Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se


CRISE POLÍTICA
Carlos Chaparro


Na dança da pizza, a ousadia do escárnio, 22/3/2006


‘O XIS DA QUESTÃO – A dança da pizza não foi uma dança qualquer, dançada em
qualquer danceteria. Foi a dança de uma deputada federal, em pleno exercício do
mandato, no espaço mais solene do Congresso, onde o povo coloca seus
representantes para que zelem pelo bem público e pela ética na política. Com a
sua dança de pizzaiola, a deputada Ângela Guadagnin escarneceu dos eleitores, da
Nação, do Congresso, do seu Partido. E de si própria.


1. De mosqueteira a pizzaiola


Guerreira discreta e eficiente. Disciplinada executora de ordens, na
infantaria do PT, nessa escabrosa e mal resolvida história do mensalão. Essa, a
imagem que a deputada Ângela Guadagnin construiu em minha mente, com a sua
atuação nas batalhas da CPI dos Correios, e em outras instâncias, onde os
deputados ‘mensaleiros’ eram investigados. Nos momentos de maior risco,
utilizando aberturas e preceitos regimentais, lá estava ela, com exemplar senso
de disciplina partidária, em procedimentos protelatórios que atrapalhavam o
andamento dos processos. Dava a cara em defesa dos colegas de partido. E assim
se tornou mosqueteira esperta e eficaz dos ‘mensaleiros’ petistas.


Ao mesmo tempo, nas arenas do show, os próprios ‘mensaleiros’ se desdobravam
na representação de inocentes e ingênuos utilizadores do ‘caixa dois’, para que
a tipificação do delito fosse a de crime eleitoral já prescrito. Coitados!…
Apesar dos milhões circulantes em notas vivas, algumas delas verdes, escondidas
na cueca de um dos malandrões, como podiam eles imaginar que estavam pondo a mão
em dinheiro público, lavado em águas podres?


Dinheiro público? Que nada! Apenas ‘dinheiro não contabilizado’, na feliz e
original definição delubiana. Feliz e original não apenas como solução
semântica, de desavergonhado eufemismo, mas também como argumento de sacanice
política, apara amenizar o risco de os utilizadores do dinheiro sujo serem
apanhados pelos mecanismos do decoro e da ética parlamentar.


Percebe-se, hoje, com clareza, que o argumento de sacanice continha, afinal,
uma refinada sabedoria culinária, tendo em vista a oferta, à Nação, de um
glorioso festival de pizza.


Deu certo: entre sorrisos e abraços, os ‘mensaleiros’ estão sendo absolvidos.


2. Ritual do escárnio


A pizza já está sendo servida. De entremeio, bem que poderiam servir, também,
um petisco popular em algumas regiões brasileiras, feito com salsicha e queijo,
enrolado em pimentão e espetado em palito, conhecido pelo nome de ‘sacanagem’
(ver Aurélio). Fica aí a sugestão aos restaurantes e lanchonetes do Congresso…


Não é um banquete simples. Teve até dança, a já apelidada ‘dança da pizza’,
na brilhante performance de uma deputada. Quem? Ora, Ângela Guadagnin, aquela
mesma que tão discreta e eficaz havia sido no papel de mosqueteira. Mas que,
agora pizzaiola vitoriosa, em descontrolado estado de euforia, resolveu
esbaldar-se. Flutuando no excesso, com ou sem querer, divertiu-se na nossa cara
e às nossas custas. Provavelmente, nem se lembrou que estava sendo filmada,
gerando imagens simbólicas que escandalizariam a Nação.


Com ou sem descuido, consciente ou inconscientemente, a deputada deu tom e
sentido de solene ritual à festa da pizza. Ritual, sim, porque não foi uma dança
qualquer, dançada em qualquer lugar, nem em qualquer momento comum. Foi a dança
de uma deputada federal, em pleno exercício do mandato, no espaço mais solene do
Congresso, onde o povo a colocou para zelar pelo bem pública e pela ética na
política.


Para incômodo geral da Nação, e incômodo particular do PT, a deputada
escarneceu dos eleitores, do Congresso, do seu Partido. E de si própria.


E porque estou enojado, peço licença para me retirar.’


Leonardo Attuch


Do caso Lunus ao caseiro Francenildo, 22/03/06


‘A revista Época do dia 4 de março de 2002 foi histórica. A capa daquela
edição mudou os rumos da sucessão presidencial, ao revelar que oito agentes da
Polícia Federal e dois delegados haviam entrado num escritório em São Luís e
encontrado R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. A foto da pilha de dinheiro logo foi
exibida no Jornal Nacional e, no dia seguinte, ganhou a manchete de várias
publicações. Era auto-explicativa. Graças a essa imagem, Roseana Sarney, que
despontava como favorita, foi excluída da disputa. Dias depois, descobriu-se que
os agentes envolvidos na operação haviam repassado informações sobre o caso ao
ministro Aloysio Nunes Ferreira, então responsável pela pasta da Justiça, a quem
a Polícia Federal está subordinada. Tal episódio ficou conhecido como o ‘caso
Lunus’, numa referência ao nome da empresa de Jorge Murad, marido de Roseana,
onde foi encontrado o dinheiro em espécie. Era o ovo da serpente. Depois de
muitos anos dedicada a operações de combate ao narcotráfico e ao contrabando, a
Polícia Federal entrava num novo estágio, passando a atuar diretamente num
embate de natureza político-eleitoral. Depois daquele exemplo, tudo o mais seria
permitido.


O episódio Lunus acabou influenciando diretamente no meu voto. Foi graças a
essa ação da Polícia Federal que eu acabei desistindo de votar no candidato José
Serra nas eleições de 2002. Embora o considerasse o nome mais indicado para
gerir a economia brasileira, eu também temia que Serra usasse o aparelho de
Estado para esmagar seus adversários políticos – da mesma forma como eu
imaginava que ele havia feito com Roseana. No entanto, para o meu desgosto, foi
no governo Lula, o candidato ‘paz e amor’, que essa tendência de uso da força do
Estado em favor de interesses políticos ou privados se tornou ainda mais aguda.
O arbítrio da semana passada, ocorrido com o caseiro Francenildo Costa, foi
apenas a conseqüência natural dessa sinistra parceria entre repórteres
investigativos e fontes do aparato de repressão federal. É um círculo vicioso.
Como as matérias que nascem dessa união geralmente rendem glórias, honrarias e
prêmios, nós, jornalistas, muitas vezes não nos damos conta de que estamos
apenas sendo instrumentalizados pelos poderosos de plantão.


