SILÊNCIO
Até onde chegar em busca da verdade?, 14/3
‘Ou a Procuradoria Geral da República, a Polícia Federal, o Itamaraty e até os grandes jornais estão trabalhando muito em silêncio ou estamos mesmo bobeando em relação ao escândalo dos depósitos ilegais no LGT, maior banco de Liechtenstein. O LGT, pertencente à própria casa real do país, é um dos três únicos paísinhos europeus (os outros dois são Mônaco e Andorra) que garantem completo sigilo fiscal, até para depósitos ilegais de evasão fiscal e outras bandalheiras.
O escândalo estourou no mês passado, quando o serviço secreto alemão comprou de um ex-empregado do banco um DVD revelador de centenas de impostodutos instalados por executivos de grandes empresas e, possívelmente, altos funcionários públicos. A compra do DVD a um outro malandrão (mesmo tendo sido um criminoso furto, classificação dada pelo ministro da Justiça de Liechtenstein, foi considerada um ótimo investimento pelo governo alemão – pouco mais de 4 milhões de euros (uns 10 milhões de reais) – porque até agora os primeiros chamados a se explicar já aceitaram pagar mais de 35 milhões de euros. E ainda há mais de 500 na fila de acusados para contar a história e devolver o dinheirinho.
O Reino Unido rapidamente se mexeu e arranjou um disquete semelhante, provavelmente com o mesmo malandrão. E também Estados Unidos, Itália, Grécia, Finlândia, Noruega, Austrália, França, Suécia, Nova Zelândia e Canadá estão em cima do assunto, exigindo explicações do Banco do Príncipe ou, é claro, verificando se o malandrão tem mais algum DVD para vender.
E nós – o país que tanto produz propinodutos, desfalcodutos e até bolsadutos, todos de alta qualidade – ainda não nos mexemos? Somente dois outros ´paraísos` fiscais resistem na Europa e continuam assegurando ´proteção` a dinheiro de origem criminosa: Mônaco e Andorra. Suíça, Luxemburgo e Áustria, que também tinham esse mau comportamento já adotam medidas para não mais proteger dinheiro de origem ilegal.
O caso é mais uma ilustração da importância da delação premiada, da compra de provas e de penas mais fortes para o perjúrio (especialmente em questões que envolvam o patrimônio público). Investigação e processo semelhantes no Brasil certamente exigiriam anos de trabalho – se é que algum dia chegariam ao fim.
A delação premiada, adotada timidamente no Brasil, encontra resistência até nas procuradorias e no Judiciário, porque alguns agentes da Lei não a consideram ´ética´.
Aí vem o traiçoeiro debate sobre o princípio magno de Maquiavel – ´os fins justificam os meios´. O que inclui a velha pergunta que também nós, jornalistas, enfrentamos no exercício da segunda profissão mais antiga do mundo: até que ponto pode-se chegar na busca da verdade?
(*) Milton Coelho da Graça, 77, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se’
FUTEBOL
Viva o recurso eletrônico, 11/3
‘Olá, amigos. Recebi, nesta semana, um e-mail de um colega (Mario Lima Cavalcanti), falando sobre a recusa da Fifa em utilizar recursos eletrônicos nas partidas de futebol, para auxiliarem a arbitragem. Há um bom tempo venho ouvindo e lendo depoimentos de jornalistas contra e a favor destes recursos, e confesso que minha opinião se divide entre o racional e o utópico.
O racional diz que não é factível se adotar um recurso eletrônico em TODOS os campos do mundo, seja nos europeus, seja nos africanos ou sul-americanos. Nesse ponto, o argumento da Fifa é interessante. O lado utópico diz que o recurso eletrônico deveria ser utilizado em todos os campos em que houvesse condições para isso, ajudando a diminuir os erros de arbitragem, ainda que não os eliminasse.
A imprensa em geral ainda não fechou uma posição sobre o assunto. Alguns acham que deveria ser adotado o critério da ATP, que usa o recurso eletrônico – com grande sucesso – nos principais eventos (Grand Slam, Masters Series e Masters), e em torneios de primeira linha, e não usa em Challengers e Futures pelo mundo. Os esportes americanos, que aderiram ao recurso eletrônico sem o menor pudor, também são citados como exemplo de como os resultados podem ser mais justos e claros com a ajuda do olho eletrônico.
Outros acreditam que a presença do recurso eletrônico tiraria a ´graça` do jogo, da discussão, da interpretação. Não faço parte desse time, e argumento da seguinte forma: quem tem que discutir é o público, em cima de tática e técnica, e não se um jogador estava ou não impedido. O impedimento tem que ser limpo e cristalino, com ou sem a ajuda da eletrônica, e pronto.
Prender-se a argumentos do passado só mostram quanto o esporte ainda consegue perder dinheiro e credibilidade diante de tamanha falta de visão (ou até de honestidade) dos órgãos que regem o esporte.
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Na coluna desta terça-feira de Renato Maurício Prado, no jornal ´O Globo´, ficou clara uma tendência que certamente terá sucesso e proliferará rapidamente: a das imagens dos campeonatos por celular. O torcedor poderá ter, a seu dispor, imagens e replays do jogo a que está assistindo, ainda no estádio. Certamente isso acabará chegando ao árbitro, como se supõe que já chegue por meios menos informatizados. Como fazer para impedir isso?
