GOVERNO LULA
BBC ou o que vai ser essa TV?, 30/03/07
‘Franklin Martins resumiu para os jornalistas, em sua posse, os fundamentos e
dilemas do projeto da TV pública:
‘Posso definir o que ela vai ser. Vai ser uma TV pública no seguinte sentido:
ela procura não se guiar pelo critério comercial, apenas da audiência. Ela pode
entrar em áreas que as TVs abertas muitas vezes não podem, porque trabalham numa
escala de audiência muito grande.’
Menciona como exemplo a BBC. Não é bom exemplo para a definição.
A BBC só e sempre trabalhou em escala muito grande, na verdade era
inicialmente um monopólio, quebrado pelo governo conservador da sra. Thatcher,
até por conta do avanço tecnológico. Aconteceu coisa parecida em outros vários
países da Europa.
A BBC não é controlada pelo governo, é sustentada por uma taxa especial e
existe um conselho de cidadãos que a fiscaliza. Apóia as políticas britânicas de
Estado, mas não necessariamente as do governo. Como isso será possível numa
instituição, que nasce subordinada a um Ministério e a um comandante que acumula
as funções de responsável pelas verbas oficiais de publicidade e, ainda por
cima, porta-voz do Presidente da República?
Quase simultaneamente o presidente Lula anunciava uma TV ‘quase 24 horas por
dia’, oferecendo jornalismo inteiramente objetivo – ‘nós temos de fazer uma
coisa séria, não é uma coisa para falar bem do governo ou para falar mal do
governo, é uma coisa para informar.’ Mas ao mesmo tempo decidiu e sem dizer:
dirigida pela mesma pessoa responsável por expressar a todo momento a opinião
presidencial.
Quando Franklin aparecer para falar sobre qualquer tema, teremos todos de
perguntar antes: ‘o sr. vai falar como porta-voz do Presidente Lula ou como
presidente da TV pública?
Lula também anunciou que a grade da TV pública terá, além de jornalismo,
aulas de português, matemática, idiomas. E concordou com Franklin –
expressamente embora por outro caminho – ao declarar que não está preocupado ‘se
a TV terá ou não audiência’.
Se a TV pública nasce disposta a viver sem audiência talvez valesse a pena o
pessoal da Radiobrás dar uma olhadinha nas tevês privadas de baixa audiência que
preenchem a grade com programas neo-evangélicos ou de marreta política.
A TV Cultura, de São Paulo, que é pública mas não estatal, foi mencionada
como ‘tendo boa programação’, mas não como modelo. A TVE, do Rio, a TB-Nacional,
de Brasília, e as outras quase 30 emissoras da Rede Pública de TV nem sequer
foram mencionadas, mas há fortes indicações de que serão incorporadas à nova
rede.
Sinceramente ainda não entendi o que essa rede realmente pretende ser.
(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O
Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e
Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste
Comunique-se.’
Carlos Chaparro
Sugestões a Franklin Martins, 30/03/07
‘O XIS DA QUESTÃO – O plano de comunicação do governo bem poderia começar com
a seguinte determinação do ministro Franklin Martins aos seus milhares de
subordinados: ‘Estão proibidas ações de comunicação que prejudiquem, dificultem
ou contrariem os objetivos fundamentais da República’.
1. O dois guichês
Já temos ministro da Comunicação Social. Sabemos, também, boa parte do que
ele pensa, pois nunca outro responsável pela comunicação do governo foi tão
entrevistado, antes de assumir, quanto Franklin Martins. E isso não só devido ao
justo prestígio de que desfruta, como jornalista, mas também por culpa do seu
antecessor, de nome Luiz Gushinken, criador da mais lamentável lambança
governamental de que há memória, no setor que Franklin vai receber de
herança.
Acredito que Franklin Martins detesta que lhe falem de Gushinken. Aliás, em
uma das entrevistas dadas, embora por outro motivo, ele disse uma frase que se
aplicaria à conveniência de enterrar esse tempo passado: ‘Quem olha para trás
vira estátua de sal’.
Deixemos, pois, o sr. Luiz Gushinken no seu próprio pedacinho de história.
Sem esquecer, entretanto, que a lambança atrás referida foi criada e nutrida
pela mistura entre publicidade e jornalismo. Ou seja: pela deliberada adesão
oficial a práticas de promíscua mistura entre dinheiro e notícia. Com o mesmo
homem, nos bastidores, dando as cartas nos dois lados.
Nas entrevistas concedida por Franklin Martins à Folha de S. Paulo sábado
passado (24 de março), esse tema veio naturalmente à baila. E Franklin respondeu
o que podia responder: embora partes da mesma área, publicidade e jornalismo
terão guichês ‘absolutamente separados’.
2. Seriedade não basta
Por essa frase, podemos pensar que Franklin Martins acredita que a simples
separação de guichês garantirá o bom funcionamento das coisas. Mas a premissa
não resulta de qualquer conceito relacionado com idéias
inteligentes e criativas de gerenciamento da comunicação social do governo,
mas da convicção de que a moral e a ética do processo estarão garantidas pela
seriedade da maioria das empresas de comunicação do Brasil e pela seriedade do
seu próprio caráter – seu, dele, Franklin Martins: ‘Sou uma pessoa séria e não
aceito misturar os guichês’.
Pessoalmente, não tenho a mínima dúvida quanto à seriedade do profissional e
do cidadão Franklin Martins. Mas usar a seriedade das pessoas como argumento,
num caso desses, é uma saída simplista. Perigosamente simplista. E nem dá muito
trabalho explicar por quê: do argumento da seriedade de pessoas jamais sairá
qualquer política pública de comunicação social.
Podemos até admitir a hipótese de que governo esteja recheado de pessoas
sérias, e que as empresas de comunicação, também. Quem quiser que acredite e
vamos supor que assim seja. E daí? O que isso tem a ver com o direito dos
cidadãos à informação e com o dever governamental de informar? – e é disso que
se trata.
Aliás, aí estaria um bom critério para a denominação dos dois guichês da
comunicação social do governo: por um dos guichês entrariam as demandas dos
cidadãos com direito à informação; no outro, o governo atenderia a essas
demandas, e até poderia se antecipar a elas, com a socialização eficaz de
informações e conhecimentos que mantenham os cidadãos brasileiros bem informados
sobre o seu governo e o seu país.
Mas, a despeito da suposta seriedade dos intervenientes no processo, sabemos
que a realidade será bem diferente. Os dois guichês têm rótulo conhecido,
tradicional: Jornalismo e Propaganda. Mesmo que Franklin Martins, até por
coerência profissional, olhe prioritariamente para o guichê do jornalismo, será
obrigado, quer queira quer não, a gastar o gordo dinheiro que o orçamento da
República lhe coloca no colo, para gastanças em propaganda e publicidade.
Pressões para gastar não lhe faltarão, tanto por parte do governo e dos
interesses partidários, esfomeados por nacos de poder, quanto por parte dos
meios de comunicação, habituados à mamata dos rateios publicitários comandados
pelo Planalto. Pressões poderosas virão também das agências de propaganda
contratadas, cuja remuneração tem grandeza diretamente proporcional às verbas
que gastam com a produção e a veiculação de anúncios e campanhas. Ou seja:
quanto mais gastam, mais ganham.
3. Sugestões
Como jornalista, Franklin Martins sabe que a melhor política de comunicação
que o governo poderia adotar seria a de capacitar-se para atuar como fonte
competente e honesta nos processos jornalísticos. Isso incluiria coisas como
treinamento intensivo e continuado dos seus profissionais; a montagem de bancos
de dados para acesso fácil aos formidáveis acervos de informação e conhecimento
que o governo detém e realimenta; a capacitação de quem tem a obrigação de falar
à mídia pelo governo, para os deveres e as habilidades de dizer; criar
mecanismos e rotinas que garantam respostas honestas e ágeis a todas as
perguntas.
Além disso, bem que Franklin Martins poderia mandar colocar, nas salas onde
trabalham profissionais de comunicação do governo, cartazes com a reprodução do
conciso e preciso Artigo 3° da Constituição – que diz:
Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – Garantir o desenvolvimento nacional;
III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
sociais e regionais.
Com um acréscimo, assinado de próprio punho pelo ministro, com a seguinte
determinação:
‘Estão proibidas ações de comunicação que prejudiquem, dificultem ou
contrariem os objetivos fundamentais da República’. Fica aí a sugestão.
(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua
carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como
repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande
circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco,
Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo
Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação
empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de
Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado
em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor
associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do
Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar –
Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal,
Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O
jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários
artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos
em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’
Comunique-se
Singer analisa passagem no governo Lula, 30/03/07
‘Porta-voz durante todo o primeiro governo Lula – e também secretário de
imprensa nos últimos dois anos -, André Singer transferiu seu cargo na
quinta-feira (29/03) para o novo secretário de Comunicação Social, Franklin
Martins. Em entrevista ao jornal O Globo, Singer fez um balanço dos seus quatro
anos na comunicação governamental. Ele retoma agora as aulas na USP e prepara um
livro sobre o período. ‘Saio com a sensação de missão cumprida’, avaliou.
Singer reconheceu que, no início do governo, a postura do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva com a imprensa era mais retraída, o que foi prejudicial.