Não quero aqui julgar os jornalistas da Época envolvidos no caso Francenildo.
São profissionais sérios e respeitados no meio. Também não concordo com a
análise apressada de alguns colegas, que atribuem somente ao PT os vícios do
nosso ‘Estado policial’. Afinal, com o caso Lunus, o PSDB também sujou as suas
mãos. E a visão de que governar é ‘ter a chave do cofre e a chave da cadeia’ é
algo que faz parte da nossa tradição política há várias décadas. A questão é
que, agora, já não é mais possível adiar uma reflexão sobre esse casamento de
interesses entre jornalistas e agentes da repressão, cujo saldo tem sido
negativo para o País e para as instituições. Eu mesmo fui vítima disso. Depois
de entrevistar a secretária Fernanda Karina, que deu o foco à CPMI dos Correios,
fui alvo de uma campanha difamatória que tentou difundir que a entrevista havia
sido negociada com um empresário. Na época, a revista Carta Capital publicou
emails falsos entre ATT (que diziam ser Attuch) e DD (que diziam ser Daniel
Dantas) numa tentativa frustrada de emplacar a tese de que havia uma conspiração
por trás da entrevista da secretária. Meses depois, um repórter do Jornal do
Brasil me procurou, dizendo que tinha mais emails e que vinha sendo pressionado
a publicá-los pela direção da empresa porque as fontes eram oficiais. Eu lhe
mandei uma carta do portal Terra, atestando a fraude, e ele teve a postura digna
e correta de não embarcar numa canoa furada.


Já ficou claro para todos que, na era Lula, não se admite que homens honrados
ataquem o governo. Se assim o fazem, devem estar movidos por interesses
inconfessáveis. Um ano atrás, eu fui alvo de uma tentativa de desconstrução de
imagem, com a colaboração de parte da imprensa. Em vez de repórter
investigativo, eu passaria a ser um ‘repórter investigado’, ainda que não
estivesse citado como réu em qualquer processo e que as evidências do crime
fossem apenas documentos fraudados. Agora, foi a vez do caseiro Francenildo
Costa. Nitidamente, o governo tentou transformá-lo de acusador em acusado – e
desta vez contou com um empurrão de profissionais sérios da revista Época. Será
que já não fomos longe demais?


(*) Editor de economia da Istoé Dinheiro e autor do livro ‘A CPI que abalou o
Brasil’’


GAROTINHO vs. O GLOBO
Comunique-se


Diretor de O Globo comenta informe publicitário do governo do RJ,
24/3/2006


‘Diante da luta travada entre O Globo e o governo do Estado do RJ na edição
desta sexta-feira do diário (24/03), a redação do Comunique-se perguntou ao
diretor de redação do jornal, Rodolfo Fernandes, o que ele tem a dizer a
respeito da acusação que consta no informe publicitário afirmando que é possível
‘organizar uma lista longa e indesmentível de casos em que o jornal abriu mão de
sua isenção para mover campanhas de perseguição política e de destruição de
reputações pessoais’. Fernandes disse que não entendeu direito o que quiserem
dizer no informe, já que, segundo ele, os redatores que escreveram o anúncio
‘escrevem mal’.


Leia a resposta de Rodolfo Fernandes: ‘Nosso trabalho não foi tão complexo
assim que não pudesse ter sido feito antes, e com maior abrangência, pelo
próprio governo do Estado, autor da suposta lista de dez mil obras: o GLOBO
apenas pegou a relação de obras no site oficial e foi aos locais verificar o que
havia (ou não, como tem sido mais frequente na nossa conferência). Os redatores
das declarações contidas nas peças publicitárias do governo, muitos deles
profissionais que passaram sem muito brilho pela Redação do GLOBO, escrevem mal,
de forma que não entendi direito o que quiseram dizer na confusa frase do texto
da propaganda.’’


***


O Globo ataca, governo do RJ se defende


‘Não é de hoje que as páginas de O Globo se dedicam a tratar das denúncias
envolvendo a governadora do Estado do Rio, Rosinha, e seu marido, Anthony
Garotinho. Desde que o governo estadual começou a veicular propaganda na TV a
respeito das 10 mil obras que afirma ter realizado ao longo dos mais de seis
anos que o casal ocupa o Palácio Guanabara, o diário mobilizou sua equipe de
repórteres, que vêm provando que inúmeras obras que constam da lista divulgada
pelo governo estão inacabadas ou sequer começaram a ser realizadas. Há casos de
itens que também constam na relação mas não são obras. Na edição desta
sexta-feira (24/03), o governo resolveu responder às acusações em propaganda
oficial, embora não cobrada por O Globo – o jornal acredita que o governo tem o
direito de prestar esclarecimentos ‘como, aliás, tem sido feito desde a primeira
reportagem publicada sobre as supostas obras’.


De forma irônica, o informe publicitário, intitulado ‘Retrato do bom
jornalismo do O Globo’, afirma que o jornal sofre ‘de editorialização precoce’ e
que, ‘para enganar o leitor, tudo é permitido, até publicar imagens mentirosas’.
No informe, afirma-se que, em pelo menos dois casos, ‘o mau jornalismo pode ser
flagrado com facilidade’.


O governo afirma que duas imagens registradas pela equipe do jornal e
publicadas na edição da última quarta-feira (22/03) não mostram a realidade das
obras. Numa delas, ‘O Globo mostrou um trecho ainda não pavimentado (da Rua
Chalet, em Santa Teresinha), cuja obra será executada pelo Consórcio
Espectro/MRG, com previsão para término em julho deste ano e, como mostra a
segunda foto (feita pelo governo do Estado) – e pode ser visto na foto do O
Globo – já com os marcos topográficos fixados’.


Nas outras imagens, o informe afirma que ‘duas fotos mostram que não foi
construída apenas uma, mas duas praças no bairro Santa Teresinha’, ao contrário
do que disse matéria do jornal: ‘em vez de construir uma praça pública no bairro
Santa Terezinha, em Mesquita, como consta em sua relação de obras, o governo
estadual, segundo os moradores, destruiu com um canteiro de obras uma antiga
pracinha e não construiu a nova que estava prometida’.


O governo acredita ser compreensível que o jornal tenha decidido checar se
todas as informações sobre a campanha das 10 mil obras eram exatas. ‘Isto é
jornalismo e os eventuais equívocos da lista deverão mesmo ser corrigidos. Mas
que nome se deve dar à publicação de informações e imagens mentirosas sobre a
lista, apenas com a intenção de sustentar uma campanha contra o Governo do
Estado? Perseguição ou jornalismo marrom?’.


O informe ressalta a qualidade dos profissionais que trabalham no jornal e
diz que veículo é ‘capaz de praticar bom jornalismo. Menos quando mistura
assuntos políticos com seus próprios interesses. Não é difícil organizar uma
lista longa e indesmentível de casos em que o jornal abriu mão de sua isenção
para mover campanhas de perseguição política e de destruição de reputações
pessoais. Felizmente, quase sempre sem sucesso’.


Repórteres de O Globo voltaram a checar as informações e afirmam, com base em
depoimentos da população local, que um pequeno trecho da Rua Chalet é coberto
por paralelepípedos há pelo menos 20 anos e que, ‘desde então, não foi feito
qualquer serviço de colocação de asfalto na rua’.


Em relação aos marcos topográficos, moradores disseram que já estão
acostumados com sua instalação e que ‘o improviso ainda impera toda vez que á
enchentes e a rua fica intransitável’.


‘Além disso, o governo diz, no item 1, que a lista oficial fala em
pavimentação ‘na’ Rua Chalet, o que indicaria que o serviço poderia ter sido
feito em apenas um trecho dela. Porém, em outros itens da lista oficial que
consta no site da Secretaria estadual de Integração Governamental, quando se
refere a apenas uma parte de um logradouro público beneficiado, o governo
estadual especifica que se trata de um trecho. Esse tipo de especificação, por
sinal, é obrigatório nos contratos públicos para que seja possível
fiscalizá-los’, consta no Globo desta sexta.


