SP SOB ATAQUE
Não basta contar os mortos, 19/5/06
‘O XIS DA QUESTÃO – Em conflitos como esse que apavorou São Paulo, entre a Polícia e o PCC, o noticiário dos efeitos contabilizados (no caso, a contagem de mortos) contribui para estabelecer a noção social de que existe um vencedor, uma vontade mais forte, que a qualquer momento se poderá impor em ações de comando. É uma técnica de exercer poder. Mas a contagem dos mortos não esclarece o conflito. E o povo é enganado sempre que o jornalismo atribui às aparências valor de essência.
1. Poder mensurável
Há quem nos tente convencer de que chegou ao fim o confronto bélico entre a Polícia de São Paulo e o crime organizado. Será imprudência embarcar nessa canoa otimista. O episódio sangrento que tanta gente matou em São Paulo faz parte de um embate complexo, com história antiga. E que terá longo percurso de desdobramentos, nem todos previsíveis.
O que houve em São Paulo foi um confronto em que a afirmação de poder, de ambos em lados, se deu na base dos tiros. Tiros em grande quantidade e de grosso calibre, diga-se. E quando assim é, os resultados se medem na quantificação dos efeitos. Ou seja, no número de mortos, feridos, presos.
Por esse critério, o dos números, o noticiário nos induz a pensar que a Polícia ganhou. Será isso verdade?
A pergunta está feita, mas não buscarei a resposta. Entre outros motivos, por falta de saber para esse tipo de análise. De qualquer forma, não há como negar: se nos ativermos apenas aos números, o escore das mortes indica, sim, uma vitória da Polícia sobre os bandidos. Até agora, a grosso modo, para cada policial morto morrerem quatro bandidos.
Será essa contabilidade simplista uma boa fonte de razões para a compreensão e a valoração da crise, por parte dos cidadãos?
A meu ver, não. A verdade, porém, é que o número de mortos, feridos e presos tem sido, até agora, o grande argumento procurado pela imprensa, e por ela oferecido aos cidadãos, para a avaliação e o ajuizamento do conflito. É o argumento que própria Polícia usa e por meio do jornalismo socializa, no esforço de persuadir a população a acreditar que o poder policial permanece intacto, confiável. Ao mesmo tempo, com o mesmo argumento, a Polícia diz aos bandidos que eles são, irremediavelmente, a parte mais fraca – e como tal se devem acomodar.
Para isso servem as medições dos efeitos, e a sua divulgação pelo jornalismo.
2. A Notícia e o Poder
O exercício de qualquer tipo de poder consiste na possibilidade de agir e produzir efeitos, para a imposição da vontade de quem o exerce, em relação ao ‘outro’ ou aos ‘outros’. Assim, nas relações de poder organizadas por antagonismos, quando o jogo começa a ser jogado, cada um dos oponentes é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. Foi o que aconteceu, neste confronto bélico entre policiais e bandidos.
Das batalhas e de seus efeitos (contabilizados em números de mortos, feridos e presos), deu conta o relato jornalístico. É o lado objetivo daquilo a que se pode chamar de ‘poder exercido’, traduzido em ações e efeitos mensuráveis. Mas há um outro tipo de poder, de afirmação subjetiva, tão ou mais importante que o ‘poder exercido’. É o ‘poder potencial’, aquele que existe como possibilidade, e que se prolonga no tempo e nas convicções, para determinar o comportamento dos outros.
Consciente ou inconscientemente, o jornalismo cumpre um papel decisivo nesse processo. Em conflitos como este, entre a Polícia e o PCC, o noticiário dos efeitos contabilizados do ‘poder exercido’ contribui para estabelecer a noção social de que existe um vencedor, uma vontade mais forte, que a qualquer momento se poderá impor em ações de comando.
Nos regimes democráticos, sob o primado da lei, a noção social da existência desse ‘poder potencial’ permite ao Estado, e à própria Polícia, se afirmarem como poder estabilizado, sem a necessidade de ações contínuas.
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Nas ditaduras, as muitas táticas do medo, que o controle da informação facilita, alimentam a noção social do ‘poder potencial’. Nas democracias, é pela notícia dos embates e de seus efeitos que, em boa parte, se estabelece o ‘poder potencial’ com base no qual se organiza a relação de forças entre antagonistas. Mas há, nesse jogo, muita simulação e muito arroto barulhento, em falsas aparências.
Para que o povo não seja enganado pelos arrotos e pelas simulações dos jogos de poder é essencial que o próprio jornalismo não se deixe enganar. Que tenha, pelo menos, o cuidado de não confundir causa com conseqüência. E que não atribua às aparências valor de essência.’
