CASO ISABELLA
Imprensa ganha o pão vendendo as migalhas de Isabella, 14/4
‘Algumas coisas seguem sem sentido no fenômeno que vem ocorrendo na mídia: por que, em meio a milhares de casos similares ou mesmo piores do que o caso Isabella, a mídia escolheu esse para pegar para Cristo? Sigo questionando com meus próprios botões. O que define um caso pinçado como sendo o caso perfeito para alimentar os vampiros da semana? Quem é o ‘Batman’ que puxa o caso e faz com que os ‘Robins’ do jornalismo voem no pescoço dele?
Não faça o que eu vou fazer
Levanto ainda a hipótese ‘X’, de um caso, digamos, similar, para tentar entender.
Três crianças, sentadas no banco de trás de um carro, brigam. Coisas de crianças! A madrasta, enciumada com a filha do primeiro casamento do marido, lava as mãos, e põe fogo na língua dizendo ao pai da menina: ‘Você não vai dar um corretivo na sua filha?’.
O pai, que já está sem paciência, sentindo-se atormentado com a gritaria das crianças , que acabara de passar pelo estresse do trânsito de São Paulo e outros tantos ‘arroubos’ da vida cotidiana, perde a noção do que seja paciência.
Chegando ao lar do casal, o pai dá uns tapas na menina, que, digamos, passam da conta. Descarrega a raiva na criança. Pega ela pelo pescoço. Asfixia a menina para que ela se cale e pare de chorar.
Levemos em consideração os seguintes elementos também: o pai, óbvio, é um homem. Homens estressados e irritados podem ter a força de 100 cavalos. Ou seja, um tapa de um homem em uma criança, não é o mesmo que o tapa de um homem em outro homem. Quem é pai bem sabe também que crianças podem tirar qualquer um do sério; até o mais pacato dos homens. Por mais amoroso que seja, qual pai pode afirmar que nunca carregou a mão numa criança, em um dia de estresse?
Mas, de fato, o pai desta hipótese parece ter exagerado na dose. Quando percebe, já fez o que não devia e talvez o que não pretendia. Ele ‘deu tanto’ na menina que, em verdade, ela desmaiou. O pai acha, então, que matou a filha. Em total desespero, não percebe que ela poderia estar apenas desmaiada.
Com a consciência pesada, ‘a voz’ ( aquela do instinto animal e de sobrevivência, que todos nós temos) , repete e pressiona dentro da cabeça do pai : ‘ Você precisa se livrar do corpo e , consequentemente, da culpa’.
Em momento de desatino, em completo desespero, o pai corta a rede de proteção de uma das janelas do lar e joga a menina do ‘y’ andar. A idéia era a de fazer com que parecesse que tudo aquilo não tivesse passado de um triste acidente.
O jogar do corpo foi, assim, instintivo; o que o pai acabara de jogar pela janela foi o sentimento de culpa. Na cabeça dele não era a filha que ele estava jogando pela janela; era sim a culpa que naquele momento tencionava a consciência de pai.
Não que a atitude dele seja abonável e/ou perdoável. Mas é compreensível, se olhamos com olhos isentos. Consideremos, o pai é humano. Passível, portanto, de cometer os erros mais extremos; e até mesmo crimes eventuais numa hora de intensa ira, como qualquer um de nós, pobres mortais.
Mais um entre tantos
Acontecem casos assim e piores todos os dias. Acontecem nos filmes, acontecem na vida, podem acontecer até mesmo na casa da nossa vizinha. Casos como o hipoteticamente citado acima podem ser encontrados também na jurisprudência ( realidade) ou em romances policiais ( ficção). Acontecem inclusive fatos reais e bem mais bizarros com crianças, todos os dias, e ninguém da imprensa os elege como sendo ‘o caso’ a ser destacado na semana.
Por que, então, o caso Isabella está sendo tão explorado? , sigo questionando. O que foi, realmente que a imprensa viu de tão especial no caso ?
Refletindo, ainda, não vejo muito diferença entre o pai citado na hipótese ‘X’ – o que teria jogado a filha pela janela em momento de desatino e desespero – e a imprensa que suga o caso da menina Isabella para obter algo que vale muito menos do que a vida dela.
E, por um instante, a sensação é aquela de que a vida de seres humanos é vista na imprensa como nada mais, nada menos, do que algo meramente comercial. Meus botões seguem indagando: ‘E aí?, quer pagar e vai ganhar quanto por alguns pontos a mais no Ibope, senhora imprensa?’
Percebo ainda que, com todo respeito, o pai da hipótese ‘X’ pode até ter matado a filha, mas é a imprensa que no caso Isabella está matando a vida de todos que pertencem às famílias ou que de alguma forma estão com elas envolvidas.
Mea-nossa-culpa
Aproveitando, que no texto aponto um dedo para lá , enquanto outros três apontam para cá, assumo também a minha culpa, pois nos parágrafos acima, acabei de fazer exatamente aquilo que critico no restante da imprensa. Acabei de julgar, linchar e condenar , ainda que hipoteticamente, o pai retratado no caso ‘X’. Assim o fiz baseada em suposições ainda infundadas e no mais podre de todos os estilos: o sensacionalismo.
Como vocês podem ver, qualquer um pode tentar acertar e por instinto acabar errando. Mas, por questão de reflexão, é preciso entender que o que acabei de fazer não é digno de ser chamado de Justiça e muito menos de jornalismo.
Observando, contudo, ‘ outras nobres motivações’, faço à ‘senhora imprensa’ um apelo: aguarde a conclusão das investigações. Dê um tempo na atitude sanguinária , de arrancar mais sofrimento e de causar mais dor às pessoas – sejam elas, o público, os amigos, os parentes ou simplesmente os pais.
Menos. Bem menos, ‘senhora imprensa’. Tempo ao tempo. Uns dias de silêncio, em respeito à alma da menina. E tempo ao tempo para que a Justiça seja feita por quem de direito e não por meio das mãos de jornalistas.
Por fim, diante do meu próprio exemplo de erro, explícito neste texto, é que espero tocar a consciência e ao mesmo tempo ser espelho para outros jornalistas. E embora a ‘grande imprensa pequena’ esteja empenhada em criar o mais perfeito inferno para os que aqui ficam, envergonhada, abaixo minha cabeça, fecho os olhos e desejo profundamente que a ‘senhora imprensa’ respeite a dor dos familiares e que deixe a menina Isabella, ao menos, por alguns dias, descansar em paz.
