Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Comunique-se


EDITORA TRÊS EM CRISE
Marcelo Tavela


Diretor editorial explica mudanças na Três, 14/05/07


‘Carlos José Marques, diretor editorial da Editora Três, procurou o Comunique-se para comentar a reestruturação na empresa, que levou a demissão de 240 profissionais. ‘Teremos uma reestruturação, para depois ter uma capitalização, e o enxugamento foi inevitável. Foi um dia difícil, já que profissionais competentes e de longa data saíram, mas fizemos tudo de uma vez para ser o menos doloroso possível’, disse Marques, completando que, na área editorial, foram 55 demitidos, nem todos jornalistas.


A nova estrutura da Três procura inspiração na indústria automobilística: será uma linha de produção. A empresa está divida em seis núcleos, sendo três deles para produzir conteúdo para as sete publicações da editora. O núcleo IstoÉ cuidará da homônima revista semanal e também da mensal Planeta, sob orientação de Mário Simas Filho. O núcleo Gente será responsável por IstoÉ Gente e Menu, coordenados por Gisele Vitória. E o núcleo Dinheiro, sob responsabilidade de Luiz Fernando Sá, produzirá IstoÉ Dinheiro, IstoÉ Dinheiro Rural e Motorshow.


‘Faço questão de frisar que em nenhum momento as revistas vão perder suas identidades. Não haverá repetição de matérias, mas uma maior interatividade entre as mesmas editorias. É uma experiência inédita, que ganhamos na sinergia e na comunicação entre toda a redação’, aponta Marques.


Agência IstoÉ


Outros dois núcleos estão direcionados para a parte editorial: o de Arte, que terá 25 profissionais para diagramar, produzir infográficos e cumprir outras demandas gráficas das sete revistas. E o núcleo de fotografia, denominado Agência IstoÉ, que, além de alimentar as publicações internas, passará a vender imagens. A nova agência conta com três fotógrafos em São Paulo, um no Rio e outro em Brasília, mas trabalhará também com freelancers. Outro núcleo cuidará da área administrativa da editora.


De certa forma, a redação unificada já vinha funcionando nas sucursais. Em Brasília, a redação de uma das semanais trocou de andar para ficar próxima de outra. A reestruturação física foi feita agora na matriz em São Paulo. ‘Passamos o final de semana derrubando paredes e retirando portas. Não podíamos deixar as pessoas separadas’, relata o diretor editorial.


O arquivo da editora está sendo incorporado à Agência IstoÉ. Já a área online – que reproduz o conteúdo das revistas em parceria com o Terra – será terceirizada.


‘Caminhar com as próprias pernas’


Perguntado se, no novo modelo, os jornalistas da editora não serão sobrecarregados, Marques relativiza, comparando com a estrutura antiga. ‘Perdemos muitos profissionais nos últimos meses, o que estava levando equipes a trabalhar dobrado. Algo tinha que ser feito, porque a viabilidade das revistas estava comprometida. Não vai haver sobrecarga, mas as pessoas serão mais usadas, vão potencializar seu trabalho. Todos terão mais com o que se preocupar’, diz.


Para custear todas essas alterações, a Três contou com um grupo de investidores que será revelado nos próximos dias. Marques não participa das transações, e não pôde informar se a negociação com a Companhia Brasileira de Multimídia foi interrompida. Mas disse que a idéia dos Alzugaray e fazer com que a editora ‘possa caminhar com as próprias pernas’.


‘A Editora Três nunca teve passaralho. Preferimos fazer isto dentro de uma reestruturação que era inevitável. Posso adiantar que agora estão todos engajados, em espírito de equipe. Acho que seremos bem sucedidos’, aposta.’


MERCADO EDITORIAL
Milton Coelho da Graça


Que tal Bill Gates dono de jornal?, 11/05/07


‘A News CorporaTion, de Rupert Murdoch, tem mais de 47 mil funcionários, valor de mercado de 70 bilhões de dólares, receita e lucro no ano passado de 25 bilhões e 4 bilhões respectivamente, tudo no ramo da comunicação – filmes para cinema e TV (Fox), 35 estações nos Estados UInidos, TV por satélite (DirecTV e Sky), revistas (TV Guide, Weekly Standard), jornais nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália ) e livros.


Agora Murdoch está caçando o que seria a maior jóia de sua coroa, o Wall Street Journal, o maior jornal de negócios (e um dos mais prestigiados) do mundo, mas que ganhou apenas 300 milhões de dólares em 2006.


Nunca ninguém imaginou que os 35 membros da família Bancroft, controladora do WSJ desde a fundação, pudessem sequer conversar sobre a venda do jornal. Mas, desta vez, a proposta é supergenerosa, cada acionista receberia 67% a mais do que o valor do papel na Bolsa, o que poria no bolso de cada Bancroft (se a distribuição for igual entre eles) mais de US$ 320 milhões.


O WSJ tem uma atração invejada por todos os outros jornais do mundo. Ele vende assinaturas de sua edição na internet desde o lançamento e, o melhor, em pouco tempo ela se tornou lucrativa. Mas Murdoch quer mesmo é incorporar o prestígio do jornal e a


agência de notícias de negócios a ele associada, a Dow Jones. Ele garante que não vai mexer na linha editorial do jornal, porque sonha ter todo o seu império ganhando a credibilidade que o próprio Murdoch até hoje não conquistou. Mesmo o venerando The Times, de Londres, deixou de merecer o respeito editorial de muitas décadas depois de agregado ao Cidadão Kane de nossa época.


O próprio WSJ informa que a maioria dos Bancroft – ‘constituindo ligeiramente mais do que os 50% do poder de voto’ – vai rejeitar a oferta de Murdoch. Mas é certamente uma questão de tempo. A sinalização de que a família topa ‘examinar ofertas’ já ouriçou muita gente – desde o New York Times até a Microsoft. E, como já vimos em coluna anterior, o vento sopra na direção das fusões e aquisições na imprensa mundial.


Esse processo também invadiu o espaço cibernético. AOL, MSN e Yahoo já concentram 40% do tempo que os internautas americanos passam diante do computador. Murdoch já está navegando nessa onda e há dois anos pagou quase 600 milhões de dólares pelo portal MySpace.com, com 100 milhões de usuários registrados e que diariamente conquista mais de 200 mil, todos em busca de conhecer novidades musicais. Até a Microsoft acordou para este novo filão de publicidade, mais uma pedra no caminho para o futuro dos jornais.


Lula parece ‘cabreiro’ com TV Pública


O convite a Boni para uma conversinha no Palácio do Planalto mostra que o presidente Lula gosta da idéia da TV pública, mas quer ter certeza de não entrar numa fria. O Fórum organizado pelo ministro Franklin Martins procurou estruturar essa idéia e conquistar a adesão de todo o público interno do governo ao seu projeto. Mas Lula e Franklin estão dispostos a ouvir gente que entenda do assunto e sem ligações com o poder ou os sindicatos, para não correr o risco de repetir em escala muito maior os equívocos cometidos desde a criação da Voz do Brasil, na era Vargas, até a recente reforma da Rádio Nacional, no Rio.


Vamos todos torcer por uma bela entrevista do Boni, que nos revele as inquietações (mais do que justas) do Presidente.


(*) Milton Coelho da Graça, 76, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’



Comunique-se


Reuters aceitará oferta de compra feita pela Thomson, segundo jornal, 14/05/07


‘Londres, 13 mai (EFE).- A agência de notícias britânica Reuters vai autorizar a oferta de compra lançada por sua concorrente canadense Thomson, publicou neste domingo (13/05) o jornal The Independent On Sunday.


Segundo o diário, que cita fontes próximas às negociações, a Companhia de Fundadores da Reuters, organismo que zela pela independência editorial da agência, está satisfeita com a oferta, cifrada em US$ 17,6 bilhões.


Esse organismo, formado por 15 executivos e liderado pelo industrial sueco Pehr Gyllenhammar, considera que a oferta da Thomson não coloca em perigo a independência jornalística da Reuters, afirma o jornal.


Segundo um banqueiro próximo à Companhia, não identificado pelo jornal, ‘agora parece quase certo que esta operação irá adiante’.


O apoio desse organismo é fundamental para o êxito da oferta, já que tem poder de veto, uma vez que o grupo canadense prometeu respeitar a independência da Reuters.


De acordo com o Independent On Sunday, outras agências poderiam fazer na próxima semana um anúncio formal sobre a possível fusão.


A oferta da Thomson é de £ 6,97 (€ 10,21) por título, a metade a ser recebido pelos acionistas em dinheiro e o resto, em ações da companhia canadense.


A combinação das duas companhias formaria a maior empresa do mundo de informação financeira e de notícias, segundo um comunicado divulgado por ambas, por isso tomariam a liderança da americana Bloomberg.


O grupo resultante, que passaria a se chamar Thomson-Reuters, controlaria 34% do mercado, contra 33% da Bloomberg, segundo dados desta última.