(*) Jornalista esportivo, trabalha com internet desde 1995, quando participou da fundação de alguns dos primeiros sites esportivos do Brasil, criando a cobertura ao vivo online de jogos de futebol. Foi fundador e chegou a editor-chefe do Lancenet e editor-assistente de esportes da Globo.com.’
Marcelo Tavela
Record desiste de exclusividade do Brasileirão, 14/3
‘Terminou às 18h de sexta-feira (14/03) o prazo da concorrência organizada pelo Clube dos Treze pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro no triênio 2009-2010-2011. Foram encaminhadas cartas-convites para as principais emissoras, e a surpresa ficou pela ausência de uma proposta da Record. Globo, SporTV e ESPN encaminharam envelopes com suas ofertas, que serão abertos na segunda-feira (17/03).
Desde o fim do ano passado, o Clube dos Treze – que, apesar do nome, reúne 20 clubes – decidiu desmembrar o licenciamento. Antes, uma mesma emissora levava os direitos para TV aberta e fechada. Uma comissão formada por representantes do Santos, Corinthians, Cruzeiro e Fluminense elaborou o projeto de desmembrar a concorrência em quatro cotas de transmissão: 1) TV aberta e internet; 2) TV por assinatura; 3) pay-per-view; e 4) publicidade estática.
A desistência da Record gerou estranheza no Clube dos Treze. O desmembramento foi uma proposta da emissora, que alegou não ter TV por assinatura. Eduardo Zerbini, diretor de Esportes da Record, acompanhou o processo de perto. Há um ano, o canal garantiu a exclusividade das transmissões dos Jogos Olímpicos de 2012, além dos Jogos de Inverno em 2010.
O Clube dos Treze se reúne às 14h30min de segunda-feira (17/03) para abrir os envelopes e bater o martelo. Mas já dá para apostar que a Globo terá os direitos de transmissão na TV aberta até 2011.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Foto bastante ´legível´, 13/3
‘eu vim de longe, vim sem
pressa como
a rês de abate e corte
(Henry Corrêa de Araújo in Eu vim de longe)
Foto bastante ´legível´
O considerado Henrique Marques Porto, jornalista carioca, foi fazer uma fezinha nos números da loteria, encontrou a casa cheia como um pátio dos milagres, como ele mesmo diz, e, para enganar o tempo na fila imensa, distraiu-se a observar os cartazes pregados nas paredes. Foi então que deparou com esta preciosidade:
´Para evitar fraudes, a partir do dia (…) todos os benefícios pagos pela Caixa Econômica Federal somente serão pagos ao titular do benefício mediante a apresentação de documento de identidade recente e com foto legível. Obrigado.´
Porto deixou a lotérica, aquela que fica na Praça Seca, em Jacarepaguá, com o firme propósito de conferir o sistema anti-fraude:
Fiz minha aposta e assim que cheguei em casa abri todos os álbuns de família; não consegui ´ler` nada! Fiquei preocupado. Ah, sim! Apostei e nada ganhei. Mas, na próxima…
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Besteiras velhas
Se o considerado leitor mantém arquivados alguns tropeços da mídia, mesmo aqueles antigos de quando farmácia era pharmacia, por favor mande-os para este Jornal da ImprenÇa. Lembre-se sempre da máxima de Janistraquis: Nunca prescreve a besteira que se escreve.
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Escuridão
Um dos momentos mais patéticos da TV ocorreu terça-feira à noite, durante a exibição do Observatório da Imprensa, quando o procurador Claudio Fontelles tentou defender a fogueira na qual pretende incinerar as pesquisas com células embrionárias.
Criatura arrancada às profundezas, pequeno monstro de escuridão e rutilância, para lembrar Augusto dos Anjos, Fontelles demoniza a ciência enquanto trança as fibras daquele tapa-sol em forma de peneira.
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Enterro cristão
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal em Brasília, de cujo varandão debruçado sobre a irrealidade é possível assistir ao desfile de anencéfalos rumo ao Palácio do Planalto, pois Roldão encostou o jornal e escreveu, para evitar esquecimento:
A polêmica levantada pelos católicos contra a utilização de células-tronco em pesquisas médicas, ora em julgamento no STF, traz à baila a questão crucial de quando começa a vida. Usando argumento bíblico, lembra-se que Adão foi feito de barro e só passou a viver depois de receber o sopro divino. Ou seja, quando começou a respirar. Esse é o momento do início da vida, antes disso é só projeto de vida. Não está vivo quem não respira.
Por outro lado, se os embriões fertilizados são seres humanos vivos, não poderão ser descartados no lixo. Terão de ter um enterro cristão.
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Poeta da juventude
Leia no Blogstraquis a íntegra do poema que encima esta coluna e que nasceu da lavra generosa do mineiro Henry Corrêa de Araújo, jornalista, poeta, prosador, grande amigo do colunista em sua juventude belo-horizontina. E que morreu ainda jovem.
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Vade retro!
Pela publicação do editorial intitulado Que regime é este?, em agosto de 2005, a professora Maria da Glória Costa Reis acaba de ser condenada pela Justiça de Minas Gerais a quatro meses de prisão e multa de dois salários mínimos. A ela foi atribuído o hediondo crime de difamar publicamente o juiz José Alfredo Jünger de Souza Vieira, titular da Vara de Execuções Penais de Leopoldina (MG).
No editorial, a professora comentava as péssimas condições em que eram mantidos os presos da cidade, porém é necessário explicar que o execrado texto não foi publicado nas páginas do Estado de Minas, mas no Recomeço, jornal de 200 exemplares impresso em fotocópias e escrito pelos presos da cadeia de Leopoldina.