(*) Jornalista e acadêmica em Direito’
LUTO
Eduardo Martins morre após 50 anos no Estadão, 14/4
‘Uma vida inteira dedicada às palavras, às palavras precisas lançadas nos jornais do Grupo Estado. O jornalista Eduardo Martins, autor do ‘Manual de Redação do Estadão’, morreu na madrugada deste domingo (13/04), vítima de um tumor na bexiga, no Hospital São Camilo, em São Paulo, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.
Gentil com qualquer um que lhe viesse ao encontro, foi assim que Eduardo Martins procedeu em mais de 50 anos de profissão no Estadão – o único pelo qual trabalhou. De Cáceres (MT), no jornal passou pelas funções de redator, repórter, editor e chefe do Departamento de Documentação e Informação, o arquivo.
Como editor na época da ditadura, foi um dos que determinaram a colocação de versos de ‘Os Lusíadas’, de Luís Vaz de Camões, para marcar a censura aos jornais no período.
Na Rádio Eldorado, atuou como colaborador em 2001.
Atualmente, explicava as dúvidas de Português no Estadinho, na coluna De Palavra em Palavra, fazia as palavras cruzadas para Agência Estado e artigos diversos para revistas.
Deixou um livro inédito: ‘Os 300 Erros Mais Comuns da Língua Portuguesa’, que tinha previsão para lançar nos próximos meses.’
EDITORA ABRIL
Abril anuncia crescimento de 13,7% em 2007, 11/4
‘Na área financeira, 2007 foi um ano a ser comemorado no Grupo Abril. A holding divulgou na quinta-feira (10/04) seu balanço sobre o ano passado, registrando uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões, um crescimento de R$ 13,7% em relação a 2006. Os resultados se referem às editoras Abril, Ática e Scipione, e à distribuidora Treelog. Veja abaixo os números apresentados.
Receita líquida da Editora Abril: R$ 1,644 bilhão, 8,2% a mais que 2006
Receita publicitária da Editora Abril: R$ 753,6 milhões, 9,7% a mais que 2006
Patrimônio líquido da Editora Abril: R$ 69,2 milhões
Dívida líquida do Grupo Abril: R$ 178 milhões. Em 2006, foram R$ 681,4 milhões
O Grupo atribui os bons resultados a medidas de recuperação econômica iniciadas em 2004, com o aporte equivalente a 13,8% das ações da holding por fundos de investimentos da Capital International. Em 2006, a Naspers, grupo de comunicação sul-africano, adquiriu 30% do Grupo Abril – o máximo de capital estrangeiro permitido pela Constituição em uma empresa jornalística
Televisão e distribuição
No mesmo ano, a criação da Canais Abril de Televisão e o acordo de distribuição com a Telefônica, que posteriormente evoluiu para a venda de parte da TVA ao grupo espanhol de telecomunicações, gerou um ganho não operacional de R$ 778 milhões. A transação já foi aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas quase foi tema de uma CPI na estratégia de defesa de Renan Calheiros, então presidente do Senado e alvo de denúncias da Veja, revista editada pela Abril.
A aquisição da Fernando Chinaglia, principal concorrente da distribuidora da Abril, a Dinap, e resultando na criação da Treelog, também foi um dos fatores do bom resultado em 2007. As duas negociações ainda aguardam avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).
O comunicado do Grupo Abril também ressalta a compra da Casa Cor, junto à Dória Associados, e a ascensão de Giancarlo Civita à presidência do grupo, com Roberto Civita presidindo o conselho de administração e a Editora Abril.’
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Jairo Leal assume presidência da Abril em 2009, 14/4
‘A Editora Abril anunciou nesta segunda-feira (14/04) uma profunda mudança organizacional, que será feita gradualmente. A partir de janeiro de 2009, Jairo Mendes Leal será o presidente da Editora Abril. No entanto, Mendes Leal já assume a vice-presidência executiva da editora, para comandar as alterações junto a Roberto Civita, atual ocupante do cargo máximo.
Civita continua com funções ligadas à supervisão editorial e no comando da unidade de negócios Abril Coleções. Mendes Leal dirigirá quatro unidades de negócios, segmentadas I e II, negócios e tecnologia e Veja, além das diretorias de assinaturas e publicidade. Em 2009, Civita se dedicará exclusivamente às funções de editor e à presidência do conselho de administração do Grupo Abril. A vice-presidência executiva será extinta.
Mais mudanças
No comunicado, a Abril informa que o ‘novo desenho organizacional’ estará pronto em 28/04, mas adianta que Mauro Calliari ocupará a vice-presidência de planejamento estratégico e novos negócios do Grupo Abril. No ano que vem, será implantada a diretoria editorial, ligada a Civita e ao conselho editorial, que fará a supervisão compartilhada das redações.
Perfis
Jairo Mendes Leal, vice-presidente da editora até a promoção, está na Abril desde 1973. Chegou à empresa aos 15 anos de idade, e já ocupou os cargos de diretor-geral do grupo de interesse, diretor comercial, diretor de circulação, diretor de planejamento e diversas gerências. É formado em Administração de Empresas pela FMU, com especialização em Administração Financeira pela USP.
Mauro Calliari é vice-presidente da Editora Abril desde 2007, e está na empresa desde 1993. Já foi diretor geral de negócios, diretor de informações, diretor de planejamento estratégico e de tecnologia, além de chefiar a circulação de Veja e a direção de publicações de Playboy. é formando em Administração de Empresas na FGV, com MBA na mesma área pela Università Commerciale SDA Bocconi, de Milão.
Premissas do novo desenho organizacional
– A revista como pedra fundamental do negócio
– Integração de todas as áreas da Editora, com ênfase no fortalecimento das partes e do conjunto do negócio
– Racionalização e simplificação da estrutura
– Separação Igreja/Estado
– Princípios: Isenção, Integridade, Independência e Qualidade/Relevância
– Liderança e ênfase nos resultados
– Multimídia: evolução acelerada em todas as plataformas
– A estrutura organizacional existe para viabilizar e potencializar o conjunto’
ASSALTO
Na cobertura de um assalto frustrado no Rio, 14/4
‘O Comunique-se costuma estar presente em situações de interesse jornalístico para acompanhar o trabalho dos colegas. Nunca foi tão fácil como sexta-feira (11/04): o prédio onde funciona o escritório carioca do Portal foi palco de uma tentativa frustrada de assalto. O alvo dos ladrões era uma administradora de imóveis.
A tentativa aconteceu por volta das 12h. Alguns funcionários já haviam descido para o almoço. Foram os que haviam saído que alertaram para o crime, e recomendaram que os demais permanecessem no escritório. Pouco depois, um policial apareceu para averiguar e informou que havia um fugitivo no prédio. Recomendou que ficássemos trancados, que eles fariam a busca.