No entanto, a operação, que implicaria uma economia de custos de £ 250 milhões (US$ 500 milhões) não é vista com bons olhos pelo Sindicato Nacional de Jornalistas do Reino Unido, que teme centenas de demissões. (c) Agencia EFE’


CASO BARBON
Anderson Rosa de Moraes


Se todos são contra nós, quem será por nós, os jornalistas?, 14/05/07


‘(um fragmento da história não revelada)


Meu nome é Anderson Ap. Rosa de Moraes, moro em Pirassununga, cidade vizinha ao município de Porto Ferreira e já tive oportunidade de trabalhar em todos os hebdomadários daquela cidade (jornal A Semana, Jornal do Porto e jornal Re@lidade), aliás, este último eu ajudei a fundar e fui o idealizador do nome, que nasceu do desejo de um grupo formado por empresários (do ramo de combustível, automotivo, autônomo e profissionais liberais). Só não havia um do ramo de comunicação, quando então fui convidado a participar.


O intuito da fundação do Re@lidade era dar voz e liberdade de expressão àqueles que não tinham a oportunidade de se manifestar nos veículos mídia da cidade (rádios e jornais) que estavam impregnados por publicidades governamentais (municipal) e empresas do status quo.


Numa data específica, ano de 2001, foi fundado o jornal, cujo pedido de filiação à ANJ foi solicitado pelo escritório contábil do senhor Gilson Strozzi (na época vereador daquela cidade). Portanto o Re@lidade tinha, sim, registro provisório na ANJ, CNPJ e registro municipal.


O cidadão tambauense Luiz Carlos Barbon Filho era o vendedor e contato publicitário do Re@alidade, que tinha no seu corpo editor, Osmar Villa (empresário e sócio-proprietário), Fernando Paulo de Santis (diagramação, publicidade, paginação e sócio proprietário), Isis Brum (redação, substituída posteriormente por Jaqueline Fonseca) e Anderson Moraes (pauta, redação, edição, paginação). Contou ainda com Alailton Canova.


Desde os primórdios do seu nascimento, o Re@alidade se pautou pela ética, imparcialidade e criticidade, além de todos os demais preceitos do jornalismo descomprometido com os poderes paralelos e governamentais. Este veículo chegou a ser ridicularizado pelos ‘governantes’ municipais e pelos órgãos que ditam quem pode e quem não pode fazer parte do poder dominante.


O Re@alidade denunciou descasos com os direitos humanos; mostrou como agiam os senhores que detinham o poder municipal; foi ameaçado pelo poder paralelo. Neste contexto titânico de lutar contra a tirania absolutista, o Re@alidade escancarou as portas da verdade. Contou com todas as letras do jornalismo responsável, como foi a tentativa de troca de votos por cestas básicas feita por candidatos do PSDB numa das eleições municipais; mostrou como foi que uma pesquisa não registrada no TRE e publicada por dois jornais de Porto Ferreira foi parar no material de campanha do PSDB, distribuída por cabos eleitorais tucanos aos eleitores da camada menos instruída do eleitorado ferreirense; denunciou um caso de abandono de uma criança que foi vítima de um acidente dentro das dependências do Sindicato dos Funcionários Públicos Municipais entre outras coisas… Tudo isto, longe aos olhos da grande mídia; sequer conhecida pelas sopas de letras que se transformaram os sindicatos e federações da categoria que cobram pela filiação em suas fileiras sem nenhuma contrapartida. Éramos ‘dom quixotes’ lutando contra os moinhos de vento.


Até então, Luiz Carlos Barbon Filho ainda era um idealista, um sonhador e nosso contato publicitário. Aliás, todos nós éramos, vivíamos na pele a ficção de ‘Edison – Poder e Corrupção’ (já que a onda é indicar filmes aos colegas, este é ótimo). Éramos Polaks contra a FRAT (Força de Reação, Ataque e Extermínio), todos indistintamente: Fernando De Santis, Isis Brum, Kanova, Osmar Villa, Jaqueline Fonseca, Anderson Moraes. Vivíamos literalmente da venda em banca, sem Pulitzer ou Prêmio Esso, mas com arrojo e coragem.


Bem, quem já trabalhou em jornal interiorano sabe muito bem as mazelas e dificuldades que temos de enfrentar e reunir forças para não exterminar nossos ideais de justiça, liberdade e igualdade. E viver só do preço de capa, definitivamente, foi a ruína de um sonho chamado Re@lidade. As parcerias foram desfeitas, os empresários saindo, um a um; alguns profissionais debandaram para outros centros urbanos ou outros veículos de comunicação.


As dificuldades vieram e a sobrevivência do Re@lidade ficou amarrada então a interesses políticos, bem distintos daqueles sonhados pelo Polaks (personagem central de ‘Edison – Poder e Corrupção’). Éramos tantos e nos tornamos poucos para manter e dirigir o hebdomadário que nasceu para mostrar todos os lados da moeda. Quando percebemos, estávamos apenas eu, Fernando Paulo de Santis e Luiz Carlos Barbon Filho, que pleiteou seus direitos trabalhistas aos primeiros sócio-fundadores. Barbon ficou então com 50% das ações corporativas do Re@lidade.


Barbon Filho era semi-analfabeto, como a maioria da população brasileira, mas era de um valor inestimável e um autodidata. Lutava contra as adversidades financeiras do jornal com uma bravura hércula. Observando como era feito o jornal, aprendeu muito e se aventurou pelo caminho do jornalismo. Nunca teve a oportunidade de sentar numa cadeira de uma faculdade acadêmica de jornalismo, assim como eu e tantos outros colegas tiveram.


Só para registro, enquanto estava como vendedor publicitário do Jornal Re@lidade, Luiz Barbon (como era chamado por nós na redação) também tinha como ofício tratar de cachorros abandonados, cuidava dos cães doentes (aplicava vacinas e prescrevia medicamentos que muitas vezes curavam os caninos) de muitos figurões da cidade, e nem por isso foi processado pelos veterinários. Aprendeu com a vida, com as pancadas que tomou ao longo dos seus 37 anos de idade.


Mas voltando ano caso Barbon/Re@lidade (nem anjo e nem demônio, apenas um ser humano com suas virtudes e seus vícios e um desejo de acertar enorme), passou então a escrever mal traçadas linhas, mas com coerência. Suas ‘reportagens’ e seus textos então passaram a ser editados por mim e pelo Fernando Roque de Santis. E daí em diante, seguiu forte nos primeiros passos do jornalismo.


Me lembro de uma frase premonitória talvez de Barbon: ‘um dia quero escrever como você e o mundo vai ouvir falar de nós’.


Voltando ao Re@lidade, no período em que restaram apenas ‘os três mosqueteiros’, as coisas ficaram piores e as pressões da FRAT (organização da ficção ‘Edison – Poder e Corrupção’) aumentaram ainda mais, ganhamos mais e mais inimigos, perfeitamente normal na nossa profissão. Isso mesmo, inimigos! Nem desafetos eram, pois a casta ferreira resolveu ver o Re@lidade como inimigo da verdade inculta e bela…


Foi nesse período que ele, Barbon, aprendeu que a profissão de jornalista não era tão glamourosa, especialmente para aqueles que não se contentam apenas com as fontes oficiais; não se satisfazem apenas com um lado da questão; não se iludem com uma carteirinha para entrar gratuitamente em feiras, estádios de futebol, cinema, teatro, festa da alta sociedade.


Minha passagem no Re@lidade terminou quando sofri um infarto e não tinha dinheiro nem para pagar o hospital que me salvou a vida, aliás, Barbon estava lá comigo na redação quando o coração fraquejou e fui às pressas para a UTI. Não estavam lá presidente da ANJ, da Fenaj, os articulistas de plantão, nem os donos de blogs.


Minha passagem no Re@lidade terminou quando achei que minha missão (profissional e pessoal/fim do casamento) em Porto Ferreira havia terminado também. Terminou na mesma proporção em que aumentava a lista de inimigos.


E nem tive tempo de falar ao Barbon que ele errou por muito, pois ninguém consegue escrever como outro, pois cada qual tem seu estilo. Não tive tempo de falar ao Barbon que ele errou por muito, pois o mundo está falando de você apenas, com todos os créditos, Barbon, e isto me enche de orgulho, apesar de despertar inveja em outros colegas. E você, Barbon, no Céu ou no Inferno, deve estar morrendo de rir.


Daí então a história do Re@lidade continuou com Luiz Barbon Filho e Fernando Paulo de Santis. Mas não deixei de acompanhar o que eles estavam fazendo lá em Porto Ferreira, incomodando os membros da FRAT, aquela organização do filme de ficção, estão lembrados?


E para minha surpresa, vi então em manchete nacional uma matéria do jornal Re@lidade sobre corrupção de menores e prostituição. E isso em Porto Ferreira só podia mesmo ser obra do jornal Re@lidade, pois nenhum outro veículo de comunicação daquela cidade teria coragem e ousadia de publicar.


Dai pra frente não posso mais relatar nada e seria leviano da minha parte fazer ilações sobre o caráter de Barbon, se todos os fatos relatados no caso eram verídicos, se ficou ou não político de fora da polêmica criminosa da prostituição de menores.


Sei que o Barbon aprendeu que a profissão de jornalismo não era cheia de glamour. Não sei se ele aprendeu todos os demais princípios do jornalismo. Não sei se aprendeu a se livrar das armadilhas da profissão, como se aliar a esse ou aquele outro grupo político, pois seja qual for o lado, eles se odeiam mas não se matam. Não sei se aprendeu a preservar fontes ou respeitar offs. Não sei se era esperto o suficiente para não achacar ou chantagear.