´Não é aceitável a conivência de magistrados, fiscais da lei, advogados, enfim, operadores de direito com tamanha barbárie´, escreveu Maria da Glória Costa Reis, e a colega do juiz José Alfredo Jünger de Souza Vieira, meritíssima Tânia Maria Elias Chain, titular da Vara de Juizado da cidade, entendeu que, sem citar uma única vez o nome daquele ilustre membro do areópago mineiro, assim mesmo o texto ofendeu sua honra e reputação.
Diante de situação tão absurda e não muito convencido da escolaridade de magistrados em geral, Janistraquis pede vênia pra meter a colher:
´Considerado, é bem possível que juiz e juíza não tenham entendido patavina do que estava escrito no editorial da professora…´
(Leia a íntegra da matéria publicada no, este sim indispensável, Consultor Jurídico.)
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Campeão paulista
O considerado Luís Felipe Tonet, jornalista paulistano, envia notícia publicada no dia 2/3, às 22:04 horas, pelo site Lancenet.com, com o seguinte e intrigante título:
CHANCE DE TRÊS PAULISTAS NAS SEMI É MÍNIMA
Tonet, que não revela o time do seu coração, ficou preocupado:
A fase final do Campeonato Paulista poderá ser disputada entre clubes de outros estados, é o que se deduz da leitura do título, e se trata de fato completamente inusitado; poderá o Flamengo ser campeão paulista pela primeira vez?
Janistraquis acha que Flamengo, Fluminense e Vasco têm poucas possibilidades de ser campeão paulista; talvez sobre para aquele clube cujo presidente renunciou diante das câmeras da TV, pois há coisas que só acontecem ao Botafogo…
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Em função de
O colunista confessa que já está de embornal apinhado com o exabundante uso da expressão ´em função de` por repórteres, apresentadores, comentaristas, diretores de TV, cinegrafistas, operadores de áudio e vídeo e o escambau, se me permitem tal côdea de impaciência.
Pois Janistraquis, que também anda enfurecido por causa e em razão desse verdadeiro vício nascido dalgum baseado enrolado pela ignorância, festeja a existência de um notável companheiro de lutas, o considerado Paulo Ramos, jornalista, professor e consultor de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL.
Visite o Blogstraquis e conheça a opinião de quem entende.
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Estrepitosos ou sutis
Os considerados Lorenzo da Paz Wilson de Medeiros, paulistano, publicitário-não-praticante e bacharel em Direito, e José Romualdo Quintão, artista plástico e poeta de Belo Horizonte, enviam material que percorre a internet, foi comentado até por um economista, Ricardo Amorim, do Manhattan Connection, mas poucos avaliaram o, digamos, olor da fatal ventosidade. A coluna se refere ao raro episódio da funcionária que soltou um pum na empresa em que trabalhava e foi demitida por justa causa.
A Justiça absolveu a peidorreira, dona Marcia da Silva Conceição, pois é ´impossível validar a aplicação de punição por flatulência no local de trabalho, vez que se trata de reação orgânica natural à ingestão de alimentos e ar, os quais, combinados com outros elementos presentes no corpo humano, resultam em gases que se acumulam no tubo digestivo, que o organismo necessita expelir, via oral ou anal.`
Leia no Blogstraquis um resumo da peça que é indulgente com os gases, sejam estrepitosos ou sutis…
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Sexto sentido
Escutei a notícia no rádio logo pela manhã e comentei com Janistraquis, que fazia anotações em jornais velhos:
´Um cego vai substituir aquele governador putanheiro de Nova York.´
Meu assistente não desviou os olhos de sua tarefa:
´É melhor que seja cego mesmo, considerado; um cego certamente resistirá melhor às tentações. E ninguém precisa enxergar para governar; basta saber o que acontece à sua volta.`
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Veadagem
Deu, mas deu mesmo, no UOL Tecnologia:
Número de internautas ativos no Brasil cresce 50% em um ano
Janistraquis, que anda mais distraído do que todos os brasileiros ouvidos por institutos de pesquisa, pensou em voz alta:
´Internautas ativos… interessante, considerado, pois ´internauta passivo` soaria como veadagem, né não?´.
É, soaria sim.
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Sacanagens
Janistraquis vai telefonar para Luis Nassif e propor a criação de uma ONG com puras intenções e nome capaz de comover pessoas de bem: Associação Brasileira dos Atingidos por Sacanagens.
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Nota dez
O considerado Roberto Porto, ilustre botafoguense que arquivou na memória boa parte da história do futebol, também vivida por ele mesmo, escreveu no site Direto da Redação:
Certa vez, José Cabral acionou Zildo Dantas na concentração do Flamengo, em São Conrado, e o repórter disse que não poderia dar notícia alguma pois estava ´preso do lado de fora´. Foi preciso que a técnica colocasse um anúncio no ar para que a turma do estúdio – às vezes um repórter também ficava por lá – pudesse dar gargalhadas por causa de um sujeito que estava ´preso do lado de fora´.
Leia aqui a íntegra do texto de Robertão, craque que bate com as duas e brinca nas onze.
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Errei, sim!
´PELLEGRINO AO PIANO – Analisado, já se considerando ´do ramo´, meu secretário deparou com esta heresia da Folha da Tarde, pouco antes de se transformar no nosso USA Today: ´Literatura, beleza e alguns segredos da noite são os assuntos do Jô Soares Onze e Meia de hoje, com os entrevistados Fernando Sabino, Doris Giesse e Ricardo Amaral.
