeres: TUDO O QUE ESTÁ ESCRITO NESTA EDIÇÃO PODE SER MENTIRA. OU NÃO!

Ato contínuo, os editores esnocariam de todas as páginas o desagradável supositório, não o substantivo, todavia o adjetivo.

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Talis Andrade

Leia no Blogstraquis a íntegra do poema cujo fragmento encima a coluna. Insere-se no livro O Enforcado da Rainha, que o poeta escreveu para reverenciar os heróis da liberdade. Lembremo-nos que o Brasil acaba de exsudar o 45º ano do golpe que instituiu a ‘ditabranda’.

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Remédio isento

Janistraquis gostou da decisão de se isentar o cimento e penalizar o cigarro, mas acha que ainda está em falta a mais útil de todas as permutações fiscais:

‘Considerado, a melhor jogada presidencial seria, sem dúvida, capar todos os impostos dos remédios, principalmente os de uso permanente, e elevar às assomadas a tributação da cachaça e todas as demais bebidas com o mesmo princípio ativo, o álcool. Assim, haveria salutar desequilíbrio entre o porre e o engov.’

É bem pensado.

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Muito diretor

Deu na coluna do Claudio Humberto:

Palácio do Planalto tem 47 chefes em cargos de diretoria.

Janistraquis não resistiu à rima vagabunda:

‘Em cada corredor, tropeça-se num diretor.’

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Machado e os bichos

Lê-se no excelente Machado de Assis – Exercício de Admiração, do considerado Ayrton Marcondes (A Girafa Editora), que o escritor adorava cachorros e detestava cavalos. Janistraquis logo produziu uma das suas:

‘Deve ser por que os cães costumam lamber as mãos de quem os alimenta, como está escrito em Dom Casmurro; e os cavalos, estes corriam no Prado Fluminense e escreviam nos jornais da época…’

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Respeito às palavras

O considerado Flávio Guimarães, 40 anos de jornalismo iniciado em sua terra, Sorocaba (SP), principalmente em rádio e TV, envia algumas linhas a propósito do que se escreveu aqui acerca do respeito às palavras:

(…) Além das duas referências que você faz, denegrir e judiação (eta, ferro!), o vocabulário do dia-a-dia vai produzindo um amontoado terminológico de novos conceitos, cada um mais espantoso que o outro. Assim, ninguém mais quer ser chamado de empregado, mas de funcionário. Em tempos de crise, como este, deve ser reconfortante ficar desfuncionarizado.

Leia no Blogstraquis a íntegra do texto de Flávio Guimarães, o qual trata nosso idioma sem nenhuma intolerância ou preconceito.

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Mulheres, mulheres

O considerado Fábio José de Mello, degustador do que a vida tem de melhor, envia curioso cardápio recheado de mulheres capazes de atender aos mais exigentes paladares.

Há, desde a mulher-pão, aquela que tem sempre o mesmo gosto mas você come todo dia, até a mulher-PT: quadrilheira, mente pra cacete, faz programa com qualquer um e depois diz que não sabe de nada (mesmo que tenha gostado da farra).

Confira no Blogstraquis a criativa lista que percorre a internet com presteza de garçom de motel.

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Texto premonitório

O considerado Hugo Caldas, professor de inglês em Recife, transcreve em seu blog um trecho do livro A Verdade de um Revolucionário, do folclórico general Olympio Mourão Filho (a ‘Vaca Fardada’ do golpe de 1964):

‘Ponha-se na presidência qualquer medíocre, louco ou semi-analfabeto e vinte e quatro horas depois a horda de aduladores estará à sua volta, brandindo o elogio como arma, convencendo-o de que é um gênio político e um grande homem, e de que tudo o que faz está certo.

Em pouco tempo transforma-se um ignorante em um sábio, um louco em um gênio equilibrado, um primário em um estadista. E um homem nessa posição, empunhando as rédeas de um poder praticamente sem limites, embriagado pela bajulação, transforma-se num monstro perigoso ‘.