Não sei se ele teve a oportunidade de ler todos aqueles livros (alguns excelentes outros m… pura) que os professores (alguns doutores e outros apenas ex-alunos da mesma Faculdade que se formaram, mas todos com méritos e licença para ensinar, sem que ANJ ou Fenaj investiguem os cursos de Comunicação Social) de Jornalismo. Não sei se Luiz Carlos Barbon Filho teve tempo de assistir ‘Edison – Poder e Corrupção’. Não sei se ele aumentou ou diminuiu a sua lista de amigos e inimigos.


Mas agora que o coração de Barbon não somente fraquejou, parou de vez estilhaçado por uma arma de calibre 12, fica aqui o grito: de quem era a arma? Quais foram os beneficiados com a morte de Barbon (jornalista ou autodidata)? Quem pagou pela arma? Aonde a 12 foi comprada? Pois pelo que eu saiba não se vende num bar de esquina, aliás foi num bar de esquina que ele morreu! Quem patrocinou a compra? Quem tinha interesse na morte prematura dele?


Uma pergunta idiota: os homicidas (ou homicida) tiveram tempo de cometer dois crimes num raio de 4kms sem que as polícias tivessem tempo de detê-lo(s), afinal de contar Porto Ferreira não é nem de longe uma São Paulo ou qualquer outra megalópole?


Será que vão localizar os criminosos e nunca irão apresentar a arma?


Será que todo mundo sabe que não existe segredo entre duas pessoas? E, pelo que consta, duas pessoas estavam no veículo que levou-os ao encontro da vítima!


Deixa eu parar de perguntar, pois parafraseando Pollak, aquele do ‘Edison – Poder e Corrupção’, estão lembrados?, ‘no jornalismo assim como na Justiça a melhor pergunta é aquela que não é feita’!’


CASO COSTÁBILE NICOLETTA
Eduardo Ribeiro


Uma nódoa na história de Meio & Mensagem, 9/05/07


‘Após cinco anos de bons serviços prestados ao maior veículo brasileiro especializado nos segmentos de comunicação, propaganda e marketing, o jornal Meio & Mensagem, o editor-chefe adjunto, Costábile Nicoletta, foi demitido pelas razões que os leitores deste Comunique-se conhecem, em detalhes, desde a última 2ª.feira.


Conheço Costábile há uns bons 20 anos. É um dos mais éticos e decentes profissionais com os quais tenho convivido desde então. Mais do que isso, competentíssimo. Passou por alguns dos mais importantes veículos de comunicação do País e acabou deixando alguns empregos exatamente por ser ético e lutar por melhores condições de trabalho. Por onde passou é respeitado e querido e não é outra a razão da rebelião que tomou conta da redação de Meio & Mensagem que decretou uma inédita greve de 24 horas, em protesto contra a arbitrária demissão de seu chefe.


Conheço também Regina Augusto, a diretora que foi porta-voz da demissão de Costábile, com quem tenho amizade e de quem sempre tive a melhor das impressões, até em conseqüência do bom trabalho que vem desenvolvendo no Meio & Mensagem, em todos esses anos em que lá está.


Ela agora, com o ocorrido, terá pela frente um momento difícil e, o que é pior, por uma situação da qual é mais vítima do que algoz, já que a decisão da demissão de Costábile, por tudo o que sabemos e vimos, não foi dela e sim de seus superiores na empresa.


Só que foi ela quem deu a cara pra bater e por conta disso, se não tomar a iniciativa de colocar rapidamente o pingo nos is, poderá arcar praticamente sozinha com o ônus dessa trapalhada editorial, que teve, como todos sabemos, outros responsáveis. A meu juízo digo: a Regina não merece isso.


Penso que quem mais perde com esse escorregão ético é o próprio veículo, que colocou sua reputação em xeque, justamente num segmento exigente, integrado por formadores de opinião e que só respeita aqueles que se fazem respeitar. Ao ceder à tentação de demitir um de seus mais graduados profissionais por um ato de censura, a Direção do Meio & Mensagem se iguala a veículos que em nada engrandecem o jornalismo brasileiro e mancha com uma nódoa a sua bela história, construída com luta e suor por Salles Neto. Pior, deixa no ar uma terrível dúvida sobre o seu futuro, no que diz respeito à sua independência editorial e à postura ética que tem adotado.


Outro fato infeliz foi querer jogar, ainda que informalmente, a responsabilidade do episódio sobre a Folha de S.Paulo, a qual, profundamente desgostosa com a matéria publicada citando suposta colaboração do Sr. Frias com a ditadura, teria ameaçado cancelar patrocínios e publicidade no jornal. Também neste caso o tiro saiu pela culatra. Em comunicado curto e grosso, assinado pela editora-executiva Eleonora de Lucena, a Folha desmentiu categoricamente qualquer envolvimento no incidente, dizendo ser ele assunto interno que diz respeito exclusivamente à publicação Meio & Mensagem. E nem poderia ser diferente, até porque ela, Folha, é uma das mais intransigentes defensoras da liberdade de imprensa, da independência editorial, do pluralismo de idéias e do não atrelamento da linha editorial a quaisquer interesses que não seja o do leitor.


Ora, no caso desse episódio, bastaria ao M&M, ao menor sintoma de que estaria a caminho uma pressão, invocar o direito à isonomia para desestimular a possível ameaça.


Se não o fez, não adianta chorar o leite derramado.


Terá agora que tomar decisões corajosas e inteligentes para reduzir o estrago que essa decisão já começa a causar na reputação da empresa. Que o bom senso ilumine seus dirigentes.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’


LÍNGUA PORTUGUESA
Bruno Rodrigues


Nosso Português com os dias contados, 10/05/07


‘Reforma ortográfica não é novidade. Pelo menos duas delas, a de 1943 e a de 1971, obrigaram brasileiros de gerações distintas a reaprender o Português.


Em 1990 não só o Brasil achou que era hora de mexer mais uma vez com a língua de Camões (aliás, vale imaginar o que ele acharia disso tudo). Naquele ano, foi assinado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que nunca saiu do papel.


Precisava ser ratificado pelos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa – nada feito – e então a história travou.


Ainda assim, Portugal, Brasil e Cabo Verde defenderam a idéia de que apenas as assinaturas de três membros da Comunidade, entre os oito, pudessem valer para começar a unificação. Neste meio tempo, contudo, Portugal acabou dando para trás, e a questão foi deixada para ‘um dia, quem sabe…’.


Só no ano passado o recurso dos três tomou nova força, e São Tomé e Príncipe substituiu Portugal no time dos insistentes. Estava feito.


O plano é que, até o final do ano, o Acordo Ortográfico esteja valendo, e Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste tenham uma maneira única de escrever – e um Dicionário, apenas. Interessante.


Segue um panorama do que irá mudar:


– O trema deixa de existir. Convenhamos: nenhuma língua merece conviver com este acento que paira sobre nossos ‘u’s.


– As letras ‘k’, ‘w’ e ‘y’ serão incorporadas. Já não era sem tempo.


– Para os portugueses, somem o ‘p’ e o ‘h’ em algumas palavras. Saímos décadas na frente: para eles, chega de ‘húmido’ ou ‘óptimo’. Sabemos que é bem melhor assim.


– Adeus ao acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo, ou do subjuntivo dos verbos ‘crer’, ‘dar’, ‘ler’, ‘ver’ e seus derivados. Mesmo?


‘Veem’, ‘creem’, ‘deem’ substituem ‘vêem’, ‘crêem’, ‘dêem’ e por aí vai.


– Fim do acento circunflexo em palavras terminadas em hiato ‘oo’. Estranho, mas fácil de se acostumar: será ‘voo’ e não mais ‘vôo’.


Há outras mudanças, mas estas são as mais impactantes.


Curiosa, mesmo, foi a declaração de uma estudante ao jornal O Globo sobre o fim da trema e do acento em várias palavras, tomando como base a internet (sempre ela):


– Não vai fazer grande diferença, porque a gente já não usa mesmo.


Ops, não reproduza esta declaração em lugar algum! Aliás, estou pensando em deletar este trecho do texto. E se a maioria dos jovens dos países de língua portuguesa acha a mesma coisa, e a reforma trava mais uma vez?


E você, acha que o bom e velho Português merece mais um ‘lifting’, desta vez global? E a internet, teria culpa no cartório, ou é assim mesmo que a língua evolui?’


JORNALISMO ESPORTIVO
Marcelo Russio


A maldição do lugar comum, 8/05/07


‘Olá, amigos. Esta manhã, indo para o trabalho, ouvi no rádio uma noticia que me deu o mote para a coluna desta semana. Dizia a nota: ‘Maradona aparece em programa de TV e diz que pretende continuar vivo’. A manchete me chamou a atenção imediatamente. Será que isso é notícia? Maradona querer permanecer vivo, a meu ver, é o óbvio. Notícia seria se Maradona chegasse em um programa de TV e dissesse: ‘Quero morrer’. Ou não?


Desenvolvendo o raciocínio, comecei a lembrar de manchetes que li e ouvi ao longo dos últimos anos, e cheguei à conclusão que o lugar-comum é uma das grandes pragas do jornalismo esportivo atual.