‘Neste último ano e meio, conseguimos aumentar a freqüência [de entrevistas]’,
pontuou. Disse que o presidente reiterou, pelo menos em duas ocasiões, que deve
a carreira política à liberdade de imprensa. Porém afirmou que alguns veículos
são preconceituosos, e não trataram certos momentos da crise política com
equilíbrio. ‘Existe uma lenda que o presidente não trabalha. Ele trabalha, no
mínimo, 12 horas por dia’, disse.
Crises
Dois momentos de crise foram enfocados: a quase-expulsão do correspondente do
New York Times, Larry Rohter, e a entrevista de Lula em Paris, quando o
escândalo do mensalão ainda estourava. Sobre o primeiro caso, Singer disse que
nunca foi intenção expulsar Rohter, mas conseguir uma retificação da reportagem.
‘Assim que houve a retificação, o governo considerou o episódio encerrado’.
Sobre a entrevista na França, Singer contou que a jornalista brasileira
trabalhava para uma emissora do país, e pediu para acompanhar o presidente em
sua visita e ter uma rápida conversa. ‘Ela disse que, por se tratar de um
programa para o público francês, não havia interesse em questões internas. Para
nossa surpresa, a jornalista começou a fazer perguntas sobre questões internas,
e para a nossa segunda surpresa, vendeu trechos para o ‘Fantástico’, num
comportamento antiético e antiprofissional’, contou.
O ex-secretário de imprensa se esquivou de algumas questões. Disse não ter
participado das discussões sobre a nova comunicação unificada do governo. Também
disse não ter nenhuma relação com a área de publicidade, e não podia opinar
sobre a continuidade no governo de agências que trabalharam durante a campanha.
Recusou-se a nomear setores da imprensa que tratam o governo de forma
desequilibrada.
Por fim, disse que Lula mudou nos últimos quatro anos, passando a tomar mais
decisões ‘com ele mesmo’, mas que ele desenvolveu uma relação muito constante
com o presidente. ‘Uma característica muito particular e a longevidade nas suas
relações. Ele ouve muito dona Marisa. Tenho impressão de que algumas coisas o
presidente só conversa com ela’, revelou.’
CNT EM CRISE
CNT encerra o jornalismo com 17 demissões, 30/03/07
‘Quando o ‘CNT Jornal’ da noite de sexta-feira (30/03) acabar, também estará
encerrado o jornalismo da CNT. Quase toda a equipe de jornalistas da emissora no
Rio de Janeiro, atual matriz, foi demitida. Devido aos gastos para implantar a
JB TV e com a pouca receita do canal, a Companhia Brasileira de Multimídia (CBM)
decidiu suspender a programação jornalística até a nova TV estrear. Somente irão
ao ar videoclipes e programas terceirizados, ainda com contrato vigente.
Os funcionários souberam da demissão após o ‘Jornal do Meio-Dia’. A diretora
de redação, Ana Maria Tahan, contou à equipe que negociou com a direção da CBM
por duas semanas, até chegar ao ponto atual. No total, 17 jornalistas foram
demitidos, incluindo repórteres, produtores e editores, além de pessoal de
suporte técnico.
Assim que souberam da situação no Rio, os funcionários da sucursal de São
Paulo pararam de trabalhar. Há o rumor de oito demissões na capital paulista,
mas a empresa não confirmou, informando que, no máximo, haverá algumas
substituições. Em Brasília, nada foi comunicado aos profissionais.
Na edição de sexta-feira (30/03) do ‘CNT Jornal’ – montada com material que
já estava pronto desde o dia anterior -, Ana Maria Tahan comunicará que o
telejornal sai do ar. A jornalista voltará ao Jornal do Brasil.
Boris Casoy
A JB TV contratou em janeiro Boris Casoy para apresentar o ‘Telejornal do
Brasil’, o principal programa jornalístico da emissora. Desde então, Casoy vem
montando, à parte do jornalismo da CNT, equipe em São Paulo e em Brasília, que
será dirigida por Dácio Nitrini.
Casoy disse que estava ‘totalmente desinformado desse acontecimento de hoje’,
porém, fontes ouvidas pelo Comunique-se disseram que o jornalista tentou
negociar em favor de alguns dos demitidos.
José Roberto Sanseverino, diretor de operações de rede da JB TV, confirmou as
17 demissões como uma decisão da empresa, mas disse que um número maior de
profissionais entrará para o novo canal. ‘Estamos criando um telejornal maior,
mais profundo, de 60 minutos, e vamos aproveitar algumas pessoas da CNT’, disse,
frisando que responde somente pela JB TV. ‘Sei que assusta demitir 17 pessoas,
mas o investimento que estamos fazendo é muito maior’.
Segundo Sanseverino, o jornalismo foi a área de maior investimento da JB TV,
com a criação de duas equipes novas em Brasília e três no Rio e em São Paulo
para o telejornalismo local e para o ‘Telejornal do Brasil’, além da construção
de switchers na sede do Jornal do Brasil, no Rio, e na Gazeta Mercantil, em São
Paulo, com ligação de fibra óptica entre eles.
‘Estamos com outros nomes em negociação para aumentar a equipe. A televisão e
o jornalismo vão sair ganhando’, afirmou, completando que a JB TV entra no ar em
abril, em data que ainda não pode ser precisada.’
CARTA MAIOR EM CRISE
Fugindo da crise, Carta Maior convida leitores a se cadastrarem em seu
boletim, 29/03/07
‘Após admitir em editorial a dificuldade financeira que vem atravessando
desde dezembro/06, a Agência Carta Maior fez um apelo para que seus leitores
e/ou simpatizantes se cadastrem em seu boletim eletrônico diário, aumentando
assim a base de assinantes e o poder de negociação do veículo.
Em seu terceiro editorial sobre a crise do veículo, Flávio Aguiar,
editor-chefe da Carta Maior, pede também que seja feita divulgação boca-a-boca –
ou email-a-email – sobre a condição da agência e a possibilidade dos
interessados a apoiarem com seu cadastro. Aguiar também escreveu que leitores
ofereceram contribuição financeira ao veículo, que é gratuito. Mas a resposta do
editor se restringe a pedir a contribuição não-financeira do público da
agência.
Desde que o primeiro editorial foi publicado, em 26/03, e até o fechamento
desta matéria, 287 comentários de apoio foram postados no site da agência.
Apenas durante a redação destes parágrafos sete internautas deixaram sua
manifestação de suporte ao veículo.
As indefinições acerca dos ministérios e do comando das estatais na troca de
governos do presidente Luis Inácio Lula da Silva fez com que a agência perdesse
um contrato publicitário com a Petrobrás e deflagrou a crise na empresa. A
redação, que não recebe desde dezembro, realizará uma reunião nesta sexta-feira
para definir o futuro do site.
Flávio Aguiar foi procurado mas não foi encontrado para comentar a estratégia
da agência para contornar a crise. O cadastro no boletim diário deve ser feito
pelo site da Carta Maior.’
IMPRENSA REGIONAL
O Estado do Paraná adota formato berliner, 29/03/07
‘O formato berliner para jornais impressos conquista cada vez mais espaço,
pelo menos no Paraná. Nesta quinta-feira (29/3) – dia do aniversário de
Curitiba, e em comemoração à data – o jornal O Estado do Paraná inaugura reforma
gráfica e passa a circular no novo formato.
O ‘Estadinho’, como é chamado pelos jornalistas paranaenses – em contraponto
ao Estadão, apelido tradicional de O Estado de S. Paulo – já é o terceiro
impresso paranaense a mudar para o berliner.
O pioneiro foi o Jornal de Londrina, do Grupo RPC, que passou por
transformação bastante radical: desde maio de 2006 é gratuito, com circulação
dirigida (não distribuído nas ruas, e sim entregue em domicílio), em formato
berliner, e apostando em conteúdo interativo e jornalismo-cidadão. A redação
está bastante enxuta, e leitores enviam colaborações para diversas seções do JL
criadas especialmente para este fim.
Com menos de um ano de circulação, o novo JL ainda está em fase de testes. O
desempenho do jornal e a aceitação do público e do mercado publicitário
continuam sendo avaliados atentamente pela direção do Grupo RPC, que também
publica a Gazeta do Povo. Dado o arrojo das mudanças implementadas – na época o
JL perdia muito terreno para o principal concorrente na região Norte do Paraná,
a Folha de Londrina – a diretoria da empresa de comunicação vê o jornal
londrinense como uma espécie de laboratório, e sinalizador de tendências ainda
consideradas ousadas para o jornalismo local.
Popular em berliner
O segundo impresso a aderir ao berliner foi o jornal Tribuna do Paraná,
título tradicional e popular da editora O Estado do Paraná – que pertence ao
Grupo Paulo Pimentel e publica também o ‘Estadinho’. Pelas próprias
características do jornal – perfil popular, ênfase em cobertura esportiva e
policial, somente com venda em bancas e sem assinatura, e detentor de um público
cativo há décadas, que, no entanto, não apresentava crescimento – a direção já
cogitava há algum tempo a possibilidade de mudar para o formato tablóide.