Quanto às praças do item 2 do informe publicitário, a praça do bairro Santa
Terezinha, O Globo diz que ‘o governo estadual não explicou o fato de um
canteiro de obras seu ter destruído o local onde ficava uma área de lazer.
Também não informou por que não construiu a praça no bairro’.


Em relação à fotografia de outra praça, na Rua Sete Anões, no mesmo bairro, O
Globo afirma que a imagem é antiga e ‘não corresponde mais à realidade. Tanto a
prefeitura quanto moradores garantem que o local está coberto de entulho. Mais
uma vez, teria sido um canteiro de obras do próprio estado que ocupa toda a
área’.


Leia também:


Diretor de O Globo comenta informe publicitário do governo do RJ’


JORNALISMO ECONÔMICO
Eleno Mendonça


A agricultura pede socorro, 20/03/06


‘A agricultura mais uma vez está na corda bamba da economia. Como se fosse um
setor não programável, como se todo ano, na mesma data, não tivesse plantio,
colheita, venda da safra, transporte, a agricultura de novo foi mal planejada e
o Brasil certamente vai perder com tudo isso. Os jornais mais influentes são
tipicamente urbanos e agem como se houvesse apenas fábricas e shoppings. Aqui e
acolá se vê uma matéria de agricultura, pecuária, mas tudo muito de vez em
quando. Ontem, no Globo Rural, o ministro Roberto Rodrigues disse que é preciso
para ‘ontem’ R$ 30 bilhões e deu a entender que a culpa era da área da Fazenda,
que por sua vez ainda não tem, por falta de planejamento, o orçamento de 2006
aprovado. É bom lembrar que estamos em março.


Além de tudo isso, o agricultor tem de conviver com a questão da incerteza do
clima e ainda não sabe se a operação tapa buraco será suficiente para suportar o
transporte da safra. Falta dinheiro, portanto, do plantio à comercialização.
Bem, daí não adianta o presidente apenas reclamar com os países mais ricos a
questão do subsídio. É mais ou menos a comparação de condições entre o que
exagera na atenção e o que deixa totalmente à sorte.


Isso não é culpa de Lula, nem de FHC. Os problemas do setor se arrastam há
anos. Num momento em que todo o mundo compra e bem os produtos agrícolas do
Brasil, uma espécie de compra que se renova, na medida em que tem de ser feita
todos os anos, o Brasil sequer tem orçamento aprovado. Deveria, na minha
opinião, haver interesse muito maior dos governantes. Também deveria haver maior
empenho das chamadas bancadas ruralistas, que na maioria quer apenas o lado do
bem bom, como no mês passado, quando tentaram anistiar vários devedores
colocando bons e maus homens do campo na mesma cesta.


Fico imaginando que se houvesse cobrança e acompanhamento maior por parte da
imprensa, várias perdas poderiam ser evitadas. Mais que isso, o nível de
produtividade e as áreas plantadas poderiam ser ainda maiores. Com isso, haveria
menos conflitos no campo, a reforma agrária tão sonhada poderia sair de forma
planejada sem a necessidade de violência. Mas tudo no Brasil esbarra na falta de
planejamento. De novo, teremos eleições, de novo novas promessas, de novo
teremos de assistir às perdas na safra, aos prejuízos de muitos que dedicam a
vida a plantar e tentar colher.


O ministro Roberto Rodrigues deu a entender, com seu ar passivo, de que a
culpa é de Palocci. Quer saber ministro, a culpa é de todos nós que poderíamos
pagar menos no supermercado, na feira, que poderíamos ter uma taxa de inflação
menor, que poderíamos crescer de verdade, como todo país precisa.’


GRANDES REPORTAGENS
Cassio Politi


Os bastidores com o seqüestrador de Silvio Santos, 24/03/06


‘O agente se virou para um preso e fez a ameaça: ‘aí, mano! Anda na linha,
senão você vai ver aonde você vai parar’. A cena retumbava na cabeça do
jornalista, que voltou a se concentrar na entrevista. O interlocutor era de uma
agilidade de raciocínio acima da média.


– A cadeia é um lugar problemático, cheio de gente problemática.


A definição era perfeita. A conversa, então, voltou a girar em torno de
Patrícia Abravanel e o seqüestro de Silvio Santos. O entrevistado, Fernando
Dutra Pinto, contava os detalhes de como tudo acontecera. Por que seqüestrou a
filha do apresentador? Por que voltou à casa dele? Não teve tempo para dizer que
estava, misteriosamente, morrendo na cadeia. Dez meses depois, saiu o
livro-reportagem que contou a história do autor de um dos seqüestros mais
ousados do País.


É ele


A imprensa brasileira tinha optado por quebrar a regra de não informar
seqüestros em andamento. Quando Patrícia Abravanel foi libertada, começou, a
circular na imprensa o nome do mentor do crime: Fernando Dutra Pinto, 22
anos.


Elias Awad acordou e, como de praxe, ligou o rádio. Era sexta-feira, 31 de
agosto de 2001, e o noticiário da manhã cobria a invasão de Silvio Santos. Elias
tomava banho quando voltou a ouvir aquele nome: Fernando Dutra Pinto. Deu o
estalo. Aquele seria um ótimo personagem pitoresco.


Dali em diante, o jornalista usou as horas em que não estava trabalhando pela
TV Bandeirantes para concretizar o projeto. A primeira providência foi guardar
todas as páginas de jornais e revistas que tratassem do assunto. A segunda foi
contatar um advogado amigo. ‘Começar pelo advogado foi o caminho que escolhi.
Esse advogado marcou entrou em contato com a advogada do Fernando’, relembra.


Cunho social


Houve, enfim, uma primeira reunião entre os dois advogados e o jornalista. A
estratégia de convencimento não precisou ser muito elaborada. Bastou expor a
linha de raciocínio e o objetivo do projeto.


– Quantos jovens de 22 anos, como o Fernando, não estão sujeitos a cometer um
crime porque são pobres? A história dele pode salvar alguém.


Dois meses após a reunião, o celular de Elias tocou. Era a doutora Maura
Marques, advogada do seqüestrador.


– Elias, o Fernando quer te conhecer.


Apresentação


No primeiro contato, ficou prevaleceu a perspicácia de ambos os lados. Uma
qualidade que já se espera de um jornalista com sucesso na carreira, mas
surpreendente se partir de um jovem frustrado por ter tido as portas fechadas
nas duas tentativas frustradas de carreira: uma na faculdade de Direito, outra
na Aeronáutica.


– Bom dia, Elias. Prazer em conhecer o senhor.


– Se me chamar de ‘senhor’, você vai ganhar um inimigo.


– Isso atualmente, para mim, não representa muita coisa.


Preparando-se para começar a série de entrevista, Elias estudou detalhes de
um seqüestro, que é um crime hediondo. E verificou que a palavra ‘hediondo’ tem
sinônimos como ‘horrendo’, ‘fedorento’, ‘sórdido’ e ‘imundo’. Foi o que ele
expôs a Fernando: o jornalista que estava ali, à sua frente, não queria
transformar um criminoso num herói. Queria, sim, usar o livro para mostrar para
outros jovens de classes D e E que o caminho do crime não valia a pena. Com
essas informações, começou a explicar o projeto após uma rápida e cordial
apresentação, da maneira mais clara possível.