Como são 36 andares, com até dez escritórios por andar, iria demorar.
Imprensa
O primeiro contato com a imprensa veio logo em seguida: uma produtora da Band ‘sacou’ que o prédio era a sede do Portal e telefonou atrás de informações. Acabou confirmando os boatos que chegavam pelos colegas de escritório: um dos assaltantes já havia sido pego, e ninguém podia entrar ou sair do prédio.
Foi também um bom momento para que a redação entrasse em contato com alguns veículos. Retribuir informações repassadas em outras ocasiões é sempre válido.
Por volta das 15h, um segurança do prédio acompanhou os funcionários restantes à portaria. Lá embaixo, além de Band, já estavam profissionais de O Dia, Rádio Globo, Extra, TV Globo e Rádio Tupi. As informações eram de que do 17º ao 36º andar já estavam seguros.
Desfecho?
O prédio estava isolado. Um oficial da PM concorda em sair e passar mais algumas informações. Nada de novo, inclusive o oficial nem confirma a presença do foragido, mas também desmente a hipótese de haver um refém. Ele promete dar o nome do homem já preso no final da diligência.
Na troca de informações após a pequena coletiva, é possível saber que o assalto foi frustrado: uma sala vizinha a administradora percebeu a movimentação suspeita, incluindo o grito de alguém, e avisou a segurança. A polícia foi chamada, e chegou rapidamente. Na fuga pelo elevador um dos assaltantes fugiu para um andar intermediário. O outro foi pego no térreo.
Os andares foram sendo evacuados um a um, de cima para baixo. Os repórteres, enfadados, começam a desconfiar que vá render. Um liga para a redação e avisa que talvez valha pela foto. Outro procura um banheiro. Vários são parados pelos passantes para saber o que está acontecendo. Um comentário sintetiza o sentimento geral: ‘Fazia tempo que eu não pegava uma furada dessas’.
Às 17h30min, após outro policial fazer um update da situação, movimentação na portaria. Os oficiais saem com um preso e o prédio é liberado. Repórteres correm, transeuntes xingam, outros se divertem. É dito que o foragido já não está mais no edifício. E a promessa de dar o nome do detido não é cumprida.
Os repórteres correm então para a 6ª DP atrás de mais informações, para que as matérias do dia seguinte e os boletins estejam completos.
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O foragido foi detido por policiais à paisana às 18h, escondido embaixo da caixa d’água no terraço do prédio. Os ladrões se chamam Ronald Grillo da Silva, de 30 anos, e Rodrigo Rito de Oliveira, de 24. Parte das jóias e do dinheiro roubado foram recuperados.’
TELEJORNAL
Comunique-se
SBT demite 40 com o fim do Aqui Agora, 11/4
‘Quarenta profissionais, entre jornalistas e produtores, de São Paulo, Brasília, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro foram demitidos do Aqui Agora com a saída do programa da grade do SBT. No lugar do jornalístico, entrarão os seriados Chaves e As Visões de Raven.
Internamente, a surpresa é geral. Na quinta (10/04), os profissionais teriam sido avisados que a falta de um acompanhamento da audiência de outras emissoras no horário das 18h às 19h15 não era a principal dificuldade. Nesta sexta (11/04), jornalistas e produtores chegaram ao trabalho e foram demitidos.’
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Chaves substitui Aqui Agora, 11/4
‘A grade de programação do SBT a partir de segunda-feira (14/04) não inclui o telejornal Aqui Agora. E tudo indica que essa mesma grade será antecipada para hoje, o que significa que o jornal popular pode ter tido sua última edição na quinta-feira (10/04).Silvio Santos já havia deixado claro à direção do Aqui Agora que os números de audiência não eram satisfatórios e que se eles se mantivessem no mês de abril o programa mudaria de horário ou deixaria a programação.
Algumas mudanças foram feitas, como a de apresentadores e até decretar o fim da participação semanal de universitários.
No lugar do Aqui Agora, vão entrar no ar as séries Chaves, que mais uma vez substitui um telejornal do SBT, e As Visões de Raven.’
PROTESTO
Folha é acusada de acirrar preconceito contra escola estadual de São Paulo, 10/4
‘Professores, pais e alunos da Escola Estadual Professor Fidelino Figueiredo fizeram nesta quinta-feira (10/04) um passeata do colégio até a Folha de S.Paulo, na região central da capital paulista, e entregaram uma carta, pedindo direito de resposta à reportagem (para assinantes) ‘Onda de assaltos a estudantes une colégios de Higienópolis’, do jornalista Paulo Sampaio, publicada em 27 de março de 2008.
A matéria informa a integração de colégios particulares contra os assaltos que estão ocorrendo na região. Fala ainda da acusação dos alunos dessas escolas particulares de que muitos dos furtos seriam cometidos por estudantes da escola Fidelino Figueiredo. Alunos do colégio estadual também comentam haver a suspeita de que alguns colegas podem cometer furtos. Por outro lado, a matéria comenta que não há nenhuma denúncia de estudantes da rede pública no Distrito Policial local.
Segundo a professora Silvana Soares, desde que a reportagem fora publicada, alunos com uniforme da escola estão sendo chamados de ‘ladrão’ e ‘trombadinha’ por estudantes de escolas particulares da região.
‘A reportagem acirrou a divisão de classes que já existe entre os bairros de Santa Cecília e Higienópolis’, afirmou a professora. Silvana informa que o objetivo da passeata e do direito de resposta vai na direção contrária: ‘A tentativa é barrar a dimensão de violência’.
A professora conta ainda que estão conversando com os alunos tanto da rede pública como da privada para que não haja conflitos entre eles.
Folha
O jornal Folha de S.Paulo publicará o direito de resposta dos professores na seção de cartas. O jornalista Paulo Sampaio não foi encontrado para comentar a matéria.’
AMEAÇA
Para a China, você é um gremlin, 9/4
‘Neste sábado, revi ‘Gremlins’, filme de 1984 dirigido por Joe Dante e produzido por Steven Spielberg. ‘Gremlins’ é filme-pipoca da melhor espécie, e foi um hit para os adolescentes da minha geração. Mal sabia Chris Columbus, que escreveu o roteiro, que o tema seria tão aplicável aos dias que correm, pré-olímpicos.