Em 2005, a Tribuna fez uma espécie de ensaio nesse sentido. Passou a publicar
a editoria Policial em um caderno separado, em formato tablóide, que vinha
encartado dentro do jornal. A justificativa: como o objetivo de crescimento das
vendas era atingir um público mais variado, incluindo mulheres – que em
pesquisas diziam rejeitar a cobertura de crimes – a idéia era tornar o caderno
de reportagem policial ‘destacável’ do restante do jornal.
Com o mesmo objetivo – conquistar mulheres e jovens – foi criada também uma
editoria de entretenimento popular, a Tribuna Pop, que diariamente traz fofocas
e notícias sobre celebridades e atores de tevê. Houve também mudanças gráficas e
nos títulos das editorias.
A Tribuna Pop, recheada de notas e fotos, se manteve, mas o caderno policial
em formato tablóide não vingou. Sem obter os resultados esperados, a editoria
voltou para o corpo do jornal, nas tradicionais duas páginas. Partiu-se então,
em outubro de 2006, para a mudança mais radical – o formato berliner.
Mussa José Assis, diretor da editora O Estado do Paraná, disse na época ao
Comunique-se que, diferentemente do que se imaginava, não seria necessário
investimento em maquinário. Bastava fazer pequenos ajustes na mesma rotativa que
imprime o formato standard. A Tribuna passou a chegar às bancas com o novo
formato, ao completar 50 anos de circulação em Curitiba e região metropolitana,
em 17 de outubro do ano passado.
Dessa vez a experiência foi bem-sucedida. De acordo com Mussa Assis, as
vendas da Tribuna cresceram 12% desde então.
Processo
De acordo com Francisco José Zerbeto Assis, diretor de redação de O Estado do
Paraná, a atual mudança para berliner é resultado de um processo iniciado há
dois anos, quando o veículo passou por reforma gráfica. Na época, foi
desenvolvido um novo conceito de diagramação e também uma tipologia (fonte)
própria e exclusiva para o impresso. Obra do designer gráfico Ericson Straub,
que também assina a atual reformulação na passagem para o berliner.
‘O novo formato avança na reformulação iniciada em 2005, estabelecida por um
plano editorial instituído pelo jornal desde então’, observa Assis. É certo, no
entanto, que o aumento nas vendas da ‘nova’ Tribuna contribuiu para a decisão de
mudança de formato.
‘O berliner foi bem recebido pelo público da Tribuna’, diz Assis, que atribui
à praticidade esse aumento de vendas. Resultado semelhante é esperado para as
vendas de O Estado do Paraná. Atualmente, o jornal possui uma circulação de 20
mil exemplares de terça a sábado, e 25 mil aos domingos, de acordo com dados de
janeiro de 2007 do Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Já a Tribuna, em formato berliner, está com circulação de 34 mil exemplares
na segunda-feira (dia de forte cobertura de Esportes), 28 mil de terça a sábado,
e 15 mil no domingo, também de acordo com o IVC.
Das antigas 28 páginas em standard, divididas em dois cadernos, O Estado do
Paraná passa a ter 40, em berliner. ‘Muda o formato, mas o leitor e o assinante
não vão perder conteúdo’, fala Assis. Ilustração, imagens e infográficos têm
agora mais destaque, e o jornal ganha mais páginas coloridas.
O jornal e a equipe também têm a ganhar, observa o diretor de redação. ‘O
formato provoca dinamização do texto, aproveitamento de espaços, aumento dos
recursos gráficos, além de deixar o jornal mais interessante’, explica. Com
isso, espera-se que a circulação também aumente. ‘É o caso do inglês The
Guardian, ou mesmo do Jornal do Brasil; ambos garantiram maior circulação e
maior vendagem quando mudaram para berliner’.
Textos
Mussa Assis observa que os jornalistas estão se adaptando ao novo formato.
‘Agora os textos são mais curtos, de forma geral. É preciso, como redator, ser
sucinto e objetivo. A matéria principal da página tem mais fôlego, mas as demais
são enxutas’.
De resto, não houve mudanças na equipe – contratações ou demissões. De acordo
com os resultados obtidos, é possível que a equipe aumente, diz Francisco Assis.
‘Dependemos na resposta dos leitores e do mercado publicitário’, acrescenta.
Ele salienta que a expectativa é de que, com a mudança, o jornal cresça. Além
disso, o novo formato, nas palavras do diretor de redação, ‘mostra que o jornal
tem a disposição de mudar para favorecer o leitor, avançar sempre de modo a
agradar ao seu público’.
O diretor comercial do jornal, Rogério Florenzano, aponta as facilidades que
os leitores ganham com a mudança de tamanho. ‘Além da portabilidade e
praticidade de leitura, o público recebe, agora, conteúdo mais apurado e
dinâmico. Com menos tempo, o leitor fica mais informado’.
Anúncios
Florenzano diz que, em relação aos anúncios, no tamanho berliner eles são
mais valorizados. Produtos e serviços anunciados surgem com maior visibilidade
aos olhos do leitor. ‘Com a mesma verba aplicada num jornal standard, os
anunciantes podem obter 35% a mais em centimetragem com o berliner. É mais
impacto dos anúncios’, avalia.
Para informar as mudanças, o jornal investiu em uma campanha publicitária
assinada pela CCZ Elétrica com o mote ‘Mais conteúdo e menos blábláblá’. A ação
conta com anúncios de jornal, mobiliário urbano, outdoor, spot de rádio,
cartazes de banca e VT de 30 segundos.
Mais mudanças
Na Gazeta do Povo, do Grupo RPC, o berliner também já foi adotado. Mas apenas
em uma editoria. O caderno de Esportes de segunda-feira, agora bem mais
recheado, passou a se chamar Gazeta Esportiva e tornou-se carro-chefe das vendas
avulsas nesse dia da semana. Traz cobertura completa das rodadas de futebol do
fim de semana, e também de outros esportes. Os resultados foram bons – tanto que
os vendedores avulsos da Gazeta foram orientados a exibir o jornal com a Gazeta
Esportiva envolvendo o diário, e não o contrário – o caderno encartado na
Gazeta.
Em 2006, o Caderno G, editoria de cultura da Gazeta, passou a circular em
formato tablóide às sextas-feiras. Uma mudança não apenas de formato, mas também
de conceito: o G da sexta-feira transformou-se em guia de atrações culturais do
final de semana. O público aprovou – muita gente passou a destacar, e guardar, o
caderno da sexta, para usar como roteiro durante os demais dias da semana. As
vendas avulsas na sexta-feira, de acordo com a diretoria da Gazeta do Povo,
aumentaram graças ao novo formato do caderno.
Sabe-se que há planos para outras mudanças no jornal, mas, por enquanto, nada
ainda é revelado. Nelson Souza Filho, diretor de redação, diz apenas que os
projetos não são concebidos, nem lançados, apenas em função de ações da
concorrência – como a atual transformação de O Estado do Paraná. ‘Em cada
mudança, cada projeto, tudo é bastante estudado. A Gazeta é um produto
consolidado, não podemos partir para transformações de uma hora para outra,
somente em função do que a concorrência faz ou deixa de fazer. Mas temos, sim,
que levar em conta as tendências nacionais e mundiais do jornalismo impresso
diário, e respeitar nosso leitor’, comenta.’
ANTIMANUAL DE JORNALISMO
Por que um Antimanual de Jornalismo e Comunicação?, 26/03/07
‘Estou publicando um novo livro, um Antimanual. Diz a lenda que o brasileiro
odeia manuais. Preferimos acreditar numa cultura de improvisações e jeitinhos.
Por aqui, manual não serve para muita coisa.
Querem um exemplo? Quando compramos um aparelho eletrônico, um DVD ou
telefone celular, fazemos questão de manter lacrada a embalagem plástica com o
famigerado manual. Mais tarde, quando decidimos revender o aparelho, anunciamos
com orgulho que o aparelho está ‘como novo’, o manual ainda está ‘lacrado na
embalagem original’.
Essa atitude de repulsa aos manuais deveria ser motivo de vergonha. Significa
que o equipamento foi utilizado sem que o proprietário consultasse as instruções
essenciais fornecidas pelo fabricante. Perderam-se tempo e dinheiro produzindo
um manual de instruções.
No Jornalismo ou na Comunicação, a situação não é muito diferente. Existem
centenas de manuais disponíveis no mercado. Alguns melhores, outros piores.
Todos prometem ensinar o caminho das pedras ou do sucesso fácil na TV. Prometem
um ‘televidão’.
Boa parte dos comunicadores prefere ignorar os manuais. Eles os consideram
‘instrumentos autoritários’ que impõem normas rígidas e regras muitas vezes
obsoletas, que cerceiam a liberdade e a criatividade. Nessa perspectiva,
comunicação, jornalismo e principalmente televisão só se aprende mesmo
‘fazendo’. O manual de instruções é relegado à condição de mero instrumento de
consulta in extremis. É o ultimo recurso para corrigir desacertos.
A princípio, não tenho nada contra os manuais. Eles podem ser muito úteis. Os
bons manuais se fundamentam em um trabalho de memória sobre determinado número
de fatos úteis para o pensar e o fazer. É preciso, no entanto, aprender a
selecionar fatos ou informações que se tornarão um dia conhecimento. O problema
é quando os manuais se tornam instrumentos de controle e poder que impõem
modelos únicos e evitam mudanças. Os bons manuais deveriam nos ensinar a pensar
e criar novos modelos.
