Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Congresso brasileiro de
jornais começa em SP


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 29 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Adriana Del Ré


Chico Buarque diz que vota em Lula e defende colegas


‘Em São Paulo, o compositor Chico Buarque reafirmou que vai votar em Lula e defendeu o músico Wagner Tiso, que disse não se importar com a ética do PT, mas com o jogo do poder. ‘Também já falei bobagem, depois me arrependo.’ Para ele, a posição dos colegas não é a de descartar a ética, mas relatar como é a política no Brasil. ‘Essa é a realidade política.’’


Carlos Marchi


Debate volta a unir rivais contra Serra


‘O candidato José Serra (PSDB), embora ausente, foi o personagem mais citado no debate que reuniu os candidatos a governador de São Paulo promovido pela TV Bandeirantes. Eram seis atiradores e um alvo ausente: os seis candidatos presentes passaram todo o tempo criticando Serra, representado no cenário por uma cadeira vazia. Lembraram a renúncia à Prefeitura, as eventuais promessas que o candidato tucano faz em campanha e até mesmo uma suposta traição que ele teria cometido contra a torcida Mancha Verde, do Palmeiras (time pelo qual torce).


O candidato Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) foi a surpresa da noite. Aloizio Mercadante (PT) convidou-o, numa pergunta, a criticar o PSDB e ele respondeu de maneira surpreendente. Citou números de pagamento da dívida, de gastos com saúde, educação e meio ambiente e finalizou: ‘Não sei o que você fica aí falando esses negócios, ô Aloizio. Mudou o quê? Está aqui (e mostrava uma tabela de números): gastaram (Fernando Henrique Cardoso e Lula) exatamente o mesmo.’


E foi adiante: ‘O problema é o (banqueiro George) Soros e os fundos de pensão dos EUA tirarem o dinheiro daqui. A economia vai para o brejo’, arrematou, arrancando risos da platéia, no estúdio. Pouco antes, no auge da discussão sobre segurança pública, ele indagou ao candidato Mário Guide (PSB): ‘Por que o senhor acha que Serra não veio ao debate?’ Guide, outro que não quis criticar a ausência de Serra, aproveitou a resposta para explicar seu programa de candidato.


Plínio foi em frente. Perguntou a Carlos Apolinário (PDT): ‘Lamento que o Serra não esteja aqui. Mas a minha companheira Heloísa Helena está doente para fazer um debate com Lula e o Lula não vai. Por que você acha que Lula não vai?’, provocou. Na discussão, obrigou Apolinário a criticar o governo federal.


Enquanto os candidatos criticavam Serra dentro do estúdio, do lado de fora trios elétricos do PT e do PMDB, apoiados por claques dos dois partidos, se revezavam para criticar ‘os 12 anos de governo tucano em São Paulo’. Mercadante disse que a ausência de Serra só se explicava pela dificuldade em explicar ‘os 12 anos de governo tucano’.


MENSALÃO


Cláudio de Mauro (PV) perguntou a Mercadante por que o PT aceita aliança com políticos como Valdemar da Costa Neto, ex-presidente do PL, que renunciou ao mandato de deputado ao ser envolvido no escândalo do mensalão. Mercadante disse que a crise ética foi séria, mas que Lula é o presidente mais popular da história política recente do País. Precisamos continuar a luta pela ética, mas precisamos fazer este país se desenvolver’, afirmou o petista.


Os candidatos foram indagados sobre sua opção entre educação e segurança. Plínio disse que a opção para São Paulo não é escolher entre mais segurança ou mais educação: ‘O problema é a desigualdade e nós estamos fugindo desse debate’, disse ele. Mercadante repetiu a parábola dos migrantes, que o PT usou durante dias para incompatibilizar Serra com os nordestinos de São Paulo.


Apolinário perguntou a Plínio por que o PT, quando chegou ao governo, se esqueceu de ‘ataxar’ as grandes fortunas, como pregava à época de oposição. Plínio respondeu: ‘É por isso que eu saí do partido.’ Não existe resposta para a redistribuição da renda, para ele a única forma de enfrentar a desigualdade social. Apolinário sugeriu: ‘Já que não dá para diminuir os juros, leve a idéia ao presidente Lula, vamos aumentar o Imposto de Renda pago pelos bancos.’


COLABORARAM SILVIA AMORIM E RODRIGO PEREIRA’


Arnaldo Jabor


Burrice no poder chama-se fascismo


‘A reunião dos intelectuais e artistas com Lula, no Rio, destampou a panela da verdade. Quando dizem: ‘Os fins justificam os meios, mensalão não é crime’ ou ‘Não estou preocupado com a ética do PT nem com qualquer ética. Isso não interessa; eu acho que o PT fez o que tem de fazer para governar o País…’, esses bravos criadores de arte e pensamento estão trazendo à luz do dia, num ato falho espetacular, a verdadeira ideologia que orienta o PT. Os petistas do governo ficam enrolando e, aí, vêm uns artistas ingênuos e abrem o jogo cuidadosamente escondido. Prestaram um serviço à verdade, porque muita gente boa repete, como robôs do Lula: ‘Sempre foi assim, corrupção endêmica, sobras de campanha, houve erros éticos, todos os partidos fizeram isso…’


Essa falsa explicação é enlouquecedora, porque ilude, elide a verdade meridiana que é a seguinte: não foi apenas um desvio ‘ético’ ou uma ‘roubalheira tradicional’. Não. Foi um plano armado para mudar o Estado por dentro, por um bando de sujeitos que se consideram ‘superiores’ a nós, com a ‘missão’ de usar a democracia para apodrecê-la. Ideólogos ignorantes e narcisistas tentaram mais uma ‘revolução’ ridícula, que não rolou. Aliás, erram sempre e continuarão a errar. No entanto, é espantoso que gente que estudou e que come continue a achar que foi ‘caixa 2 ou desvio ético de alguns companheiros’. A barra foi muito mais pesada. E pode voltar a ser.


