Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Daniel Castro

"Canal pago até hoje dedicado exclusivamente ao cinema brasileiro, o Canal Brasil vai abrir sua programação para filmes da Argentina e do Chile e, posteriormente, Colômbia, Cuba e México. Seu novo diretor-geral, Paulo Mendonça, está na Argentina negociando o primeiro pacote.


‘Tem coisas fantásticas [nesses países] que a gente tem de ter acesso’, justifica Mendonça. Os filmes latinos entrarão na sessão semanal ‘Cone Sul’, com apresentação do ator Chico Diaz.


‘Cone Sul’ será um dos dez programas que o Canal Brasil (hoje só de filmes, quase todos reprises) irá estrear em maio, na faixa das 23h. O canal, que vai investir R$ 800 mil nesses programas, irá se abrir também para outras áreas da cultura (como o teatro e a música) e promete exibir dois filmes nacionais ‘arrasa-quarteirão’ por mês, a partir de maio.


Entre as estréias de maio estão ‘Sem Frescura’ (apresentado pelo ator Paulo César Pereio, generalista), ‘Escândalo’ (com a cantora Ângela Rô-Rô, musical, provocativo), ‘Tarja Preta’ (‘entrevistas invasivas’, com Selton Mello), ‘Filmando conforme a Música’ (sobre música e cinema) e ‘Em Cartaz’ (filmagens de peças teatrais, com duas horas).


Outra mudança será no telejornal ‘Cinejornal’, que passará a ser semanal, deixando o ‘oba-oba’ do cinema de lado para se tornar ‘mais político’, nas palavras do diretor Mendonça.


OUTRO CANAL


Prótese A novela ‘Metamorphoses’ estreou domingo na Record com 11 pontos no Ibope na Grande SP. É uma boa audiência. Mas a novela teve seu ibope turbinado por ‘A Máscara do Zorro’, que a precedeu, com média de 13 pontos. O filme terminou com 17 pontos. A novela, em três minutos, derrubou para 11 _e se manteve.


Artificial ‘Metamorphoses’ chama a atenção pela qualidade de suas imagens, em alta definição. Mas é só. Seu texto e roteiro são anêmicos. Alguns atores ainda não encontraram seus personagens. E a trama é uma colagem de argumentos do cinema americano (por exemplo, de ‘A Outra Face’, ao abordar transplantes de rostos).


Natural O Ministério da Justiça adverte: a exposição de seios, como apelou ‘Metamorphoses’ no primeiro capítulo, é inadequada para a faixa das 20h, independentemente de a emissora ser evangélica.


Retorno Extinta série de contos adaptados na TV, ‘Brava Gente’ vai virar DVD. A Globo lança nesta semana edição com quatro episódios de humor: ‘Mistérios do Sexo’, ‘A Hora Errada’, ‘A Casa Errada’ e ‘O Crime Imperfeito’.


Infantil O programa que Carlos Massa, o Ratinho, terá aos domingos, no SBT, será exibido na faixa das 12h às 13h. Com título provisório de ‘Gente que Brilha’, deve estrear em abril."




DIPLOMA EM XEQUE

Luciana Oncken


"Obrigatoriedade do diploma? Não sei. Mas da faculdade, sim!", Comunique-se (www.comunique.com.br), 16/03/04


"Não sei se o diploma é necessário ou não. Mas defendo a faculdade sim. Pode parecer contraditório, mas não é. Não me arrependo nem um pouco de ter adquirido o meu. Não pelo fato de ter um papel dentro de um canudo (que eu ao menos lembro onde está) com letras bonitas, escritas por um calígrafo: ‘Bacharel em Comunicação Social, Jornalismo’. Não, não por isso. Mas por ter sido na faculdade o lugar onde tive a oportunidade do contato com grandes figuras do jornalismo, meus mestres queridos (a maior parte nem deve ter cursado uma faculdade de jornalismo, acredito). Não. Mas em que outro lugar, se não na minha querida Cásper Líbero, eu teria tido a oportunidade de ouvir e ver trabalhar o inesquecível Marcos Faerman? Não que suas aulas fossem cheias de teorias sobre o fazer jornalismo, mas eram repletas de paixão pela profissão, de histórias incríveis.


E eu me lembro até hoje daquelas mãos sofridas, daquele corpo maltratado pelo exercício da profissão. Mas feliz. Feliz por ter feito o que amava. Feliz por escrever tão grandiosamente como escrevia e orgulhoso por ter passado por tudo o que passou. E contava suas histórias, as histórias de suas grandes reportagens, da guerrilha do Araguaia, de tempos duros, da ditadura.


E eu ficava só escutando sua fala mansa, mas intensa. Seus olhos viajando, relembrando, revivendo velhos tempos. E as mãos castigadas, calos em todos os dedos. Seriam de tanto bater à máquina?, eu pensava. Seriam marcas das torturas? O mestre imortal, louco, desvairado. O mestre imortal, e seu ‘A sangue frio’, de Truman Capote. Amava Capote. Amava o jornalismo. Amava as palavras. Marcos Faerman, o mestre imortal, incompreendido.