Nietzsche dizia que um bom mestre é aquele que ensina os alunos a se
desligarem dele. Seguindo essa linha de pensamento, também é preciso ensinar as
pessoas a se desligarem dos manuais e de seus mestres, a serem mestres de si
mesmas. Professores, assim como os manuais, foram feitos para não existir. Somos
feitos para desaparecer. O que interessa é que as pessoas tenham uma relação
direta com a prática profissional, na qual o manual e o professor serão apenas
mediadores.
O nosso antimanual pretende ser uma ferramenta para estimular o pensamento
crítico e indicar o caminho para mudanças. Aqui, não há fórmulas prontas de
sucesso, apenas um convite à reflexão. Li o antimanual e fiz do meu jeito. A
prioridade deixa de ser a submissão às regras dos manuais tradicionais para
alcançar o sucesso profissional a qualquer custo. Esta é uma obra que – ao
contrário da maior dos manuais tradicionais – não procura ditar modelos, lições
práticas de como produzir uma boa matéria, fazer sucesso na televisão ou
garantir um ‘televidão’. E como também não temos muita certeza de como deve ser
uma boa televisão ou ainda melhor jornalismo, evitamos as regras. Preferimos as
provocações, o convite à reflexão.
Ser feliz e buscar satisfação pessoal são as prioridades desse Antimanual.
Dessa forma, tentamos convencer o leitor a construir ele mesmo o seu
aprendizado e o seu próprio manual de vida. Desafiar os lugares-comuns e as
idéias feitas para desenvolver um conteúdo mais inovador e menos previsível
tanto no jornalismo quanto na televisão de hoje. Ambos certamente estão
precisando de mudanças urgentes.
Este novo livro é uma seqüência mais ampla e amadurecida de propostas
divulgadas em obra anterior, o Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica.
Os novos ensaios, ainda mais críticos, foram revisados e atualizados após terem
sido publicados originalmente no site do Comunique-se, para agradecer o apoio e
incentivo dos amigos e amigas do nosso Portal da Comunicação.
Muitos dos textos incluídos também fazem parte de pesquisas realizadas nos
EUA nos últimos anos. Tive o privilégio de ser convidado pela Rutgers, the State
University of New Jersey para ver o futuro das novas tecnologias comunicacionais
como professor visitante no Departamento de Jornalismo. Aproveito para agradecer
ao Prof. John Pavlik, chefe do departamento e um dos mais importantes
pesquisadores nessa área, pelo convite e pela amizade.
Este Antimanual ou Manual às avessas também pretende ser um guia dos nossos
erros.
A tarefa parece quase impossível. Afinal são tantos desacertos. Mas, como
bons brasileiros, acreditamos na arte de esperar sempre pelo impossível. O
Antimanual talvez nos ajude a mudar o que está muito, muito ruim. Talvez
estimule o público a exigir um jornalismo e uma televisão melhores ou pelo menos
‘menos ruim’. Na pior das hipóteses, o Antimanual pode nos ajudar a cometer
erros… novos.
Ah, e como se trata de um Antimanual, o lançamento, a noite de autógrafos, eu
anuncio somente na próxima semana.
Introdução do Antimanual de Jornalismo e Comunicação
Por Gabriel Priolli
Conheci Antonio Brasil quando ambos trabalhávamos para construir canais
universitários de televisão, ele o do Rio, eu o de São Paulo. À frente de uma
equipe de jovens, que comandava com a paixão dos verdadeiros mestres, Brasil
investia contra a obtusidade de certo pensamento acadêmico, ainda muito
presente, que teme a poder da televisão e sua capacidade de encantamento – em
vez de dominá-lo para se comunicar melhor. Desde sempre, admirei a seriedade e o
vigor com que ele se batia por uma TV universitária ousada, avançada, que
servisse de laboratório para novos experimentos de programação e estética, em
vez de repetir as fórmulas mais caducas.
Os anos se passaram. Eu segui na organização da TV universitária, setor que
hoje reúne mais de 50 canais e uma infinidade de problemas. Brasil foi
investigar as possibilidades do telejornalismo na internet, as articulações
entre a televisão e as novas tecnologias da comunicação, os desafios da
informação no ambiente da multimídia. E tratou de verter suas inquietações no
papel, rapidamente convertendo-se em referência no pensamento brasileiro sobre a
mídia.
Este ‘Antimanual de Comunicação’ reúne alguns de seus escritos. Quem ainda
não conhece este pensador instigante da mídia, aproveite. O prazer da leitura é
garantido e a qualidade da reflexão, sempre alta. É a exata medida de
entretenimento e conteúdo que os telespectadores e os leitores sensatos podem
desejar.
Apresentação do Antimanual
Por Mauricio Zagari
É observando e aprendendo com os erros que evitamos errar de novo. Essa é a
filosofia sobre a qual se constrói o ‘Antimanual de Comunicação’: desmascarar as
más práticas para determinar os caminhos a seguir. Da formação acadêmica à
grande mídia, muitos são os pecados do profissional de comunicação. E é sobre
eles que o jornalista Antonio Brasil discorre nesta obra, propondo uma reflexão
que pode virar ação e levar a uma redenção ideológica e profissional. Utopia? A
história da humanidade mostra que é da análise de problemas insolúveis que
surgem as mais possíveis e funcionais soluções.
Com um olhar ferino e um tom ácido, alimentados por um incorrigível
inconformismo, Brasil pensa a nossa TV, discorre sobre a cobertura jornalística
nacional e internacional, destrincha polêmicas dos bastidores da notícia, propõe
reflexões sobre tecnologias, analisa o trabalho de profissionais de comunicação,
questiona as práticas das instituições de ensino de jornalismo, percorre o
passado da TV brasileira e tenta vislumbrar o futuro dela.
O Antimanual lança luz sobre um canto escuro da rotina do pensador e do
trabalhador da área de comunicação. Veio para incomodar e tirar do imobilismo
aqueles que se acomodaram numa estrutura que está longe de ser perfeita. É
preciso desfazer muito do que está feito. Por isso, o ‘Anti’ é a parte mais
fundamental da obra que Antonio Brasil dá de presente para todos os que querem
ver um jornalismo e uma televisão mais antenadas com o futuro do que com o
presente.
Nota do Editor
No Brasil, a quase totalidade dos habitantes assiste à televisão, e esse
fator favorece a convergência de interesses que identifica uma nação. Mas em
grande medida, os programas mais vistos na teve aberta não refletem a realidade
do país nem têm o propósito de criar uma consciência da vida cotidiana. Ao
telejornalismo cumpriria, em parte, corrigir a falha, o que, para o autor deste
livro, se torna cada vez mais difícil.
Tendo isso em vista, Antonio Cláudio Brasil rejeita, em principio o que vê no
telejornalismo do país, embora não deixe de valorizar os profissionais que
admira. Chama a atenção para fatos que se figuram incontestáveis, como o de que
o potencial interativo dos recursos da internet podem condenar a teve a se
tornar um meio superado. E assinala que a audiência dos telejornais diminui em
todo o mundo inclusivo nos Estados Unidos.’ Sugere o advento de um
jornalismo-cidadão, em que o telespectador se faça parceiro da produção do
telejornal, e condena com veemência o contrário disso: as declarações do tipo
povo-fala, obtidas para confirmar pauta.
Temas referentes ao impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho e à
maneira de utilizá-las tem sido uma constante nos livros lançados pelo Senac São
Paulo. A publicação deste Antimanual de jornalismo e comunicação é mais um
exemplo dessa política editorial.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da
Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela
London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e
pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no
escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as
agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos
livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder
das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora
televisão.’
INTERNET
Gente que faz a Web Brasil, 29/03/07
‘Há um mês, levantei a bandeira da popularização do conhecimento sobre Web. O
caminho agora é sem volta. Bom para mim, para você, para seus amigos e para a
própria internet. Minha atitude parece uma gota em meio ao oceano? Pode até ser.
Mas alguém precisava dar o pontapé inicial na résistance ;-).
Afinal, é hora de desmistificar a arquitetura da informação, explicar melhor
a usabilidade, falar mais sobre webwriting, ressaltar a importância da
acessibilidade digital. E, no trabalho diário de divulgação sobre essas áreas do
conhecimento web, a responsabilidade está nas mãos da ‘gente que faz’ a internet
brasileira.
Eles são os ‘multiplicadores de conhecimento’, aqueles que escrevem artigos,
ministram palestras, publicam livros, mantêm blogs. São eles que podem anunciar
aos quatro ventos que o trabalho na Web está aberto a todos, de estudantes a
novos profissionais. Aberto ao seu trabalho, portanto!
Não seria a hora, então, de listar essa ‘gente que faz’? Tornar públicos
livros, sites e blogs dos que trabalham para divulgar o conhecimento web?