Os quadrilheiros do governo não são de esquerda, não; são de direita, autoritários. Não só desviaram bilhões de reais de aparelhos do Estado, de fundos de pensão, por contratos falsos, mas roubaram também nossos mais generosos sentimentos. E não é só a mentira que indigna. É a arrogância cínica com que mentem. E a mentira vai se acumulando como estrume e acaba convencendo muitos ingênuos. Sempre houve corrupção no Brasil? Claro que sim, mas o ladrão tradicional sabia-se ladrão, roubava em causa própria e se escondia pelos cantos para não ser flagrado. Os ladrões desse governo roubam de testa erguida, como se estivessem fazendo uma ‘ação revolucionária’. Dizer que ‘sempre foi assim’ é burrice ou má-fé.


SEGUNDO TEMPO


Não tem papo: Lula está reeleito. E, num segundo mandato, haverá uma obstinada tentativa de desmanchar os escândalos do chamado ‘mensalão’, desde os dólares na cueca até a morte de Celso Daniel e Toninho do PT, como já insinuam, dizendo que são ‘mentiras sobre supostos crimes sem comprovação…’ As chamadas ‘forças populares’, que ocupam os 40 mil postos no Estado aparelhado, permanecerão nas ‘boquinhas’. As Agências Reguladoras serão assassinadas. Os sinais estão claros, com várias delas abandonadas, e com indícios de que o PMDB já quer diretorias, que o PT cederá com prazer. O Banco Central deve perder possibilidade de autonomia, pelo que já declaram os membros do ‘comitê central’. A era Meirelles-Palocci será queimada, velho desejo de Dirceu e camaradas. Qualquer privatização essencial, como a do IRB e Correios, por exemplo, será esquecida. A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes, como já sinalizou Tarso Genro que, a julgar por seus ademanes conciliatórios, talvez queira ser presidente em 2010. Os gastos públicos aumentarão e não haverá cortes. A obsessão do ‘Controle’ sobre a mídia e a cultura voltará, como tentaram no início do primeiro tempo.


Certas leis ‘chatas’ serão ignoradas, como Lula já está fazendo com a lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, ‘esquecendo-a’ de propósito. Aliás, a evidente tolerância com os ataques dos ‘MSTs da vida’ mostra que, além de financiá-los com mais de 6 milhões num ano, este governo quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de ‘guarda pretoriana’, caso a crise política se agrave. Não duvidem, eles serão os peões de Lula.


TUCANOS CEGOS


Por outro lado, assim como os petistas e Lula desqualificam a seriedade, o PSDB atual desmoraliza a social-democracia moderna. Afinal, o que é o PSDB? Que partido é esse, sem plataforma, sem símbolo, a não ser uma aguada candidatura, posando de ‘limpinha’, um partido que não berra, não urra, não deseja nada? O que é o PSDB, para além do que FHC formulou e Serra projetou? Onde está a herança da fundação, de Montoro, de Covas? Ninguém sabe. Desorientados, divididos e ociosos, não têm bala para competir com o carisma cínico e populista do Lula. Já eram.


É isso aí. Intelectuais e artistas votarão em Lula de novo porque não têm opção legível ou porque, no duro, acham que o ‘lulo-dirceuzismo’ estava certo, e que o PT e sua quadrilha fizeram bem em assaltar o Estado para um ‘fim revolucionário’. Na moita – porque não se declaram – não são democráticos. Deus os perdoará, pois não sabem o que fazem… Não sabem que jogaremos fora a única revolução possível no País, que seria o enxugamento de um Estado que come a nação, inchado de privilégios e clientelismo, um Estado que só tem para investir 0,5 do PIB. A única revolução seria administrativa, apontada na educação em massa, nas reformas institucionais. O único consolo é que, graças a Deus, a ‘macro’ foi herdada e mantida por Palocci e a economia mundial está ‘bombando’. Rezemos também para que não haja uma grave crise na mundial, pois poderão pipocar bravatas ‘antiimperialistas’, exaradas pela política do nosso ‘Itamaraty revolucionário’.


De modo que as frases de artistas e intelectuais que temos ouvido, dentro e fora da Academia, não só denotam a pobreza de sua cultura política, como sintetizam, iluminam, e até mesmo ‘alcagüetam’ as verdadeiras intenções da quadrilha que continuará no poder e que poderá tentar um ‘chavismo cordial’. O atraso do País será perpetuado em nome da burrice ‘progressista’. O Diabo é que burrice no poder chama-se ‘fascismo’.’


CONGRESSO DE JORNAIS
Marili Ribeiro


Congresso discute futuro dos jornais no País


‘O 6º Congresso Brasileiro de Jornais encerrou inscrições ontem com adesão recorde em relação às edições anteriores. Serão 600 participantes no evento, que terá palestras e debates em torno do futuro da indústria jornalística brasileira. O congresso começa hoje, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e vai até quinta-feira, no World Trade Center Hotel, em São Paulo.


‘A maior freqüência se deve ao momento que o setor vive, com a retomada dos negócios das empresas jornalísticas depois de um ciclo de adaptação às novas tecnologias. Essas mudanças obrigaram as empresas a complementar o trabalho dos jornais com outros canais de comunicação, como a internet e os celulares’, diz Nelson Sirotsky, presidente da Associação Nacional do Jornais e também diretor-presidente do grupo RBS.


CONTEÚDO


Questões relativas a conteúdo, tecnologia, gestão, circulação, distribuição e área comercial dos jornais estarão em cartaz nesta edição do Congresso. O evento contará com a participação de especialistas internacionais, como Timothy Balding, presidente da Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês), que tem sede na França. No último congresso da WAN, foram apresentados dados que mostram um crescimento de 0,56% na circulação de jornais em todo o mundo no ano passado e de 5,7% nos gastos com a publicidade veiculada por esse meio.