‘Time X vai a campo em busca da vitória’, ‘Goleiro Y pretende fechar o gol’, ‘Juiz Z só pensa em fazer uma boa arbitragem’ e ‘Atleta W chega ao clube K disposto a vencer’ são as que imediatamente vêm à minha cabeça. Quem já não leu pelo menos duas destas manchetes em jornais, ou as ouviu em programas de rádio?


Na minha opinião, o que leva um jornalista a escrever ou narrar uma manchete como esta é ou preguiça de pensar em um texto mais elaborado que o óbvio, ou a falta de tempo de raciocinar e criar algo minimamente original, que fuja do famigerado lugar-comum.


Só para se citar um exemplo, na citada entrevista de Maradona a um canal de TV da Argentina, o jogador afirmou, além de que ‘queria continuar vivo’, que era grato pelo tratamento que recebeu dos médicos, que não se drogava há dois anos e meio, e que seu gol contra a Inglaterra em 1986 foi mais importante que o de Messi, jovem craque do Barcelona, contra o Getafe, pelo Campeonato Espanhol, em 2007.


Será que ‘Maradona diz que quer continuar vivo’ é mesmo a notícia que deveria abrir a matéria sobre a sua entrevista? Ou o lugar-comum, aliado à preguiça ou à falta de criatividade, atrapalhou a feitura de uma manchete que, por conter a palavra ‘Maradona’, chama imediatamente a atenção dos ouvintes?


É importante que os profissionais responsáveis pelo texto tenham o senso crítico de saber julgar o que é importante e o que não é. Um exemplo de bom gosto, criatividade, inteligência e senso de oportunidade foi a manchete de capa do caderno de esportes do jornal O Globo na última segunda-feira, em alusão ao título estadual do Flamengo. Com duas fotos, uma das mãos dos torcedores, e outra do goleiro Bruno defendendo um pênalti, a manchete dizia ‘Mãos rubro-negras’. Perfeito. Criativa, nada óbvia, como seria um ‘Flamengo é campeão’ ou ‘Título rubro-negro nos pênaltis’, e ainda aliando imagem e texto de forma complementar.


(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


Povo dengoso, 10/05/07


‘trago Deus


e o diabo


e não consigo


acreditar em mim


(Altar, de Astier Basílio, in Antimercadoria)


Povo dengoso


A considerada Analice Guedes Pereira, socióloga paulistana, ficou ‘impressionada’ com a entrevista de Mangabeira Unger à Folha de S. Paulo e reconheceu que o brasileiro, mesmo com sotaque de gringo, é e sempre foi sensível a um afago:


‘A gente é um povo dengoso, bom e cheio de amor para dar… A pessoa pode ser inimiga da outra, inimiga até de morte, como se diz, mas não resiste àquela mão estendida, ao sorriso franco da generosidade. Mangabeira Unger deixou isso claro na tal entrevista e me convenceu do seguinte: se Lula oferecer um ministério ao Diogo Mainardi e outro ao Arnaldo Jabor, estará tudo resolvido e ele conseguirá sossego para se transformar no maior presidente da história ‘desse país’.’


Janistraquis acha que não será tão fácil, doutora Analice, pois faltaria arranjar ministérios para Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho.


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Autoridade


O considerado Valmir Chagas da Cruz, do Rio de Janeiro, anda aborrecidíssimo com a falta de autoridade que galopa neste país de m…, e tanto aborrecimento levou-o a escrever o seguinte texto a esta democrática coluna:


‘Podem fazer uma pesquisa nacional que o povo brasileiro vai dizer que prefere um presidente como Ernesto Geisel a esse tal de Lula. Ninguém suporta mais a moleza que gera esculhambação! Qual o país que manteria no comando das Forças Armadas um inútil, um b… como Waldir Pires?’


Valmir se valeu de outros e contundentes substantivos e adjetivos com os quais brindou o glorioso ministro da Defesa, juntou mais um balaio de palavrões, porém o antenado colunista, que sempre segue os passos da inteligência, decidiu censurar a mensagem. Janistraquis, que confunde José Gomes Temporão com José Ramos Tinhorão, apoiou a medida:


‘Era Geisel naquele tempo e nós agora, né, considerado? Afinal, esta coluna é lida por crianças e precisamos dar o bom exemplo!!!’


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Vai ter fé assim na…


O considerado Hiroíto Sagawara, comerciante no bairro da Liberdade, leu esta notícia na Folha de S. Paulo e a despachou sem nenhum comentário:


Bebê anencéfala será ícone em ato contra o aborto


A bebê anencéfala Marcela de Jesus Galante Ferreira, que completou quatro meses anteontem, virou motivo de preocupação do movimento pela descriminalização do aborto e, ao mesmo tempo, ícone dos grupos em defesa da vida.


A sua sobrevida, incomum aos anencéfalos, será usada como exemplo antiaborto em um ato público, que acontece sábado, a partir das 10h30, na praça da Sé, centro de São Paulo. Entre os nomes confirmados estão os do padre Marcelo Rossi, do ex-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, e do advogado Ives Gandra Martins.


Janistraquis pensou, pensou e confessou que a notícia o deixou confuso:


‘Considerado, sempre pensei que o aborto fosse instrumento para que anencéfalos não nascessem. Você não acha uma desgraça um bebê sem cérebro?’


Acho, mas o padre Rossi, dom Cláudio e Ives Gandra têm fé suficiente para transformar qualquer descerebrado numa figura importante desta nação.


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Barra pesada


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre a politicagem ainda é possível escutar os festejos palacianos pela rejeição das contas de Geraldo Alckmin na campanha eleitoral, pois Roldão lia o Correio Braziliense quando deparou com a explosiva noticinha:


Guerra no Iraque – DOMINGO VIOLENTO DEIXA 90 MORTOS.


Pelo menos 95 iraquianos morreram em atentados, tiroteios e outros atos de violência em várias regiões do Iraque. (…)’


Roldão protestou:


‘Afinal, quantos foram os mortos?!?!?!?!’


Janistraquis está convencido de que a barra no Iraque anda tão pesada que cinco mortos a mais, cinco a menos, não fazem a menor diferença na contagem diária.


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Macaco na cabeça!


O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, onde boa parte da torcida do Cruzeiro se concentrou para chorar lágrimas de fel, pois Camilo abandonou as colunas esportivas, demitiu-se momentâneamente da fé e deteve atenção redobrada na página de ciência do Estado de Minas. Foi ali que escavou, semi-soterrado sob o chapéu Paleontologia, este título deveras criativo:


Fóssil revela nova espécie de macaco.


Este King-kong perseguidor de jornalistas teria vivido há 10 mil anos e provocou o seguinte comentário de Camilo Viana:


Nós é que estamos velhos para ler títulos assim…


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Privilegiar besteiras


Nem sempre Deus ajuda a quem cedo madruga, deve estar pensando o redator do UOL que acordou com os galos da periferia, encarou o engarrafamento aos primeiros raios de sol e saiu para carregar sua cruz na Redação. Livro Evangélio segundo Lucas nega milagres de Cristo, escreveu ele, numa chamada para a Folha de S. Paulo; então o Altíssimo se vingou da blasfêmia, ao despertar mais tarde a considerada Vanira Kunk, jornalista em São Paulo, que flagrou o tal evangélio.


Logo depois a maldita palavra foi substituída pela boa nova e o título se recuperou do golpe. Janistraquis encontrou no episódio boas razões para meditação:


‘Considerado, tudo isso ocorre por culpa exclusiva dessa mania que temos de privilegiar besteiras. Ora, negar milagres de Jesus nessa altura do campeonato é o mesmo que exigir a recontagem dos gols do Romário!’


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Defensooooorrrr!!!


Amigo botafoguense escreve para fazer o seguinte desabafo: os urubus só não se classificaram à etapa seguinte da Libertadores, mesmo vencendo o Defensor por 2 a 0, ontem à noite no Maracanã, porque os bandeirinhas eram argentinos e não sabiam que é obrigação, pelo menos para seus colegas brasileiros, anular os ataques adversários nas partidas do Flamengo.


Referia-se, principalmente, ao sem-vergonhíssimo bandeirinha da decisão do Campeonato Carioca de domingo passado, o qual deu impedimento de Dodô quando este preparava-se para marcar o gol da vitória do Fogão.


‘O elemento se chama Hílton Moutinho!’, gritou Janistraquis lá de dentro, e repetiu e repetiu, para que a gente jamais esqueça o nome dessa figura deletéria.


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Fumacê arretado


O considerado Isaías Ceccato, paulistano, bibliotecário aposentado, enviou a notícia abaixo, recolhida no UOL:


Prefeitura de SP admite erro em show na Praça da Sé


A Prefeitura de São Paulo reconheceu ontem que a escolha da Praça da Sé para receber o show dos Racionais MC’s foi inadequada. ‘Diante desse incidente deplorável, é claro que houve alguma inadequação, sim’, afirmou Carlos Augusto Calil, secretário municipal da Cultura. Na madrugada de domingo, a Sé virou palco de confronto entre policiais militares e o público que assistia ao grupo de rap. A violência deixou 6 feridos, 14 presos e muita depredação.