– Fernando, só estou aqui porque você fez uma grande besteira. A sua situação
financeira e social explica, mas não justifica o que você fez. O seqüestro, na
minha opinião, é a escória do ser humano. Imagine se todos os jovens em
dificuldade no Brasil decidirem partir para o crime. Você foi um fraco, porque
pode ter tentado cem vezes, mas deveria ter tentado cento e uma, cento e duas,
cento e três… Mas veja: sua história poderia salvar muita gente que esteja
prestes a seguir esse caminhoi.


Fernando ouviu atentamente a proposta e novamente surpreendeu na
resposta.


– Se a gente salvar pelo menos uma pessoa, vou ficar feliz.


Revelações


Autorizado a entrar no CDP (Centro de Detenção Provisória) Chácara Belém II,
em São Paulo, durante 60 dias, Elias começou o ciclo de entrevistas. Primeiro,
ficou impressionado com o ambiente pesado, com o qual um repórter esportivo não
estava acostumado a lidar. ‘Comentei com a minha esposa: não sei se vou sair
dessa’. Estava autorizado ficar lá dentro durante uma hora por dia, de terça a
sexta-feira. ‘Primeiro tratei de contar a história, em ordem cronológica. Numa
segunda etapa, comecei a entrar nos detalhes’.


As informações, que foram parar nas páginas do livro Você Acredita em Mim?,
revelam detalhes do plano do seqüestro, da relação com Patrícia (que foi bem
tratada no cativeiro), do episódio no flat em Barueri, da negociação com os
policiais quando Silvio Santos era refém e muitos outros. ‘Falou-se muita
besteira. Por exemplo, que o Fernando e a Patrícia tinham uma relação amorosa
anterior ao crime. Isso é impossível’. Fernando sabia que seu futuro estava
condenado. Em uma das conversas, com a lucidez que lhe era peculiar,
indagou:


– Vou sair daqui com 52 anos de idade e conhecido como o sujeito que
seqüestrou a filha do Silvio Santos. Que futuro alguém com esse perfil pode
ter?


As conversas eram gravadas. Isso garantiria uma condição imposta pelo
repórter: que ele não fosse usado. Era fundamental ele dizer a verdade. ‘Em
alguns momentos, ele me pedia para desligar o gravador. Por isso, eu digo que
ele foi 70% honesto comigo. No livro, procurei contar os outros 30% fazendo um
labirinto e afirmar sem trair o que foi combinado’.


Morte súbita


O perfil traçado pelo neuropsiquiatra Luís Ferreira Santos, especialista da
USP (Universidade de São Paulo) no estudo de seqüestrados, era fiel. O médico
foi entrevistado por Elias e concluiu que Fernando tinha dupla personalidade.
Fazia todo o sentido. Os vizinhos, parentes e amigos o descreviam como uma
pessoa extremamente inteligente, esforçada, generosa e educada. Era um bom filho
também. Mas era, ao mesmo tempo, ousado e egocêntrico. Adorava holofotes. No
primeiro seqüestro de sua vida, não bastava ganhar o dinheiro do resgate. Era
preciso mexer com alguém famoso. ‘Nas conversas, disse a ele o que descobri na
conversa com o médico [neuropsiquiatra da USP]: que o seqüestro causa um trauma
à vítima e às pessoas próximas comparável à perda de um filho’.


Na escala de final de ano na equipe de Esportes da Bandeirantes, Elias correu
na contramão. Pediu para ser escalado no Ano Novo e folgar no Natal. A maioria
dos jornalistas, quase sempre almeja o contrário. Assim, poderia organizar o
livro. No fim da tarde do dia 28 de dezembro, uma sexta-feira, Fernando dava a
entrevista abatido. Parecia estar gripado. A essa altura, a história já estava
toda contada e até transcrita no computador pessoal do jornalista. Ele tinha
entrado na etapa de buscar alguns detalhes.


Bomba no rádio


Na quarta-feira, 2 de janeiro de 2002, o repórter estava em jornada dupla na
cobertura esportiva. Estivera no São Caetano pela manhã. Na hora do almoço,
recebeu o telefonema. Era a doutora Maura Marques.


– Elias, o Fernando estou verificando uma informação. O Fernando está mal.
Parece que ele morreu.


Durante o almoço, o cinegrafista o observou por alguns instantes e
perguntou


– Você está meio pálido, Elias? Que foi?


– Não… nada, não. Só uma notícia que me deixou meio preocupado. Mas não é
nada grave.


Após cobrir o treino da tarde, desta vez no Corinthians, o carro da
Bandeirantes voltava para a sede da TV. O motorista ligou o rádio na Jovem Pan e
a notícia era bombástica. Fernando estava morto. A doutora Maura aproveitou a
entrevista para anunciar: ‘vocês vão saber de tudo porque o jornalista Elias
Awad, da Bandeirantes, vai escrever um livro sobre o caso’. Os olhares se
voltaram para ele dentro do carro.


– Você, Elias?!


– Sim, eu…


Pressão


O telefone tocou e a ameaça de morte foi feita. A polícia rastreou a ligação
e concluiu que viera de uma cidade do interior do Nordeste. Naquela região, dias
depois, foi preso o último integrante do grupo que seqüestrou a filha de Senor
Abravanel, o Silvio Santos. ‘A declaração da advogada potencializou todos os
efeitos, negativos e positivos, do meu projeto’.


Era preciso, então, entrevistar médicos e policiais (somente os que se
dispuseram a falar). Mas o livro não podia perder o foco. Fora focado na idéia
de expor um mau exemplo a jovens que pudessem seguir o mesmo caminho. Não
funcionaria como o laudo que apontaria a causa da morte de Fernando dentro da
prisão. Afinal, não havia sustentação para isso. Uma organização de direitos
humanos levantou a hipótese de envenenamento. Policiais afirmaram que se tratava
de infecção generalizada, fazendo parte de uma realidade tão presente num
sistema penitenciário precário. Nada foi provado. Nada foi descartado.


Na conversa (tecnicamente, entrevista) para esta coluna, fiz a pergunta a
Elias. Uma resposta curta validou a tese.


– Elias, se o Fernando precisava de holofotes e sabia que não tinha futuro, é
preciso considerar a hipótese de suicídio. Afinal, morrer deixando essa dúvida e
potenciais suspeitos faz parte da personalidade do Fernando. Mistura ousadia e
exibicionismo. Ou essa hipótese que eu levantei é tão absurda que não vale nem a
pena parar para pensar nela?


– Olha… eu não descartaria essa hipótese, não.