Três temas devem monopolizar as atenções, além das discussões que sempre acontecem nos comitês temáticos da ANJ : ‘Últimas tendências na indústria de jornais – circulação, publicidade e aspectos digitais; Inovações em circulação – os novos métodos de avaliação da base de leitores; e Inovação em publicidade – a nova moeda universal’.


O último dia do evento coloca em discussão para onde vai o Brasil e qual o papel dos jornais nessa trajetória. O diretor de redação de O Estado de S. Paulo, Sandro Vaia, participa do debate ao lado do diretor de redação da Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho, do diretor de redação da Zero Hora, Marcelo Rech, e do diretor de redação do Correio Braziliense e do Estado de Minas, Josemar Gimenez. O mediador será o antropólogo Roberto Da Matta.’


INTERNET
Renato Cruz


Da garagem para o Vale do Silício


‘Dois brasileiros, John Lima e Daniel Dalarossa, construíram uma empresa de sucesso no Vale do Silício, coração americano do mercado de tecnologia. A Cyclades, criada por eles, foi vendida para a americana Avocent em março, por US$ 90 milhões. Surgida numa garagem do bairro de Vila Olímpia, em São Paulo, em 1988, a Cyclades se tornou, em 18 anos, uma empresa com faturamento de US$ 60,9 milhões, 350 funcionários e presença em 16 países.


‘Foi essencial a decisão de vir para os Estados Unidos e atuar no mercado local’, afirmou por e-mail John Lima, de 50 anos, que mora hoje em Danville, cidade próxima de São Francisco, nos EUA. ‘Não viemos para desenvolver tecnologia e enviar para o Brasil, viemos para cá para participar do mercado americano.’ Pelo contrário, a Cyclades tinha equipe de pesquisa e desenvolvimento no Brasil que criava produtos para o mercado mundial.


Uma das mudanças feitas para se adaptar ao mercado americano foi no nome de um dos fundadores. João Lima se tornou John para facilitar a pronúncia do nome de batismo fora do Brasil: ‘Sou João no Brasil e John aqui nos EUA e na Europa’.


A Cyclades fabricava equipamentos e software para redes de comunicação. ‘Um fator importante para o nosso sucesso foi saber aproveitar, em 1993, a oportunidade que apareceu com o Linux e o software de código aberto, o que permitiu nos posicionar como empresa global’, apontou Lima. A empresa foi pioneira como fabricante de hardware a dar suporte comercial a produtos com Linux, sistema operacional surgido em 1991.


O primeiro produto da empresa, ainda no Brasil, foi uma placa de comunicação chamada Cyclom-8. ‘Para mim, o momento mais difícil foi logo no início’, afirmou Daniel Dalarossa, de 45 anos, que vive em Fremont, Califórnia. ‘O único produto que tínhamos começou a apresentar problemas. Os terminais dos clientes ligados à placa travavam aleatoriamente. Tínhamos clientes revoltados com a situação. Um deles foi o Banco Nacional, do Rio de Janeiro.’


Segundo Dalarossa, o problema era de hardware, resolvido por Lima. ‘Quando tudo foi resolvido, eu disse ao John: ‘se resolvemos essa, conseguimos resolver qualquer coisa…’ Para Lima, no entanto, o maior desafio foram os primeiros anos nos EUA: ‘De 1991 a 1993 foi dificílimo, porque o mercado estava saturado para o produto que tínhamos na época. Foi aí que surgiu o Linux , como a luz no fim do túnel, e tudo deu certo. Esta fase foi marcante e muito dura’.


Quando decidiram ir para os Estados Unidos, a empresa era pequena até mesmo para os padrões brasileiros. Eles haviam fechado 1990 com US$ 150 mil de faturamento e seis funcionários. A idéia de virar multinacional veio de um amigo, Robert Chen. ‘Ele nos convenceu de que tínhamos condição de vencer nos EUA, assim como ele, nascido em Taiwan, havia vencido’, disse Dalarossa.


DIFERENCIAL


Em 18 anos de existência, a empresa atendeu a 8 mil clientes, incluindo 85 das 100 maiores empresas da lista da revista Fortune. O Linux foi essencial para se diferenciar lá fora. Para a venda, pesou uma nova especialidade, que eram servidores de acesso a console. Os sistemas da Cyclades permitiam acessar remotamente os componentes de uma rede de comunicação quando a rede caía, para que a conexão fosse restabelecida.


‘A história da Cyclades é de muito sucesso’, disse Paulo Hummel, vice-presidente da Avocent, empresa que comprou a Cyclades. ‘Dois brasileiros foram para os Estados Unidos, sem capital e sem conhecer a legislação, e conseguiram vender a empresa por US$ 90 milhões.’ A Avocent decidiu manter uma equipe de desenvolvimento de software no Brasil, com 30 pessoas. ‘Nosso objetivo é crescer na América Latina.’


A Avocent viu na linha de produtos da Cyclades um complemento à sua. ‘A Cyclades conquistou uma participação importante no mercado Linux e de gerenciamento de infra-estrutura de rede’, apontou Hummel. ‘Com a entrada da Avocent, podemos oferecer uma solução completa para os ambientes Windows, Linux e de rede.’


Os fundadores da Cyclades buscavam, no ano passado, investidores para financiar a expansão internacional da empresa. Decidiram aceitar a oferta de venda integral para a Avocent. ‘Três empresas se apresentaram e fizeram propostas de compra total’, explicou Dalarossa. ‘Resolvemos aceitar porque as ofertas eram boas e o momento também.’ Eles mandaram fazer troféus para comemorar o momento.


Após a venda da Cyclades, John Lima toca dois projetos. No Vale do Silício, criou a empresa de software Coffee Bean Technology, para oferecer sistemas de Business Intelligence, que permite aos administradores terem acesso, em tempo real, às informações da empresa. Outro projeto é uma fundação, que planeja criar no Nordeste do Brasil, chamada Jovem Integridade. ‘Acredito que um dos problemas do Brasil é a falta de integridade em todos os níveis sociais, e uma forma de resolver este problema é começar com os jovens.’