Isaías, que nos anos 40/50 assistia aos espetáculos com Francisco Alves e Orlando Silva nas ruas do centro de São Paulo, se disse ‘enojado com a idéia de jerico’ do secretário Calil:


‘Organizar qualquer coisa que leve o nome de ‘cultural’ e convidar os Marginais MC’s é querer se divertir com a cara do contribuinte, né mesmo?’


É, sim, ó Ceccato; Janistraquis acha que, sob a liderança do crack Mano Brown, qualquer evento se transforma em fumaça…


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Nunca esqueça!!!


Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite. (Luís Fernando Veríssimo, enviado pelo considerado Carlos Roberto Costa, de Nova Friburgo.)


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Nota dez


Os considerados Levy Duarte Mendes, Analucia Siqueira de Meneses, Débora Cantalice e mais 26 outros leitores desta coluna exigem que receba nota dez o artigo do advogado Oscar Vilhena Vieira, publicado na seção Tendências/Debates da Folha de S. Paulo e intitulado Que vida, biológica ou moral?


Pois nem havia necessidade de tal ‘pressão’; o artigo de Vilhena é mesmo uma raridade de bom senso nesse areal movediço sobre o qual desocupados de todos os jaezes expelem palpites e bacorejos. Rogo ao considerado leitor que leia o excerto abaixo e visite o Blogstraquis para conferir a íntegra deste escrito deverasmente indispensável.


Pouco tempo antes de deixar o comando do Ministério Público Federal, o então procurador-geral Claudio Fonteles propôs uma ação direta de inconstitucionalidade contra dispositivos da Lei de Biossegurança (…).O raciocínio é simples. A vida começa com a fecundação. O direito à vida é protegido pela Constituição. Logo, fazer pesquisa com células embrionárias é atentar contra a dignidade da vida humana.


O raciocínio do ex-procurador-geral é tão cartesiano quanto incorreto (…).


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Errei, sim!


‘RECENTIMENTOS – Declaração do jogador Müller ao Jornal da Tarde, quando trocou o Torino pelo São Paulo: ‘Não guardo mágoas do clube; tenho recentimentos apenas com a imprensa italiana’. Considerei o texto uma perversidade do JT, ao revelar as deficiências intelectuais do artilheiro, porém Janistraquis defendeu o jornal: ‘Considerado, recentimentos são quando os ressentimentos são por demais recentes’, explicou. Por via das dúvidas, mandei-o consultar o professor José Goldenberg, que é o ministro da Educação – ou era, até o instante em que encerrávamos esta edição.’ (setembro de 1991)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP) ou moacir.japiassu@bol.com.br).


(*) Paraibano, 64 anos de idade e 45 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu oito livros, dos quais três romances.’


VIRADA CULTURAL
José Paulo Lanyi


Irlandeses, estudantes e os fãs do Mano Brown, 14/05/07


‘Discurso do líder dos direitos civis irlandês Ivan Cooper minutos antes das ocorrências que cobririam o governo e a coroa britânicos de infâmia, no episódio que seria conhecido como o Domingo Sangrento (Bloody Sunday). No dia 30 de janeiro de 1972, pára-quedistas ingleses atiraram, com ‘balas de verdade’, em manifestantes que marchavam em Derry, Irlanda do Norte, contra uma espécie de AI 5 que permitia prisões sem julgamento por tempo indeterminado. A ação militar resultou em 27 pessoas baleadas, dentre as quais 13 morreram.


‘Foi um dia difícil, mas um dia glorioso para Derry. Todos nós descendo a colina, juntos. Homens, mulheres e crianças. (…) Mas não podemos esquecer nessa confusão toda que temos uma escolha a fazer. Não se trata do que queremos. Isso nós sabemos: mudanças radicais. O fim de Stormont. E o fim da dominação unionista. A escolha é sobre como o faremos. É uma escolha entre a violência e a não-violência. Se vamos dar um futuro para as crianças dessa cidade, para os rapazes que estão ali, protestando todos os dias… Se quisermos dar um futuro a esses rapazes temos de mostrar que a não-violência funciona. Se não o fizermos, não serão apenas pedras que eles jogarão. Os direitos civis não são a escolha mais fácil, quando nos atiram tijolos, quando os soldados nos atacam. Não é fácil quando ouvimos alguém dizer: ‘Vamos pegar as armas e nos vingar’. Mas se acreditarem no movimento dos direitos civis com todo o coração, se acreditarem no que Gandhi e Martin Luther King acreditaram, assim como eu acredito, então, com uma única marcha, triunfaremos’.


O governo britânico não havia autorizado a marcha, mas os habitantes de Derry, liderados pelo deputado pacifista Ivan Cooper, insistiram no protesto e foram às ruas. O desfecho poderia ter sido diferente, não fosse o erro cometido por um pequeno grupo de jovens que, contrariando as determinações dos seus líderes, provocaram e atiraram pedras nos militares. Não se trata de justificar os atos dos assassinos, isso nunca, mas de mostrar que (ó, grande descoberta) toda ação gera uma reação. Estou convicto de que, tivessem ouvido as palavras de Ivan Cooper, ao menos algumas das vítimas teriam ficado vivas para contar a história. Talvez todas elas.


É o que depreendo do que nos foi relatado no fime ‘Domingo Sangrento’, de Paul Greengrass. É um longa com pinta de documentário dramatizado. Mais do que isso. Competente, a equipe conseguiu fazer com que todos nós estivéssemos ali mesmo, em Derry, no dia 30 de janeiro de 1972. Optou-se por abrir mão de recursos cinematográficos como luz, trilhos, carrinhos ou gruas. Chegou-se a um realismo espantoso.


Assisti a esse filme em DVD, nesta semana, a mesma em que um grupo de vândalos queimou um carro, destruiu bancas de jornal, fez o diabo e enfrentou a polícia na madrugada da Virada Cultural em São Paulo. Consta que ‘os mano’ ficaram revoltados com o atraso do show dos Racionais MC’s, grupo de rappers liderado pelo brilhante Mano Brown. A baderna se instalou e transformou o cenário do centro da cidade, por onde eu andava com amigos da dramaturgia&afins. Digo ‘transformou’ porque, poucos minutos antes, por onde passávamos notávamos a alegria das pessoas. O diretor e roteirista Leandro Barbieri, nosso colega de ‘Literário’ aqui do Comunique-se, chamara-me a atenção para uma atmosfera rara na cidade: milhares de pessoas numa noite quente, andando pelo centro, daqui para lá, de lá para cá, madrugada adentro, em clima de paz e harmonia, felizes por testemunhar uma miríade de manifestações culturais. Chegamos mesmo a ir para o local onde seria realizado o show dos Racionais. Eu mesmo fora um dos entusiastas, dissera que os Racionais tinham alguns problemas, às vezes pareciam fazer apologia ao crime, etc., etc. Mas que, assim mesmo, eram verdadeiros e talentosos. Ficamos lá, esperando o show, que começaria às 3 da manhã. E nada. Fomos, então, embora dali para a Casa das Rosas, na Paulista, onde outro grupo dramatizava e cantava canções do Chico Buarque. No dia seguinte, leria na internet sobre o vandalismo. Fiquei frustrado e ainda mais descrente em nós mesmo, a tal da maldita raça humana.


Por que eu falo disso num espaço que discute mídia e jornalismo? Porque eu soube que outro amigo nosso estivera lá, no show dos Racionais, e que ficara satisfeito por ter atirado pedras nos policiais. É uma boa pessoa, que tempos atrás estava estudando jornalismo. Entendo essa disposição da juventude de lutar (literalmente) por uma causa. O problema é que o nosso amigo errou duas vezes: a causa era injusta, assim como a violência empregada. Rebeldia sem causa se cura com rebeldia com causa ou com integração a uma causa justa. Sugiro aos rebeldes que se juntem e protestem pacificamente, que apertem os governos e a sociedade contra todas as nossas injustiças. Ou que coloquem a mão na massa, gente miserável é o que não falta à espera de um bom coração. Façam o que bem entenderem, mas, por favor, tenham responsabilidade. Me peguei pensando na verdade de alguma frases surradas, como ‘violência gera violência’. Há quem pense que o pacifismo é um sinal de fraqueza ou de acomodação. Bobagem, quem diz isso não conhece o poder do diálogo e da democracia. Quem diz isso não conhece a vida de Gandhi e não conhece a história da independência da Índia.


Jornalistas têm, em geral, um espírito contestador. É um começo. Mas é preciso sair da adolescência e fazer bom uso de toda essa energia. Esse meu amigo, o estudante de Jornalismo, haverá de entender que existe hora de avançar e hora de parar. E que existe hora de pensar.


Voltemos a janeiro de 72. Ao fim do episódio de Derry, Ivan Cooper apresentou o saldo político do massacre, em uma entrevista coletiva:


‘Apenas quero dizer para o governo britânico: vocês sabem o que fizeram, não é mesmo? Vocês destruíram o movimento pelos direitos civis. E deram ao IRA [Exército Republicano Irlandês, notabilizado por seus métodos terroristas] a maior vitória que eles já tiveram. Por toda a cidade, hoje à noite, jovens garotos vão se juntar ao IRA , e vocês vão colher uma tempestade’.


Concordo com Cooper, mas devo reiterar: se todos os manifestantes tivessem realizado uma marcha verdadeiramente pacífica, não teriam dado aos militares britânicos a desculpa de que estes só mataram por revidar aos ataques. É possível que tivéssemos menos mortes, menos feridos. E uma só vida ainda vale alguma coisa neste mundo. Ao menos para mim.