JORNALISMO ECONÔMICO
Dá para melhorar, 22/5/06
‘O desemprego, que era de 22% em 1996, caiu para 8,4% no início deste ano e a informalidade foi reduzida de 12% para 6%. Isso aconteceu na Espanha e, por conta disso, a experiência virou foco de governos da Europa. Quando se criam novos empregos, afinal, se reduz por tabela o gasto com seguro desemprego, as contas públicas melhoram por conta disso, cai o desequilíbrio social e o alento das pessoas, que passam a consumir e ter a própria renda, reaparece. Para conseguir tudo isso, a Espanha acelerou o crescimento econômico, melhorou a qualidade da educação e modernizou a legislação trabalhista. As informações são do especialista José Pastore, consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e professor da Universidade de São Paulo (USP).
Lógico que o que se aplica na Espanha não se aplica diretamente no Brasil. O perfil de trabalho e trabalhadores é diferente, há a questão da dimensão continental do País. Mas bem que se poderia ter feito muito mais ao longo de tantos anos. Vendo a legislação trabalhista, é difícil para uma empresa encarar uma contratação. No segmento do jornalismo não acontece diferente. Com isso, grande parte dos recém-formados terá de recorrer à nota fiscal se quiserem um emprego. Mas o Brasil poderia ter feito uma reforma em tudo isso, tornado as coisas mais simples e estimulado as empresas a contratar mais com carteira assinada. Embora o número de contratações tenha crescido, ainda é muito pouco perto das possibilidades.
No aspecto educação o País também deixa a desejar. Nessa recente onda de violência em São Paulo, todo mundo falou da falta de investimentos na área da educação. Só que todos, sem exceção, não são bons exemplos nessa área. Cortaram gastos com a Pasta, privilegiaram o ensino superior em detrimento do ensino básico. Talvez o problema seja a falta de ‘cobertor’. Lógico que se deve fazer um pouco de cada coisa, mas quando se tem pouco recurso, é melhor gastar com a faixa de custo menor e que produziria maior alcance. Isso é o que me parece lógico. Uma criança bem encaminhada já será meio caminho andado no sentido de melhorar a situação de emprego de futuras gerações.
Depois vem a questão do crescimento. Quando o Brasil podia ser mais ousado manteve taxas de juro na estratosfera. Agora, perdeu a chance de queda. Com a inflação e o juro dos EUA em alta, com aumento geral de preços de metais no mercado internacional, o Brasil está voltando à situação de que no mínimo terá de manter a taxa de juro ou produzir uma queda muito pequena. Isso pode afetar o crescimento, já que juro mais alto significa menos gastos gerais, menos investimento na produção, maior volume de recursos em aplicações financeiras.
É por todo esse cenário que se permite, ainda no Brasil cenários como o mostrado ontem pela TV Record sobre trabalho escravo. Sobretudo no campo, maus agricultores mantêm milhares de pessoas presas às suas terras em trabalhos insalubres, em moradias improvisadas, sem nenhum recurso de educação ou saúde, agarrados a uma caderneta de dívidas contraídas junto ao próprio patrão. A Record certamente não precisou de grande esforço para fazer a reportagem, a não ser se deslocar para esses confins do Brasil. Isso existe por toda parte, até no interior de São Paulo. É trabalho escravo em pleno 2006. Se o Brasil não cria as condições para mudar isso tudo (e será preciso várias gestões), continuaremos nos chocando com essas cenas de famílias jogadas à própria sorte.
Nesta semana o governador Lembo falou que a ‘elite branca’ terá de colocar a mão no bolso para melhorar o País. Eu concordo com ele, desde que tudo o que já se paga fosse bem empregado e todos sabemos que não é isso que acontece. Pagamos impostos como na Europa e temos serviços muito abaixo das expectativas. Se o governo, em todas as esferas, gastasse melhor, já teríamos parte do problema social, de desemprego, da informalidade e da segurança minimamente resolvidos.’
INTERNET & JORNALISMO
Blogs são mesmo uma revolução?, 18/05/06
‘O Globo promoveu um debate sobre ‘Blogs, uma revolução na imprensa?’ com a participação de Ricardo Noblat, Juca Kfouri, Pedro Dória, Jorge Bastos Moreno, Cora Rónai e Jorge Bastos Moreno (publicado pelo jornal em 14/5) resumido na frase inicial da matéria escrita por Agnes Dantas: ‘Os blogs devem redefinir os caminhos do jornalismo e o perfil do leitor do futuro.’