Para quem não sabe o que é um gremlin, vale esclarecer que este estranho ‘serzinho maléfico’ não foi criado para o filme. A origem dos gremlins, uma lenda aterradora, remonta à Segunda Guerra Mundial, quando – conta-se – pilotos da RAF, a Força Aérea Britânica, avistavam pequenos ‘demoniozinhos’ arrancando porcas, fios e parafusos de suas aeronaves, em pleno vôo. A lenda se alastrou e várias das quedas de aviões ocorridas durante a guerra são atribuídas, ainda que extra-oficialmente, aos gremlins, e não aos aviões do Eixo. É de arrepiar.
A lenda dos gremlins perpetuou-se pela segunda metade do século XX, e deu origem tanto ao livro ‘The Gremlins’, de Roald Dahl, quanto à produção de Spielberg – aliás, muitos acham, erroneamente, que o livro deu origem ao filme; qual nada, ambos bebem da fonte da mesma lenda, mas contam histórias diferentes.
Contudo, é nas entrelinhas que se deve ler a lenda dos gremlins. No livro, assim como na visão da guerra, o gremlin personifica a ameaça oculta, mas, principalmente, o desconhecido. Na verdade, era o perigo dos estrangeiros que tanto amedrontava os Aliados, fossem os famigerados nazistas ou os futuros inimigos, os russos.
No filme, o gremlin ainda é o estrangeiro. Para um dos personagens, veterano de guerra, os gringos colocam ‘demoniozinhos’ dentro dos motores dos carros que suas montadoras despejam na terra de Tio Sam, e por isso eles acabam constantemente nas oficinas. Seria sabotagem, então, assim como na Grande Guerra.
Desde o início deste ano, somos todos gremlins, em versão século XXI. A ameaça, agora, não vem de nazistas, russos ou mesmo em carros japoneses. Para os governantes da China, estes estranhos seres chamados terráqueos – ou não-chineses – multiplicam-se como pequenos demônios, querendo se meter em assuntos que não lhe dizem respeito. E querem acabar com a festa.
Nós, gremlins-terráqueos, enviamos gremlins-jornalistas para checar a situação do Tibet (e chegamos sempre no pior momento), mandamos gremlins-ativistas para a rua – pasmem! – para tentar apagar a Tocha Olímpica (até o fechamento desta coluna, os gremlins-londrinos tentaram, mas não conseguiram; os gremlins-parisienses forçaram a polícia a apagá-la, com sucesso).
Pior que isso: a internet da China está cercada de gremlins-digitais, uma forma virtual de gremlin – alguém deu de comer a um bando destes demoniozinhos após a meia-noite, algo proibido! -, que tenta passar informações do país para o mundo inteiro, todo o tempo. ‘Estes e-gremlins não dormem’, eles devem pensar.
Gilberto Scofield, gremlin verde-e-amarelo e correspondente d’O Globo em Pequim, é um gremlin porreta. Há pouco mais de uma semana, os chineses (e ele próprio) não conseguem mais acessar o blog do jornalista. Danado como ele só, o gremlin-scofield publica seus posts no escuro – não os vê, mas os não-terráqueos, sim.
Os dirigentes chineses devem estar sentindo muito, muito medo. Pior que o maior dos medos dos pilotos na Segunda Guerra Mundial, talvez na cerimônia de abertura dos XXIX Jogos Olímpicos o imenso estádio Ninho de Pássaro seja invadido por terríveis hordas de gremlins, e tal e qual nos céus da Europa de décadas atrás, vejam-se numerosos ‘demoniozinhos’ a arrancar porcas, fios e parafusos das arquibancadas.
Como se diz ‘socorro’ em chinês?
Bem, não importa. Neste momento, estarei, como um bom (e mau) gremlin, dando estridentes e altíssimas gargalhadas.
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Pronto: finalmente meu curso ‘Webwriting’ retornará a São Paulo, via JumpEducation, onde serei responsável pelo primeiro módulo do treinamento ‘Gestão da Informação Digital’. Farei dobradinha com o amigo Guilhermo Reis, que irá ministrar o módulo ‘Arquitetura da Informação’.
O curso acontecerá nos dias 16 e 17 de maio; para mais informações, basta ligar para 0xx 11 5012-5939 ou enviar um e-mail para amagalhaes@jumpeducation.com.br.
Enquanto isso, aqui no Rio, para quem quiser ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é só entrar em contato pelo e-mail extensao@facha.edu.br ou ligar para 0xx 21 2102-3200 (ramal 4) para obter mais informações sobre meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’.
As aulas da próxima turma, que terá início em maio, acontecerão ao longo de seis terças-feiras à noite, em Botafogo.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
OBSERVATÓRIO
Podemos fiscalizar a mídia. É só querer, 14/4
‘Mídia e governo na Argentina estão empenhados em uma batalha sobre o Observatório dos Meios de Comunicação, projeto estatal em cooperação com a Universidade Nacional de Buenos Aires, destinado a fiscalizar o trabalho da imprensa.
Como assegurar, nos países democráticos, que os meios de comunicação – isentos de impostos e de qualquer controle pelo Estado, exceto em casos de violação de direitos pessoais previstos no Código Penal – cumpram sua função básica de informar o público com o maior pluralismo possível de fontes e opiniões?
Após as eleições de 1962, em reportagem no Jornal do Commercio, de Recife, informei que, no programa de entrevistas de maior audiência da emissora ligada ao jornal, o apresentador recebia dinheiro do Instituto Brasileiro de Ação Democrática (financiado por empresários brasileiros e estrangeiros) para só convidar adversários do prefeito Miguel Arraes. A reportagem era ilustrada pelos canhotos dos cheques emitidos em favor de Rui Cabral, o entrevistador.
Provavelmente suborno escandaloso como esse não ocorre mais em nossa televisão. Mas a falta de pluralismo é óbvia, na TV, no rádio e na imprensa. Tivemos uma oportunidade de ouro com a criação do Conselho de Comunicação Social pela Constituinte de 88, mas o projeto foi engavetado, deformado e só aprovado (no final do governo de Fernando Henrique Cardoso) sob controle do Senado, como cabide de empregos e/ou homenagens idiotas, sem a menor importância para a fiscalização dos meios de comunicação pela sociedade. As empresas da área continuam a impor o princípio de que a auto-regulamentação é suficiente para essa fiscalização. (vale a pena ler sobre isso o artigo de Dênis de Moraes, no IHU On Line, transcrito pelo Observatório da Imprensa)
Na área da publicidade, o CONAR até procura realizar um bom trabalho mas ainda está longe de atingir um nível plenamente satisfatório. Na televisão, é só assistir a novelas, à seleção de filmes e ao seu crescente uso ilegal para difusão de seitas vigaristas ou de curandeirismo.