Extremos


O livro Você Acredita em Mim?, da editora Novo Século, saiu em novembro de
2002. A essa altura, Elias Awad já negociava com a mesma editora a publicação de
Samuel Klein, o dono das casas Bahia. O título: Samuel Klein e Casas Bahia – Uma
Trajetória de Sucesso, da mesma editora. O atual dono de 500 lojas das Casas
Bahia espalhadas pelo Brasil passou por uma guerra, perdeu a família e, de uma
condição abaixo da miséria, partiu para a virada. Uma história que, nos
primeiros capítulos, se aproxima da trajetória de Fernando. ‘Veja a diferença:
quando o Samuel Klein começou a empurrar carroça, já estava no paraíso. Porque
tinha sobrevivido à guerra. O Fernando não precisou quebrar pedra e comer 100
calorias por dia. Mas, mesmo assim, optou pelo crime’.


* * * * *


* Atualmente, Elias Awad se dedica a escrever livros. Publicou e participou
de mais três livros depois dos que a coluna citou. O sexto está a caminho e vai
sair ainda neste ano.


* Não é de se estranhar que Elias Awad tenha conquistado esse mercado de
livros, depois de muitos anos como repórter de TV. Seu compromisso com a nobre
função de repórter, na acepção da palavra, vai além das regras de uma emissora.
Atualmente, escreve sem que um editor imponha as linhas. E, invariavelmente,
pratica Jornalismo.’


PROTEÇÃO DA FONTE
Milton Coelho da Graça


Até onde vai o direito da fonte a proteção?, 22/03/06


‘A proteção da fonte deve ser respeitada mesmo quando a informação tiver sido
obtida criminosamente e que a fonte queira obter vantagem com a divulgação?


Pergunta interessante que coloco não apenas para o editor de ÉPOCA e os
repórteres Gustavo Krieger e Andrei Meirelles, mas para toda a comunidade do
Comunique-se.


Recentemente, a repórter Judith Miller, do jornal NY Times, decidiu que a
proteção de sua fonte estava acima de qualquer outra consideração. O juiz
condenou-a por desacato e ela amargou várias semanas no xadrez até que os
advogados do New York Times resolveram entregar suas notas (com a revelação da
fonte), concordando com a argumentação do juiz. E o argumento era o de que o
informante havia cometido um crime ao revelar a identidade de um agente secreto,
com a intenção de se beneficiar com essa revelação. E a repórter não podia
ocultar um criminoso.


A coisa aqui é ainda mais séria. O sigilo bancário e fiscal não é apenas um
artigo do Código Penal, é garantia constitucional a todos os cidadãos. Inclui-se
em nosso dever ético de proteção à fonte a proteção de uma violação dos direitos
constitucionais da cidadania?


Acho muito salutar um debate sobre esse tema.


******


IVC de fevereiro aviva batalha no Rio


Em fevereiro, a média diária de venda de O GLOBO aumentou de 267.276 para
273.797 exemplares, enquanto o EXTRA subiu de 232.498 para 265.023, O DIA caiu
de 146.851 para 143.494 e MEIA HORA também teve sua venda reduzida de 107.970
para 105.151 exemplares.


Ouvi explicações dos dois lados sobre essas oscilações, principalmente por
conta das possíveis influências carnavalescas. Mas números são números e é
interessante anotá-los a poucos dias do lançamento do novo O DIA, previsto para
2 de abril. Dizem que a idéia do outro lado é lançar no mesmo dia o
jornal-filhote de 25 centavos.’


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Furo da coluna!!!, 23/03/06


‘Neste carrossel de espanto


que carrego dentro dos olhos


toco melodias


que me ressuscitam


(Nei Duclós in Outubro)


Furo da coluna!!!


Janistraquis recebeu, de fonte fidedigna, informação segundo a qual o
presidente Lula (o qual, como todos sabem, odeia quando FHC, seu abantesma
preferido, bota as manguinhas de fora), está empenhado em publicar as ‘memórias
de um operário que venceu na vida’ e já procurou o escritor Fernando Morais, via
José Dirceu, amigo de ambos. Está acertado que o festejado biógrafo de Olga vai
mergulhar na ingente tarefa assim que digitar o ponto final nas reminiscências
do mago Paulo Coelho.


Segundo a bem-informada fonte, Fernando Morais só não gostou do título
sugerido pelo futuro biografado, título inspirado na histórica figura de
Benedito Valadares, chefão político que nos anos 50 teve seu sigilo intelectual
quebrado pelo jornalista mineiro Celius Aulicus. De Como Eu Me Fiz Por Si Mesmo,
nem morto! — teria clamado o autor de Chatô, O Rei do Brasil.


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A morte do morto


O considerado Geraldo Vida envia notícia assaz interessante que saiu no
jornal A Voz da Cidade, de Barra Mansa (RJ), mais precisamente na coluna
Zapeando do falecido 16 de março próximo passado, como escreviam os notários
mais antigos:


Uma triste história aconteceu na cidade de Jettingen-Scheppach, na Alemanha.
Segundo informações da polícia local, o motorista de uma van sofreu um ataque
cardíaco em trânsito, perdendo o controle do veículo, que foi em direção a grupo
de aproximadamente 150 pessoas que iam em cortejo fúnebre de uma igreja até um
cemitério da cidade.


Além do morto, que já estava morto, outras duas pessoas morreram no
acidente.


Vida estranhou a morte do morto, porém Janistraquis, experiente em
acontecimentos inusuais, garante que na Alemanha é costume morrer-se várias
vezes:


‘O considerado terá a comprovação do que digo agora na Copa do Mundo, apesar
da ilusão da goleada sobre um timinho reserva dos EUA!’, perorou.


******


Dúvida ‘quase’ cruel


O considerado Ageu Vieira, contumaz colaborador da coluna e que andava mais
sumido do que José Genoíno, reapareceu e despachou esta:



O vetusto e centenário Correio do Povo, de Porto Alegre, de tantas tradições
no jornalismo sulino, deixou-me encasquetado. Li, reli, e não consegui entender
o que o criativo colega Carlos Corrêa, da editoria de esportes, quis dizer ao
final da matéria de contracapa da edição de 20 de março, sobre o empate de
Grêmio e Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul.


A matéria até que vai bem até a última frase… Nela, Corrêa tasca esta:


‘Na metade do segundo tempo, o jogo quase ficou alguns instantes interrompido
por falta de bolas.’


Alguém pode me dizer o que aconteceu? Como é que um jogo ‘quase’ fica alguns
instantes interrompido? Essa eu quase entendi…


Nós, nem quase, Ageu; nem quase.


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Beleza de profissão


Sob artigo da professora Iracema Torquato, na editoria Em Pauta deste
Comunique-se, o colunista postou comentário no qual fez a louvação do talento.
Pois é mesmo tão peremptório o poder de tal faculdade que Janistraquis e eu
conhecemos alguns bons jornalistas, mas bons de verdade, que se caíssem de
quatro num gramado jamais se levantariam.


Sempre foi impossível, é claro, manter-se conversação com tais criaturas, à
margem do caos. Quer dizer: não é preciso ser inteligente para desempenhar bem a
nossa profissão – se o contribuinte tiver talento, queda para a coisa, se nasceu
para isso, como se diz, pronto, está resolvido. Então, viva o jornalismo,
terreno no qual todos os despautérios vicejam e se travestem !!!