No mesmo dia, na editoria Mundo, página A-16, a Folha publicou entrevista feita por Sylvia Colombo com Robert Fisk (The Independent), o mais perceptivo (minha opinião) dos repórteres que escrevem sobre Oriente Médio. Fisk diz que a Internet não é um meio confiável – ‘não gosto, não uso nem e-mail’ – e os blogs poderiam ser mas não são uma alternativa ao jornalismo ‘que está mais covarde depois do 11 de setembro’ e ‘tornou os jornalistas parasitas do governo’.
É claro que sua descrença sobre o jornalismo atual se refere quase especificamente à imprensa americana. Estados Unidos. Vale a pena também ler suas observações sobre a situação no mundo islâmico e outros temas.
Mas quero me concentrar em sua avaliação sobre a importância e o futuro dos blogs, que colide quase integralmente com a visão ‘revolucionária’ apresentada por alguns dos mais famosos blogueiros nacionais. Fiz uma curta e inglória tentativa de correr atrás. E a rápida desistência se deveu basicamente a não ter me convencido de que o ‘formato’ blog tenha favorecido a conquista de leitores. Todos os blogueiros reunidos pelo Globo já eram jornalistas consagrados em outros meios e, por isso, inclino-me a conferir ao blog uma semelhança com os pequenos jornais impressos em máquinas planas, esperando a rotativa para realmente começar uma revolução na comunicação de massa.
Vejo uma experiência mais promissora no ‘Montblaat’, lançado por Fritz Utzeri, um jornal eletrônico que já tem quase mil assinantes PAGOS, com duas edições por semana. É mais um meio de opinião do que de informação, mas seu grupo de colaboradores é muito bom e talvez chegue um dia a concorrer com os grandes jornais online.
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Projeto gráfico da Folha promete
A ‘amostra grátis’ do novo projeto gráfico da Folha, que será lançado neste domingo, 21/5, entusiasma. Mário Garcia, o cubano-americano que ajudou o trabalho de criação, já havia mostrado serviço no Wall Street Journal. E Massimo Gentile, editor de Arte do jornal, fez duas observações sóbrias e competentes na apresentação da reforma, publicada no domingo anterior: 1. ‘Ela respeita a história visual da Folha’; 2. ‘Ela preocupou-se em equilibrar tradição e novidade.’ O que assegura bom senso, tão escasso em alguns projetos gráficos recentes de jornais brasileiros.’
Mario Lima Cavalcanti
Personalização é alma do negócio, 16/5/06
‘Parece que foi preciso que algumas vozes gritassem bem alto ‘Web 2.0!!’ e criassem tal termo para que muita gente no meio online acordasse. A revolução, obviamente, não partiu dos grandes jornais virtuais tradicionais. Na crista da onda, muitos veículos alternativos começaram a construir há pouco tempo o que se espera de um jornalismo praticado em ambiente multimídia e interativo.
O Newswine, lançado publicamente no início do ano e abordado aqui na coluna, trouxe a idéia de transformar leitores em colunistas e fazê-los lucrar com o que publicam. De lá pra cá, tivemos outras (poucas) jóias similares, mas talvez nenhuma delas tenha se utilizado tanto do conceito de personalização como o recém-nascido Spotback.
Criado por uma empresa israelense e lançado no início desse mês, o Spotback parece ter nascido como um representante de peso da Web 2.0, seguindo a mesma filosofia do Newswine de colocar o leitor no altar, porém pegando muito mais pelo lado da customização. Com seu prático e sucinto slogan ‘Informação personalizada’, o site já diz para o que veio. Com tantas opções de personalização, parece até que a notícia, a matéria-prima que move toda a engrenagem, fica em segundo plano, mas não é bem assim. Todos os recursos personalizáveis não estão ali por acaso. Eles objetivam principalmente o conforto do leitor e a segmentação da informação.
Segundo contam os próprios criadores do Spotback, ele foi desenvolvido para ‘aprender’ de forma rápida os campos de interesse de cada usuário, analisando como os leitores classificam as notícias e como eles interagem com elas. Algo do tipo ‘ajude-me para que eu possa ajudá-lo’. Assim como o Newswine, o Spotback é um site alimentado com notícias introduzidas pelos próprios visitantes e muitas vezes selecionadas da Blogosfera. Ou seja, ele mostrará uma penca de veículos e, conforme você vai gerenciando, moldando a apresentação da informação, mais você vai obter um conteúdo que lhe agrade.
Se o site vai se tornar popular, se vai se criar uma grande cultura de leitura em torno dele, ainda é cedo para afirmar. Mas o Spotback certamente mostra para que rumo os grandes diários devem começar a se mover aos poucos. Quando o negócio é jornalismo online, personalização é a alma.
Em tempo:
– Para aprender mais sobre o Spotback e sobre seu funcionamento, visite o weblog oficial http://spotback.info/weblog.