O escritor mineiro será o primeiro da noite, falando de sua amizade com o pianista Hélio Pellegrino…´. Aborrecido, Janistraquis comentou: ´Considerado, o psicanalista Hélio Pellegrino também era bom no piano?´. Ignoro, respondi com sinceridade.` (novembro de 1988)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 65 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ´Carta a Uma Paixão Definitiva´.’
GOVERNO
O significado do gesto da Secom, 12/3
‘A Secom, sigla que quer dizer Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, promoveu na última segunda-feira, 10 de março, em Brasília, uma audiência pública inédita para apresentar ao mercado licitação que o Governo Federal fará para contratar uma agência de comunicação. O objetivo é contratar uma agência que venha a se responsabilizar pelo trabalho de divulgação da imagem do Brasil no exterior. A verba destinada a esta ação está definida em R$ 15 milhões.
Certamente há, entre nós, aqueles que devem considerar um absurdo o Governo destinar uma verba neste montante para esse tipo de atividade. Temos de respeitar quem pensa assim, mas ´nunca na história desse país´, para usar o mote do presidente Lula, o Governo Federal foi tão ousado, transparente e ético, como dessa vez, honrando compromissos públicos assumidos com as instituições de mercado, compromissos esses que tem como pilar a separação dos contratos de publicidade dos de assessoria de imprensa e relações públicas.
Um marco para a Comunicação Corporativa do País. Um feito do ministro Franklin Martins e sua equipe, que tem no sub-secretário Ottoni Fernandes Júnior (por sinal, dois jornalistas de grande reconhecimento profissional) o coordenador executivo da ação.
Para os leitores do Comunique-se entenderem melhor, o que se passava até então nesse campo era o governo (isso vale para o governo federal, os governos estaduais e também os municipais) licitar sua verba de comunicação exclusivamente entre as agências de publicidade, dentro dos chamados contratos guarda-chuvas, aqueles em que se define a verba, permitindo que a utilização dos recursos seja feita ao bel prazer do gestão de plantão. Nos casos em que havia necessidade de contratação de trabalhos de comunicação corporativa, vinha a sub-contratação e com ela todas as mazelas de um relacionamento esquizofrênico e pouco transparente, onde, além de tudo, 20% do total era a comissão paga legalmente ao titular do contrato, ou seja à agência de publicidade.
Desde que foi criada, um dos pilares de atuação da Abracom é ampliar a presença das agências neste segmento de mercado, a exemplo do que ocorre em outros países, onde o serviço público é um dos maiores clientes das empresas de Comunicação, lá fora chamadas de Relações Públicas.
A entidade entende que esse é um mercado extremamente importante para o segmento, mas tanto quanto isso entende que a presença da chamada comunicação institucional fará com que o setor público brasileiro se aperfeiçoe, ganhe em ética e transparência nos seus movimentos, melhore sua performance e sua imagem perante a opinião pública, coloque em prática uma comunicação cidadã, como se espera de um órgão público.
Não é à toa, portanto, que esse passo inédito do Governo Federal, vai mexer – e muito – com o mercado e não só das agências de comunicação, como também com o das agências de propaganda, que sob a ameaça de perder parte das verbas oficiais não deverá jogar a toalha. Certamente muitas dessas empresas já devem estar pensando em como se preparar para entrar nesse segmento, seja criando uma estrutura própria de comunicação corporativa, seja se associando a alguma empresa da área ou mesmo via aquisição de controle acionário.
Há ainda muitos obstáculos pelo caminho, entre eles a terrível burocracia que impera nessas licitações impedindo a grande maioria das empresas de participarem por absoluta impossibilidade de atender as exigências de editais. Mas o caminho está aberto, cabendo agora às agências e suas instituições de classe garantir a continuidade do processo.
Nessa área se costuma dizer que as agências de comunicação sequer arranharam a casca da laranja, tão tímida é sua presença nesta área e tão grande e atraente é o mercado. Ao se olhar então o que acontece no quintal da prima rica, a publicidade, essa presença é ainda mais bisonha, tantos são os bilhões para lá carreados, contra poucos caraminguás que vem para a comunicação institucional. No entanto se a área corporativa ficar com 5% ou quem sabe 10% desse volume bilionário, a médio e longo prazo isso significará uma revolução neste mercado, pois os volumes vão se multiplicar de forma vigorosa, alavancando negócios e mercado para esse que já é o setor da comunicação que mais tem crescido no País nos últimos anos (superior a 25%).
Hoje as duas maiores agências de comunicação do País – a CDN e a FSB – estão na faixa de faturamento de R$ 40 milhões, dinheiro grande para o setor mas razoavelmente insignificante na comparação com os números de sete algarismos ostentados por várias agências propaganda.
Com o ingresso de recursos do setor público, as empresas mais preparadas do mercado poderão tranqüilamente dobrar seu faturamento de ano para ano, permitindo que em uma década cresçam dez, quem sabe quinze vezes suas atuais receitas.
Difícil acreditar? É só listar: Governo Federal, Ministérios, governos estaduais, prefeituras, assembléias legislativas, câmaras de vereadores, secretarias, STF, STJ, TSE, tribunais regionais…
Tudo isso sem tirar empregos diretos de profissionais contratados. A chegada das agências, como frisam seus executivos, nunca substituirá as equipes endógenas desses órgãos. Elas serão parceiras na infinidade de ações necessárias ao trabalho de comunicação com a sociedade e vão abrir mercado para jornalistas e relações públicas em números certamente superlativos.