Daniel Dalarossa também abriu uma fundação, chamada Cuore, para ajudar crianças carentes no Brasil, e uma empresa de construção civil chamada Effyis Homes, para atuar nos EUA. Flautista, Dalarossa também resolveu produzir discos de choro: ‘Vou colocar todos os recursos possíveis para promover essa coleção de CDs no Brasil, EUA e Japão’.’


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Google avança no território da Microsoft


‘AFP e EFE O Google, maior site de buscas pela internet do mundo, leva a batalha dos programas de informática ao território da Microsoft, com um novo pacote de serviços online para pequenas empresas e profissionais. A empresa anunciou ontem a intenção de dar versões feitas sob medida para seus serviços de correio eletrônico Gmail, de mensagens instantâneas, chamadas telefônicas pela internet, calendários partilhados, design básico, publicidade e hospedagem de sites.


A companhia passa a oferecer um serviço denominado ‘Aplicativos Google para o seu Domínio’, destinado a pequenas empresas, organizações sem fins lucrativos e universidades que desejam serviços empresariais da internet, sem ter que pagar por eles. ‘O serviço se adapta facilmente para hospedar bases de usuários em crescimento e satisfazer suas necessidades de armazenamento de forma maciça, reduzindo assim drasticamente os custos de manutenção’, disse a empresa em comunicado.


O serviço inclui aplicativos online gratuitos, como processamento de texto e planilhas de cálculo que, segundo analistas, fazem parte de uma estratégia pela qual o Google se propõe a competir com a gigante do software, Microsoft, em seu próprio território.


Dave Girouard, vice-presidente do grupo Google, disse que o novo pacote ‘elimina muitos gastos e complicações de manter uma infra-estrutura de comunicações, o que constitui um alívio que há de ser recebido com agrado por muitos pequenos comerciantes e pessoas que trabalham com a internet’.


‘Os empresários podem deixar que o Google seja seu especialista em entrega de correio eletrônico, mensagem instantânea e outros serviços web de alta qualidade, enquanto eles podem se ocupar das necessidades de seus usuários e de seus negócios cotidianos’, disse.


PUBLICIDADE


O Google se tornou também o fornecedor exclusivo de anúncios de texto para as páginas da internet do eBay situadas fora dos Estados Unidos. Em maio, o eBay chegou a um acordo semelhante com o Yahoo, mas para suas páginas americanas.


O acordo anunciado ontem inclui a troca entre o Google e o eBay de uma nova forma de publicidade na internet chamada ‘click to call’, que permite ao anunciante se comunicar diretamente com seus potenciais clientes por meio de sistemas de telefonia pela internet.


O sistema permitirá ao usuário ativar um link ou ícone que houver em um produto ou publicidade para iniciar uma conversa e entrar em contato com usuários do eBay ou anunciantes do Google diretamente a partir dos sites de cada companhia, usando o Skype ou o Google Talk. O eBay, maior página de leilões da internet, é o proprietário do Skype, um dos programas de telefonia pela rede mais populares.’


TELEVISÃO
Flávia Guerra


24 horas é o melhor do ano e leva três Emmys


‘O Emmy é de 24 horas, seriado estrelado por Kiefer Sutherland que, somente em sua quinta temporada, levou finalmente o prêmio máximo da TV norte-americana. Já não era sem tempo. Pode-se considerar esta edição como um prêmio ao ‘conjunto da obra’ de 24 Horas, da Fox, que concorria em 12 categorias. Afinal, realmente geniais foram as duas primeiras temporadas do seriado que traz o agente secreto Jack Bauer em peripécias em tempo real.


Bauer, o melhor ator dramático da noite, e sua turma, que subiu ao palco do Shrine Auditorium para receber o prêmio de melhor série dramática e o de melhor, desbancaram o favorito da noite, o seriado Grey’s Anatomy, da Sony, sobre o dia-a-dia de um hospital de Seattle. Percorrendo a esteira de Plantão Médico, Grey’s Anatomy concorria a 11 estatuetas e praticamente saiu de mãos abanando. A equipe do Seattle Grace Hospital é responsável, ao lado da sensação Desperate Housewives e Lost, por reanimar uma agonizante ABC. Grey’s Anatomy ficou apenas com o troféu de elenco dramático em cerimônia que tentou primar pela economia de palavras.


Em uma caixa de vidro, um ator seria enforcado caso o evento excedesse três horas de duração. Quem salvou a noite mesmo foi a dupla dinâmica Jon Stewart, de The Daily Show, e Stephen Colbert, The Colbert Report. Os reis do ‘jornalismo mentira de verdade’ da América conseguiram ultrapassar os discursos prontos e protagonizar a cena mais hilária da noite. Ambos concorriam e perderam para Barry Manilow: Music and Passion, um totem ao mundo brega, o prêmio de performance individual em um programa. Quando os dois subiram ao palco para entregar o prêmio de reality show de competição, que foi para The Amazing Race, Colbert não perdeu a chance: ‘Perder para o Wolverine (o ator Hugh Jackman, que também concorria) tudo bem. Ele tem garras. Mas para o Barry Manilow. Não me conformo.’


Stewart é veterano em Emmy e nesta 58ª edição levou o de melhor talk show por sua sátira mordaz ao jornalismo televisivo The Daily Show, da CNN. O produtor, roteirista, comediante e ator voltou ao palco com sua equipe para receber o merecido prêmio de melhor direção de musical ou comédia. A melhor série de comédia foi o hilário The Office, inspirado no seriado homônimo britânico, que satiriza o universo do mundo corporativo, no melhor estilo das tirinhas Dilbert.