– Não deixe de ler também o artigo Vem aí o JOL 2.0, publicado aqui na coluna e que também aborda personalização de informações.
(*) Trabalha com conteúdo online desde 1996 e já passou por empresas de renome na Internet. Foi editor do AQUI!, extinta revista virtual do Cadê?, editor do canal Digital do portal StarMedia e coordenador de operações do Prêmio iBest. Realizou seminários e ministrou diversas palestras sobre jornalismo digital. Em fevereiro de 2000, criou o site Jornalistas da Web (JW), primeira publicação virtual brasileira sobre jornalismo online e cibercultura. Em 2005, criou e implantou a Biblioteca de Comunicação Digital e Cibercultura (BCCD) no campus 3 das Faculdades Integradas Hélio Alonso – FACHA, no Rio de Janeiro. Atualmente, Cavalcanti é pesquisador de mídias digitais e editor de conteúdo do JW’
CRÔNICA ESPORTIVA
A terceira chance, 16/5/06
‘Olá, amigos. Não há outro assunto disponível que não seja a convocação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2006. Uma das mais tranqüilas convocações de todos os tempos foi feita na última segunda-feira, no Rio de Janeiro. Sob um aparato holywoodiano, Parreira anunciou os 23 jogadores que representarão o País na Alemanha. E, convenhamos, acertou nos nomes.
Claro, sempre há preferências por um ou outro atleta, mas 90% da lista agradam a 90% dos brasileiros. O que, em se tratando de Brasil em Copa do Mundo, é muita coisa. Para quem discorda, é bom lembrar as três últimas Copas, quando a grita por nomes esquecidos ou injustiçados foi imensa.
Nesta, Alex e Marcos, a meu ver, serão os nomes mais falados. Portanto, menos de 10% da lista, que contém nomes óbvios e nomes aceitáveis. Enfim, uma boa lista de jogadores.
Assistindo aos programas de TV e ouvindo os programas de rádios, além de ler os sites de esportes do Brasil e do exterior, me convenci de que o mestre Armando Nogueira estava certo ao dizer que temos de deixar a hipocrisia de lado e nos convencer que somos FAVORITOS destacados ao título. Ninguém tem mais talentos reunidos em um único time do que o Brasil. Ninguém tem atletas tão premiados, tão experientes e tão temidos quanto nós.
Se vamos ganhar ou não, é outro problema. Mas que vamos para a Alemanha como o time a ser batido, vamos. E isso traz, inevitavelmente, a sombra da Copa de 1982, quando fomos considerados tão superiores aos demais quanto somos hoje.
Mas, ao invés de termos medo e trazermos de volta o velho e perfeito complexo de vira-latas que outro mestre, Nelson Rodrigues, diagnosticou nos anos 50, devemos analisar a história do nosso futebol para compreendermos o que pode se passar atualmente. Após a final da Copa de 1950, a maior tragédia do nosso esporte sem dúvida, aprendemos as lições necessárias e, em nossa segunda chance em uma decisão de Mundial, destruímos os rivais.
Hoje, a meu ver, temos a segunda (ou terceira) chance, se contarmos 1950 e 1982, quando éramos favoritos e caímos. E acho que estamos maduros o suficiente para analisarmos os erros cometidos antes, desviarmos das armadilhas que os adversários nos pregam, e sabermos ser vistos como favoritos absolutos ao título.
Creio que a imprensa brasileira se mostra mais preparada, a meu ver, para analisar essa situação. Pelo menos, foi o que a cobertura da convocação, e a análise dos veículos mostraram.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Luiz da Trena, 18/5/06
‘Cercar a cidade sólida
e apontar em todas as portas
(…) Fazer fogo na hora certa
(Nei Duclós [Tocaia] in No Meio da Rua)
Luiz da Trena
Dezessete consideradíssimos leitores e colaboradores desta coluna, aqui representados pela indignação da mais exaltada, Eunice Lamartine, de São Paulo, estão revoltados com um certo apresentador de TV:
Não sei como a Band mantém um jornalista tão ruim e tão irresponsável como José Luiz Datena; na segunda-feira, um dos piores dias na vida dos paulistanos, ele atribuiu toda a violência dos bandidos a José Serra e Geraldo Alckmin. Na nada modesta opinião do moço, os dois teriam ‘abandonado São Paulo por interesses eleitorais’. Ora, eles foram obrigados a deixar seus cargos porque iriam se candidatar, como determina a lei!!! Achei muito esquisita essa conversa do Datena e acho que deveriam quebrar o sigilo bancário dele.