Temos pelo menos quatro esforços independentes para uma fiscalização social dos meios de comunicação: o Observatório da Imprensa, programa de TV e site criado e dirigido por Alberto Dines; o Observatório de Mídia, criado e claramente influenciado pelo Fórum Social Mundial; e dois sites de origem universitária, um criado pela Universidade de Brasília e outro, pela Universidade do Vale do Itajaí.
Mas isso é pouco, muito pouco. Dêem uma olhada pelo que existe no mundo. O site www.erc.pt/index da Entidade Reguladora da Comunicação portuguesa mostra uma lista em que o nosso Conselho sequer mereceu ser colocado.
O engraçado é que o governo Lula mostrou como nosso Conselho falido poderia ser remontado. É só seguir, ampliar e colocar como entidade independente do Estado o modelo do Conselho Regulador da TV Brasil, que, pelo menos até aqui, vem cumprindo o papel desejado.
(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se’
JORNAL DA IMPRENÇA
Por que caiu o ombudsman, 10/4
‘Sempre que me vejo ao final
das tardes saltam-me
da boca aves feridas
(Álvaro Alves de Faria)
Por que caiu o ombudsman
O considerado Alfredo Spínola de Mello Neto, paulistano, advogado e jornalista ‘porque ninguém é perfeito’, como ele mesmo diz, escreveu ao então ombudsman da Folha de S. Paulo, Mário Magalhães, para lhe perguntar o significado da palavra clégima, encontrada em matéria do jornal, porém desconvizinha de todos os dicionários.
Depois de 12 dias de espera, o ombudsman respondeu que não poderia falar a respeito do assunto, porque a autora do texto estava de férias. Foi então que assomou o advogado Spínola, disposto a não deixar barato, e atormentou de tal forma o, digamos, ouvidor, que este pediu demissão do cargo, conforme todos sabem.
Pelo menos foi assim que Janistraquis interpretou a surpreendente catástese de Mário Magalhães.
Confira no Blogstraquis a troca de mensagens entre leitor e demitido, numa das quais Spínola escreveu, premonitoriamente:
O contexto só faz reafirmar minha opinião de que a Redação dá pouca — ou nenhuma — importância à função do ombudsman.
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Anjo decaído
Do UOL Últimas Notícias:
Lula ‘tem anjo olhando por ele’, diz jornal holandês
De Pablo Uchoa
Enviado especial da BBC Brasil a Haia
No dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia oficialmente sua visita à Holanda, o principal jornal do país, o ‘De Telegraaf’, dá as boas-vindas afirmando que o brasileiro tem ‘um anjo’ olhando por ele.
Janistraquis, cuja fé foi abalada pela Santíssima Trindade, meteu o dedo sujo nessa água-benta:
‘Considerado, só se o jornal se refere ao ‘anjo dos abismos insondáveis’, também conhecido como coisa ruim, tinhoso, capiroto, capeta, aquele mesmo que Bocage chamou de ‘o rei cruel do averno imundo’, né não?
Pode ser.
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Invadiu o campo
O considerado Fábio José de Mello despacha de seu refúgio ecológico em Descalvado, interior de São Paulo, onde observa as atrocidades do mundo:
Bom, estava pela internet afora quando eu vi uma chamadinha capciosa no portal UOL. Como sabemos, cai sobre o jogador Richarlyson a suspeita de que ele não é muito chegado em mulher. Tudo bem, problema dele. Mas, não precisa sacanear, né? Olha só o que o UOL publicou: ‘Viado no Morumbi’. E tascou a foto do pobre Ricky. Isso não se faz! Dê só uma olhada:
http://img246.imageshack.us/img246/7656/viadoooyl1.jpg
Acho que eles queriam dizer ‘vaiado no Morumbi’. A rasteira no Richarlyson trouxe à memória de Janistraquis uma legenda da falecida Folha da Tarde, de São Paulo, sob foto daquele Amaral que tem um olho na bola e o outro nas canelas adversárias:
Visão de jogo é o forte de Amaral.
‘A diferença, considerado’, explicou meu assistente, ‘a diferença é que a legenda do Amaral foi apenas uma brincadeira de mau gosto; já a chamadinha do UOL invadiu o campo da sacanagem…’
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Poeta exilado
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema extraído do livro A Memória do Pai, editado em Portugal, onde o poeta procurou (e encontrou) aquele raro e indispensável remanso que inspira o coração.
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Medalha de ouro
O considerado Marco Antonio Zanfra, assessor de imprensa do Detran de Santa Catarina, ficou impressionado com a nova modalidade olímpica que inventaram:
Taí, parece que agora existe mais uma nos Jogos Olímpicos; vão botar os reféns para correr, saltar, nadar, etc. Pelo menos é o que dá a entender a manchete estampada na página de abertura do Yahoo Mail: China acusa Dalai Lama de fazer Olimpíada de refém’.A manchete também dá a entender que essa idéia de botar os reféns para correr, nadar etc.‚ é algo condenável, pois a China ‘acusa’, e não ‘parabeniza’, o Dalai Lama pela iniciativa.
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Obviedade
Chamadinha lida, tida e havida na capa do UOL:
Imagens mostram Isabella em mercado antes de morrer.
Janistraquis, que anda a confundir suposição com supositório, reclamou:
‘Considerado, é claro, óbvio, patente, cristalino, que a pobre Isabella só poderia ter ido ao mercado ‘antes de morrer’; depois de morto, é difícil ir ao mercado ou a qualquer outro lugar.’
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Balão de ensaio
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre as vicissitudes do Poder foi possível enxergar e até ouvir o Homem a desasnar Dilma na arte de tergiversar, pois Roldão ponderava o noticiário desta época pré-eleitoral e, químico que é, se lembrou dos tempos de estudante:
Usa-se muito a expressão ‘balão de ensaio’ significando uma tentativa, para ver se ‘pega’. Mas que balão seria esse? Um balão de borracha, inflado com hidrogênio? Um aerostato impulsionado para cima por uma fonte de calor? Nada disso. Trata-se de um frasco de vidro, em forma de balão, onde antigamente se faziam experiências com reações, nos laboratórios de química. O balão de ensaio depois foi substituído pelos tubos de ensaio, cilíndricos, utilizados até hoje .