A melhor atriz de comédia foi Julia Louis-Dreyfus, a eterna Elaine, a ex-namorada e melhor amiga de Seinfeld, que levou para casa seu segundo Emmy por The New Adventures of Old Christine, da CBS, exibida no Brasil pela Warner. Tony Shalhoub levou o prêmio de melhor ator em comédia por Monk. Entre os coadjuvantes, Mariska Hargitay ficou com o de atriz dramática por Law&Order, da NBC. Alan Alda levou o de ator coadjuvante em drama por The West Wing, da NBC; Blythe Danner levou o de atriz coadjuvante em drama por Huff. Na comédia, Megan Mullaly merecidamente foi a melhor coadjuvante pelo já saudoso Will&Grace, da NBC. Entourage, da HBO, que levou menos do que merecia ficou com o prêmio de ator coadjuvante para Jeremy Piven.’


Keila Jimenez


PCC atrapalha série


‘Quem disse que é só a violência do Rio que atrapalha as gravações da TV? Em Brasilândia, novo fruto da parceria da 02 Filmes com a Globo, que estréia em novembro, os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) frustraram as gravações em presídios locais.


A atração, que traz a história de quatro garotas da periferia de São Paulo, que querem vencer no mundo da música com o grupo de rap Antônia, tem em seu primeiro episódio cenas que seriam gravadas em um presídio feminino. Seriam. Já com a autorização em mãos, a produtora teve de suspender as filmagens uma vez que os ataques na cidade ganharam força novamente em agosto, e nenhuma autoridade queria arriscar gravar em casa de detenção com um clima desses.


A cena é a da libertação da personagem Barbarah (Leila Moreno), que ficou um tempo presa e sai da cadeia para recomeçar a vida. O jeito foi gravá-la em um ‘presídio cenográfico’.


Os ataques do PCC serão retratados em um dos cinco episódios de Brasilândia, que começou a ser gravado este mês e tem como base do filme Antônia, ainda inédito, de Tata Amaral.


Páginas terá 20 cenas reescritas


Quando tudo parecia que ia bem, eis que Manoel Carlos tem de reescrever cerca de 20 cenas da personagem Tereza, de Renata Sorrah. Ela seria uma juíza em Páginas da Vida, inspirada na deputada Denise Frossard. O problema é que Denise é candidata a reeleição, o que poderia trazer problemas para o autor mais adiante com relação a favorecimento de candidato ou propaganda política. Renata será agora procuradora de Justiça na novela, um cargo com funções distintas do anterior, mas que, cenicamente, costuma ter mais glamour.


entre-linhas


Foi bem a audiência da grande final da Super Copa UEFA na Record, sexta-feira. A partida entre Barcelona e Sevilha, das 15h31 às 17h48, registrou 9 pontos de ibope.


A SporTV 2 estréia hoje, às 18 horas, uma nova mesa-redonda. Brasil em Campo trará lances e comentários dos jogos das séries B e C do Brasileirão.


As humilhações a que Roberto Justus vem submetendo seus candidatos em O Aprendiz 3 continuam surtindo efeito no ibope. O programa, que começou com 8 pontos, rendeu 11 de média anteontem.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 29 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Leandro Beguoci e Rogério Pagnan


Mercadante e Quércia evitam atacar Serra em debate na TV


‘Aloizio Mercadante (PT) e Orestes Quércia (PMDB) evitaram atacar diretamente José Serra (PSDB) no debate promovido pela TV Bandeirantes entre os candidatos ao governo de São Paulo ontem. A tarefa de criticar o tucano ficou a cargo dos nanicos Carlos Apolinário (PDT), Cláudio de Mauro (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Quércia e Mercadante também relutaram em trocar alfinetadas entre si.


Serra não foi ao programa. Sua cadeira ficou vazia, tal como as referências vagas que Mercadante e Quércia fizeram a ele. O petista preferiu associar Serra ao governo de Fernando Henrique Cardoso no Planalto (1995-2002) e às gestões Geraldo Alckmin (2001-2006) e Mario Covas (1995-2001) no Palácio dos Bandeirantes. Quércia se concentrou em aspectos pontuais, como rodovias.


Um dos exemplos da estratégia de Mercadante foi a explicação oferecida à ausência de Serra no debate: o petista afirmou que o tucano não foi ao evento porque tem dificuldades para responder pela gestão dos antecessores do PSDB, em especial na segurança pública.


Mercadante também fez elogios ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tal como no horário eleitoral na televisão, e louvou os números do governo federal na economia, tentando se ligar a eles.


O único disposto ao confronto foi Apolinário, que resumiu seu propósito em uma frase: ‘Quero pegar o Serra’. Ele afirmou, entre outros, que caso Serra seja eleito e mantenha a progressão continuada na educação cumprirá o papel de ‘exterminador do futuro’.


Pesquisa Ibope divulgada ontem pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo’ mostra que Serra reverteu a tendência de queda. Ele venceria no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Serra subiu de 43% para 46%, Mercadante passou de 15% para 18% e Quércia oscilou de 9% para 8%.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Nietzschiano


‘As pesquisas ecoam. Na Argentina, o ‘La Nación’ deu página para a ‘lulamania’ que ‘toma conta do Brasil’ e contrasta com a ‘lulafobia’ anterior. Para economista do ABN Amro, ‘a lulafobia era irracional’ e ‘hoje o mercado já não questiona Lula’. O jornal cita desde a adesão de tucanos até Hélio Schwartsman na Folha Online, dando Lula como ‘versão tupiniquim do Übermensch (super-homem) nietzschiano _o que não me mata me fortalece’.


Em editorial, o ‘Los Angeles Times’ vai além e diz que ele foi ‘respeitador das normas democráticas’ e conseguiu caminhar ‘no fio entre os interesses dos negócios e aqueles dos trabalhadores pobres’. Elogia o Bolsa-Família, ‘modelo para o resto do mundo’.


‘Não que ele tenha sido perfeito’, encerra o ‘LAT’, citando a ‘corrupção’ e sobretudo a atitude ‘às vezes muito respeitadora com tipos como Hugo Chávez’ _o que o jornal sugere mudar, ‘se reeleito’.