Janistraquis não costuma lançar suspeição sobre ninguém, ó Eunice & Cia., pois quem acusa sem provas é petista; todavia, ainda possui razoável memória e recorda que o apresentador começou a carreira na TV com uma trena na mão, nos jogos de futebol, a medir a distância entre o local da infração e o gol. Meu secretário chamava-o de Luiz da Trena, mas parece que ele, apesar de tanta intimidade com aquela fita métrica, nunca aprendeu a medir as próprias palavras.
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Vida aperreada
Depois de passar longas horas diante da TV e da tela do computador, a engolfar-se na verdadeira enxurrada de absurdos dessa guerra civil não declarada, o considerado leitor Arno Levin, de São Paulo, distinguiu a frase mais emblemática do momento em que vivemos:
‘Apoiamos a ação firme e sem violência, por parte das autoridades, no sentido de se proceder a imediata investigação dos fatos e punição dos culpados’, extraiu-se de um documento desovado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunida em sua 44ª Assembléia Geral, em Indaiatuba (SP). Isso mesmo, os piedosos prelados querem ação firme mas sem violência na luta contra o terrorismo urbano…. É muita cara de pau, né não?
Janistraquis, que muito andou e correu nesta vida aperreada (mais correu do que andou), obrigou-se a exalar o seguinte desabafo:
‘Considerado, o que falta ao Brasil de nossos tumultuosos dias é colhão; um pouco de macheza, um bocadinho só, resolveria quase todos os problemas de segurança pública.’
Concordo. Embora seja feminista ortodoxo, como sabem os consideradíssimos leitores, o colunista está convencido de que não existe autoridade sem ‘aquilo’. Não precisa ser, obrigatoriamente, roxo.
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Monstruosidade
Em artigo assinado a vinte mãos e publicado na Folha de S. Paulo, dez ilustres representantes da ablepsia social denominam de ‘porta vozes do atraso’ os cidadãos que desejam algum rigor no combate à bandidagem mais violenta já vista no Brasil. ‘O que pode derrotar a barbárie é mais civilização — não a truculência’, escreveram as vinte inacreditáveis mãos.
Leia no Blogstraquis a íntegra desse atentado à inteligência, desse intolerável desrespeito perpetrado por aristocratas que vivem num país inventado por eles mesmos.
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Leitor de Dante
Janistraquis leu na Folha de S. Paulo que Marcos Willians Herbas Camargo, o Marcola, líder máximo do PCC, que começou sua carreira de crimes como batedor de carteiras nas ruas do ‘degradado bairro paulistano do Cambuci’, é leitor de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, e também de Dante Alighieri.
Meu secretário tem certeza de que o elemento conhece mesmo a milenar obra do filósofo chinês, mas ainda tem dúvida a respeito de sua familiaridade com o poema de Dante:
‘Considerado, como se tem observado até agora, é possível que, antes de ser preso, o meliante tenha conhecido o paraíso; porém, dali estabacou-se diretamente no inferno, sem nem passar pelo purgatório.’
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O pior
Ao ver William Bonner a comandar o Jornal Nacional em meio à conturbada segunda-feira paulistana, Janistraquis tremeu na base:
‘Considerado, é melhor a gente se preparar para o pior, porque Bonner só abandona a Redação do JN pelas alvíssaras de um novo papa ou então para anunciar o Apocalipse. Como o papa já foi…’
Verdade. Todo cuidado é nenhum.
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Truda e os que trotam
O considerado José Truda Júnior, Editor-Chefe/Coordenador de Conteúdo da Rádio Angra AM, veterano colaborador da coluna e comentarista de escol, despacha de Angra dos Reis:
Em reportagem para O Globo Online, a excelente Fabiana Parajara reproduz fielmente as justificativas com que o desembargador Joaquim Garcia nega o pedido em que a vereadora santista Sandra Regina Arantes do Nascimento pede indenização por prejuízos material, intelectual e moral ao pai, Edson Arantes do Nascimento:
– Mágoas e frustrações houveram e haverão, mas restritas, como se disse, ao âmbito moral, subjetivo e que ficam na dependência do caráter e consciência do acionado – conclui Garcia.
Certa vez, em uma importante redação carioca, um jovem repórter pronunciou a palavra houveram, o que deu origem a uma tão estrondosa vaia que o foca passou três dias de boca fechada. Mas parece que, no judiciário, nem os mais experimentados desembargadores ligam se as barbaridades contidas em seus relatórios serão reproduzidas nos jornais exatamente como foram escritos. Deve ser porque a Língua Portuguesa não pede indenização por prejuízos material, intelectual e moral, infelizmente!