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Escorregadela


O considerado Ricardo Brandau Quitete, de São José do Rio Preto (não
confundir com Ribeirão Preto, porque aqui o buraco é mais embaixo), então
Ricardo estava a ler a Folha Online quando deparou com a seguinte notícia,
ajoelhada sob o título João Paulo 2º foi negligente com a saúde, diz seu médico
particular:


João Paulo 2º foi negligente com a própria saúde, adiou cirurgias o quanto
pôde e relutava em ser medicado, revela livro que traz testemunhos de seus mais
próximos amigos, entre eles seu médico pessoal, Renato Buzzonetti(…).


Buzzonetti diz que o papa sofreu terrivelmente depois da cirurgia a que se
submeteu em 1992 para a extração de um tumor intestinal. Depois, em 1994, o papa
escorregou na banheira e fraturou a coxa direita.


Depois de piedosa reflexão, Quitete concluiu:


Com esta revelação bombástica, o processo de beatificação do nosso João Paulo
II será acelerado ao extremo, pois ele deve ter sido a primeira pessoa do
planeta a ter fraturado a coxa e não o fêmur.


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Companííííííííías


Como tantos e tantos cantores, locutores, repórteres e vizinhos nossos,
Mílton Nascimento também não toma conhecimento do dígrafo nh. Na abertura da
agonizante minissérie JK, Bituca deixa cair: ‘Como poderei viver/sem a tua/sem a
tua/sem a tua/companía…’. Companhia vira companía, um tropeço da fonética que
se chama dislexia e não é, obrigatoriamente, sinônimo de ignorância ou burrice
mas uma ‘perturbação que se manifesta na dificuldade em aprender a ler, apesar
de o ensino ser convencional, a inteligência adequada, e as oportunidades
socioculturais suficientes’, segundo a definição clássica.


Será então que neste país de analfabetos grassa a dislexia? Porque, se o
considerado leitor apurar o ouvido, verificará que a maioria absoluta das
pessoas c… e anda para o dígrafo em pauta.


A ignorância se revela, porém, quando a pessoa não-disléxica se refere a uma
inexistente companía somente porque escutou o ‘Peixe Vivo’ na interpretação de
Mílton Nascimento, ou se instruiu noutras fontes televisivas e/ou radiofônicas.
Este colunista foi apresentado às más companías quando era adolescente e morava
na pensão de dona Mariquinhas, em Belo Horizonte.


Ali viviam funcionários públicos, empregados de inúmeras empresas e um bando
de estudantes boêmios. Nenhum deles pronunciava o dígrafo nh da palavra
companhia. Mas este é um episódio de quase meio século; de lá para cá, ou a tal
perturbação multiplicou-se ou nos transformamos de vez em paiaços, só para
lembrar mais este autêntico clássico da dislexia.


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Xô, gerundismo!


O considerado já leu o excelente artigo do Mestre Deonísio da Silva no Jornal
do Brasil? Se ainda não, visite o Blogstraquis e leia. O professor tem boas
notícias: o famigerado gerundismo está com os dias contados!!!


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Romanos, I


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de
cujo banheiro, em subindo-se no vaso sanitário, é possível flagrar a quadrilha
da Caixa Econômica em ação, pois nosso Mestre, que deu uma folga ao Correio
Braziliense, enviou a seguinte mensagem à direção da revista Nossa História:


No texto da edição número 29, sobre a Revolta da Chibata, na página 63, a
Praça 15 de Novembro, no Rio, é grafada como ‘Praça XV’. Como não se usam
algarismos romanos para indicação do dia do mês, não tem cabimento esta mania
carioca de escrever assim o nome dessa praça. Ninguém escreve, por exemplo,
‘Praça XI’, não é?


A missiva de Roldão tem a data de XX/III/MMVI.


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Nota dez


O jornalista, poeta e escritor José Nêumanne Pinto escreveu no Caderno 2 do
Estadão, sob o título Quanta Indignidade!:


(…) Com a inata pressa dos incompetentes, os detratores do caseiro se
esqueceram da elementar apuração sobre a possível causa do depósito acima das
posses do titular da conta numa instituição bancária que se mostrou no episódio
indigna da confiança de seus depositantes.


Leia no Blogstraquis a íntegra do demolidor artigo do Nêumanne.


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Errei, sim!


‘ESSA TAL GLOBALIZAÇÃO – Deu na seção Todo Mundo, de O Globo: Idoso morre sem
avisar e família tem de pagar multa. Eu já começava a desancar nossa Previdência
quando Janistraquis avisou que a notícia vinha de Londres. É, sem resíduo de
dúvida, a globalização da burrice e esclareço, para evitar falatório, que
globalização, no presente episódio, não se refere ao jornal O Globo.’ (Março de
1999)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067
– CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).’


WEBJORNALISMO
Mario Lima Cavalcanti


Vídeos ao vivo na Internet: cartada da CNN, 21/03/06


‘Pode-se dizer que o termo convergência digital diz respeito à união de duas
ou mais tecnologias gerando uma nova que traga um diferencial significativo. Ou
seja, esta nova carregaria atributos de peso das outras, porém com um novo
propósito, uma nova funcionalidade. Por exemplo, o VoIP (Voz sobre IP) seria, a
grosso modo, a união da telefonia com a Internet gerando novos benefícios como o
baixo custo nas ligações telefônicas. Em tempos de convergência digital e de
popularização da banda larga, a CNN aposta pesado no Pipeline, uma proposta de
levar canais de televisão ao vivo para a Internet.


O Pipeline basicamente é um serviço pago que dá ao usuário uma interface
amigável para assistir simultaneamente e ao vivo quatro canais (pipes) de
televisão. Uma das idéias, segundo a empresa, é levar o mais rápido possível até
o internauta coberturas de grande importância. A CNN tem divulgado bastante o
serviço, com direito a chamadas exibidas várias vezes no canal CNNi. A interface
do Pipeline é semelhante às de programas que acompanham placas de captura de
FM/TV. E sempre que uma cobertura especial vai ao ar, o usuário recebe um aviso
discreto em seu desktop similar aos dados por leitores de conteúdo RSS.


Apesar do fracasso do CNNemPortugues.com, lançado em 1998 e já descontinuado,
a CNN.com parece estar vivendo bons momentos hoje em dia, principalmente no que
diz respeito a vídeos online. No entanto, quando se fala em transmissões online
e em exploração do potencial da Internet, é esperado que propostas como o do
Pipeline tragam mais atrativos para o usuário. Para Antonio Brasil, colunista do
Comunique-se e uma das principais referências em telejornalismo online, ainda há
muito trabalho pela frente: ‘Acredito que o conteúdo tem que ser diferenciado.
Não podemos simplesmente clonar o conteúdo da TV e colocá-lo na Rede. Ou seja,
ainda temos muito trabalho pela frente. A CNN continua testando o potencial do
veículo. De qualquer maneira, a TV na Internet está somente engatinhando. Em
breve, vai crescer, estará correndo e liderando nos eventos ‘olímpicos’, diz
Brasil.