‘ZERO HUNGER’ A tradicional revista de esquerda ‘The Nation’ dedica sua nova edição à ‘comida’_e destaca, entre textos sobre fazendeiros negros e a rede Wal-Mart, uma certa ‘declaração do direito civil à comida’ de Minas, que ‘inspirou o programa do presidente Lula’. A revista ouve João Pedro Stedile, do MST, e derrama elogios ao ‘belo e simples conceito do direito de comer’ http://www.thenation.com/doc/20060911/fmlappe


‘Onde está você, William?’, perguntou Fátima Bernardes ao enviado a Pernambuco


BONNER, O VERMELHO


A campanha arrefece, com as pesquisas e agora com William Bonner, de camiseta vermelha, transmitindo o ‘Jornal Nacional’ de Pernambuco, Estado natal de Lula. Ele, também Fátima Bernardes e até mesmo o repórter Francisco José, todos surgiram vestidos de vermelho.


Sobra como notícia, para as manchetes dos portais e dos sites, a curiosamente anacrônica disputa entre a Volks e o governo Lula. Ontem à noite, do Terra à Folha Online, ‘Governo só libera empréstimo se Volks mantiver fábrica no ABC’, ou ainda, se chegar a ‘acordo com sindicato’.


BONS TEMPOS


O ‘Financial Times’ escreve hoje sobre a indústria automobilística, ‘Brasil busca recuperar os bons tempos’. São os anos 60 e 70, de ‘boom’.


Já entre 94 e hoje, apesar do investimento das empresas, a produção esteve ‘muito abaixo da capacidade’ e ‘precisa de crescimento _algo que continua a escapar ao Brasil’.


DESEQUILÍBRIO


Ontem no ‘FT’, o relato sobre o encontro de presidentes de bancos centrais para debater globalização destacou o ‘temor’ de que ‘o crescimento não beneficie a todos’.


Nos países em desenvolvimento, ‘histórias de sucesso da globalização são mais difíceis de achar’. Ex-BC, Armínio Fraga se disse ‘frustrado de não termos feito melhor’.


QUASE


O México, parece, encerrou ontem a novela e elegeu o conservador Felipe Calderón _ainda que o populista Andrés López Obrador questione as instituições e ameace se declarar presidente paralelo, manchete do ‘La Jornada’.


O site do ‘New York Times’ proclamava ontem ‘vitória quase certa’ de Calderón.


CENÁRIOS


Mas o colunista Andres Oppenheimer, do ‘Miami Herald’, vê ‘cenários’ negativos para os EUA na região, com a possível eleição de chavistas no Equador e na Nicarágua:


_ A onda populista radical perdeu muito de seu ímpeto, mas está longe de ter morrido.


No melhor cenário para os EUA, Lula ‘é reeleito facilmente e se afasta de Chávez’.’


TELECOMUNICAÇÕES
Elvira Lobato e Humberto Medina


Teles irão à Justiça contra leilão da Anatel


‘As companhias telefônicas vão contestar, na Justiça Federal, o leilão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para a venda de direito de uso de freqüências para acesso à internet e outros serviços avançados de comunicação sem fio.


Enquanto as gigantes da telefonia fixa local preparam a ação judicial, o Ministério das Comunicações e a Anatel tentam fechar um acordo que ponha fim às divergências no âmbito governamental.


O leilão está marcado para a próxima segunda-feira, mas dificilmente acontecerá na data marcada, segundo admitiu ontem o ministro Hélio Costa (Comunicações). Ele não descarta a possibilidade de intervir no órgão regulador, caso a direção da agência insista em manter o edital e a data do leilão inalterados.


‘Não está descartada a portaria. Vamos tentar resolver o problema amistosamente […] Nós continuamos as negociações. Na verdade, temos até segunda-feira da semana que vem. Eu acho que está caminhando bem a negociação em direção ao adiamento [da licitação]’, disse Hélio Costa.


Disputa


Segundo executivos das companhias telefônicas ouvidos pela Folha, elas tentarão, por via judicial, anular a decisão do conselho diretor da Anatel -que as impede de disputar os leilões em suas áreas de concessão- com o argumento de que a decisão é ‘imotivada’ e que contraria a recomendação do corpo técnico da agência.


A Anatel pretende licitar blocos de freqüência nas faixas de 3,5 GHz e 10,5 GHz (gigahertz). Essas faixas podem, entre outras aplicações, ser usadas para redes de internet rápida sem fio do padrão WiMax.


A Anatel tomou a decisão de excluir as teles a propósito de estimular a competição no mercado de telecomunicações, já que elas dominam cerca de 95% do segmento de telefonia fixa local e já oferecem acesso à internet em banda larga em suas áreas de concessão.


As teles vão argumentar na Justiça que a área técnica da Anatel apresentou quatro opções ao conselho diretor: 1) liberação total da participação delas nos leilões; 2) leiloar apenas parte das freqüências disponíveis, deixando uma reserva para venda futura; 3) impedir que as teles ofereçam serviço sem fio nas grandes cidades por dois anos e liberar o acesso delas nas localidades menores; 4) proibir a compra de freqüência pelas teles dentro de suas áreas de concessão.


Segundo as telefônicas, o corpo técnico da Anatel recomendou a terceira opção, que daria uma vantagem temporária de dois anos aos novos competidores, mas não as excluiria do mercado.


Custos


As teles, que já oferecem banda larga com sua rede de linhas fixas (serviço tipo ADSL) nas suas áreas de concessão, estão preocupadas com a possibilidade de ficarem de fora da nova tecnologia para provimento de acesso à internet em banda larga sem fio.


Como concessionárias de serviço público, essas empresas são obrigadas, a partir do ano que vem, a instalar postos de serviço de telecomunicações com acesso à internet. A tecnologia de acesso sem fio tornaria essa obrigação mais barata para as empresas.


O edital, no entanto, não permite que as operadoras de telefonia fixa que são concessionárias (como a Telefônica em São Paulo) adquiram a freqüência na área em que atuam.