Janistraquis aprendeu ‘derna de menino’, como se diz no sertão, que houveram somente se utiliza no sentido de ter. Exemplo: ‘Reunidos no curral, houveram os magistrados de esperar largo tempo pela ração…’
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Título certo
Janistraquis leu em voz alta a chamadinha de capa da Folha Online:
JUSTIÇA CONDENA JOVEM QUE MATOU AVÓ A 34 ANOS
Gustavo de Macedo Napolitano, 26, foi condenado, por maioria de votos, pelo 1º Tribunal do Júri de SP.
‘Considerado, creio que falta um H no título; deve ser ‘…matou avó HÁ 34 anos…’, comentou.
Não pode ser, respondi, pois embora seja mais devagar do que a defesa do Flamengo, a Justiça não demoraria tanto tempo para julgar alguém. Então, meu secretário concluiu:
‘O título é que não está bem resolvido, considerado; deveria ser assim: Justiça condena a 34 anos jovem que matou avó, né mesmo?’.
É.
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Longevidade
Primeiro, a professora de Jornalismo Audio Visual e Jornalismo Regional das Faculdades Hoyler Campus Hortolândia, de Campinas (SP), Áurea Regina de Sá, passou o textinho para sua aluna Ilzadete Miguel Vieira, que o repassou à nossa Miriam Abreu e esta nos enviou a matusalênica notícia publicada no obituário do Jornal Setec (Serviços Técnicos Gerais, órgão da prefeitura):
GRACIA BUCCI PROVEDEL – Faleceu nesta cidade com 954 anos, viúva de Oscar Olavo Provedel, deixa um filho. Seu funeral dar-se-á hoje 01-04-06 ás 16 horas no cemitério Parque das Aléias.
Janistraquis, que não se espanta com mais nada depois do brinde da Pepsi aos consumidores indianos (releia a coluna da semana passada), achou normal dona Gracia viver tanto quanto o nosso muito considerado Matusalém:
‘Em Campinas acontecem coisas que até Deus e o Diabo na Terra do Sol duvidam; pergunte aos torcedores do Guarani…’
De minha parte, só achei esquisito a autarquia se chamar Serviços Técnicos Gerais e a sigla ser SETEC, com C de cágado.
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História viva
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujas janelas abertas para a vida real é possível acompanhar de perto todas as falcatruas possíveis e imagináveis desta República de m…, pois Roldão lia o número de maio da revista História Viva quando deparou, entre outras esquisitices, com esta plantada à página 94 e jazida sob o título Onde a América nasceu:
(…) Diego Colombo, filho do descobridor espanhol.
Roldão enfunou as velas da revolta:
‘Aprendi na escola que Colombo era genovês. Há até quem diga que ele era espião português. Mas espanhol?!?!?!?’
Janistraquis tem certeza de que qualquer História viva é assim mesmo, ó Roldão; nos dias atuais, o personagem vai de Gênova a qualquer porto espanhol com grande velocidade e sem procelas nem mostrengos netunais.
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Nota dez
Por indicação de nosso Mestre Deonísio da Silva, a coluna elege o texto do veterano e sempre brilhante Paulo Sant’Ana, em Zero Hora de segunda-feira, 15 de maio. Dêem uma olhadinha no excerto e confiram o texto integral no Blogstraquis:
Banho de sangue – Quando me dei conta da extensão da megarrebelião dos presos de São Paulo, que a estenderam para as ruas num banho de sangue incomparável, lembrei-me de um dístico que lia todos os dias no frontispício de um pórtico que havia e talvez ainda haja num templo positivista da Avenida João Pessoa, na calçada oposta à do antigo Cinema Avenida: ‘Os vivos serão sempre e cada vez mais governados pelos mortos’.
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Errei, sim!
‘TEXTO & FOTO – Notinha da revista Máxima: ‘Uma idéia para presentear homens exigentes são os kits da Casa Cabral, que você pode montar com vinho alemão, patê dinamarquês, marrom glacê espanhol ou chá inglês’. Ilustrava o texto uma foto do kit, com vinho do Porto, almôndegas e duas latinhas de sopa. Janistraquis aposta que alguma coisa saiu errada.’ (agosto de 1990)’
MERCADO DE TRABALHO
Turbulência da Varig atinge a Ícaro, 17/5/06
‘Uma pequena notinha publicada pela coluna de Mônica Bergamo, na Ilustrada, da Folha de S.Paulo, há uns dez dias, dava conta de que a grave crise que atingia a Varig acabou se estendendo à revista de bordo da companhia, vitimando seu editor-chefe. Não citou o nome, nem precisava. Quem acompanhou de algum modo a trajetória da Ícaro, uma das mais competentes revistas de bordo de todo o mundo, ao longo dos últimos 20 anos, sabia que à frente da publicação estava Carlos Moraes, um colega tímido, calmo, de fala mansa e cantada, cultura e inteligência excepcionais e que, durante a juventude, teve um pé na Igreja Católica.