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Um milhão de casas

Não me perguntem por que, mas Janistraquis batizou a brilhante idéia das casas populares com o nome de ‘Projeto Sérgio Naia’, em homenagem ao falecido empreiteiro conhecido pela integridade dos edifícios construídos por sua empresa.

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Lista da pomba!

O considerado Bolívar Lamounier, maior cientista político do Brasil, envia este hilariante flash do cotidiano que circula pela internet afora:

Há pouquíssimo tempo no Brasil, mas falando ‘muito bem’ o português, um americano fez a lista de compras e foi ao supermercado para tentar abastecer despensa e geladeira.

Lista à mão, carrinho à espera das compras, o americano vai à procura do que precisa:

pay she

mac car on

my one easy

paul me too

all face

car need boy ( mail kilo ) (esta é genial…)

as par goes

key joe ( parm zoom)

cow view floor (fantástica)

pier men tom

better hab

lee moon

all me room

beer in gel

three go

pay to the pier you (sensacional…)

ao final, ainda dá um tapa na testa e desabafa:

putz grill low !

is key see o too much….

put a keep are you!

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Nota dez

A coluna recebeu 27 mensagens/votos de leitores que elegeram, por unanimidade, a coluna do considerado Carlos Heitor Cony na Folha de S. Paulo, a qual recorda alguns episódios do golpe de 64:

(…) No dia seguinte à tomada do poder pelos militares, publiquei uma crônica no finado ‘Correio da Manhã’ (…)Como não houve demissão, no dia seguinte escrevi outra crônica, bem mais violenta, sem tom de gozação. Pouco depois, fui processado pelo ministro da Guerra, expulso como mau elemento do sindicato dos jornalistas, tive de pedir demissão.

Leia no Blogstraquis (ou aqui no C-se) a íntegra de Um caso pessoal, cujos episódios não devem ser esquecidos.

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Errei, sim!

‘SEMI-EXTINTA — Mais uma do arquivo secreto do Estadão, devassado por espião desta coluna: ‘Em São Paulo, a fauna silvestre está semi-extinta por completo’. (agosto de 1995)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

TELEVISÃO
Wilson Baroncelli

TV Globo mostra nova fronteira de desmatamento na Amazônia

‘Pelo menos até o final deste ano, todos os programas jornalísticos de rede da TV Globo (Globo Rural diário, Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Globo, Globo Repórter, Fantástico e Globo Rural de domingo), além da GloboNews e da Globo Internacional, vão veicular reportagens produzidas pelo recém-criado Núcleo Amazônia da emissora. Sediado na capital paulista, ele tem na direção geral Humberto Pereira (diretor de Redação do Globo Rural), Odair Redondo e Lucas Battaglin, ambos também do Globo Rural, respectivamente como coordenador e diretor, conta com cinco produtores em São Paulo e outro em Manaus e pode acionar os repórteres de rede da Globo sempre que necessário. O objetivo, segundo Humberto, ‘é ouvir e mostrar o que a Amazônia tem a dizer em diversas áreas, do meio ambiente à economia, da cultura à arqueologia, das populações urbanas aos indígenas, principalmente agora que o mundo inteiro olha para a região’.

Na próxima semana, o Jornal Nacional vai veicular a primeira série de reportagens produzidas pelo núcleo, em que mostrará, diz ele, ‘que já não há apenas um arco de desmatamento da região subindo pelo Mato Grosso e pelo Pará, mas um verdadeiro abraço, porque a devastação também desce a partir da fronteira com o Peru’.