A preocupação das teles é que elas fiquem só com a tecnologia ultrapassada (internet rápida com fio), enquanto outras companhias oferecem o WiMax, sem fio e mais moderno.


A grande adversária das três gigantes de telefonia fixa local (Telemar, Brasil Telecom e Telefônica) é a Embratel. Além de ser acionista da Net (maior operadora de televisão a cabo do país), a Embratel já adquiriu, em outro leilão, autorização para a freqüência de 3,5 GHz em todo o Brasil. Esse leilão foi realizado no ano de 2002, quando o WiMax estava nos primórdios.


A Brasil Telecom também possui freqüências para transmissão sem fio em vários Estados, mas não em toda a sua área de concessão.


Negociação


Segundo o ministro Hélio Costa, há duas opções para evitar que o leilão aconteça com as regras estabelecidas pela Anatel. ‘A primeira pode ser partindo do próprio conselho [da Anatel], e a segunda, um pedido de adiamento de uma empresa interessada’, disse.


Tal pedido, segundo declarou o ministro, ainda seria apresentado à Anatel, cujo conselho diretor se reúne amanhã.


Na pauta da reunião, está o exame do pedido de impugnação do edital apresentado há cerca de três semanas pela Abrafix, entidade representativa das teles.


Segundo a Folha apurou, o secretário de Telecomunicações do ministério, Roberto Pinto Martins, negocia com o presidente da Anatel, Plinio Aguiar Júnior, duas mudanças no edital: a redução do prazo de exclusividade para as empresas que vierem a adquirir as licenças e o estabelecimento de compromissos de cobertura de localidades mais pobres.


As negociações no âmbito do governo não resolvem o foco de conflito das teles, que estão impedidas pelo edital de adquirir licenças para comunicações sem fio dentro de suas áreas de concessão do serviço de telefonia fixa local. Significa que a Telefônica, por exemplo, ficará impedida pelo edital de oferecer acesso à internet sem fio no Estado de São Paulo.


Costa entrou em rota de colisão com a Anatel depois que a agência negou seu pedido de adiamento de leilão, no dia 9.


O ministro justificou o pedido ao dizer que parte das freqüências que irão a leilão deveria ser destinada à política pública de inclusão digital, em elaboração no ministério.


A decisão do ministro foi interpretada como uma concessão às teles, mas as empresas negam tal vínculo e atribuem a atitude do ministro a interesses políticos.


Ao ver negado seu pedido, Costa anunciou que baixaria uma portaria para anular o edital da Anatel. A portaria está redigida há duas semanas e, segundo a Folha noticiou, foi preparada com respaldo do Palácio do Planalto.


Diante da ameaça de intervenção, advogados de dentro e de fora do governo declararam não existir respaldo legal para a portaria e que a intervenção provocaria uma crise institucional. A portaria ficou na gaveta.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Google acerta parceria com o eBay para publicidade on-line


‘O Google Inc. anunciou ontem parceria com o eBay, maior portal de leilões do mundo, para veicular anúncios em seus sites fora dos EUA. A decisão do eBay ocorre em meio à desaceleração da expansão de sua divisão de leilões on-line, sua principal fonte de receita.


As duas companhias também irão lançar anúncios ‘click to call’ em seus sites no mercado americano e no exterior, que permitem que anunciantes sejam contatados por consumidores por meio de comunicadores instantâneos na web, disse Meg Whitman, CEO do eBay.


As ligações ocorrerão por meio dos comunicadores que disponibilizam, o Google Talk e o Skype (eBay).


Em outra iniciativa também anunciada ontem, mas direcionada só ao mercado corporativo, o Google Inc. oferecerá um conjunto de aplicativos para empresas, com ferramentas que vão de e-mail e comunicadores instantâneos a design e hospedagem de páginas.’


PASQUIM NA WEB
Gabriela Longman


Site cataloga coleção completa do ‘Pasquim’


‘Enquanto revistas antigas são geralmente malconservadas e pouco lidas nas bibliotecas e acervos, um jornalista/ historiador/webdesigner passa as noites em claro para disponibilizar on-line e gratuitamente edições de ‘O Cruzeiro’, ‘Careta’ e ‘O Malho’ -publicações que marcaram a história da imprensa no século 20.


Criador do site Memória Viva (www.memoriaviva.com.br) há oito anos, Sandro Fortunato prepara uma nova empreitada: um gigantesco banco de dados digital em que tudo o que já foi escrito, citado e desenhado no ‘Pasquim’ poderá ser localizado por internautas.


Com a autorização de Ziraldo, Ivan Cosenza (filho de Henfil), Luiz Carlos Maciel e outros colaboradores do periódico, aos poucos Fortunato transforma em arquivo digital a coleção completa do ‘Pasquim’, semanário editado entre 1969 e 1991 e famoso pela contestação à ditadura militar.


A coleção foi doada em maio deste ano pelo mineiro Rogério Gomes. Se Sandro mora em Brasília e a coleção estava em Juiz de Fora (MG), não teve problema: pegou um ônibus e em menos de 24 horas trouxe para seu apartamento em Brasília cerca de 300 quilos de jornal -mais de mil exemplares.


‘Cheguei à rodoviária com 16 sacos de lixo lotados. O motorista me disse: ‘Olha, você precisa transformar isso tudo em quatro volumes. Dois deles você tem direito a levar, o menor eu vou te cobrar, e o quarto eu finjo que não vi’.’


Depois da ‘travessia’, a coleção começa a chegar à internet na semana que vem, no dia 4 de setembro, com os 50 primeiros números digitalizados.


Carioca de 34 anos, Fortunato já viveu no Rio, em Natal, em Brasília. Embora dedique a maior parte de seu tempo ao Memória Viva, trabalha num portal particular para tirar seu sustento. ‘O Memória Viva nunca teve patrocinador, não cobra por acessos’, diz o jornalista, cuja coleção tem cerca de 9.000 jornais e revistas.