Vale reproduzir aqui alguns comentários feitos por José Luiz Schiavoni, presidente da Abracom, a Associação que reúne as agências de comunicação, para a edição impressa deste Jornalistas&Cia. Ele considerou a iniciativa da Secom um marco: ´Primeiro, por ser uma licitação específica para o setor (pelo valor envolvido, a Secom não precisava ter feito a audiência, fato que, sem dúvida, privilegia a transparência) e, segundo, pela adoção na licitação do critério de técnica e preço e não apenas preço, o que estimula a participação das melhores agências do País e permite o fornecimento de serviços de qualidade. Schiavoni afirmou ainda que o exemplo da Secom é importante, na medida em que sinaliza uma nova postura que poderá ser seguida por toda a área pública, em seus diversos níveis. Ele lembrou que em outras partes do mundo o setor público responde por 50% dos negócios das agências de comunicação, sendo um importante indutor desse mercado. ´Foi uma grande vitória para nós, pois a Secom deu provas concretas de seu compromisso com a transparência´.
Passada a euforia, no entanto, ele volta a colocar os pés no chão: ´Vamos acompanhar o processo até o final e o próximo passo será a publicação do edital, o que está previsto de acontecer no dia 29/3.´
A correspondente deste J&Cia no Distrito Federal, Katia Morais, conversou sobre a licitação com o assessor de imprensa da Secom Eduardo Luiz Correia. Segue o pingue-pongue:
Jornalistas&Cia – É a primeira vez que o Governo faz audiência pública para contratar empresa de comunicação nas áreas de imprensa e relações públicas? O que é mais importante nesse processo licitatório?
Eduardo Luiz Correia – É a primeira vez que acontece uma licitação desse tipo no Governo Federal. A Secom está seguindo a orientação do Tribunal de Contas, que desde o ano passado faz essa exigência. O novo processo, além de representar uma economia para o Governo, ao mesmo tempo oferece maior transparência na escolha da empresa.
J&Cia – Como atuará a empresa vencedora?
Eduardo – A idéia é que ela atue fora do Brasil, atraindo investidores, num trabalho mais qualificado. A Embratur, por exemplo, já conta com uma agência que cuida da área de relações públicas fora do País, no que diz respeito ao turismo. Para o Governo, o trabalho deverá ser mais amplo e cuidadoso, como o tratamento com articulistas da imprensa estrangeira e a aproximação com publicações especializadas do mercado internacional, por exemplo. Uma atuação sempre pertinente a um ambiente de negócios.
J&Cia – Há estimativas de quantas empresas participarão da concorrência?
Eduardo – A idéia é que se tenha o maior número possível de empresas participando do processo licitatório. Onze agências estiveram na audiência, entre elas Andreoli/MS&L, Ecco, FSB, Máquina da Noticia e InPress Porter Novelli.
(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ´Fontes de Informação` e o livro ´Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia´. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’
MORDAÇA
O apagão ético que assola o País, 10/3
‘O XIS DA QUESTÃO – Na verdade, Paulinho e a sua Força Sindical não querem processar a Folha. O que eles querem mesmo é que os jornais se calem. Nessa atitude, e nesse pensar, se manifesta o ´apagão ético` que assola o País: a ausência de motivações e razões Éticas no agir político, tanto no centro como nas periferias do governo. E quando assim é, e porque assim é, espezinham-se os princípios e valores que dão fundamento à República, nos quais está a instância da Ética.
1. O enterro da Ética
Mais do que enojado com o perfil ético dos políticos brasileiros, entrei em estado de desesperança. Não é coisa boa, eu sei. Sei que perder a esperança em ideais e ideários é, de alguma forma, aceitar a renúncia à luta – no caso, a luta cidadã pela construção de uma sociedade Ética.
Sem esperança, não há razões para lutar, qualquer que seja a luta. E aprendi isso com dom Helder Camara, quando dele ouvi a revelação do seu maior temor, o temor de que o povo perdesse a esperança.
´Sem esperança não haverá luta nem razões para lutar´, dizia ele.
E para que a esperança não morresse, dom Helder juntava as pessoas. Com explicação igualmente sábia: – ´Quando sonhamos sozinhos, é só um sonho; quando sonhamos juntos, é o início de uma nova realidade´.
Pelos sussurros que ouço das ruas, a descrença nos políticos espalha-se com velocidade de rastilho aceso. Não é para menos. Até o homem que nos prometeu uma revolução ética, aquele que, com essa e outras promessas, levou os nossos votos e as nossas esperanças, só agora nos deixa perceber que, na boca e no entendimento dele, Ética era apenas palavra sonora, boa de dizer. E melhor ainda enfeitar discursos eleitorais.
Pelos vistos, e a julgar pelo que diz e faz, o homem não tem a mínima noção do que seja Ética. E isso faz mal ao Brasil. Porque de um presidente da República se esperariam bons conceitos, bons conselhos e bons exemplos.
Mas, em matéria de Ética, o que temos visto e ouvido é o oposto do que esperávamos – tanto nos conceitos quanto nos conselhos e nos exemplos.
Já não falo do mensalão, do qual o depositário das nossas esperanças jurou a pés juntos nada saber. Nem dos mensaleiros, que saíram do palácio, mas aos quais jamais faltaram afagos presidenciais. Freqüentemente, afagos públicos. Mas falo dos novos protagonistas em novos e sucessivos escândalos.