(*) Jornalista, escritor, crítico, dramaturgo, escreveu quatro livros, um deles com o texto teatral ‘Quando Dorme o Vilarejo’ (Prêmio Vladimir Herzog). No jornalismo, tem exercido várias funções ao longo dos anos, na allTV, TV Globo, TV Bandeirantes, TV Manchete, CNT, CBN, Radiobrás e Revista Imprensa, entre outros. Tem no currículo vários prêmios em equipe, entre eles Esso e Ibest, e é membro da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes).’


JORNALISMO & INTERNET
Carlos Chaparro


Internet, o novo oxigênio do jornalismo impresso, 11/05/07


‘O XIS DA QUESTÃO – Aos jornais impressos, a Internet já fez um grande bem, graças às fantásticas possibilidades de difusão instantânea e universal dos conteúdos impressos. Com o uso intensivo da Internet, os jornais de papel decidiram não morrer: registram crescimento em tiragens, receitas publicitárias e número de leitores. Boas notícias, portanto.


1. Melhores leitores na Internet


Gostei de saber que as pessoas dialogam cada vez mais facilmente com os textos jornalísticos difundidos pela Internet. Essa é a interessante descoberta feita por pesquisadores do Poynter Institute, escola de jornalismo localizada na Flórida. O estudo revela que os leitores online lêem, em média, 77% do texto dos conteúdos escolhidos, 15% a mais do que o índice médio de leitura feita, entre os usuários de jornais impressos.


Por questão de justiça, devo dizer que tomei conhecimento do assunto por meio do ‘Ex-blog do César Maia’, que vem a ser o antigo blog difundido apenas por e-mail. Mas isso pouco interessa. O que interessa é o conteúdo que César Maia ajudou a divulgar.


Segundo a professora Sara Quinn, que dirigiu a pesquisa, pela primeira vez se fez um grande levantamento público internacional para comparar atitudes de leitura entre pessoas que lêem notícias na Web e pessoas que lêem notícias em jornais. E na avaliação dos dados levantados, os responsáveis pelo projeto concluíram que as pessoas que se informam pela Internet prestam mais atenção ao que lêem.


A investigação cercou-se de cuidados metodológicos e de sofisticados recursos tecnológicos – como, por exemplo, o monitoramento do movimento de olhos dos leitores, com a utilização de câmeras de alta definição, focadas no olho direito dos investigados.


Na mesma pesquisa, um teste ainda em fase de experimentação revelou que os leitores da Internet respondem corretamente mais questões sobre notícias do que as pessoas informadas pelos jornais.


2. Um mundo novo de possibilidades


Não sei o que isso pode significar. Mas a revelação me transporta a oito anos atrás. Na época, usei dados de estudos realizados nos Estados Unidos e no Brasil para escrever que a Internet já se tornara o principal canal de suprimento das redações, nos meios tradicionais.


Morrerão os jornais impressos? – era a pergunta que o fenômeno da Internet já então suscitava, assustando os fanáticos defensores do jornal de papel.


Jamais dei grande importância à pergunta, por estar convencido de que os jornais impressos sobreviveriam, e até se fortaleceriam, desde que soubessem usar a Internet, como tecnologia nova de difusão. Mas, acreditava eu, eles teriam de encontrar outras formas de ser, dizer e agir, nos relacionamentos com os leitores. E teriam de aprender a utilizar as infovias da Internet, para fazer chegar a cada vez mais gente e cada vez mais longe os conteúdos impressos.


Pois os jornais aprenderam. Hoje, os grandes e médios jornais têm a sua versão eletrônica. E a usam em combinações estratégicas com a versão impressa.


Se a Internet é um bem ou um mal para o jornalismo, saberemos daqui a alguns anos. Mas, aos jornais impressos, ela já fez um grande bem, graças às fantásticas possibilidades de difusão instantânea e universal dos conteúdos impressos.


Na verdade, a Internet foi a primeira grande tecnologia de difusão a beneficiar os jornais impressos. Antes da Internet, todas as tecnologias de difusão da revolução digital beneficiaram somente os meios eletrônicos, em especial a televisão, que se tornou capaz de transmitir ao vivo qualquer acontecimento em qualquer parte do mundo, com som, imagem, cores e movimento.


Enquanto a televisão se beneficiava dos sistemas de comunicação à distância por satélite, aos jornais coube o benefício das tecnologias de produção, graças às quais se baratearam custos, se eliminaram etapas e se ampliaram extraordinariamente as possibilidades de enriquecer, diversificar, sofisticar e acelerar as interfaces visuais do discurso jornalístico impresso.


Desse modo, surgiram e passaram a ter uso intensivo os resumos infográficos. Além de agregarem beleza à fisionomia dos jornais, passaram a ser a mais importante ferramenta didática da interpretação jornalística.


Graças ainda às tecnologias de produção gráfica, o desenho gráfico-artístico do jornalismo impresso pôde dar asas à criatividade, com as novas possibilidades de construir e aclarar sentidos, na combinação de elementos verbais, para-verbais e não verbais.


Já no que se refere à difusão, só com a Internet surgiu, para os meios impressos, a possibilidade de, finalmente, superar as limitações físicas da distribuição tradicional.


Hoje, graças à Internet e aos seus surpreendentes recursos de difusão e interação, os jornais podem sonhar com um mundo novo de possibilidades. À disposição de estratégias e táticas empresariais de crescimento, os velhos jornais de papel têm hoje possibilidades antes inimagináveis, de se beneficiarem com interações entre os tempos, os espaços, os ritmos, as tecnologias e as linguagens dos diversos meios de comunicação.


3. Cenário otimista


Por notícia que o Comunique-se deu quarta-feira passada, sabe-se que os jornais decidiram não morrer. Ao contrário: registram crescimento em tiragens, receitas publicitárias e número de leitores, hoje calculados em quase um bilhão e meio.


Essa é a grande novidade divulgada pelo relatório anual ‘World Press Trends (Tendências Mundiais de Imprensa), elaborado pela Associação Mundial de Jornais.


Realizada em 200 países, a pesquisa reuniu dados que reacendem a fé no jornalismo impresso: em cinco anos, a circulação de jornais cresceu 8,7%; o número de publicações também subiu, para mais de 11 mil títulos, ‘um número histórico’, segundo a Associação; e o faturamento publicitário cresceu 4% em 12 meses.


Como sinal mais evidente de que o cenário é otimista, o relatório revela que mais de seis bilhões de dólares foram investidos nos últimos 18 meses, em impressão de jornais e na produção de equipamentos.


Por obra do acaso ou não, os ventos otimistas começaram a soprar mais fortemente a favor dos meios impressos depois que o uso estratégico da Internet se tornou intensivo por parte dos jornais. Eles já sabem e conseguem, por exemplo, usar a Internet para fazer combinações entre fluxos, tempos e públicos, em diferentes locais e a diferentes distâncias.


Os jornais aprenderam, enfim, a tirar proveito do extraordinário poder de alcance e simultaneidade dos novos instrumentos de difusão, colocando em circulação universal, pelas infovias, conteúdos originariamente impressos em papel. E vice-versa.


Também por isso, o jornalismo não é mais o mesmo. Perde tempo quem insiste em pensar e discutir jornalismo como se o mundo continuasse o mesmo de 1950.


(*) Carlos Chaparro é português naturalizado brasileiro e iniciou sua carreira de jornalista em Lisboa. Chegou ao Brasil em 1961 e trabalhou como repórter, editor e articulista em vários jornais e revistas de grande circulação, entre eles Jornal do Commercio (Recife), Diário de Pernambuco, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Diário Popular e revistas Visão e Mundo Econômico. Ganhou quatro prêmios Esso. Também trabalhou com comunicação empresarial e institucional. Em 1982, formou-se em Jornalismo pela Escola de Comunicação de Artes, da USP. Também pela universidade ele concluiu o mestrado em 1987, o doutorado em 1993 e a livre-docência em 1997. Como professor associado, aposentou-se em 1991. É autor de três livros: ‘Pragmática do Jornalismo’ (São Paulo, Summus, 1994), ‘Sotaques d’aquém e d’além-mar – Percursos e gêneros do jornalismo português e brasileiro’ (Santarém, Portugal, Jortejo, 1998) e ‘Linguagem dos Conflitos’ (Coimbra, Minerva Coimbra, 2001). O jornalista participou de dois outros livros sobre jornalismo, além de vários artigos (alguns deles sobre divulgação científica pelo jornalismo), difundidos em revistas científicas, brasileiras e internacionais.’


MEMÓRIA / OCTAVIO FRIAS
Comunique-se


Sobre Octavio Frias de Oliveira, 14/05/07


‘Fonte: Fazendo Media – Hamilton Octávio de Souza é professor de jornalismo da PUC-SP e ex-jornalista da Folha de S. Paulo (1983 a 1986). Vasco Oscar Nunes foi jornalista da Folha entre 1970 e 1979. Ambos vieram a público oferecer suas versões sobre o empresário Octávio Frias de Oliveira ‘para não deixar que a história seja reescrita conforme os interesses dos poderosos’, como assinalou Hamilton.


