BLOGOSFERA
O blogueiro cubano independente Orlando Luis Pardo Lazo acaba de lançar a revista digital Voces, a primeira da ilha caribenha. Escrevem para a publicação diversos dissidentes conhecidos, como Yoani Sánchez e Claudia Cadelo.
‘É um veículo para o arco-íris de opiniões sobre este momento crítico que Cuba enfrenta’, afirmou Lazo, em entrevista ao jornal americano Miami Herald.
Na edição de estreia, lançada na semana passada, foram publicados 22 artigos. A revista está disponível na internet, tanto para download como para leitura online.
Entrentanto, a publicação é bloqueada para o acesso normal em Cuba. O acesso à revista é possível por meio de conexão em servidores proxy, possível em clubes e escritórios do governo. Lazo informa que um amigo seu imprimiu cinco cópias, com a esperança que o material seja fotocopiado e passado para os leitores.
Anderson Scardoelli
Blogueiros defendem liberdade de expressão e expansão da banda larga
Durante 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, realizado no último final de semana, em São Paulo, blogueiros de todo o país aprovaram carta que defende o Plano Nacional de Banda Larga e a criação do Conselho Nacional de Comunicação.
‘Cobramos dos Poderes Executivo e Legislativo que examinem com seriedade deliberações da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) como a da criação do imprescindível Conselho Nacional de Comunicação’, afirma o quinto parágrafo da carta.
No documento, os blogueiros reivindicam a elaboração de políticas que incentivem formas de financiamento de blogs, como a publicidade. Também defendem a liberdade de expressão. O Projeto de Lei de autoria do senador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) que tramita na Câmara dos Deputados, apelidado de ‘AI-5 digital’, foi duramente criticado.
‘A liberdade de expressão e a diversidade da blogosfera precisam ser preservadas’, avalia o coordenador do site Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto, que mantém um blog sobre Direitos Humanos desde 2006.
Declaração de Serra
O jornalista Glauco Faria, editor-executivo da revista Fórum, disse que um ponto importante do evento foi proporcionar o encontro de muitos blogueiros. ‘Muita gente só se falava pelos blogs, e-mails e mídia social’.
Faria ainda informou que as declarações do candidato à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, sobre a existência de ‘blogs sujos’, foi discutida apenas entre alguns blogueiros. Para ele, a fala do tucano, ‘ainda que ofensiva, é um reconhecimento da relevância que a blogosfera possui no país’.
CANUDO
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) decidiu organizar uma comissão para avaliar se deve ou não filiar jornalistas não diplomados. No 34º Congresso Nacional dos Jornalistas, realizado entre os dias 18 e 22/08 em Porto Alegre, os profissionais aprovaram por unanimidade a defesa da graduação específica em jornalismo. A maioria também decidiu por não sindicalizar jornalistas sem diploma.
Mesmo assim, como o debate foi acalorado, a Fenaj formará uma comissão para analisar as várias opiniões sobre o tema, já que há sindicatos que defendem a filiação dos não diplomados.
‘Vamos continuar com nossa luta pelo diploma. Mas a Fenaj reconhece que existe um grupo que entrou na profissão à revelia, e a comissão vai avaliar todas as matizes da questão da filiação. Não vai ser um trabalho fácil. Como há várias opiniões, a comissão vai estudar e se constituir num caminho do meio’, explica Celso Schröder, novo presidente da entidade. De acordo com ele, a comissão trabalhará no assunto até março de 2011.
Além de discutir o diploma e a sindicalização, o 34º Congresso Nacional dos Jornalistas também defendeu a aprovação das PECs pela volta da exigência de graduação em Jornalismo, a criação do Conselho Federal dos Jornalistas, de uma nova Lei de Imprensa e da continuidade da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom).
FUTURO DO JORNAL
O Jornal do Brasil divulgou um comunicado em que explica em 50 pontos os motivos para a mudança para a versão 100% digital, que estreia no dia 01/09. O veículo rebate as críticas feitas por leitores e se apega à sustentabilidade para explicar o fim do impresso.
‘Não se pode optar por fechar os olhos – não ao futuro -, mas ao próprio presente da mídia em todo o mundo: o rumo, inexorável e crescente, à era digital. Assim, ao contrário do que vêm propagando alguns poucos mal-informados, irresponsáveis e mal-intencionados, o Jornal do Brasil está caminhando para uma nova e melhor fase. O JB continuará existindo – ágil, moderno e influente’, diz um trecho do texto.
A empresa também afirma que manter o JB em papel seria insustentável e enfatiza os danos que a produção de papel causa à natureza. ‘Ora, os custos econômicos e ambientais do papel são insustentáveis. Mais que isso, são desnecessários’. E logo abaixo explica em quatro pontos:
‘14. A cada dia em que um jornal como o JB não é impresso em papel, 72 árvores deixam de ser cortadas. Dado o maior ou menor número de cadernos durante a semana, ao longo de um ano são mais de 30 mil árvores poupadas.
15. Uma única edição de domingo corresponde a cerca de 200 árvores que levam anos para crescer e ocupam 40 mil m² de florestas. Isto equivale a quatro campos e meio de futebol. Em um ano, com a versão digital, são preservadas áreas florestais correspondentes a mais de 1.200 Maracanãs.
16. Para se fazer uma edição do JB em papel consomem-se aproximadamente 10 mil litros d´água e 40 Mw/hora de energia por dia.
17. Além disso, a natureza leva 6 semanas para decompor um único exemplar de jornal em papel’.
De acordo com uma fonte, a maioria dos jornalistas da Redação discorda do fim do impresso e alguns deles já pediram demissão. Segundo a fonte, ainda não houve cortes na Redação depois que a empresa decidiu migrar para o digital. Até o momento, as saídas foram voluntárias.
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Folha de S. Paulo – Domingo