Falo do escândalo dos cartões corporativos e do escândalo das ONGs favorecidas com verbas públicas por critérios partidários; falo desses nojentos jogos de poder onde tudo se troca entre os partidos e nos quais jamais entram os interesses da Nação; falo da política de trancas na porta depois da casa arrombada. Falo de frases que tudo desculpam, como as que inocentaram ministros que usaram dinheiro público para saborear tapiocas e fazer compras pessoais.
E falo dos irados arroubos verborrágicos, nada republicanos e nada democráticos, que questionam o dever que a Constituição impõe ao Poder Judiciário, de zelar pelo cumprimento das leis – inclusive as eleitorais.
Falo, também, de silêncios simbólicos, como aquele em que, para não pôr em risco uma conveniente aliança partidária (leia-se PDT), se ignoraram as recomendações da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, no sentido de preservar a dignidade e a credibilidade da função de ser ministro (leia-se Ministério do Trabalho e ministro Carlos Lupi).
Falo, por fim, das imprudências verbais que estimulam cerceamentos à liberdade de expressão e ao direito à informação. Como aquela do público apoio político dado à orquestração de ações impetradas por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, contra a Folha e a jornalista Elvira Lobato, campanha em que o objetivo era claramente o de amedrontar e inibir a ação jornalística, não a proteção de direitos ofendidos ou ameaçados.
2. Bom mestre, melhor aluno…
E porque o exemplo vem de cima, o que o presidente da República diz e faz, ou deixa de dizer e fazer, funciona como modelo a seguir.
Não deu outra: o bom aluno Paulo Pereira da Silva, mais conhecido por Paulinho da Força Sindical, protegido pelo implícito aval da fala presidencial em favor da Igreja Universal, resolveu também ameaçar a Folha e O Globo com uma enxurrada de ações. Foi assim que reagiu a reportagens que, baseadas em dados da Controladoria Geral da União, denunciavam a existência de convênios irregulares na esfera do Ministério do Trabalho, com o favorecimento de ONGs ligadas ao PDT. Entre elas, algumas vinculadas à Força Sindical e a outras entidades sindicais.
Que fique claro: o problema não está da decisão de processar a Imprensa, até porque essa é uma ferramenta da cidadania, quando se trata de proteger a honra e a dignidade de pessoas ou instituições. O problema está nas razões que motivam as ações.
Que são ações táticas de chantagem, segundo o próprio Paulinho.
Vejam só os modos como ele explicou a reação da Força Sindical, em entrevista dada ao Comunique-se:
´Se a Folha parar de esculhambar a Força Sindical, vamos rever a entrada de ações´.
Assim, com sua sabedoria ou sua burrice, o deputado Paulo Pereira da Silva (deputado, sim, do PDT, o mesmo partido do ministro Carlos Lupi), escancara o ´apagão ético` que atinge a cultura política brasileira em geral, e o atual governo, em particular: processar ou não processar a Folha e seus jornalistas não é uma questão de defesa de princípios, valores ou direitos ameaçados, mas a defesa de posições e vantagens políticas no xadrez do poder, do qual faz parte a distribuição de verbas.
Paulinho faz a ameaça esperta de um ´acerto de contas´. Mas promete ´paz´, se os jornais pararem de mostrar a porcaria.
Na verdade, Paulinho e a sua Força Sindical não querem processar a Folha. O que eles querem mesmo é que os jornais se calem.
Nessa atitude, e nesse pensar, se manifesta o ´apagão ético` a que me refiro: a ausência de motivações e razões Éticas no agir político, tanto no centro como nas periferias do governo. E quando assim é, e porque assim é, espezinham-se os princípios e valores da República, nos quais está a instância da Ética.
(*) Manuel Carlos Chaparro é doutor em Ciências da Comunicação e professor livre-docente (aposentado) do Departamento de Jornalismo e Editoração, na Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo, onde continua a orientar teses. É também jornalista, desde 1957. Com trabalhos individuais de reportagem, foi quatro vezes distinguido no Prêmio Esso de Jornalismo. No percurso acadêmico, dedicou-se ao estudo do discurso jornalístico, em projetos de pesquisa sobre gêneros jornalísticos, teoria do acontecimento e ação das fontes. Tem quatro livros publicados, sobre jornalismo. E um livro-reportagem, lançado em 2006 pela Hucitec. Foi presidente da Intercom, entre 1989-1991. É conselheiro da ABI em São Paulo e membro do Conselho de Ética da Abracom.’
ANIVERSÁRIO
Época comemora 10 anos com suplementos especiais ao longo de 2008, 14/3
‘A partir desta sexta-feira (14/03) até o final do ano, Época chega às bancas com suplementos comemorativos aos 10 anos completados em 2008. Eles serão encartados com edição semanal da revista. O primeiro vai tratar do tema corrupção e apresentar um levantamento de quase 300 operações realizadas pela Polícia Federal, desde 2003.
Os dez especiais terão 20 páginas e circulação nacional.
O repórter Wálter Nunes responde pela produção editorial, com orientação do editor Guilherme Evelin e do editor-executivo David Friedlander.
Os leitores que quiserem debater sobre os temas poderão acessar o blog da semana (www.epoca.com.br) e conversar com outros internautas.
O tema dos próximos cinco suplementos serão educação, reforma tributária, ongs e Bolsa Família. Cada um terá, em média, 16 páginas.’