Gaúcho de Bagé, era por muitos chamado pelo apelido de Padre, fruto dos tempos em que efetivamente ministrou os sacramentos cristãos, após ter se ordenado sacerdote.
Tive o prazer de com ele conviver por um curto período, em 1977, durante a experiência relâmpago de uma revista de nome TV Guia, lançada pela Editora Abril com pompa e circunstância para suceder Intervalo (um fenômeno de vendas durante muitos anos, mas que depois decaiu), mas que também acabou não vingando.
Ali, Moraes, que editava as páginas de novelas, era apenas uma das estrelas, ao lado de nomes como Woile Guimarães, Caco Barcellos, Audálio Dantas, Dante Matiusse, Fernando Morgado, Macedo Miranda Filho, Olga Vasone, Luiz Laerte Fontes e vários outros. Juntos, alguns foquinhas começavam na profissão, entre eles este que vos escreve e Wilson Baroncelli, que já tinha um pouco mais de experiência, adquirida na própria Abril em estágios em outras publicações.
Pois quis o destino que eu e o Baroncelli viéssemos a nos reencontrar profissionalmente em 2005, com sua volta a São Paulo (vindo do Rio de Janeiro) e o convite para que se agregasse ao time deste Jornalistas&Cia, do qual é atualmente editor-executivo; e que ele, nesta última semana, ao saber da demissão de Moraes, da Ícaro, voltasse a se reaproximar do ex-padre gaúcho 30 anos depois.
‘Foi como se nunca deixássemos de estar próximos’, revelou-me depois da conversa que teve com o velho amigo. ‘Os 30 anos pareciam três dias, tal a fluência do bate-papo’.
Eu mesmo, aliás, vivenciei uma cena parecida, com o próprio Moraes, há uns quatro anos, porém ao vivo. Foi numa pizzaria em Boiçucanga (praia do Litoral Norte de São Paulo), onde, sem o sabermos, éramos vizinhos – eu, mais urbano, e portanto próximo da praia; e ele, ermitão, no mato, dentro da encosta da Serra do Mar, numa casa isolada. Já havia conversado em outras oportunidades com ele, por conta do próprio Jornalistas&Cia, mas apenas por telefone. Revê-lo e abraçá-lo foi uma grande alegria.
Pois bem, fiz estes comentários como uma espécie de introdução ao texto que o Baroncelli produziu para a edição impressa deste Jornalistas&Cia e que tomo a liberdade de reproduzir abaixo, na íntegra. O informativo, aliás, está circulando nesta quarta-feira.
Com as asas derretendo
Wilson Baroncelli
A Varig continua voando, apesar de toda a crise por que vem passando. Mas a turbulência nessa rota, embora ainda não tenha abatido em pleno vôo a Ícaro, sua revista de bordo, uma das mais antigas e tradicionais publicações empresariais do País, com certeza deixou-a mais próxima do mesmo destino do mito grego que lhe empresta o nome*.
‘A atual redação foi, como se diz, desativada’, afirmou o editor da revista, Carlos Moraes, o ‘Padre’, que deixa a função após mais de 20 anos. ‘Na verdade, da equipe só restavam eu e Iara Venanzi, fotógrafa e editora de Fotografia. Rodney Monti, editor de Arte, continua na empresa.’
A empresa a que Moraes se referiu é a RMC, de Roberto Muylaert, que acumula as funções, pois, como ele próprio disse a esse J&Cia, ‘não é hora de mexer em nada; temos que esperar para ver o que vai acontecer com a Varig’. Mas garantiu que vai continuar contando tanto com a amizade quanto com a colaboração de Moraes. Este concordou que foi ‘uma bela experiência’. A idéia dele agora é oferecer serviços na área de edição final de revistas, ‘com alguma matéria, é claro’.
O gaúcho Carlos Moraes começou a carreira em Realidade, da Abril, em 1971, revista que marcou a sua transição da vida de padre para a vida leiga (daí o apelido). Depois de uma breve passagem por TV Guia, também da Abril (que durou exatamente uma gestação, nove meses), fundou a revista Psicologia Atual, em 1977. Em 83, foi para a Ícaro, onde, com breve interrupção, ficou até agora.
Também atuante na literatura, ganhou em 81 o Prêmio Jabuti com o livro infanto-juvenil ‘A Vingança do Timão’, lançado então pela Brasiliense, onde publicou outras obras no gênero. Em 2000, pela Record, lançou um livro que classifica como ‘de contra-ajuda’, ‘Como ser feliz sem dar certo’, histórias de pessoas que chegaram a grandes iluminações através de pequenas bobagens. Em 2004, também pela Record, publicou ‘Agora Deus vai te pegar lá fora’, umas livres memórias do tempo em que, sob a ditadura de Médici, foi preso político em Bagé. ‘É a história de um padre esperando dois alvarás de soltura, um de Brasília e outro de Roma, a que ele acaba de pedir dispensa dos seus votos. História sujeita a uma continuação, a chegada do nosso herói em São Paulo’, afirmou, talvez já antecipando outro livro.