Faço aqui minha lista inicial, como quem abre uma janela:
– Jornalismo online: Mario Cavalcanti criou a principal lista sobre o assunto
no país, a Jornalistas da Web, a partir do site homônimo. Este é o cara, mas não
deixe de prestar atenção a profissionais como Raphael Perret – que sabe muito
sobre blogs -, Daniela Bertocchi, do Intermezzo, blog colaborativo onde também
escreve gente talentosa como Paulo Rebêlo, e Cássio Politi, ombudsman do
Comunique-se e observador incessante da evolução do JOL no país. Na área
acadêmica, a pedida é o professor José Antonio Meira da Rocha. Bibliografia
básica? ‘Jornalismo Digital’, de Pollyana Ferrari, e ‘Jornalismo na internet’,
de J.B. Pinho.
– Gestão de Conteúdo: Qual ferramenta escolher? Qual é o melhor publicador?
Como administrar o conteúdo? A bíblia brasileira é ‘Gestão de Conteúdo’. de
Eduardo Lapa, mas não deixe de ler artigos de Daniel Aisenberg no site
IntranetPortal (do competente Ricardo Saldanha) e checar diariamente os blogs
FatorW, de Walmar Andrade, de Recife, e Tudo é Conteúdo, do paulista Daniel
D’Amelio.
– Arquitetura da Informação: Não perca de vista Guilhermo Reis e seu
www.guilhermo.com, o brasiliense Gustavo Moura, do gmoura.com, e a carioca
Renata Zilse. Ainda que à distância, nos Estados Unidos, há a brasileira Livia
Labate, do livlab.com. E não perca de vista gente nova na área, como Gustavo
Gawry, da produtora Sirius.
– Marketing: O livro do gaúcho Paulo Kendzerski, ‘Web Marketing e Comunicação
Digital’, é a atual referência, mas fique de olho no trabalho do carioca Nino
Carvalho.
– Comunidades & Relacionamento: Se ainda há dúvida em como lidar com
comunidades, as melhores explicações estão com René de Paula Jr. em
www.radinhodepilha.com, e se a questão é como pensar comunicação nestes
ambientes, o nome é Vicente Tardin, mestre da Comunicação Digital e editor da
Webinsider.
– Audiovisual: Há um norte no país sobre o tema – neste momento em que
YouTube e Apple TV não saem da mídia -, e este é Marcello Póvoa, da
mppsolutions.com, autor da obra visionária ‘Anatomia da Internet’.
– Gestão do Conhecimento: Ninguém sabe mais que José Cláudio Terra, autor de
quatro livros sobre o assunto. Seu site, o www.terraforum.com.br, é um baú de
tesouros.
– Usabilidade: Há dois nomes de destaque – Felipe Memória, autor do ótimo
‘Design para a Internet’, e Frederick van Amstel, que mantém o mais que
essencial www.usabilidoido.com.br.
– Acessibilidade Digital: Para um assunto tão urgente e ainda pouco
discutido, nada melhor que ouvir o que tem a dizer o professor Bechara, da
iLearn, e Horácio Soares, do www.internativa.com.br.
– Direito Digital: Patrícia Peck publica artigos imperdíveis em seu site, o
www.patriciapeck.com.br, e com isso torna o tema um pouco menos complexo.
Se eu esqueci algum assunto, ou alguém? Provavelmente. Não deixe de dar seu
retorno, portanto!
Quem você incluiria na lista?
******
No dia 09/04, participarei do evento – gratuito – ‘Tendências da Comunicação
Digital’, promovido pelo British Council. Se você não mora no Rio de Janeiro,
não se preocupe: o encontro será transmitido ao vivo pela internet a partir dos
sites dos organizadores (entre eles o Comunique-se) e os internautas poderão
fazer perguntas em tempo real. Mais informações, em meu blog, o ‘Cebol@’
(bruno-rodrigues.blog.uol.com.br).
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo
online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua
continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra
treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior.
Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para
a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é
citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas
uma das principais referências na área de Comunicação Social no
Brasil.’
JORNALISMO ESPORTIVO
Especialistas no assunto, 27/03/07
‘Olá, amigos. De uns tempos para cá, passei a prestar atenção em alguns
narradores esportivos, e me dei conta de que surge uma geração de excelentes
profissionais com uma característica muito interessante: a especialização em
alguns esportes. Cito quatro que, a meu ver, fazem a diferença nas transmissões
de que participam: Eusébio Rezende, do SporTV, no tênis; Sérgio Maurício, também
do SporTV, na motovelocidade, e Everaldo Marques (ESPN) e Roby Porto
(Globoesporte.com), na NBA.
Antigamente, há cerca de 10 ou 15 anos, era comum alguém dizer que era
impossível transmitir a Fórmula 1 com a mesma competência mostrada por Galvão
Bueno. O narrador inaugurou um estilo próprio de transmitir um esporte que, se
formos parar para pensar, pode ser extremamente ‘entediante’, além de deixar o
telespectador perdido, caso o narrador e o comentarista não tenham um arsenal de
informações, agilidade e conhecimento do assunto para posicionar que está do
lado de cá da telinha.
Galvão e Reginaldo Leme tinham tudo isso, e tiveram grande parcela de
responsabilidade no sucesso que se tornou a transmissão do campeonato.
Um pouco antes, a extinta TV Manchete mostrou um narrador que, pelo menos
para mim, foi a voz do tênis na minha adolescência: Ruy Viotti. Com um estilo
sóbrio e sempre bem informado sobre os atletas e os torneios, Viotti narrou
eventos importantíssimos, como os Grand Slams masculino e feminino em que
triunfaram Boris Becker, Steffi Graf, Ivan Lendl, Stefan Edberg, Matts Wilander
e outros.
Hoje em dia, temos os quatro nomes citados acima. Sobre o Eusébio, eu já
falei em outras colunas. É um narrador excelente, com boa voz, senso perfeito da
hora em que a narração deve ser ganhar volume e, principalmente, conhecimento do
esporte. Sérgio Maurício, além de narrar as provas de motovelocidade ao lado do
ótimo Fausto Macieira, também dá um verdadeiro show nas transmissões de eventos
de luta. Acompanho a sua carreira há muito tempo, desde que o narrador
apresentava o ‘Stadium’, na TV Educativa. Na transmissão do GP da Espanha de
Moto GP, na última semana, Sérgio e Fausto brindaram o telespectador com uma
chuva de dados, mostraram conhecimento total sobre as categorias e os pilotos,
fazendo lembrar a agilidade que Galvão Bueno demonstrava quando, em um lance da
F-1, ele identificava os pilotos por características peculiares do carro ou do
capacete.
Por fim, Everaldo Marques (ESPN) e Roby Porto (GloboEsporte.com) são, para
mim, os melhores narradores de basquete, notadamente da NBA, em atividade no
país. Além de terem excelentes vozes e conhecerem a fundo o jogo, eles também
sabem não só detalhes estatísticos da temporada, como também os analisam com
extrema eficiência. Hoje, na NBA, não se faz nenhuma transmissão sem dados,
números e curiosidades. E isso, definitivamente, os dois domina totalmente.
Para quem, como eu, gosta demais de outros esportes que não o futebol, ter
narradores deste calibre é a certeza de estar sempre sendo informado por quem
entende do riscado.
******
Para não dizer que não toquei no assunto, a entrevista de Romário ao ‘Bem,
Amigos’, da última segunda-feira, foi histórica. O Baixinho, como bem lembrou
Milton Leite, é um entrevistado excepcional, falou sobre tudo, revelou segredos
da Copa de 1990, elogiou Zico e contou particularidades sobre sua carreira que,
até o momento, poucos sabiam.
Quem viu viu. Quem não viu, peça para ver a quem gravou o programa, ou acesse
o GloboEsporte.com e confira os vídeos. Imperdível.
Sobre os mil gols de Romário, uma opinião sincera: acho que a imprensa
começou bem ao mostrar que não eram 1000 gols, que havia problemas na contagem,
dados inconsistentes e tudo mais. Nisso, a revista Placar foi, como sempre,
exemplar. Trouxe uma lista de gols e, mais que isso, fez o Baixinho saber que
ele poderia passar Pelé em número de gols em partidas oficiais. Informou,
entreteve e criou polêmica.
Depois, com o clamor popular e o reconhecimento da Fifa sobre o número, todos
meio que se deixaram levar pela importância do fato e, principalmente, pelo que
ele pode render em termos de números, seja de audiência, de vendas ou de
cliques. E hoje Romário tem 999 gols. Que assim seja, mas, honestamente,
gostaria que todos fossem comprovados e que a marca fosse, de fato,
inquestionável.
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou
da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a
cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a
editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da
Globo.com.’
JORNAL DA IMPRENÇA
O cabo que não era homem, 29/03/07
‘Lá, irremediavelmente nua
Presa ao colar do desengano
dorme a chama infinita do poema
(Nei Duclós in Novos Poemas)
O cabo que não era homem
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, cuja
sede fica pertinho do lugar onde os deputados choram o fim da feira dos
mandatos, pois Roldão passava soslaiado olhar pelo Correio Braziliense quando
deparou com esta notícia, acocorada embaixo do título Ela será para sempre Maria
Luiza:
‘Juiza da 4ª Vara de Família do Tribunal de Justiça declara que o ex-cabo da
Aeronáutica José Carlos da Silva é do sexo feminino. Com a decisão, a primeira
no DF, ele poderá ter o nome de mulher no registro civil.’