‘O site surgiu da constatação de que a web brasileira, assim como o próprio país, não costuma preservar sua memória.’


No início, a página reunia biografias de personalidades da história e da cultura do país. O trabalho com a imprensa só começou em 2002. ‘Quando precisei de fotos de Juscelino Kubitschek, tive a oportunidade de ter em mãos 40 edições da revista ‘O Cruzeiro’. Em pouco tempo estaria no ar um setor voltado exclusivamente para a revista. Em 2005, o site foi vencedor do Prêmio Ibest de Arte e Cultura e hoje recebe cerca de 2.000 visitas diárias.


Direitos Autorais


Para disponibilizar ‘O Pasquim’, Fortunato procurou os colaboradores e pediu a liberação do material; mas e quanto à revista ‘O Cruzeiro’?


‘Até hoje existe briga na família do [Assis] Chateaubriand pela fortuna dos ‘Diários Associados’, da qual ‘O Cruzeiro’ fazia parte. Mas a coisa é ainda mais complicada: quando vou publicar uma matéria, o direito é de quem escreveu ou do jornal que publicou? Em relação às fotos, tem o direito do fotógrafo, do veículo e de quem aparece. Ou você faz como eu fiz -vai colocando no ar- ou então não faz nunca.’


Fortunato argumenta que seu trabalho é de interesse histórico e sem fins lucrativos. ‘Se alguém se achar ofendido ou pedir para não publicar algo, tiro do ar na hora’, diz, fugindo da encrenca judicial -nunca foi processado. ‘Em geral, acontece o contrário: muitos fotógrafos da época entraram no site e ficaram fascinados: ‘Puxa, obrigado, alguém prestou atenção e preservou no nosso trabalho’.’’


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‘Bibliotecas’ similares começam a pipocar na web


‘Se ainda são muito raras iniciativas como as do Memória Viva, pouco a pouco a internet começa a receber outros sites que ajudam a mapear história do Brasil por meio de sua imprensa e de suas publicações.


Um dos melhores exemplos é o site Rio Através dos Jornais (www2.uol.com.br/rionosjornais), que percorre eventos da história do Rio de Janeiro, entre 1888 e 1969, contados na íntegra, pela ótica de 62 diferentes jornais da época.


Recentemente o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) colocou na rede a coleção de sua célebre revista ‘Novos Estudos’, publicação que marcou a história intelectual do Brasil a partir de 1981.


Assim, no site do centro (www.cebrap.org.br) é possível acessar artigos dos críticos Roberto Schwarz e Antonio Candido, do sociólogo Francisco de Oliveira e dos economistas Celso Furtado e Paul Singer, entre outros. A leitura da íntegra dos textos, porém, só é permitida aos assinantes, ao custo de R$ 45 anuais.


O Banco de Dados da Folha gerencia a página Almanaque (almanaque.folha.uol.com.br), em que é possível acessar textos históricos do jornal e galerias de fotos antigas, ordenadas por assunto.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Justiça nega indenização a ex de Galisteu


‘O TST (Tribunal Superior do Trabalho) praticamente encerrou na última sexta-feira ação judicial decorrente de uma das mais rumorosas rupturas da TV dos últimos anos: a demissão, em 2000, do então superintendente artístico da Rede TV!, o jornalista Rogério Gallo, sob a acusação de traição.


Gallo foi demitido por supostamente ter escondido de seus patrões que a então namorada, Adriane Galisteu, apresentadora do ‘Superpop’, estava negociando com a Record.


O jornalista, que nunca admitiu a acusação, processou a Rede TV!. Em primeira instância, saiu vitorioso: a Justiça não só reconheceu seu vínculo trabalhista como lhe deu o direito a indenização de R$ 2 milhões por danos morais, pelo fato de a Rede TV! tê-lo acusado de traição, além de retratação pública.


Essa sentença foi reformada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo. O TRT manteve a condenação por direitos trabalhistas, mas negou a de danos morais, porque entendeu que a Rede TV! não foi responsável pela publicação de notícias levantando dúvidas sobre seu caráter.


Os advogados de Gallo recorreram da decisão do TRT ao TST. Não adiantou nada, porque o TST acaba de manter a sentença do TRT. Ou seja, Gallo (que hoje presta serviços eventuais para a Band) só terá direito a indenizações trabalhistas (férias, 13º, FGTS), o que deve render cerca de R$ 500 mil.


MULHER SECRETA A produção do ‘Zorra Total’ fez uma busca no arquivo do programa e não identificou entre suas figurantes a mulher que aparece nas fotos que serviram para acusar um diretor da atração de assédio sexual. O diretor foi demitido pela Globo.


TRABALHO DUPLO 1 O autor de ‘Páginas da Vida’, Manoel Carlos, vai retardar em uma semana o desenvolvimento da personagem de Renata Sorrah, que não será mais uma juíza (para não ficar parecendo propaganda da deputada Denise Frossard), mas sim uma procuradora de Justiça (federal).


TRABALHO DUPLO 2 Manoel Carlos lamenta ter de jogar fora 20 cenas que já havia escrito. Ele ainda aguarda uma nova pesquisa para definir o futuro da personagem.


OFEITO SOL 1 Sem a novela ‘América’ no ar turbinando o ‘mundinho country’, o público da festa do peão de boiadeiro de Barretos, interior de São Paulo, caiu quase 40% em relação ao ano passado. O evento, encerrado anteontem, teve 750 mil visitantes, contra 1,2 milhão em 2005.


OFEITO SOL 2 A organização de Barretos prefere comparar a edição de 2006 com a de 2004 (800 mil). É que no ano passado, além do efeito ‘América’, foram 18 dias de festa (oito a mais do que em 2004 e em 2006), comemorando os 50 anos do rodeio.


TV INFAME Os apresentadores do ‘TV Fama’, o jornalista Nelson Rubens e a atriz Adriana Lessa, andam se desentendendo nos bastidores da Rede TV!.’


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