Janistraquis, que foi mau aluno, suspirou:
‘Pois é, considerado, depois a expressão ‘balão de ensaio’ entrou para o dialeto da política e hoje temos a Dilma Roussef e essa conversa nojenta sobre o terceiro mandato…’
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O grande clássico
Para esquentar o clima do clássico de domingo, a Jovem Pan reviveu aquela partida entre São Paulo e Palmeiras, no Morumbi, final do Campeonato de 1971. Janistraquis e o colunista lá estavam, a serviço do Jornal da Tarde, e testemunharam a vitória sãopaulina, num jogo que teve o célebre juiz-ladrão Armando Marques, o qual, para não fugir ao feio hábito, anulou um gol legítimo de Leivinha; o sacana ‘viu’ um murro na bola, mas, na verdade, o atacante do Palmeiras havia cabeceado, naquele seu estilo de craque.
Víamos o jogo ouvindo a Jovem Pan, porque era inadmissível dispensar-se a narração de Joseval Peixoto e as reportagens de Geraldo Blota, o Gebê; pedimos desculpas à memória de grandes locutores daquele tempo, mestres como Pedro Luís, Fiori Gigliotti, Édson Leite (‘meu cronômetro marca…’), porém o craque Joseval, que repetia ao microfone a genialidade que Pedro Rocha esbanjava no gramado, batia com as duas e brincava nas onze; era um perfeito representante paulistano daquela escola carioca que nos deu Oduvaldo Cozzi e Jorge Cury. Foi bom ouvi-lo novamente na madrugada de quarta-feira.
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Linchamento
Manchete da Folha de S. Paulo:
Cai apoio à pena de morte.
Pesquisa Datafolha mostra que o apoio dos brasileiros à adoção da pena de morte caiu de 55% no ano passado para 47% em 2008.
Janistraquis, que sempre foi contra a pena de morte mas também não aceita a pieguice exacerbada dos politicamente corretos, divulga sua opinião a respeito do polêmico assunto: ‘Considerado, quem vê televisão sabe que os brasileiros querem mesmo é o linchamento dos assassinos que cometem crimes hediondos; pelo menos é assim que se manifestam à porta das delegacias.’ E completou, desta vez com certo estupor:
‘Aliás, as pesquisas andam deverasmente estranhíssimas; você acredita que o Ibope mostrou Marta Suplicy com 8 pontos de vantagem sobre Geraldo Alkmin na corrida pela prefeitura paulistana? E assim, sem mais nem menos…’
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Vale-tudo mesmo?
A considerada Norma Aguilar, educadora paulistana, envia esta chamadinha de capa da Folha de S. Paulo:
Folhateen — Vale tudo para entrar na faculdade dos sonhos.
Norma absolve a matéria, que não contém o exagero enunciado, mas condena a chamada:
Dizer que ‘vale tudo’ na disputa de uma vaga dá a impressão de que o estudante está disposto não apenas aos sacrifícios, mas também a toda sorte de vilanias tão comuns neste país, onde a compra-e-venda de qualquer coisa convive com outras e tantas indecências que a mídia expõe ad nauseam.
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Nota dez
O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha de onde o governador Aécio Neves, etc. e tal…, pois Camilo leu no Jornal do Brasil este artigo do mestre Augusto Nunes, o qual escreveu, sob o título Quero a minha bolsa-ditadura:
(…) Sim, cada minuto de prisão nos anos de chumbo foi um pote até aqui de angústia. Fui submetido durante quatro dias a tormentos físicos e psicológicos.. Com as mãos algemadas sob as pernas, suportei de cócoras interrogatórios que se estendiam por oito, nove horas. Ouvi dos carcereiros ameaças de morte ao estudante comunista cujo paradeiro nenhum civil conhecia. Afligiram-me o silêncio imposto a presos incomunicáveis, o cheiro de animal sem banho, a comida intragável, a sensação de impotência, a vida suspensa no ar.
Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que está dando o que falar.
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Errei, sim!
‘TAPEARAM O LEITOR — Ecos da Rio-92. No título da Folha da Tarde, de São Paulo, estampava-se a ignomínia: George Bush é atacado durante caminhada no Rio. Janistraquis logo imaginou que Sua Excelência, passeando numa boa pelos arredores da Rocinha, fora recebido a pauladas e tijoladas pela população mais radical do aprazível bairro, como dizia Stanislaw Ponte Preta.
Abaixo, porém, o texto esclarecia: ‘A caminhada mundial promovida ontem pelas ONGs no Rio acabou se tornando um grande protesto contra o presidente dos Estados Unidos, George Bush, que se recusa a assinar os principais tratados da Eco-92’. Meu secretário foi atacado pela decepção:
‘Considerado, a FT enganou o leitor; este esperava o linchamento e Bush nem estava presente ao ato’.
É verdade. O título tapeia o leitor. (agosto de 1992)’
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
MERCADO
Semana movimenta o dia-a-dia das agências, 9/4
‘Foi impressionantemente grande a movimentação ocorrida nesses últimos dias no segmento das agências de comunicação. O anúncio de chegada de novas contas chamou a atenção, mas também há notícias de agências que perderam contas grandes e longevas, de mudanças de marca, de lançamento de relatório anual e até a excepcional notícia da licitação feita pelo Governo Federal, num contrato que monta a R$ 15 milhões, possivelmente o maior da história do setor. A seguir, um painel do que vai pelo setor.
Fim de longevas parcerias
Com diferença de apenas um dia, duas agências informaram ao mercado que deixavam de atender a contas grandes e longevas: no dia 01/04, Gisele Najjar distribuiu comunicado anunciando que, após 11 anos, sua Gisele Najjar Press & Co. não mais estaria à frente da assessoria do São Paulo Fashion Week; no dia seguinte, foi a vez de Nereu Leme veicular um texto comunicando que a sua Casa da Notícia, depois de 17 anos de parceria, não mais atenderia a General Motors do Brasil. Em comum nos dois textos, os agradecimentos que ambos dirigiram a seus agora ex-clientes e aos colaboradores. Nos próximos dias o mercado deverá tomar conhecimento das agências que assumirão essas cobiçadas contas.
Dança das contas
A CDN passou a cuidar da divulgação dos assuntos institucionais da Areva T&D, divisão do Grupo Areva (que está presente em mais de 40 países) responsável por transmissão e distribuição de energia no Brasil. A equipe de atendimento é integrada pelo coordenador Carlos Magno, pela diretora adjunta Luciana Miranda e pela diretora Jô Ristow.