Um serviço como esse pode parecer pesado, mas a configuração mínima exigida
pelo site do Pipeline (Media Player 9, 256MB de RAM e resolução de 800×600), já
é considerada básica hoje no mercado. Na página do serviço, um tutorial virtual
explica todo o processo. A única coisa que não concordei na história toda foi
com a exigência de se indicar um cartão de crédito para se ter acesso ao período
de teste (versão trial). Caso você não cancele a assinatura até o último dia, o
serviço automaticamente começa a cobrá-lo. Esse tipo de, digamos, imposição,
tende a afastar usuários que por algum motivo não possam nem pensar em ter novas
despesas. Lendo nas entrelinhas, significa que, com isso, só tem direito ao
período de teste quem tiver um cartão de crédito internacional e poder
aquisitivo para comprar o serviço. 😉


Em relação a essa forma de cobrança por conteúdo, Brasil tem uma opinião
clara: ‘o site da CNN é muito bom. Porém, tem um problema fundamental: não é
gratuito. O NYT.com criou um padrão bem sucedido que deveria ser imitado pelos
demais sites jornalísticos. Em se tratando de um meio novo, onde as pessoas
estão acostumadas a receberem conteúdo gratuito, temos que criar um hábito,
justificar um dispêndio financeiro na Internet. Isso leva tempo e tem que ser
gradativo.’, comenta.


De qualquer forma, é um grande passo que está sendo dado em termos de
transmissão ao vivo pela Internet. Até a próxima!


Em tempo:


– Vale conferir o tutorial virtual que explica o funcionamento do
Pipeline;


– No site DigitalSpy, uma entrevista (em inglês) com o vice-presidente da
CNN.com, David Payne, sobre o Pipeline e sobre o futuro da
companhia.’


MERCADO EDITORIAL
Eduardo Ribeiro


Rio, mercado animado, 22/03/06


‘Mesmo muito distante de um novo boom, o mercado editorial carioca anda
animado, com previsão de lançamentos, reformulações e razoáveis investimentos.
Uma das empresas que demonstra intenção de investir pesado em 2006 é o Lance,
conforme afirmou seu presidente, Walter de Mattos Júnior, numa longa entrevista
que concedeu ao informativo Protagonistas da Imprensa Brasileira (filhote deste
Jornalistas&Cia), cuja íntegra está publicada na edição 5, que circulou por
redações de todo o Páis nesta terça-feira (21/3).


Nela, Walter de Mattos fala dos planos e dos projetos em andamento, e não são
poucos. Como o Lance é um veículo de vocação e abrangência nacional, porém
sempre valorizando aspectos regionais (daí a opção pelas edições
regionalizadas), boa parte desses investimentos será realizada em outros
mercados, entre eles São Paulo e Paraná, mas uma parte com toda certeza ficará
no próprio Rio de Janeiro, terra de origem do jornal e do próprio presidente do
Lance.


Entre esses investimentos, podem ser destacados: uma quarta edição regional
no Paraná, maior apoio ao trabalho de reportagem voltado para toda a equipe,
transformação da Rádio Lance Online em rádio normal e lançamento de uma edição
diária, em português do Lance na Alemanha, no período da Copa (ainda em
estudos). A íntegra da entrevista, com dez páginas, pode ser conferida
diretamente no site deste Jornalistas&Cia, no endereço
www.jornalistasecia.com.br, a partir desta quinta-feira.


Em matéria preparada esta semana para a edição impressa deste
Jornalistas&Cia, a correspondente Cristina Vaz de Carvalho mostrou também
outras boas novas, transcritas a seguir.


Escreve Cristina:


A Infoglobo lança, agora em abril, seu tablóide popular a R$ 0,25. Tem
projeto editorial saído de uma costela do Extra e projeto gráfico da Arte de O
Globo. A conferir.


Já na primeira semana de abril – a data provável é 2/4 – circula O Dia de
cara nova. Na última 6ª feira (17/3), houve apresentação da pesquisa da Retrato
com grupos de discussão entre leitores de O Dia, O Globo e Extra. O resultado
foi considerado muito satisfatório, pois mesmo os não-leitores de O Dia
identificaram a proposta do conteúdo. Até o final desta semana, completam-se as
mudanças técnicas, de hardware, com a instalação dos últimos computadores na
redação.


Editorialmente, o produto está pronto, o novo formato foi testado pelas
equipes, foi feita uma simulação e rodado com o projeto novo. Dácio Malta já
começou a trabalhar e foram criadas cinco vagas novas, distribuídas entre
Política, Saúde e Geral, com nomes que serão definidos até a semana que vem.
Fabiana Sobral, transferida da Geral, é a nova editora de Política. Raquel Vita,
que a antecedeu, pode passar a editora de um suplemento ou a repórter
especial.


Em 9/4, dia em que completa 115 anos de fundação, o JB lança seu novo
projeto. Simultaneamente, lançará um novo produto (ainda mantido sob rigoroso
sigilo) para o segmento de formadores de opinião, em papel. Em relação ao novo
JB, a campanha publicitária está em fase de conclusão, e os pilotos passam pelas
discussões de grupos de leitores. Entre as atrações, na parte editorial, está o
novo caderno de Economia e, na parte gráfica, as colunas em sentido horizontal.
Superada a fase de dificuldades, o jornal está contratando e, nas palavras de
Amaury Mello, que coordena o novo projeto, terá ‘uma redação enxuta, mas
altamente qualificada’. Por enquanto, as maiores mudanças ocorreram na área
online, com a criação da Gerência de Produtos Eletrônicos. A editoria de Cidade
já foi reformulada, está publicando especiais, e pôde comemorar um crescimento
de 30% na circulação do jornal com a cobertura dos Rolling Stones.


As revistas Domingo e Programa vão sofrer correções no conteúdo e ganhar
reforços nas equipes. A Economia amplia a cobertura da área de Publicidade, com
a contratação de Paula Ganem (ex-Telecine). A próxima a chegar deve ser Claudia
Penteado, que terá uma coluna sobre o tema. E Bruno Rosa mantém o trabalho que
já vinha fazendo, agora mais voltado para Negócios. Inês Garçoni, que esteve na
IstoÉ em SP até o final do ano passado, começou na Política nesta 2ª feira
(20/3).


Mesmo com tanta movimentação dos populares, os Associados mantêm a previsão
de lançar o Aqui, no Rio, ainda no primeiro semestre. O projeto prevê formato
tablóide (mais reduzido que o dos co-irmãos), inicialmente 24 páginas (nem todas
serão em cor) e tiragem de 30 mil exemplares. Editorialmente, não terá manchetes
sensacionalistas, para ser um jornal que ninguém tenha vergonha de comprar.
Funcionando, em termos administrativos, como um departamento do Jornal do
Commercio, pouco vai usar do material ali produzido, destinado a outro tipo de
público. Mas conta com a estrutura da Rádio Tupi, uma vantagem que os Aqui de
outras praças não tiveram. O grupo tem usado essa experiência recente em outras
cidades a favor do Aqui mais jovem. O lançamento em Brasília, agendado para
depois do Rio, foi antecipado, dando mais prazo para observar o comportamento da
concorrência neste mercado. Será mantido o preço de R$ 0,50, para não se repetir
o que ocorreu em Belo Horizonte, em que o jornal foi lançado a R$ 0,25 e, quando
o concorrente o igualou, não havia mais o que baixar.’