Do parecer da juíza:
‘Ressalto o fato de que o requerente já se submeteu à oblação de seus órgãos
genitais e que dificilmente alguém poderá ser tido como prejudicado ante o fato
de o autor ser declarado juridicamente como sendo do sexo feminino’.
Nosso Mestre achou esquisitíssimo o ex-cabo ter feito tantas oblações para
conseguir a ablação genital; já o considerado Eugênio Miguel Mancini Scheleder,
gerente de Novos Negócios da Petrobras Distribuidora e amigo de Roldão, também
leu a notícia e concluiu:
Na verdade, a douta juíza informa que o ex-cabo ofereceu seus órgãos genitais
a Deus (oblação=oferecer a Deus – Aurélio). Tadinha, tão burrinha…
E Janistraquis, que não é homem de oblações e muito menos de ablações, tem
certeza de que, ao contrário do parecer da douta burrinha, pelo menos uma pessoa
será prejudicada ante o fato de o autor ser declarado juridicamente como sendo
do sexo feminino:
‘Considerado, e se algum pretendente desavisado pedir a ‘moça’ em casamento?
Ela estará, como direi, preparada para a maternidade? Trompas, útero e ovário
estarão a funcionar direitinho?’
Verdade. Em nenhum lugar do mundo a Justiça pode decidir quem é homem e quem
é mulher; esta é uma questão reservada à medicina.
******
Fumacê
A considerada Beatriz Portinari, jornalista em São Paulo, teve problemas com
o computador (é companheira de sofrimento deste colunista) e somente agora pôde
enviar esta que saiu na Folha Online de 5 de março:
Villa-Lobos faria 120 anos hoje; ouça o compositor.
Beatriz ouviu, gostou, mas acha que o maestro não chegaria jamais aos 120
anos, fumando tantos charutos por dia…
******
Jogando fora
O considerado que se apresenta como Tião Medonho envia notinha extraída do
site www.abril.com, seção de Tecnologia:
CARREIRAS
TI eficiente
Como usar bem a gestão de projetos, evitando disperdício de tempo e
dinheiro.
Medonho reprovou:
Acho que alguém na Abril anda desperdiçando dicionário…
******
Aquele ursinho
A propósito do episódio no qual seleto grupo de iluministas alemães queria
sacrificar um filhote de urso polar sob o argumento de que o bicho não pode ser
criado por humanos, Janistraquis acompanhou tudo pela TV, depois pediu licença
para ir ao banheiro, demorou barbaridade, porém voltou aliviado e anunciou:
‘Considerado, você não imagina a quantidade de ambientalistas e
preservacionistas que acabo de eliminar!’
Meu secretário não seria capaz de matar o ursinho.
******
Prato de comida
Na capa do UOL, diz Dom Odilo Pedro Scherer, novo arcebispo de São Paulo:
‘Faltam igrejas nas metrópoles’. Janistraquis, que examinava distraidamente um
dossiê sobre Frei Galvão, cidadão da vizinha Guaratinguetá e primeiro santo
brasileiro, segundo anunciam, vociferou:
‘Ora, considerado, o que não falta nas metrópoles são igrejas; Salvador não
tem 365?!?!?! Dom Scherer deve ter confundido igreja com comida. Ou trabalho.’
******
É demais!
Capa da revista Claudia deste mês, a estrela global de todas as manhãs no Bom
Dia, Brasil, Renata Vasconcellos, revelou que tem uma irmã gêmea. Idêntica!!!
Impressionado com tal alacridade da natureza, Janistraquis chegou à conclusão de
que o diabo existe.
******
Novo livro
Leia no Blogstraquis a íntegra de Ainda suja, cujo excerto encima a coluna.
Trata-se de um dos novos poemas que o considerado Nei Duclós acepilha em seu
retiro catarinense para rechear o novo livro que vem por aí.
******
Pura verdade
Frase publicada no Painel do Leitor, da Folha de S. Paulo:
‘Justiça no Brasil é como roupa de grife; quem pode usa a melhor.’
CARLOS BRUNI FERNANDES (São Paulo, SP)
******
Mãe Joana
O considerado Alaor Domingos Ferreira, do Rio de Janeiro, enviou materinha do
jornal Agora, de São Paulo, assinada pelo repórter Vitor Sorano:
Operadora troca nome por palavrão em conta de cliente
Vítima entra com ação cobrando indenização por danos morais da TIM
Tele afirma que já tomou providências e que o erro foi cometido por empresa
terceirizada que faz atendimento ao cliente
A. (nome fictício), 21, recebeu duas faturas e uma cobrança com o xingamento
‘filho da puta que pariu’ no espaço em que deveria constar o nome do cliente na
conta telefônica.
Alaor, que desconfia de tudo neste país de m…, botou o galho dentro, como
se diz na Favela do Rato Molhado:
Já pensou se entra na moda esse tratamento que a TIM dispensa a seus
clientes? A nação vai se transformar, definitivamente, no c… da
mãe-joana…
É verdade, Alaor, embora há muitos anos o país já se prepare para atingir
esse, digamos, patamar.
******
Descobriram tudo…
Janistraquis e eu estamos sem dormir desde que recebemos o e-mail abaixo:
DPF/BR – A Policia Federal vem em meio deste lhe comunicar que após um breve
tempo de investigação, foi notado que seu computador está sendo usado como
veículo de mensagens e fotos pornográficas onde as mesmas incentivam a prática
da Pedofilia (É Crime).
Não só fotos de Terceiros foram encontradas, As Suas também foram divulgadas
em um famoso site pornográfico.
Segue Abaixo o Quadro Relatando Fotos
Em atendimento do ofício nº 4877/01-jsp, de 11 de Abril de 2001 determinado
pela Juíza Federal da 5ª Vara Federal Criminal, Margarete Sacristan A Policia
Federal tem o livre Arbítrio Monitorar todas as suas ações feitas pela internet,
e dar inicio a um inquérito de Crime de Pedofilia, Formação de Quadrilha,
Difamação e Veiculação de imagens.
As investigações irão seguir, caso queira a ferramenta executável para
prevenir o seu computador de qualquer tipo de vírus, spywares e programas que
roubam fotos do seu computador. CLIQUE AQUI
Quem quiser que clique, mas não recomendamos a ninguém esse ato deverasmente
temerário.
******
Nota dez
O considerado Ricardo Kotscho escreveu em sua coluna do site No Mínimo:
A exemplo de tantas outras campanhas do gênero que existem por aí, propondo
um dia sem ver televisão, um dia sem andar de carro, outro sem fumar, vou lançar
um desafio aos coleguinhas de imprensa: que tal instituirmos um dia, só um dia
sem Lula no noticiário?
Confira aqui a íntegra do texto em que nosso Kotscho propõe a excelente
idéia, pois nunca antes neste país esteve tão cheio o saco do contribuinte.
******
Errei, sim!
‘LONGEVIDADE – Ibrahim Sued, mestre dos mestres do colunismo dito social,
escreveu: ‘O escritor Edilberto Coutinho está a pleno vapor este ano, que marca
o 400o níver de sua estréia literária’. Janistraquis, que é amigo de Edilberto,
não sabia dessa tão escondida longevidade de Dorian Gray paraibano:
‘Considerado, não é por nada, mas impressiona a gente saber que, perto do autor
de Maracanã, Adeus, o doutor Barbosa Lima Sobrinho ainda é um bebê.’ (agosto de
1994)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067
– CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).
(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e
torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil,
Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe
do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu
oito livros, dos quais três romances.
MERCADO EDITORIAL
As boas novidades editoriais, 28/03/07
‘Iniciativas em vários segmentos editoriais têm provocado nesses primeiros
meses do ano um interessante movimento profissional, injetando, ainda que
timidamente, algum ânimo no mercado. É um movimento lento porém contínuo de
crescimento, provocado por lançamentos em segmentos como o de jornais, revistas
e TV.
A região de Campinas, por exemplo, vai ganhar, em abril, um novo jornal
diário, na linha dos populares, pelas mãos da Rede Anhangüera de Comunicação
(RAC), que se inspirou nos exemplos bem sucedidos de organizações como a RBS, no
Sul, com o Diário Gaúcho, os Diários Associados, em Belo Horizonte e Distrito
Federal, com o Aqui-BH e Aqui-DF, e O Globo e O Dia, no Rio de Janeiro,
respectivamente com o Expresso e o Meia Hora. Vai se chamar Notícia Já e
circulará em doze cidades da Grande Campinas – além desta, Americana,
Hortolândia, Indaiatuba, Jaguariúna, Monte Mor, Nova Odessa, Paulínia, Santa
Bárbara D’ Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.
Segundo Nelson Homem de Mello, diretor editoral da RAC, o periódico nasce
para aproveitar o nicho dos populares, ainda não explorado no Interior de São
Paulo, e pretende ser um formador de leitores, por atingir um público que
habitualmente não lê nenhum jornal. Com 32 páginas, formato tablóide, tiragem
média de 55 mil exemplares, circulação de 3ª a sábado e vendido a R$ 0,50,
Notícia Já vai se integrar ao elenco de veículos da empresa, que já inclui os
diários Correio Popular e Diário do Povo e o tri semanal gratuito Gazeta do
Cambuí (todos de Campinas), os tri semanais gratuitos Gazeta de Piracicaba e
Gazeta de Ribeirão, a revista Metrópole, a Agência Anhangüera de Noticias (AAN),
o portal Cosmo Online e a gráfica e bureau GrafCorp.