A RP1 é a mais nova agência da BSP – Business School São Paulo, instituição brasileira de ensino de negócios, que tem como missão qualificar indivíduos e organizações para atuarem como líderes empresariais éticos, no Brasil e no exterior. Desde dezembro de 2007, a BSP passou a fazer parte da Rede Internacional de Universidades Laureate, por meio da Universidade Anhembi Morumbi, já cliente da agência. Para atender a conta, a RP1 contratou Fabíola Mello, que chega para integrar a equipe composta por Renata Senlle e Raquel Barreto, sob coordenação de Fernanda Cardinali. Outro que chegou à agência, como responsável pelo planejamento e desenvolvimento de estratégias de comunicação para o Mercado Eletrônico.com, também sob a coordenação de Fernanda, foi Igor Francisco.
A MVL, que completará 17 anos em maio, apresentou nesta terça-feira (08/04) sua nova marca e o novo site (www.mvl.com.br), além da revisão de sua missão, visão e valores. Ao mesmo tempo, a agência celebra três novos clientes: DPA (joint-venture entre a Nestlé e a neozelandesa Fonterra, com atuação nas Américas), Shopping Eldorado e Beach Park. Mauro Lopes, presidente da agência, diz que o centro da visão, da missão e dos valores da MVL é o diálogo. O novo logotipo, com o uso do marrom e da forma do mosaico, busca condensar o espírito da empresa. No site, o novo logo é traduzido da seguinte forma: ‘Tomamos emprestado o marrom dos cubistas para reconhecer nosso ser fragmentado e nosso desejo de profundidade. Buscamos o mosaico para afirmar a individualidade de cada um que faz nosso coletivo, para declarar que estamos juntos e queremos nos manter próximos, mas que a roda (de diálogo) que nos une não é uma prisão, é roda aberta ao entrar e sair, ao para dentro e para fora, à nossa pequena comunidade e aos que chegam’.
A CDI é a nova agência da Huntington Medicina Reprodutiva. Atendimento de Sarah Castro, Caio Giampa, Sandra Miyashiro e direção de Vanessa Meriqui.
A S/A Comunicação (11-5102-3335), de Marco Antonio Sabino, comemora a chegada das contas da Imbra, rede de clínicas odontológicas especializada em tratamentos de reabilitação e estética bucal, e do coreógrafo Ivaldo Bertazzo, que hoje atua no Fantástico. O atendimento da Imbra está a cargo de Carol Knoploch (ex-Estadão), que assinava a coluna semanal Nós Testamos, de defesa do consumidor, no Diário de S.Paulo. Marina Leão e Agnes Augusto respondem pela conta de Bertazzo.
Também a SG, de Sheila Grecco tem dois novos clientes. No núcleo de negócios, passa a atender o WTC Clube de Negócios, parte do World Trade Center de São Paulo que visa gerar negócios e promover o relacionamento entre seus sócios. No núcleo de decoração e design, tem agora o Studio Arthur Casas e a metalúrgica gaúcha Riva, especializada em objetos de design e utilitários em prata e aço inoxidável.
Três novos clientes entraram na carteira da Medialink, com direção de atendimento de Andréa Farias: a agência de marketing online Mídia Digital, que será atendida pelo gerente Fernando Marchi e pela assessora Thaisa Ribeiro; Tech4B, empresa de gestão de desenvolvimento de software, e Labor 3, empresa de consultoria de segurança de alimentos, que ficarão a cargo da gerente Renata Saud e da assessora Bruna Dias. A agência também tem novo telefone: 11-3467-1516.
A FirstCom é desde março a nova assessoria da Gemalto, empresa de segurança digital (smart cards, SIMs, e-passports, leitores e tokens) que faturou 1,6 bilhão de euros em 2007. Atendimento de Roberto Constante (roberto@firstcom.com.br) e Wilame Lima (lima@firstcom.com.br), pelos 11-3034-4662 / 4652.
A Retoque (11-3088-0990) é a nova assessoria da Control Fleet, empresa especializada na aquisição e gerenciamento de frotas. A coordenação é de Luiz Chinan, com atendimento de Thiago Nassa e apoio de Renata Domingues e Vanessa Guido.
A Lead, de Janine Saponara, conquistou a conta do Projeto Guri, que tem como missão promover a inclusão sociocultural de jovens entre 8 e 18 anos, por meio da música. No atendimento, Hedylaine Boscolo e Marcelo Bolzan, pelo 11-3168-1412.
q A Comcept está com dois novos clientes: os jogadores Hernanes, do São Paulo e da Seleção Brasileira, e Denílson, volante do Arsenal, da Inglaterra. No atendimento, Rodrigo Righetti e Thiago Santiago, pelo 11-3045-4610.
A Fine Papers, empresa especializada na importação e distribuição de papéis especiais, e Alexpress Global, que presta assistência a profissionais expatriados, fecharam contrato com a CSK (11-3667-6907), de Cléa Stolear. No atendimento, Luiz Sergio Roizman, recém-chegado à agência, sob coordenação de Cléa.
A Escola Santo Inácio é o novo cliente da Mandarim, de Rodrigo Prada e Silvério Rocha.
A MBraga é a nova assessoria da marca esportiva Penalty. Marcelo Braga (11-8266-6086) responde pela conta.
Relatório Social e Seminário
O Grupo Máquina, de Maristela Mafei, já começou a distribuir a edição 2007 de seu Relatório Social, publicação que ‘reflete os princípios e as crenças da Máquina e as conquistas obtidas no ano, decorrentes de uma gestão focada no cumprimento de metas e no desenvolvimento do capital humano’. O relatório também destaca a Visão (Ser o melhor time em soluções de comunicação) e a Missão da agência (Gerar valor para o cliente por intermédio dos instrumentos da comunicação corporativa). Revela ainda que a empresa ‘investiu R$ 780 mil na área de gestão de pessoas’ e que este valor ‘supera em mais de 100% a quantia empregada no ano anterior e foi destinado para a realização de cursos internos e externos, patrocínio de bolsas de estudo e viagens internacionais para a equipe’. Também são mencionados os apoios que a agência manteve às ONGs Bem Comum e Endeavor e para a bailarina Luíza Lopes.
Com o tema Ferramentas e Soluções de Comunicação Integrada, a In Press Porter Novelli promove, na próxima 4ª.feira (16/4), das 9 às 11hs, um café da manhã para clientes e amigos na sede da empresa, na av. Juscelino Kubitschek, 1.726 – 10° andar. A diretora-executiva Sonia Azevedo vai mostrar como a agência se estruturou para atender às demandas de clientes e prospects e apresentar a responsável pela recém-criada Diretoria de Comunicação Integrada, Fabiana Pinheiro. As vagas são limitadas e os interessados podem se inscrever pelo email evento@inpresspni.com.br .