* Contam as lendas gregas que Dédalo, pai de Ícaro, construiu-lhe asas, presas ao corpo com cera, para que fugisse da ilha de Creta, onde estava aprisionado. Ele conseguiu escapar, mas sua ambição o levou a um vôo tão alto que o Sol acabou por derreter a cera. Ícaro caiu no mar e morreu.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
CRISES & NOTÍCIAS
Círculo vicioso da notícia, 16/05/06
‘O falecido jornal Notícias Populares costumava jogar todas suas cartas em manchetes ambíguas e pouco ortodoxas para conseguir sua sobrevivência nas bancas. Do suposto cachorro (quente) que matou uma criança ao fictício bebê-diabo que amedrontava os profissionais da saúde que atuavam no Hospital São Bernardo na década de 70, grande parte das manchetes abusava das chamadas ‘cascatas’ jornalísticas (fatos fictítcios que, ao serem ampliados, ganhavam a colaboração do imaginário popular para se retroalimentar) para garantir boas tiragens.
Desde aquela época (e até muito antes disso) a imprensa já havia percebido que apostar nos cinco ‘Cs’ que definem a noticia (crises, crimes, conflitos, catástrofes e corrupção) seria uma forma de chamar a atenção dos leitores para seu produto, ampliando as vendas principalmente quando o editor acertava a manchete.
Como a realidade é algo em movimento, nem sempre persistir em velhas fórmulas pode garantir sucesso eterno. A receita dos cinco ‘Cs’ traz a desvantagem de criar um círculo vicioso em que desgraça gera desgraça, o leitor se cansa de tanta notícia ruim e passa a evitar o produto simplesmente porque necessita ver coisas boas que o façam crer que há vida além da manchete, que nem tudo o que acontece a sua volta é, necessariamente, ruim.
Algumas áreas, entre elas saúde e segurança, são presas fáceis para os noticiários que encontram aí farto campo de atuação fugindo, em certos casos, à lógica de percentagem. Na saúde, por exemplo, 1% representa 100%. Explico melhor: determinado hospital realiza mil transplantes de coração por ano. Dentre esses, em um caso o paciente vai a óbito. Inútil questionar qual a manchete do dia seguinte: os 999 que deram certo ou o único caso que deu errado? Pela lógica da redação, óbvio que aquele que deu errado, afinal foge à regra.
A ânsia dos pauteiros pela manchete negativa deixa de lado uma faixa de leitores que está carente de notícias boas. Com o advento da Internet, alguns blogs começaram a se especializar em oferecer apenas matérias positivas em que o leitor, além do prazer da leitura, volte a ver a realidade de forma otimista, cirando um círculo virtuoso em que ler coisas boas faça pensar em outras melhores e, a partir daí, ver a realidade com nova atitude perante a vida, cobrando uma postura menos derrotista frente ao que acontece.
A incerteza também é algo que tem sido pautada com muita freqüência nos noticiários, haja vista o uso excessivo do verbo poder nas manchetes. ‘Gás pode aumentar’, ‘Vereador pode ser punido’, ‘Acusado pode responder em liberdade’ são exemplos de como simplesmente não há certeza do apurado, afinal de contas, ‘pode’ indica 50% de chance. Isso vale dizer que ‘não pode’ (os outros 50%) também tem grande chance de acontecer. Se tudo pode, onde está a notícia?
A proposta não é banir o verbo poder e nem deixar de apontar o que está errado, afinal de contas, se os ‘Cs’ existem, precisam continuar aparecendo, pois é obrigação da mídia, o chamado ‘quarto poder’, fazer os papéis de cão de guarda e cão-guia dos demais poderes. O que não dá para aceitar é que só crises, crimes, conflitos, catástrofes e corrupção pautem eternamente a mídia. Sem mostrar uma luz no fim do túnel, apontando ações positivas de quem está no poder ou agindo em prol da comunidade, fica cada vez mais difícil consumir o produto notícia, acarretando quedas de venda/audiência por parte dos consumidores. Investir no círculo virtuoso das pautas do bem seria uma boa opção para mudar o panorama das páginas dos jornais, afinal de contas, se notícia boa também vende, basta investir na idéia. Fonte: Diário do Grande ABC
(*) Doutor em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo – Texto publicado na edição de 12/05/2006 do Diário do Grande ABC.’
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