Homem de Mello diz que o novo jornal terá ‘muita interatividade, prestação de
serviço, linguagem adequada e acessível ao público a que se destina’. Outro
diferencial, segundo revela, estará na distribuição, pois a empresa criará novos
pontos de venda fora das bancas de jornais, como padarias, e utilizará cerca de
cem gazeteiros para vendê-lo no centro da cidade e em terminais de ônibus. ‘Ele
deverá formar leitores para os outros jornais. Além disso, será um importante
veículo de inclusão social, pois chegará a pessoas que hoje não têm informação
fora da TV e do rádio’, assinala.
Luís César de Souza Pinto, até agora editor-executivo do Correio Popular,
será o editor-chefe do Notícia Já. Ele diz que o jornal terá noticiário com uma
estrutura quase radiofônica, de notícias curtas e linguagem praticamente oral.
‘Será muito focado nos leitores, com personagens, histórias, comportamento e
muita prestação de serviço. As matérias de Economia, por exemplo, terão sempre
uma abordagem do que faz a diferença no dia-a-dia dessas pessoas’, afirma. Ele
lembra que essa abertura aos leitores permitirá maior participação na produção
de conteúdo do jornal. O factual virá da agência de notícias da rede, como já
ocorre hoje com os outros veículos.
Para produzir o novo diário, César já tem uma equipe montada, mescla de
profissionais experientes e de recém-formados. A editoria de Cidades tem no
comando Mário Rossit, que trabalhou no Agora São Paulo, Folha de S.Paulo e
Correio Popular; seu assistente é Ivan Lopes, com passagens pela Gazeta
Esportiva, Placar, Correio Popular e Bom Dia Jundiaí. Economia é chefiada por
Hélio Paschoal, que já atuou em Veja Campinas, Correio Popular e Diário do Povo;
ele tem como editor-assistente Edmárcio Augusto Monteiro, ex-EPTV Campinas
(Globo), Correio Popular, Diário do Povo e Todo Dia, de Americana. Em Esportes,
o editor Rafael De Marco, ex-Diário do Povo e editora Multiesportes, tem como
assistente Fernando Perez Evans, que ‘frilava’ no Correio Popular e Diário do
Povo. Nicinha Gomes, que passou por EPTV, TVB (SBT), Folha de S.Paulo e Diário
do Povo, é a editora de Variedades. A pauta é coordenada por Chiquinho Jr., que
têm passagens por EPTV e Diário do Povo. Integram ainda a equipe os repórteres
Carlos Alciati Neto (ex-Bom Dia Jundiaí), Patrícia Lisboa (ex-Tribuna de
Indaiá), Daniela do Canto (transferida da AAN), George Awaranis (ex-Todo Dia),
Maísa Urbano (ex-Rádio Morena), Renata Rondini (ex-assessoria de imprensa da PUC
Campinas), Evelyn Nemer e André Julião.
A criação do Notícia Já também ensejou uma pequena reestruturação na RAC.
Zezé de Lima passa a ocupar a Secretaria de Redação, respondendo diretamente ao
editor-executivo Marcelo Pereira; Eliane Santos assume a Coordenação de Pauta de
todos os veículos, incluindo o novo diário; e Tote Nunes foi promovido para a
Chefia de Pauta da AAN.
Os novos canais do Grupo Abril
O Grupo Abril, através do recém-criado núcleo de TV, tem planos de implantar
até 2009 cinco canais, dois deles estreando já este ano: o Fiz, com programação
criada pela própria audiência, previsto para julho, e o Ideal, que tem foco no
universo corporativo, a partir de outubro. Em entrevista a João Paulo Nucci, do
M&M Online, o diretor do núcleo, André Mantovani, que até a semana passada
ocupava a Direção Geral da MTV Brasil, informou que a divisão deverá ter cerca
de cem funcionários e que os canais serão baseados em perfis de comportamento,
em estilo de vida, quebrando a tradição do mercado local de criar canais
segmentados baseados no tipo de programação da televisão aberta – esportes,
notícias, filmes e infantis, entre outros. Segundo ele, os canais também
nascerão de forma a se integrarem com outras plataformas, como celulares e
internet. Alguns profissionais da Abril, como Maria Tereza Gomes, que dirigiu
por vários anos a Você S/A, já estão no núcleo trabalhando sobre os novos
projetos.
Parceria na área de rádio
As agências Dinheiro Vivo e Netpress firmaram parceira para produzir o
RadioCash, composto por boletins sonoros veiculados de 2ª a 6ª.feira por
emissoras de uma rede de rádio que atinge 17 estados. A Dinheiro Vivo responde
pelo conteúdo e a Netpress os grava e distribui. Segundo Luís Nassif, sua
Dinheiro Vivo está ampliando o leque de parcerias e de convergência digital:
‘Entre todas as mídias tradicionais, a que mais se aproxima da internet é o
rádio, e essa parceria será ampliada, em breve, com mais produtos’, diz. A
Netpress, que tem como diretor-editorial Edson Perin, distribui gratuitamente
diversos programas patrocinados, de utilidade pública, para emissoras que se
cadastram em seu site.
Revista em Congonhas
Sim, além daquela tradicional revista no embarque, que todos os passageiros
ganham, o Aeroporto de Congonhas vai ganhar no próximo final de semana um outro
tipo de revista, dessas escritas por jornalistas. Será mensal e vai se chamar
Welcome Congonhas, fruto de uma parceria entre as agências Camarinha e Gate. O
objetivo é ser mais do que uma revista de bordo, seguindo com os leitores além
do tempo de uma viagem. À frente da redação estão Rinaldo Gama (redator-chefe) e
Roberto Lopes (editor), ambos dos quadros da Camarinha. Rinaldo trabalhou em
Veja e Folha e Roberto foi também destes dois veículos, além de TV Globo, Jornal
do Brasil e Época. A edição inicial terá 50 mil exemplares e tem seções como
estilo de vida, esportes, turismo e tecnologia. A matéria de capa é uma
entrevista com o presidente Lula.
Vida Natural
Com 68 páginas, 35 mil exemplares mensais e circulação também em Portugal,
chegou esta semana às bancas Vida Natural & Equílibro, da Editora Escala,
buscando ocupar um novo nicho de mercado. A direção é de Evelin Müller, que
também comanda a Divisão de Customizadas e Projetos Especiais da Escala, e a
equipe fixa conta com o coordenador editorial João Jacques e com a editora Thaís
Télis. O telefone da redação é 11-3855-2155 .
De olho no ABCD
Chegou ao mercado no último dia 20/3 o Hoje Jornal, edição São Caetano do
Sul. Com ela, já são três as edições regionais criadas pela empresa, numa nova
estratégia de firmar-se no ABCD; as outras duas são Mauá e São Bernardo do
Campo. As edições circulam apenas três vezes na semana: 3ª, 5ª e domingo. A
edição de SCS foi lançada com tiragem modesta de 2 mil exemplares, sob a
coordenação de Luiz Carlos Coelho (ex-Diário do Grande ABC). O Hoje Jornal, que
tem Rose Rosa como diretora de Redação, também ganhou recentemente os reforços
de Luciana Sereno e Fabiana Chiachiri (ambas com passagem pelo DGABC). O diário,
vale lembrar, foi lançado em junho de 2006 com a proposta de ser uma alternativa
de mercado ao Diário do Grande ABC. Dois meses depois do lançamento, no entanto,
um de seus proprietários, Manoel Paulino de Oliveira, foi assassinado e com isso
o jornal entrou em crise e esteve à beira do fechamento. Em janeiro, o sócio
remanescente, José Carlos Caramori Alves, fez cortes drásticos de despesas para
dar sobrevida ao jornal, mas manteve a estratégia de lançar edições locais. As
próximas deverão ser Santo André e Diadema.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado
e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na
comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o
livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra
o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação
e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo
Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil
Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de
Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
LITERATURA & JORNALISMO
A roda burra do jornalismo, 28/03/07
‘Tenho conversado nos últimos dias sobre o binômio jornalismo-literatura. O
nosso ‘Literário’, espaço em que profissionais e estudantes de jornalismo
publicam as suas obras de ficção, completa um ano hoje. Como de hábito, por
força das minhas próprias atividades, me perguntam se jornalista tem pendor
natural para a literatura, ou outras indagações do gênero.
Para ser honesto, refletir, perguntar a si mesmo se o jornalista pode ou não
ser um bom escritor é o mesmo que buscar descobrir se um repórter pode ou não
ser um bom mecânico ou um bom decorador de interiores. Ainda que tenha alguma
utilidade, trata-se de uma preocupação periférica.
Vou dizer aqui o que me chama a atenção, vou dizer o que me incomoda num
jornalista, num florista ou num jurista (ou, ainda, em alguém que seja, ao mesmo
tempo, florista, jurista e jornalista): o interesse imediatista (espécie de
eufemismo para a superficialidade).