Oportunidade
A Hill & Knowlton contrata profissional formado em jornalismo ou relações públicas para vaga de coordenador de contas. O candidato deverá ter experiência de dois a três anos em rotinas de assessoria de imprensa e inglês fluente. Enviar CV para imprensa@hillandknowlton.com .
Contrato de R$ 15 milhões
Tema prioritário na agenda da Abracom, a contratação direta de agências de comunicação pelo setor público, via licitação pela modalidade de técnica e preço (e não apenas preço), acaba de receber sua maior e mais expressiva contribuição: o edital da Secom da Presidência da República, publicado no Diário Oficial da União da última quinta-feira (03/04), que anunciou a abertura de licitação para a contratação de empresa de assessoria de imprensa e de relações públicas com o objetivo de promover o Brasil no exterior e atrair investimentos. A contratada deverá atuar no Brasil, mas ter sede, filiais e sucursais no exterior – ou manter acordos operacionais com agências instaladas fora do país. Também é necessário comprovar experiência em trabalhos semelhantes e estabelecer prestação de contas periódicas.
Os interessados têm até 19/05 para a entrega de documentos. O valor estimado do contrato é R$ 15 milhões/ano, possivelmente um dos maiores da história do setor. Para José Luiz Schiavoni, presidente da Abracom, a concorrência é uma conquista das agências. ‘O edital da Secom é um marco para o setor e consolida uma série de entendimentos que temos tido com Franklin Martins, Ottoni Fernandes e equipe. O reconhecimento da Secom de que as agências de comunicação têm capacidade estratégica e articulação para um projeto de tamanho vulto é um grande incentivo e atestado para que outros setores do governo contratem as agências de comunicação para outros projetos.’ Antes da Secom, a primeira instituição do Governo Federal a contratar diretamente agências de comunicação pela modalidade de técnica e preço, via licitação, foi a Embratur, em 2005.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
TV PÚBLICA
Livro de Bucci e demissão de Luiz Lobo confirmam o impossível, 8/4
‘Se você ainda tinha alguma dúvida de que jornalista não deveria trabalhar para governo, qualquer governo, agora, não tem mais. Se você ainda tinha alguma dúvida de que é ‘impossível’ fazer jornalismo sério e independente em TV pública (sic) criada e patrocinada pelo governo, agora, não tem mais.
Estas são algumas das principais conclusões após a leitura do novo livro do ex-diretor da Radiobrás, o jornalista Eugenio Bucci, ‘Em Brasília, 19 horas’ (ver aqui) e refletir sobre o noticiário dos últimos dias sobre a demissão de editor-chefe da TV Brasil, Luiz Lobo (ver aqui).
Eugenio Bucci e Luiz Lobo têm várias coisas em comum. A mais relevante para nós jornalistas é que ambos tentaram fazer o impossível: jornalismo independente em estrutura de empresa estatal. Ambos se decepcionaram, mas saíram do governo atirando ou pelo menos, ameaçando atirar contra o governo.
Mas aqui entre nós, eles não atiram muito! Sabem que têm muito a perder. Ambos são jornalistas experientes e tarimbados. Percebem que não devem jamais revelar segredos ou ‘pegar pesado’ contra os amigos dos amigos. Podem comprometer o futuro. Afinal, para os jornalistas que tentam fazer o ‘impossível’, as demissões criam transtornos e prejuízos, mas também podem garantir bons negócios. Espaço na mídia ou publicação de livros com ameaças de revelações bombásticas. Sair do governo e publicar livro, pelo jeito, já virou moda.
Não é dossiê
Outro jornalista, o Ricardo Kotcho, ex-assessor de imprensa do presidente Lula ao sair do mesmo governo também publicou um livro. Mas assim como Bucci, Kotscho preferiu não revelar nada. Esses livros têm muito em comum: falam mais de experiências pessoais do que revelam os bastidores do poder. Decepcionam aqueles que esperam novidades, bombásticas. Bucci e Kotscho são jornalistas experientes e tarimbados. São amigos dos amigos e sabem que o futuro ainda reserva outras missões impossíveis.
Importante dizer que o novo livro de Eugenio Bucci , ‘Em Brasília, 19 horas’ não é o ‘dossiê’ de ex-diretor da Radiobrás. É muito bem escrito, de fácil leitura, revela algumas pressões previsíveis do poder para influenciar o tal jornalismo ‘independente’ do autor e termina sem dizer absolutamente nada de novo ou surpreendente.
É, na verdade, uma seqüência muito bem exposta e planejada de auto-elogios confirmada por uma seleção criteriosa de alguns elogios sobre a sua própria gestão na Radiobrás. Eugenio Bucci obviamente acredita e investe no futuro. Afinal, ele descreve com inúmeros detalhes como foi difícil e inusitado tentar fazer jornalismo independente e apartidário em empresa estatal que até hoje ainda produz o pior programa de rádio do mundo, a famigerada Voz do Brasil.
O próximo livro
A justificativa para tentar essa ‘missão impossível’ fica por conta dos velhos ideais dos tempos de estudante e ou da longa militância política dentro do Partido dos Trabalhadores. Dentre as suas missões na Radiobrás, Bucci faz questão de enfatizar que sempre tentou pelo menos flexionar os horários da Voz do Brasil. Não conseguiu. Pelo jeito, essa missão também não era possível.
No final do livro, Bucci elabora a sua iniciativa de unificar a Radiobrás com a TVE do Rio em uma nova empresa de comunicação pública de verdade. Infelizmente, isso também não foi possível. Após tantos escândalos, tentativas de interferências no jornalismo da Radiobrás, a queda do amigo Gushiken e a chegada do companheiro jornalista Franklin Martins impediram a implantação de uma rede pública de TV de verdade no Brasil. Uma rede pública que não demitisse editores que se recusam a fazer jornalismo chapa-branca ou que cheguem atrasado para o trabalho. Tanto faz. Esse modelo de empresa pública de comunicação obviamente não é o modelo que o Bucci sonhou.
Ou seja, atacado por diversos setores do governo, o ex-diretor da Radiobrás se sentiu desprestigiado, abandonou a missão impossível, pediu demissão e resolveu escreve o novo livro.
Vale a pena ler. Mas a promessa do subtítulo de revelar ‘A guerra entre a chapa-branca e o direito à informação no primeiro governo Lula’ não foi cumprida. Fica para outro jornalista. Só nos resta agora aguardar o próximo livro. Quem sabe, a próximo obra sobre o governo será escrito pelo atual Ministro da Comunicação Social, o também jornalista Franklin Martins. Aqui entre nós, mera questão de tempo.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
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