E foi ali, em sua aula, que me apaixonei ainda mais pela profissão. E vieram outros mestres, como Marcelo Coelho, Bob Fernandes e tantos mais. E quantas amizades fiz. E não tem nada que substitua isso. Por isso, orgulho-me, sim, de ter o meu diploma em algum lugar que não me lembro onde."




PORTAL DO JORNALISMO

Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação


"Portal do Jornalismo Brasileiro", Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação nº 246, 5/03/04


"Para celebrar o transcurso dos 70 anos da Universidade de São Paulo, o Grupo PJ: Br difundiu na WEB a versão definitiva do PORTAL DO JORNALISMO BRASILEIRO.


O Grupo de Estudos sobre o Pensamento Jornalístico Brasileiro, criado na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP). Sob a direção do Professor Emérito José Marques de Melo, está vinculado ao Núcleo de Jornalismo Comparado, integrante do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Jornalismo e Editoração (CJE).


As edições experimentais do portal foram concebidas durante o ano letivo de 2003. Sua versão definitiva circulou em janeiro de 2004, tendo sido produzida por uma equipe liderada pela Profa. Dra. Ruth Vianna, que contou com a colaboração decisiva do Jornalista Marcelo Januário, bem como dos pesquisadores Carsten Burder, Márcia Furtado, Osmar Mendes Jr., além de outros participantes.


Publicações


No Portal, pode-se navegar pelo Mural do Jornalismo Brasileiro, espaço informativo constantemente atualizado, contendo referências ao trabalho realizado pelos agentes do pensamento jornalístico uspiano, seus parceiros e colaboradores.


A Revista PJ:Br – Jornalismo Brasileiro pretende lançar edições semestrais, contendo estudos, pesquisas, análises empíricas e reflexões teóricas sobre o Pensamento Jornalístico Brasileiro.


Por sua vez, o Dicionário do Jornalismo Brasileiro é um espaço referencial, com estrutura de verbetes, contendo dados de natureza biográfica, bibliográfica e hemerográfica sobre o jornalismo brasileiro.


Para acessar o portal, basta clicar: http://www.eca.usp.br/prof/josemarques


Revista científica


Publicação principal do Portal do Jornalismo Brasileiro, a Revista PJ:Br – Jornalismo Brasileiro está devidamente registrada no catálogo internacional de periódicos científicos sob o número ISSN 1806 – 2776.


A primeira edição, correspondente ao primeiro semestre de 2003, focalizou a temática ‘Pensadores Paradigmáticos do Jornalismo Brasileiro’, resgatando as histórias de vida e as idéias de Frei Caneca, Rui Barbosa, Barbosa Lima Sobrinho, Alceu de Amoroso Lima, Cásper Líbero, Danton Jobim, Luiz Beltrão, Carlos Lacerda, Vitorino Prata Castelo Branco e Carlos Rizzini.


A segunda edição, editada durante o segundo semestre, privilegiou os ‘Pensadores Jornalísticos Uspianos: 1a. Geração (1967-1971)’, reconstituindo a trajetória acadêmica de alguns dos primeiros professores do Curso de Jornalismo: José Marques de Melo, Flávio Galvão, Gaudêncio Torquato Hélcio Deslandes, Francisco Morel, e Gileno Marcelino.


Em sua apresentação, o Chefe do Departamento de Jornalismo e Editoração da ECA-USP, Prof. Dr. José Coelho Sobrinho destaca a inserção do novo periódico na ‘rede mundial do conhecimento’.


‘A Revista PJ:Br – Jornalismo Brasileiro está nascendo com a consciência e o objetivo de ser mais um nó que se interconecta à rede mundial do conhecimento. Neste tipo de mídia parece não haver lugar para a modéstia porque, como afirma Manuel Castells, se houver compartilhamento de códigos existirá uma globalização do capital, e o capital que está sendo investido nesta revista deverá render dividendos para o debate sobre as idéias a respeito dos processos jornalísticos produzidos por pensadores e pesquisadores brasileiros.’


Destaques


Cada edição da Revista PJ:Br – Jornalismo Brasileiro inclui um dossiê de natureza biográfica.


No primeiro número, o dossiê ‘Marques de Melo, 30 anos’ analisa o significado histórico da primeira tese de doutorado sobre jornalismo defendida no Brasil em 1973. Os textos foram escritos por Eni Simões Magro, Manuel Pares i Maicas, Mônica Kimura, Richard Romancini, Ruth Vianna, Vera Rodrigues e Wanda Schumann.


Na segunda edição, o dossiê ‘Quarup para Borin’ reproduz a homenagem póstuma prestada ao Professor Jair Borin, primeiro ex-aluno da ECA-USP a integrar o corpo docente do Curso de Jornalismo. Assinam as matérias seus colegas Alice Mitika Koshiyama, Bernardo Kucinski, Dulcilia Buitoni, Jeanne Marie Machado de Freitas e Wilson da Costa Bueno, além de outras personalidades do mundo político.


Podem também ser encontradas nas edições inaugurais dessa revista, artigos sobre a regulamentação da profissão de jornalista, jornalismo digital, jornalismo investigativo, jornalismo digital etc.