Seguem abaixo os dois depoimentos, que chegaram à Redação via mensagem eletrônica. Primeiro o de Hamilton Octávio de Souza, depois o de Oscar Nunes. Importante: Nicoleta, mencionado no segundo depoimento, foi demitido do jornal Meio & Mensagem, onde era editor, após publicar uma reportagem sobre o empresário Octávio Frias Filho.


Depoimento de Hamilton Octávio de Souza:


Apenas para não deixar que a história seja reescrita conforme os interesses dos poderosos.


1) Otávio Frias de Oliveira comprou o grupo Folha da Manhã, em 1962, junto com Carlos Caldeira (que era um verdadeiro gangster), depois que o antigo proprietário tinha sido estrangulado financeiramente pelos agiotas. Foi um negócio de grande oportunismo e típico de aproveitadores e aves de rapina. Ambos eram donos da antiga rodoviária de São Paulo, um verdadeiro caça-níquel.


2) Durante a Ditadura Militar, a partir de 1964, o grupo Folha passou a apoiar integralmente o regime. Depois do golpe dentro do golpe, em 1968, o jornal passou a colaborar com a repressão aos movimentos operários, estudantis e às organizações que entraram para a luta armada. Os carros da Folha eram usados por policiais e arapongas. Otávio Frias entregou o jornal Folha da Tarde para os policiais da repressão; durante anos o jornal abrigou policiais, informantes, dedos-duros; e serviu para divulgar os ‘ATROPELAMENTOS’ de militantes das esquerdas mortos sob tortura.


3) A contrapartida da Folha foi receber subsídios do governo, isenções de impostos de importação e financiamentos para modernizar o parque gráfico.


4) A Folha de S. Paulo foi tão fiel à ditadura que jamais teve censores em suas redações e gráficas, como em outros jornais e revistas. A autocensura do jornal atendia perfeitamente os interesses da ditadura. O apoio da Ditadura ao grupo Folha fazia sentido porque o Estadão, da família Mesquita, desde o AI-5 (1968), tinha decidido fazer oposição ao regime, e a Ditadura queria fortalecer em São Paulo um jornal concorrente e submisso.


5) A campanha das diretas foi uma iniciativa do PT, em 1983. Tanto é que o partido organizou um grande comício no Pacaembu, em outubro de 1983, para o qual foram convidados inúmeros movimentos sociais e organizações políticas. Vários partidos existentes na época (PMDB, PTB e PDT) mandaram representantes para esse comício. Logo depois, os jornalistas da Folha de S. Paulo escreveram um documento (abaixo-assinado) apoiando a luta pelas diretas e praticamente toda a redação do jornal havia assinado o documento. Esse abaixo-assinado foi levado ao dono do jornal, Otávio Frias, que concordou em abrir as páginas do jornal para a campanha, publicou editorial apoiando a defesa da emenda Dante de Oliveira, que seria votada no Congresso Nacional. Na verdade, quando a Folha entrou na campanha, ela já estava nas ruas, e foi por pressão da redação. O jornal transformou a campanha das diretas no seu próprio m arketing para aumentar vendas e se tornar o porta-voz da ‘sociedade civil’ empenhada na democratização do País.


6) É muito estranho que o atual presidente da República, que conhece bem essa história toda, tenha declarado no velório do empresário Otávio Frias que a campanha das diretas não teria existido sem ele. Ou o presidente da República está sofrendo de amnésia ou está querendo atribuir aos poderosos (empresários, elites etc) a glória de uma luta que pertence ao povo brasileiro.


Conclamo os companheiros e companheiras a não aceitar que a história seja distorcida. Vamos preservar a memória das lutas dos trabalhadores e das esquerdas.


Depoimento de Vasco Oscar Nunes, em carta enviada à sua filha:


Filha!


Aí vai a minha opinião pessoal, pois vivenciei como jornalista e testemunhei o que ocorreu nas ‘Folhas’ de 1970 a 1979.


A punição de Nicoleta é injusta porque ele fez, apenas, o que qualquer bom jornalista faz: bom jornalismo. O ‘box’ introduzido por ele é prática normal e utilizado para complementar ou dar o outro lado da matéria. O conteúdo do ‘box’ é correto, segundo os depoimentos conhecidos. Nicoleta foi mais uma vítima da autocensura instalada até hoje nos jornais e que, ainda impede a publicação de qualquer fato que vá contra os interesses das elites ou a favor do atual Governo Federal. As ‘Folhas’ continuam do seu lado: ou seja, o dos poderosos de ontem, de hoje e de sempre e que agora estão empenhados em impedir que o Presidente da República vete a ‘famigerada’ Emenda 3, que, se instituída, prejudicará os trabalhadores. Nicoleta foi mais uma vítima da autocensura, desta vez, na ‘Meio & Mensagem’.


OS DOIS FRIAS


Frias era, como se diz, um ‘come quieto’, um ‘por dentro, pão bolorento, por fora bela viola’….. Qualquer pessoa que o conhecesse o julgava uma ótima pessoa. Cortez, gentil, amigável, fala mansa, um diplomata, um ‘gentleman’. Mas no recôndito do seu egoísmo era um ditador. Só que não aparecia nunca como o responsável. Ele dava as ordens para prepostos que faziam o serviço sujo e sobre eles recaíam as culpas. Assim se resguardou a vida toda. E quando havia críticas ou queixas, elas recaíam no chefe do Departamento de Pessoal, nos diretores dos jornais ou ia parar nas mãos dos advogados para que resolvessem os problemas. Para ele, a vida continuava serena como aparentava. Sempre fechado, pouco acessível, mas jovial e simpático com quem dele se aproximasse. No entanto, os seus prepostos serviam, humilhantemente, ao ‘grande senhor’. Mas, tudo, com muita classe e muita pose democrática.


‘BODES EXPIATÓRIOS’


Outro a quem recaíam as culpas era o seu sócio, Carlos Caldeira Filho, que era ‘pintado’ como o ‘mau patrão’. Hoje, as ‘carpideiras’ do Frias tentam responsabilizar a sua sabujisse à Ditadura como ‘coisa’ do Caldeira e do diretor do jornal ‘Folha da Tarde’. Mas, é necessário atentar para o fato de que o ‘poderoso chefão’ era o Frias e não o Caldeira, e se ele discordasse de alguma coisa, cabia a ele corrigir. No entanto, de 1964 até às ‘Diretas Já’ as ‘Folhas’ cumpriram ‘diligentemente’ o receituário dos Militares. E Frias nunca mudou isso… É evidente que ele as apoiava… E, é claro, foi o único beneficiado e que lucrou com essa posição política de solidariedade com os militares.


AUTOCENSURA


As ‘Folhas’ não sofreram censura, em momento algum, pois os próprios editores tinham ordens de fazer a ‘triagem’ do que publicar, numa autêntica autocensura. As ‘Folhas’ nunca fizeram qualquer crítica à Ditadura, encarando-a nos 21 anos de sua duração. como fato natural e normal. Bem diferente do que faz hoje, uma oposição sistemática e ‘cega’ a qualquer medida governamental, por melhor que ela seja. O Frias instituiu um jornalismo com duas faces: uma a favor das elites, militares, repressores e amigos; e uma outra para os que não faziam o seu jogo de interesses de classe.


‘POSIÇÔES IMPOPULARES’


Assim, todas as críticas ao Frias têm procedência. Porque se ele era o dono do jornal, não tinha cabimento as ‘Folhas’ tomarem as posições antipovo, antitrabalhadores que tomaram nesses anos todos e que, aliás, mantém até hoje.


TFP, MALUF E BORIS CASOY


Foi o Frias que, pessoalmente, determinou a publicação diária, até há algum tempo atrás, das colunas odiosas e odientas da TFP e toda a grande cobertura jornalística que essa entidade antiReforma Agrária recebeu.


Frias, também, apoiou, pessoalmente, a indicação de Maluf como candidato partidário ao Governo do Estado de São Paulo, contra Laudo Natel, numa das campanhas mas ricas da História da Política Brasileira, o que determinou, com a derrota de Natel, o fim de sua longa carreira política. Natel, surpreendido pelo resultado, acreditava que tinha o apoio do Frias. Era comum, naqueles dias, vê-lo visitando os diretores de jornais do Grupo. A tumultuada convenção, no domingo da eleição, ainda não havia terminado na Assembléia Legislativa, mas, Maluf já estava nas ‘Folhas’, por volta das 19 horas, agradecendo o apoio pessoal dado por Frias, que já o esperava. Natel, a partir desse momento, magoado com Frias, desapareceu dos noticiários e da vida pública…


Também foi o Frias que ‘inventou’ e nomeou o desconhecido ‘assessor de imprensa’ de Maluf, Boris Casoy, ativista de extrema-direita dos movimentos estudantis e simpatizante do CCC, diretor de redação da ‘Folha de São Paulo’. Assim começou a carreira na grande imprensa desse ‘porta-voz’ das elites. Casoy se notabilizou na FSP por ‘podar’ e ‘perseguir’, dissimuladamente, os chamados jornalistas ‘progressistas’. Foi um silencioso tempo de ‘caça às bruxas’! Foi um tempo de terror para os jornalistas da Folha de São Paulo!