Neste instante me lembro do Raul Seixas:
‘Ah! Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada cheia de dentes
Esperando a morte chegar’
Vou dizer algo que me incomoda: ler sobre o vaivém dos nossos colegas pelas
redações, isso me incomoda. Porque um sai daqui e vai para lá, e sai de lá e
volta para cá, e daqui vai para ali, para depois voltar para cá e para lá. E é
um emprego a menos hoje, um a mais amanhã, uma palestra nova e um congresso
bacana, um livro indispensável na terça, um workshop na quinta, e a roda burra
do jornalismo vai gastando a vida. Todos nós estamos ficando tecnicamente
assépticos- ou, se preferir, assepticamente técnicos. Na melhor das hipóteses,
manjamos muito da nossa profissão e nada da vida; na pior (que também é a
mediana), não manjamos nada da profissão e afetamos saber muito mais do que
sabemos da vida (dos outros).
Outro dia eu e o Leandro Barbieri conversamos com um mendigo na madrugada.
Paramos para comprar uma cerveja em uma loja de conveniência do Paraíso. Fomos
lá para fora, encostamo-nos no Fusquinha do Leandro, o carro mais invejado da
Chácara Klabin, e, numa cena típica de uma novela da década de 60 (se é que
havia novela na década de 60, isso o Leandro, que é crítico e novelista, pode me
dizer), ficamos lá, bebendo (o Leandro também fumava um cigarro preto, desses
que não se acham em qualquer boteco da Vila Madalena e fazem a gente andar
bastante, de padaria em padaria, porque ele, a Giséle -assim, com acento-
Castilho e a Silvia Cabezaolias só fumam essas porcarias -que eu, que não fumo
nenhum tipo de cigarro, às vezes ‘filo’).
O mendigo chegou e pediu dinheiro para a cachaça (o famoso golpe da
sinceridade). Demos o dinheiro, e ele se perguntou por que não havíamos ficado
com medo dele. ‘Agora mesmo um cara saiu correndo’. Respondi que estávamos no
mesmo barco- que é este (dependendo do meu humor ou das minhas disposições
filosóficas) maldito ou bendito planeta. Ele então nos mostrou algumas
cicatrizes, disse que era (nas minhas palavras) ex-cadeieiro e que tinha,
literalmente, se fingido de morto, debaixo de um cadáver, quando a polícia
entrou com os cachorros no Pavilhão 9. Ele se urinou quando o cachorro mordeu a
sua mão e teve que ficar estático como um espantalho caído no milharal. Mas
conseguiu se safar da polícia e de seus cãezinhos públicos. Hoje, felizmente,
ele não é um presidiário, nem o número 112. Hoje, felizmente, ele é um mendigo.
Falamos da vida, da morte, da honra e da desonra. Falamos de coragem e de
medo, da família e das drogas. Falamos do emprego que ele tinha, quando tudo se
perdeu. Falamos da mulher, falamos da empresa, falamos do patrão. Falamos do
viaduto, falamos dos mendigos assassinados na Sé, dissemos depois, eu e o
Leandro, que a Natureza havia nos empurrado para ali, que devíamos mesmo estar
naquele lugar para aprender um pouco mais das coisas que existem pelos caminhos
ao longo e à margem dos tantos fios de iluminação da nossa cidade. O Leandro
concordou. Àquela altura o mendigo tinha ido embora. Antes, na despedida,
havíamos nos abraçado a todos. Pedi a Deus que o protegesse e agradeci a vida
que eu tinha- até aquele momento.
‘Qualquer um pode ser mendigo ou presidiário!’, gritou, com um largo sorriso,
o dono de um BMW, abastecendo o seu carro com gasolina azul (claro que este
parágrafo é mentiroso).
A mim pouco me importa se é mendigo ou industrial. Quero conversar com
pessoas. Não quero conversar com autômatos profissionais. Me ressinto dessa
impossibilidade, entre muitos jornalistas que conheço. É gente que é jornalista.
Não quero pensar que converso com um jornalista ou com um literato ou com um
relojoeiro. ‘Sou um jornalista’, ‘sou um escritor’. OK, precisamos de rótulos,
precisamos nos apresentar nas festas e nos coquetéis, em busca de ‘contatos’:
sexo, amor, emprego, bebida, dinheiro…
Mas eu ficaria sinceramente feliz se soubesse que os meus colegas estão em
busca de si mesmos, que não se contentam com o muito ou o pouco que são, que não
se entregaram à escravidão ou à idiotização pelo meio que escolheram para
subsistir.
Ficaria feliz ao notar que há pessoas grandiosas que se multiplicam pela
minha retina, que há pessoas que têm alma porque conseguiram entrar e sair de si
mesmas, pessoas que fizeram uma, dez ou mil viagens de ida e volta sobre si
mesmas. E que, por isso mesmo, podem nos contar essas tantas histórias que
começaram, lá atrás, num vagido, em casa, na rua ou na maternidade, e se
delinearam ao largo dos escritórios e dos cinemas, das favelas e dos órgãos
governamentais.
Façam-no, por amor a vocês mesmos e a todos nós! Pode ser então que vocês
comecem a se identificar nas festas como jornalistas ou escritores, isso é
natural, mas deve ser sempre o de menos. Pode ser então que vocês freqüentem a
minha alma e a alma dos meus amigos. É o que importa, afinal. No fim, todos nos
abraçaremos e diremos, com lágrimas nos olhos:
– A gente tinha mesmo que estar aqui.
(*) Jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, escreveu quatro livros, um
deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No
jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo,
TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre
outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é
membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’
COMUNIQUE-SE
Que moral tem o C-se para acusar a Globo?, 2/04/07
‘Que seria do Comunique-se se os outros veículos não fizessem boas
reportagens? Na matéria ‘Reportagens do Fantástico são contestadas’ (27/03), a
redação não se deu a trabalho de cumprir as três primeiras etapas essenciais do
bom jornalismo: apurar, apurar e apurar.
Bastou ler um comunicado ali, uma resposta acolá, uma matéria publicada pelo
iG. A acusação de que o Fantástico utilizou um personagem falso é grave. A quem
se intitula ‘O Portal da Comunicação’, cabe investigar. Cabe buscar a verdade,
com todas as discussões acerca da verdade, se ela existe ou não. Para um
repórter, não pode existir pauta impossível, ainda que seja impossível. O
problema, neste caso, é que a redação nem sequer tentou. Uns acusaram, outros se
defenderam. E o Comunique-se passivamente publicou.
Talvez fosse o caso de mudar o slogan para ‘O Mural da Comunicação’. Se a
Globo errou ou não, continuamos sem saber. De toda forma, uma diferença é clara:
Globo, iG e tantos outros fazem reportagem, correm o risco de naufragar ou de
ter sucesso. O barco do Comunique-se naufragou antes mesmo de zarpar.
E o Mainardi?
A um estudante de Jornalismo, ou até mesmo do ensino médio, eu recomendaria
imprimir o Perfil de Franklin Martins (30/03) feito pelo Comunique-se e
entregá-lo ao professor, caso tal trabalho escolar fosse solicitado. Ainda
assim, seria necessário editar o trabalho, para melhorá-lo.
A matéria omite um episódio de grande repercussão: a saída de Franklin
Martins da Globo. Alguns jornalistas falam do colega e de sua nova função. Na
área de comentários, um leitor faz uma observação mais pertinente do que a
matéria em si: ‘O mais interessante é que até agora, NINGUÉM conseguiu contrapor
o Diogo Maynard’. Pois é.
Perguntas: e o Mainardi? Não será ouvido? Por que o perfil não menciona ou
nem sequer faz um link para o caso? Quem não se lembra da troca de farpas entre
os dois jornalistas pode acessar a matéria publicada, em maio de 2006, clicando
aqui.
Ele voltou!
Fazia alguns meses que não se via no Comunique-se uma manchete tão inadequada
para um veículo on-line: ‘Liberdade (?) de expressão na imprensa’ (28/03). Um
conceito básico de jornalismo na Internet é: o título deve, entre outras
características, contar o fim do filme. Além de possuir verbo e outras coisas
mais.
Entre o bonitinho e o óbvio, o redator deve ficar com o óbvio. Entre o
criativo e o sisudo, com o sisudo. Assim funciona o hard news na web. Essa
manchete conseguiu não ser bonitinha, óbvia, criativa nem sisuda. Foi, enfim, o
reflexo da reportagem, que lembra uma dissertação, um tremendo blábláblá.
A manchete do Portal deve ser sempre ocupada pelo tema mais quente e/ou
importante do momento. Definitivamente, não era o caso.
Cassio Politi é jornalista. Trabalha com Internet desde 1997. Esteve em
projetos pioneiros em jornalismo na Web, como sites da Zip.Net, e no site UOL
News, do Portal UOL. Ministra cursos de extensão sobre Jornalismo On-Line e
Videorreportagem desde 2001. Deu aulas em 25 estados brasileiros para mais de 2
mil jornalistas. Em janeiro de 2007, tornou-se o primeiro ombudsman do
Comunique-se, empresa na qual também ocupa o cargo de diretor de Cursos e
Seminários.’
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