A ideia do Núcleo Amazônia nasceu de expedições prospectivas que Odair Redondo fez para o Globo Rural, durante vários meses, em 2006, quando percorreu todo o Bioma Amazônico, formado por nove países. ‘Quando ele voltou e montou o relatório, constatamos que havia um acervo de pautas e de ideias que transcendia em muito os limites do programa, era um material de dimensões amazônicas’, brinca Humberto. Com isso, o projeto passou para a responsabilidade da Central Globo de Jornalismo, que decidiu implantá-lo em São Paulo. Pereira ressalta que ele se integra ao portal Globo Amazônia, que o Fantástico criou há alguns meses, formando assim um projeto multimídia, que futuramente se desdobrará em DVDs, seminários e outros subprodutos. Faz parte ainda desse ‘pacote’ o ABC da Amazônia, programetes semanais de um minuto, veiculados em horários aleatórios dentro da programação da TV Globo e da GloboNews, em que Fabbio Perez discorre sobre uma planta, animal ou qualquer outro elemento da região a partir de uma letra – ‘f’, de formiga, por exemplo.

Nasce em São Paulo o Radar Universitário, primeira ‘cria’ do Destak

Começou a circular nesta 4ª.feira em São Paulo o Radar Universitário, ‘filhote’ do gratuito Destak dirigido a estudantes de nível superior, a ser distribuído nas principais faculdades e universidades da capital paulistana. Serão 50 mil exemplares mensais, também gratuitos, e a perspectiva é de que ele se torne semanal já no segundo semestre de 2009.

O novo produto vai trazer reportagens sobre carreiras e o mercado de trabalho para os futuros profissionais, política educacional, pós-graduação, finanças (para estudantes) e demais temas da vida universitária (festas, baladas, esportes, protestos, semana dos calouros, festivais etc.), além de matérias de comportamento, moda, internet, games e lazer em geral – pautas sempre pensadas para leitores com idades entre 18 e 30 anos. ‘Também esperamos contar com muita colaboração dos próprios estudantes, principalmente os de Jornalismo, claro, para definir pauta e mesmo para a produção de textos, sejam artigos de opinião ou reportagens’, afirma Fábio Santos, diretor Editorial do Destak. Ele informa que vai trabalhar com uma redação enxuta, aproveitando sinergias com o Destak e utilizando muitos colaboradores externos.

A coordenação fica a cargo do editor-chefe Renato Viliegas, que há 15 anos trabalha com jornalismo de entretenimento. Ele foi editor de revistas de videogames, criou portais de conteúdo jovem (um deles para a extinta Zip.Net), colaborou com revistas como VIP, Playboy, Superinteressante, SET, Galileu e Rolling Stone e nos últimos quatro anos era gerente de Jornalismo da Play TV, assinando e dirigindo uma série de programas de conteúdo jovem. O Radar Universitário começa a circular já com um patrocinador, a Telefonica, que comprou a ‘cota master’. Vale lembrar que outra iniciativa relevante nessa área, o Guia do Estudante, da Abril, embora tenha propósito idêntico, é um guia anual e não atua, digamos assim, no dia-a-dia da ‘moçada’.

(*) Wilson Baroncelli é jornalista e editor do informativo Jornalistas&Cia’

 

Antonio Brasil

Você já passa mais tempo na Internet do que vendo TV

‘Talvez você não tenha percebido. As mudanças de hábitos midiáticos costumam ser lentas. Talvez você precise ser alertado pelo crítico ou por alguma nova pesquisa sobre a sua vida.

Mas segundo matéria divulgada pela Reuters (ver aqui), o ‘Brasileiro já passa três vezes mais tempo na web do que vendo TV. 81% dos participantes da pesquisa apontaram o computador como meio de entretenimento mais importante.

Em uma longa trajetória que começa com os velhos jornais nos séculos XVII, esse agora é um momento importante da relação do público com os meios de comunicação de massa.

O fim da hegemonia da TV era previsível. Mas não se esperava essa transformação em tão pouco tempo. A entrada da Internet na nossa vida foi avassaladora. Você consegue imaginar a sua vida sem emails, acesso a jornais online, ao Google ou aos vídeos do YouTube? Parece impossível. Mas até 1994, pelo menos aqui no Brasil, Internet era coisa de ficção científica. Pelo jeito, não é mais.