O INTERNVENTOR SINDICAL EM 1964


Nos primeiros dias de abril de 1964, logo após a posse do Marechal Castelo Branco, começou o desmonte sindical. Todas as forças políticas e conônicas se agitaram para influenciar a escolha dos ‘interventores’. Em todo o Brasil o patronato de Extrema-Direita pressionou os generais da linha dura para favorecer os seus indicados. E em todos os sindicatos foram indicados pessoas ligadas a esses interesses patronais. Um dos primeiros sindicatos a receber a nomeação de um inteventor foi o SJPESP que tinha uma tradição de luta contra os patrões e que era, por estes, considerado área de influência do Presidente João Goulart.


Foi com base nesse argumento que foi escolhido um desconhecido funcionário das ‘Folhas’ com o único mérito de se dizer que entendia de sindicalismo. E, surpreendentemente, o escolhido foi Adriano Campagnolli, pessoa de confiança de Frias e Caldeira e que garantiu, em todos os 10 anos que seu grupo esteve no Sindicato, que nenhum problema fosse criado nos jornais do Grupo ‘Folhas’. Depois de 7 anos, Campagnolli passou, por eleição, a presidência para Romeu Aneli, que, em1975, perdeu a eleição para o Movimento de Fortalecimento do Sindicato que elegeu Audálio Dantas. que tomou posse em abril de 1975. E foi nesta gestão que os jornalistas de são Paulo reagiram em protesto contra a morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em dependências do DOI-CODI, e iniciaram uma nova página na nossa História Política: a da abertura democrática.


‘DELEGACIA CAMUFLADA’


Quando começou a queima de carros da ‘Folha de São Paulo’ como reação ao apoio à repressão policial em São Paulo, a ‘Empresa’ criou, junto à portaria na Alameda Barão de Limeira, uma Delegacia policial ‘camuflada’, é claro, e com o aval dos donos da Empresa, porque, ao contrário, isso não ocorreria. A Delegacia era integrada por policiais civis lotados na Secretaria de Segurança Pública e comandada pelo delegado Bin, um ex-delegado aposentado do DEOPS, que morava no prédio ao lado das ‘Folhas’. Assim, ficava sempre à disposição dos seus superiores na Empresa…


A Delegacia era bem disfarçada e seus policiais não se envoviam em questões de rotina. Os funcionários da Portaria também não se envolviam nas quesstões policiais e não se misturavam ou se ajudavam… Por determinação superior, eram dois trabalhos diferentes e que nada tinham em comum. Os empregados da Portaria não gostavam de ser confundidos com os policiais. Tinham muito medo que pudesse acontecer alguma coisa com eles por causa da sua proximidade com os policiais durante o trabalho, pois ficavam todos na bem espaçosa Portaria-Delegacia. Sempre um mínimo de três policiais trabalhavam noite e dia. Tinham muito trabalho vigiando, igualmente, funcionários e não funcionários para impedir qualquer ação contra a Empresa. Mas tudo era feito com muito cuidado, discrição e ‘sem dar bandeira’…


Quem não fosse da Empresa não percebia a presença dos policiais. Com o passar dos anos e pelo fato de nada de mais grave ter acontecido, os funcionários acabaram se acostumando com os policiais e passaram a encará-los como normais e naturais. Essa Delegacia existiu, pelo menos, até depois da Greve dos Jornalistas de 1979, quando esses policiais tiveram grande atividade fiscalizando os grevistas e os entregando aos seus chefes. Várias demissões em todos os jornais aconteceram. Esses policiais estavam diretamente ligados aos órgãos de repressão. A Delegacia tinha a ficha de todos os funcionários e vigiava, discretamente, à distância, todos os que eram suspeitos de serem de ‘esquerda’. Os funcionários daqueles dias, sabiam da existência da Delegacia, da presença dos policiais e os temiam, daí, talvez, as poucas ocorrências que se têm notícia. Era considerada uma Delegacia ‘preventiva’ e tinha o aval oficial da Secretaria de Segurança Pública. Sempre se fez muito silencio sobre essa Delegacia, mas os mais antigos sabem que de fato isso ocorreu e as maiores testemunhas são os próprios jornalistas que cobriam a área policial.


Filha! É claro que os atuais responsáveis pela Empresa não vão confirmar a minha narrativa e muito menos os detalhes… Possivelmente, terão desculpas e explicações para cada fato por mim narrado. Mas, tenho a consciência tranqüila de que tudo é a mais pura verdade, podendo, é claro, ter me enganado num ou noutro detalhe, mas, em linhas gerais e no seu todo, é tudo verdade, mesmo…


Filha, é isso aí!


Fui demitido da Folha da Tarde, como secretário-gráfico, porque fiz a greve de 1979. Também, ao mesmo tempo, de ‘A Gazeta’, onde editava a pagina de ‘Internacional’. Além da Greve, eu era muito visado por ser anistiado político, por ter sido no SJPESP delegado à FENAJ na gestão Audálio Dantas e por ter sido o criador e fundador em 1974 do MFS – Movimento de Fortalecimento do Sindicato.


Vivi e sou testemunha do que narro acima…


A redação do Comunique-se entrou em contato com a direção da Folha de S. Paulo e ofereceu espaço equivalente para o veículo se manifestar sobre a figura histórica que é Octavio Frias de Oliveira. Ainda aguardamos resposta.’


TELEVISÃO
Antonio Brasil


O poder da TV nas finais dos campeonatos, 7/05/07


‘A televisão como conhecemos está em crise. Assim como o rádio no passado, hoje a TV perde audiência, prestígio e poder para as novas tecnologias como a Internet. Até aí, nenhuma novidade. Mas nesse último domingo, nas finais de campeonatos em diversos estados brasileiros, a velha TV deu mais uma demonstração contundente do seu poder.


Foi um show de futebol no campo, um espetáculo de torcidas apaixonadas nas arquibancadas e de uma transmissão ao vivo competente pela TV. Mas, sinceramente, poderia ser muito melhor.


Muito brasileiros, como eu, não quiseram ou não puderam assistir às finais do campeonato nas arquibancadas. A decisão de não ir aos estádios, assistir aos jogos pela TV para muitos ‘puristas’ é ainda considerada impensável. Uma heresia ao futebol e uma traição à torcida. Mas todos possuem seus motivos ou justificativas. Do desconforto à falta de segurança dos estádios, do alto preço dos ingressos às dificuldades de trânsito. Não faltam razões tanto para ir aos estádios como encontrar os amigos para assistir aos jogos nos bares da vida ou simplesmente na companhia solitária da telinha. Entre ir aos estádios e assistir pela TV, qual seria a sua opção? Transmissão ao vivo pela TV tira torcedores dos estádios?


Assisti à final do campeonato carioca pela TV. Se você ainda não sabe, pois estava em estado de coma ou ausente do planeta, o Flamengo foi campeão.


Para quem viveu fora do Brasil durante tantos anos, para quem sentiu tanta saudade dessas finais e ainda é apaixonado por futebol e televisão essa decisão não é menos difícil. É quase dolorosa. E quem já foi a uma final de campeonato no Maracanã, por exemplo, sabe muito bem o que estou tentando explicar.


Em um jogo emocionante até o último segundo com direito à decisão histórica nos pênaltis, a grande atração, no entanto, não estava no campo. Estava nas arquibancadas.


O duelo das torcidas do Flamengo e do Botafogo pela primazia do espetáculo foi uma das coisas mais emocionantes que já pude testemunhar. Mesmo que seja, ou principalmente, graças à televisão.


As câmeras estrategicamente espalhadas pelo estádio mostraram imagens nunca dantes vistas no velho Maraca. Essa ousadia combinada com muita criatividade brindou os telespectadores com um espetáculo maravilhoso. Futebol pela TV ainda tem muito o que criar, inovar ou inventar. Mas após muitos anos é, sem dúvida, um belo espetáculo para olhos. As imagens do futebol pela TV descobre o passado nas imagens dos replays e tira-teimas e prevê o futuro ao oferecer sempre ângulos cada vez mais ousados e criativos.


Por outro lado, a transmissão dos narradores, comentaristas e repórteres ainda está na idade da pedra, quero dizer, em plena idade do rádio. Fala-se muito e informa-se pouco. Continua o mesmo FebeaTV, o festival de besteiras que assola a nossa TV. Narração fria, impessoal, desatualizada que não acrescenta nada acrescida de comentários óbvios. Minha sugestão seria incentivar o trabalho dos repórteres no campo, nas arquibancadas ou em volta dos estádios, mesmo durante a partida e diminuir o espaço dos comentaristas ou especialistas inúteis. A reportagem, mesmo nas finais de campeonato, ainda é a essência do jornalismo. Algumas boas idéias ainda são muito velhas e óbvias.


No último domingo aqui no Rio, a Globo lançou o camarote de celebridades no Maracanã. Foi uma total perda de tempo e recursos. Repito. O maior espetáculo da Terra estava no campo e nas arquibancadas. Nas arquibancadas.


Ao invés do conforto de um camarote de celebridades desconhecidas, a reportagem deveria estar junto das torcidas. Jornalismo de verdade, assim como viver, dá muito trabalho e também pode ser perigoso. Mas sempre vale a pena.


(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Trabalhou no escritório da TV Globo em Londres e foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’ e ‘O Poder das Imagens’. É torcedor do Flamengo e não tem vergonha de dizer que adora televisão.’


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