MÍDIA NA JUSTIÇA
Diário de Marília: STF analisará queixa-crime de jornalista contra deputado, 14/3
‘Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram acolher a preliminar de suspeição do juiz da Terceira Vara Criminal, de primeira instância, e reiniciar trâmite de queixa-crime oferecida por José Ursílio de Souza e Silva, diretor do Diário de Marília (SP), contra o deputado federal José Aberlardo Guimarães Camarinha, por crimes de imprensa. O político é acusado de caluniar, injuriar, difamar e ofender a honra do jornalista ao dar declarações a redes de TV da cidade, entre 14 e 31/03/06.
O processo estava em fase de apelação interposta por Ursílio contra decisão que rejeitou a queixa-crime por falta de preparo. O mesmo juiz move ação penal contra o jornalista.
De acordo com parecer da Procuradoria Geral da República, o juiz de primeiro grau que julgou a ação deveria ser declarado suspeito antes de rejeitar a queixa-crime já que a matéria do jornalista, que motivou a queixa-crime, foi publicada em jornal de grande circulação de Marília e poderia influenciar na imparcialidade do juiz.
O ministro Carlos Menezes Direito, relator da matéria, admitiu haver suspeição do juiz da Terceira Vara Criminal, já que, antes da sentença recorrida, o magistrado propôs queixa-crime contra o jornalista. ´Isso a meu sentir evidencia claramente a existência da suspeição´, disse o relator, ressaltando que se há suspeição ´a conseqüência lógica é nulidade da sentença, ou seja, a declaração por esta Suprema Corte de que a sentença é nula´.
Outros desentendimentos
Ursílio e Camarinha têm desentendimentos que vão além de ofensas pessoais. A redação do Diário de Marília, dirigido pelo jornalista, foi alvo, em outubro de 2006, de atos de vandalismo realizados supostamente por um grupo formado por partidários de Camarinha, que foi prefeito da cidade.
No dia 08/09/05 um incêndio criminoso destruiu cerca de 70% da redação do jornal e também atingiu as duas rádios, Diário FM e Dirceu AM, que operam no mesmo prédio. Três homens foram condenados a 12 anos de prisão pelo crime. Durante o processo, os nomes de Abelardo e Vinícius Camarinha foram citados como supostos mandantes do crime, mas essas ligações nunca foram comprovadas.
José Ursílio também afirma ter sido vítima de uma tentativa de homicídio dia 18/07/05. O pistoleiro, porém, teria se confundido e atacado outro homem, fisicamente parecido com o jornalista. O homem reagiu e brigou com o pistoleiro, que foi derrotado e preso. Ursílio também acusa os Camarinha de participação no episódio.
Abelardo Camarinha, por sua vez, acusa o jornalista de ser o mandante do assassinato de Rafael Camarinha, irmão do ex-deputado. O crime aconteceu dia 14/03/05 e não existem provas do envolvimento de José Ursilio com o caso. Segundo o advogado, o diretor de redação do Diário de Marília também está sendo processado por corrupção de testemunha, que teria ocorrido em um caso anterior envolvendo os dois grupos.
A organização Repórteres sem Fronteiras denunciou o caso e prestou solidariedade ao jornal.’
Carla Soares Martin
Processo contra Datena e Band chega ao STJ, 14/3
‘O processo do advogado João Martins Costa Neto contra a Band e o apresentador José Luiz Datena chegou à 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. Está nas mãos do ministro João Otávio de Noronha decidir se o apresentador do Brasil Urgente e a emissora são ou não culpados pela acusação de Martins Costa Neto: a de que Datena teria chamado-o de ´advogado safado´.
A história se passa em 2003. O advogado defendia a namorada de um jovem que teria matado a mãe de 72 anos e depois a colocado na rua, para simular um atropelamento.
Costa Neto acusa Datena de ter chamado o advogado de safado por defender a namorada deste jovem. ´Fui ofendido em rede nacional´, afirma Costa Neto. ´Não há nenhuma causa penal que desabone minha conduta´, justificou.
O advogado disse ainda que a prova de que a namorada estava envolvida com a morte da mãe do rapaz também é infundada: ´Minha cliente foi solta dois dias depois por falta de provas´, afirmou. Costa Neto fala da importância da responsabilidade do jornalista. ´Foi uma atitude impensada. O jornalista precisa pensar antes de falar em rede nacional.´
O outro lado
O apresentador Datena preferiu não se manifestar sobre o caso, deixando-o ao seu advogado, Eduardo Leite. ´Não comento assuntos jurídicos´, disse.
O advogado alegou que não se pode analisar uma frase, ou uma palavra, fora de contexto. ´O público tem o direito de saber a opinião do apresentador´, acrescentou.
Processo
Costa Neto deu entrada com uma ação de indenização por danos morais contra Datena e a Band em 2003. Ganhou em primeira instância a proposta de valor de R$ 10 mil, por parte do apresentador Datena. O advogado, contudo, não aceitou o dinheiro. ´R$ 10 mil era um valor irrisório´, argumentou.
Pediu, então, R$ 50 mil. A Justiça de São Paulo julgou improcedente, por ter entendido que o apresentador teria dito genericamente o adjetivo, e não ao advogado, em específico. Costa Neto, então, entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça para reaver a decisão.’