De acordo com a pesquisa da Deloitte, ‘os consumidores brasileiros gastam, atualmente, 82 horas por semana utilizando diversos tipos de mídia e de entretenimentos tecnológicos, como o celular. Para a maioria dos consumidores, o computador superou a televisão em termos de entretenimento.’

A grande maioria dos participantes da pesquisa, 81%, indicou ‘o computador como o meio de entretenimento mais importante em relação à TV. Outro grupo de pesquisados, 58% preferem os videogames, principalmente os jogos online como sua principal fonte de diversão.

Esta foi a primeira vez que os brasileiros foram incluídos na pesquisa sobre ‘O Futuro da Mídia’. Nas versões anteriores, somente os EUA, Japão, Alemanha e Grã-Bretanha eram entrevistados. Segundo a Delloite, dos 9 mil participantes, 1.022 eram brasileiros.

Esse dado também denota a crescente importância e relevância do público brasileiro no universo da comunicação pela Internet.

Por outro lado, a pesquisa também indica que os brasileiros se sentem limitados na Internet pela velocidade e qualidade de sua conexão. Mas 85 % dos entrevistados disseram que estão dispostos a pagar mais para ter conexões mais velozes. As pessoas com mais de 43 anos declaram que pagariam mais por um serviço melhor e mais rápido.

Outro dado importante nessa revolução midiática é a importância aferida à mobilidade e portabilidade dos novos meios. 92% dos entrevistados declaram que utilizam celular. Os programas e acessórios mais utilizados são as mensagens de texto com 92%, câmera digital 78%, jogos 67% e a câmera de vídeo 62%.

Lan Houses no sertão

E como esta mudança de mídia está acontecendo no Brasil?

Outra investigação sobre hábitos midiáticos dos brasileiros divulgada esta semana nos fornece a resposta. A 4ª Pesquisa Sobre Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) – TIC Domícilios 2008 indica o crescimento das polêmicas Lan Houses no Brasil. (ver aqui)

Elas podem não ser ‘bem-vistas’ por parcela considerável dos gestores da Internet brasileira, mas as Lan Houses mostram cada vez mais a sua importância para um grande segmento de brasileiros. Quando falamos de exclusão digital no Brasil, costumamos apontar números que revelam a falta de computadores e conexões de Internet nas residências da maioria dos brasileiros.

O problema é que não considerávamos o crescimento de acesso à rede em locais públicos como as Lan Houses ou nos locais de trabalho. Muita gente acessa a Internet enquanto trabalha e não declara nas pesquisas. Não pega bem o patrão saber que estamos conectados no Orkut enquanto deveríamos estar produzindo riquezas para ele.

Apesar de não serem ‘bem-vistas’ por boa parte dos gestores da Internet nacional, as Lan Houses mostram mais uma vez a sua força. Além de serem o principal meio de acesso à Internet nas áreas urbanas, elas também lideram nas áreas rurais, mesmo com problemas de infraestrutura – falta de oferta de redes.

E o fenômeno das Lan Houses não se restringe às áreas urbanas. Segundo a pesquisa esse pontos de acesso público à Internet já respondem por 48% de todo o volume de comunicação da rede no Brasil – 47% na área urbana e 58% na rural.

A Internet e as Lan Houses mudam os hábitos midiáticos dos brasileiros. A TV, como a conhecemos, aquela que nos aprisiona em grades com novelas ruins e telejornais muito chatos, está virando um monumento ao passado. Assim como tínhamos em nossas residências um ‘altar para orações’, rádio de ondas curtas ou pingüim na geladeira, ainda temos o velho aparelho de TV na sala de estar. Mas esse cenário está mudando.

Você pode não ter percebido, mas a TV não é mais tão poderosa. Ela não nos domina como antes. Não é mais a nossa principal fonte de diversão ou o melhor meio de comunicação com o mundo. Mas ainda fatura fortunas, impõe respeito e pode eleger ou derrubar presidentes.

(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007.. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’

 

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