DIRETÓRIO ACADÊMICO
José Paulo Lanyi


Anônimos, não se preocupem, 23/3/2006


‘Fiquei pensativo, mas não com aquele charme de uma estátua de Rodin. Mesmo
porque não quero morrer corcunda. Pensativo. Vale a pena de vez em quando.
Recebera alguns e-mails de escritores interessados em publicar no novo espaço
literário deste portal. Até aí, tudo bem, escritor sem leitor é como um corpo
sem alma, é como uma estátua fingidora. Ou como alguém que se finge de estátua,
o que dá na mesma…


Os escritores queriam publicar e se diziam anônimos, mas valorosos. Ou
simplesmente anônimos que queriam trabalhar.


Eles têm razão. Têm que dizer que são anônimos. Pode ser que alguém tenha o
bom senso de exaltá-los, ao menos de ouvi-los.


Porque o mundo é uma espécie de curral em que as garças e os porcos mais
gordos ou expressivos ganham autorização para dar uma escapadela no carrinho de
mão do senhor pedreiro (sim, meu curral tem porcos e garças).


Assisti, pouco depois, a mais um documentário sobre a Segunda Guerra. Já lera
sobre tudo aquilo, mas é sempre fascinante e, nesse caso, estarrecedor
compreender como um marginal do tamanho de Hitler, ou seja, pequeno mesmo, tenha
sido capaz de empreender a grande reviravolta da sua vida.


Marginal porque vivia à margem. Um anônimo fracassado, um pária das artes, um
sem-chance. Chegou a viver em abrigo para indigentes. ‘Sentia-se superior aos
outros’, diz o narrador. O Exército era a sua chance de comer melhor. O
bigodinho estava sempre por lá. Certo dia, o arrivista selou a sua sorte e o
destino de vários milhões de azarados. Hitler, o anônimo, chegou lá. E ficou
famoso demais.


Mais vale ser um bêbado conhecido que um alcoólico anônimo. Tal é o ditado.
Não sei, talvez mais valha ser um bêbado eventual, conhecido ou não, do que um
alcoólico anônimo ou coberto das glórias de campanha.


A glória é a cachaça daqueles que não têm dinheiro para comprar o 12 anos da
riqueza. Há quem o tenha para ambas as doses. Nesse caso, não serei eu a dizer o
contrário. Pobre de mim.


Aqui todos os anônimos serão bem recebidos. Não porque somos bonzinhos ou
pessoas ‘de coração’. É porque estimamos os gloriosos que nos são simpáticos e,
ao mesmo tempo, porque estamos entediados.


Não agüentamos mais abrir os jornais e as revistas e dar de cara com os
mesmos famosos de todo o sempre. Isso cansa. Tem que ter mais personagem nessa
Turma da Mônica.


Porque o leitor um dia cresce. E também vai querer ler outras
coisas.’


TELEVISÃO
Antonio Brasil


Falcão: um documentário fantástico, 20/03/06


‘‘Se eu morrer, nasce um outro que nem eu, pior


ou melhor. Se eu morrer, vou descansar,


é muito esculacho nessa vida’.


Quem não assistiu não sabe o que perdeu. O Fantástico deste domingo deu um
banho de televisão. Exibiu um dos melhores e mais importantes documentários
produzidos no Brasil. Dirigido pelo rapper MV Bill e Celso Athayde, ‘Falcão –
Meninos do tráfico’ é um soco no estômago! O cineasta Cacá Diegues declarou que
o documentário ‘foi um dos mais impressionantes que já tinha visto no cinema em
toda a sua vida’. Concordo.


A exibição do documentário também comprova que o Fantástico continua sendo o
melhor programa da televisão brasileira (ver coluna ‘Após sacudida, Fantástico
celebra 30 anos’, 6/05/03). Resgata a importância do meio televisivo para
conscientizar o público e relembra os bons tempos do Globo Shell ou do Globo
Repórter.


Segundo a divulgação, ‘o documentário é sobre os jovens patronos do tráfico
de drogas, menores de idade que ficam na contenção, que ficam observando, vendo
a ação da polícia, se ela entra na favela… o posto de ‘falcão’ na hierarquia
do tráfico é só ocupado por moleques menores de 18 anos’.


Em entrevista à MTV em 2003, MV Bill explicou os objetivos do documentário:
‘A gente viajou por algumas capitais, fizemos várias comunidades do Rio… A
idéia inicial era que o jovem expusesse seu pensamento sem precisar de um
sociólogo ou antropólogo para falar por ele ou um narrador, como sempre acontece
nos documentários’.


O filme do rapper MV Bill é muito mais do isso. Também é um atestado da
incompetência do poder público e da nossa indiferença com um dos maiores
problemas nacionais. Nas favelas brasileiras, estamos perdendo a guerra pela
nossa infância, pelo nosso futuro.


Globo em ano eleitoral


O documentário deveria ter sido exibido pelo Fantástico em 2003. MV Bill
declara que preferiu ‘um momento mais adequado’ para mostrar como vivem os
jovens que trabalham no tráfico de drogas no Brasil. Talvez o rapper, a
organização que representa, a Central Única das Favelas, e a Globo tenham
decidido que agora – ano eleitoral – seja o momento mais adequado.


Em um dos breaks do Fantástico, MV Bill disse que o Brasil tinha chegado ao
fundo do poço e que agora seria a hora de começar a fazer alguma coisa para ao
menos diminuir esse problema tão grave. Pode ser.


A exibição de Falcão no Fantástico deste domingo e a publicação de extensas
reportagens sobre prostituição infantil com ênfase nas promessas não cumpridas
do governo Lula (ver aqui) também podem demonstrar que as empresas Globo
finalmente decidiram entrar firme na campanha eleitoral. Não seria surpresa, nem
a primeira vez!


Falcão na Voz do Brasil


De qualquer maneira, é inegável que o documentário sobre os meninos do
tráfico é um instrumento político poderoso. Segue a linha de outro documentário
de sucesso, ‘Crônica de uma guerra particular’, de Kátia Lund e Walter Salles,
produzido em 1999. São filmes que privilegiam os depoimentos fortes e evitam as
cenas de bang-bang.


Ambos deveriam ser assistidos por todos os brasileiros e exibidos em todas as
nossas escolas. Para demonstrar a gravidade do tema e o realismo dos
depoimentos, hoje, 15 dos principais personagens do filme estão mortos. A cena
que mostra as crianças da favela brincando de traficantes – os heróis da
comunidade – ‘justiçando’ violentamente um X-9 ou alcagüete comprova um sistema
informal de educação e treinamento nas favelas brasileiras. Aproveito para
sugerir que o documentário seja transmitido para todo o Brasil no horário da
propaganda eleitoral obrigatória ou no lugar das sandices governistas da Voz do
Brasil.


De qualquer maneira, ‘Falcão – Meninos do tráfico’ é antes de tudo um alerta,
um convite à reflexão para todos os brasileiros. Principalmente para aqueles
ingênuos ou desinformados que se recusam a reconhecer o estado de guerra civil
nos grandes centros urbanos brasileiros. O documentário também comprova que o
problema da violência se alastra de forma avassaladora por todo o País. O Rio de
Janeiro sempre reverbera o melhor e o pior do Brasil.


Falcão tem a cara de um Brasil que insistimos em ignorar. Mas também
demonstra o poder da TV para influenciar os eleitores em plena campanha
presidencial.’


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