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´Ações da Universal e Força Sindical são chantagem´, diz diretor da ANJ, 13/3
‘O diretor do Comitê de Liberdade de Expressão da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Paulo de Tarso Nogueira, disse na quarta-feira (12/03) que as ações de fiéis e da Universal, além da análise por parte dos advogados da Força Sindical das reportagens sobre a central sindical e o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, com a possibilidade de entrar com ações contra a mídia por danos morais, são um ´processo de chantagem´.
Nogueira deu as declarações durante o lançamento do 7º Prêmio ANJ de Criação Publicitária, na manhã de quarta, em café da manhã no Hotel Fasano, em São Paulo. Nogueira, jornalista, advogado e também assessor jurídico do Estadão, acredita que a entrada das ações é uma ´tentativa de chamar a atenção´, tanto por parte da Universal como da Força.
´O cidadão tem o direito de ser informado. A liberdade de expressão é a base da cidadania. O compromisso com a verdade, no entanto, sempre deve existir´, afirmou. Nogueira argumentou que o Código de Ética (dos jornais que pertencem à ANJ) está aí, para que o jornalista exerça sua função com responsabilidade.
Deadline
O diretor do Comitê de Liberdade de Imprensa da ANJ acrescenta que o deadline – tempo determinado para fechar uma edição – atrapalha a apuração e provoca deslizes no jornalismo. ´O jornalista nunca deve sacrificar a qualidade pela rapidez. Não pode se pautar pelo boato.`
Nogueira afirma, no entanto, que o tempo também tem a sua limitação. ´O que aconteceria se a redação não respeitasse o deadline? Não fecharia´, afirmou.
O outro lado
A reportagem do Comunique-se tentou localizar representantes da Universal para comentar as declarações, mas não teve resposta. Paulinho disse que seus advogados poderiam comentar a questão. Procurado pelo Comunique-se, o advogado da Força, Luiz Flávio D´Urso, não foi encontrado.’
PROFISSÃO PERIGO
Jornalista iraquiano é assassinado em Bagdá, 13/3
‘O jornalista iraquiano Oasem al Iqabi, repórter do jornal Al Muwatin, foi morto por um grupo de homens armados em Bagdá. Ele foi atingido por tiros disparados pelos assassinos, que viajavam em um carro em alta velocidade perto da sede do Teatro Nacional do Iraque.
O sindicato representante da imprensa iraquiana afirma que 275 profissionais foram mortos desde o início da invasão norte-americana no país.
As informações são da Agência Efe.’
REVISTAS
Pesquisa aponta que semanais induzem ao consumo de remédios, 11/3
‘Pesquisa baseada em matérias publicadas por três revistas semanais em 2004 sobre remédios mostra que Veja, Época e Istoé fazem um ´jogo de indução ao consumo, anunciando medicamentos nos textos jornalísticos, tal como se anuncia um novo empreendimento imobiliário ou uma praia paradisíaca para o gozo das férias´. O levantamento foi realizado por alunos do curso de especialização em Bioética, da Universidade de Brasília, e publicado como parte do livro ´Bioética e vigilância sanitária´, financiado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), vinculada ao Ministério da Saúde.
Rachel Mortari, assessora de comunicação do Ministério da Ciência e Tecnologia, disse à Agência de Notícias da AIDS que foram lidas matérias de todas as edições de 2004 das três revistas mencionadas. A equipe de pesquisa chegou à conclusão de ´haver um certo ´disfarce` de textos publicitários e de propaganda em textos jornalísticos. Todo nosso trabalho foi teorizado e buscamos informações em várias vertentes do pensamento, visões de mundo, ética, vida e morte, salvação e coisas que são incluídas nas entrelinhas do pensamento´.
´A gente sabe que as revistas seguem suas linhas editoriais e defendem suas posições políticas. No entanto, neste caso há um agravo, já que estão tratando da ´divulgação` de substâncias que por si só são perigosas, são drogas e que podem causar danos à saúde – o que nos pareceu haver um interesse comercial, além do direito à informação´, observou Raquel.
O estudo lembra que a resolução nº 102 da Anvisa e a lei federal 6.360 dizem que a publicidade de medicamentos que necessitam de prescrição médica deve ficar restrita aos meios de comunicação dirigidos aos profissionais da área.
João Saraiva, assessor técnico da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, pensa diferente de Raquel. ´As revistas defendem o que consideram notícia´.
A direção de Veja avisou que não fala sobre trabalhos acadêmicos. A da Istoé não quis se pronunciar. Época não respondeu à agência e também ao Comunique-se até o fechamento desta matéria.’
ÓDIO
Carlos Lupi reclama da imprensa e vê ´ôdio acumulado´, 11/3
‘´A gente gera [ódio], infelizmente, por pessoas que não pensam como nós, que não gostam da gente. Geramos alguns ódios e a esses que odeiam vou responder com mais trabalho, criação de empregos, combate ao trabalho escravo. Com a consciência tranqüila de quem trabalha para o bem, com honestidade e transparência´, disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O político reclamou da imprensa e afirmou que as denúncias envolvendo a sua pasta nada mais são que ´ódio acumulado` contra ele.
Ao ser perguntado sobre de onde viria o ódio, ele não titubeou: ´Vocês é que devem saber mais do que eu, porque são vocês que fazem. Trabalho pela paz e só vejo [ódio] de alguns setores [da imprensa].´
´Tenho 30 anos de vida pública honesta, não tenho nenhum tipo de denúncia. Afirmo que dentro do Ministério do Trabalho, sob o meu comando, não há possibilidade de ato de corrupção.´
As informações são da Folha de S. Paulo.’
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