Ao apresentar a segunda edição, a editora Ruth Vianna destaca o caráter referencial dos estudos de jornalismo desenvolvidos sob a égide da ECA-USP: ‘(…) esperamos ter dado um pouco de nosso trabalho ao avanço dos estudos do jornalismo brasileiro e colaborado pelo resgate da memória de nossos pesquisadores (…) seguramente (…) tem a ECA-USP o status de referencial nacional e internacional na formação de profissionais competentes, humanos, criativos e críticos (…) Preservar a memória e trabalhar para que ela não se apague e sirva de parâmetros para posteriores estudos, que não é uma tarefa fácil, é árdua, mas que merece ser continuada com a maior dignidade possível’."




MERCHANDISING & MARCAS

Sandra Azedo


"Merchandising em novelas atrai grandes marcas", Gazeta Mercantil, 11/03/04


"Natura, Wella, Gatorade e Intelig são gigantes que apostam na eficácia diferenciada dessas inserções comerciais. Depois da experiência em ‘Mulheres Apaixonadas’, da Rede Globo, a Natura resolveu voltar a apostar na estratégia de merchandising em novelas, agora por meio de ‘Celebridade’. Nos últimos capítulos, um dos personagens da trama, Fernando Amorim (interpretado por Marcos Palmeira), foi para o norte do País para dirigir documentário sobre a biodiversidade brasileira e seu uso sustentável. A Natura aparece como fonte de informação do documentário, que mostra comunidades que cultivam as matérias-primas naturais usadas pela empresa.


A fabricante de perfumaria e cosméticos, no entanto, não é a única empresa que nos últimos tempos escolheu esse tipo de merchandising para sua comunicação. Wella e Gatorade (marca da PepsiCo) já tiveram a marca inserida em ‘Celebridade’ e a operadora Intelig Telecom ainda tem aparições programadas. Apesar de o forte do merchandising em novela estar concentrado na emissora carioca, SBT e Record também estão de olho na estratégia.


De acordo com o diretor de marketing do SBT, Eduardo Barrieu, desde o início deste ano a emissora está trabalhando para que todas as novelas produzidas pelo SBT tenham inserções de merchandising. ‘Estamos criando oportunidades por meio de um trabalho conjunto entre os profissionais ligados à produção da novela e nosso departamento de marketing’, conta Barrieu. O executivo explica que o fato de a novela ter o texto importado – a trama é apenas gravada no Brasil – não atrapalha essa estratégia. ‘São permitidas pequenas adaptações’, explica Barrieu.


O próximo trabalho em que o SBT pode conseguir merchandising é em ‘Deus por testemunha’, título provisório da atração que, a princípio, terá texto mexicano (contrato com a Televisa) e produção brasileira. O projeto inicial era que a novela ‘A Outra’, que estréia no dia 15 de março, toda dublada, fosse produzida no Brasil e já pudesse contar com merchandising.


Para o diretor de marketing do SBT, o merchandising em novela é uma forma de a emissora conseguir obter uma receita maior, complementando os ganhos durante os intervalos comerciais. Entre os segmentos mirados pelo SBT, estão beleza, limpeza, saúde e até turismo. A empresa já havia feito um trabalho de decupagem do roteiro de ‘A Outra’, segundo informa o diretor de marketing, para que pudessem ser analisadas as inserções durante a trama, mas a novela será importada. ‘Não temos uma tabela de preço definida. Um projeto é diferente do outro e com cada cliente é uma negociação específica’, diz.


A Record também quer dividir essa verba publicitária aplicada no merchandising de novela. ‘Metamorphoses’, com texto e produção brasileiros, está programada para estrear no próximo domingo. A novela marca a volta da Record, após três anos, à dramaturgia. O diretor de marketing da Record, Marcus Vinicius Chisco, conta que a emissora está trabalhando com quatro cotas nacionais e uma cota local. Entre essas, está o patrocinador master, as Casas Bahia, para propaganda.


Quanto ao plano de operação de merchandising, Chisco diz que reserva boas oportunidades para as empresas ligadas ao setor de beleza, em razão da história de ‘Metamorphoses’. Apesar de esse ser um segmento bastante disputado, Chisco afirma que a Record está criando situações específicas e que devem agradar aos anunciantes.


‘Além disso, estamos investindo muito na produção. O custo estimado é de R$ 120 mil por capítulo’, diz o diretor da Record. Para divulgar a sua novela a emissora está trabalhando numa ampla campanha de marketing, envolvendo jornal, revista e muitos outdoors. A Record informa que 12 projetos estão em fase de apresentação e mais dois estão em fase final de negociação, um com um banco e outro com uma fabricante de cosméticos.


O professor de promoção da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Claudio Mello, explica que o merchandising não é uma estratégia nova. ‘No entanto, sem dúvida ela é vencedora, apesar de mais onerosa, pois envolve, entre outras coisas, o cachê do ator’, diz o especialista.


O professor considera que o principal desafio para as agências, anunciantes e emissoras é envolver o consumidor com sutileza. ‘Essa é a inteligência do merchandising de sucesso. Quando ele não é bem feito, o consumidor rechaça.’ Dentro do contexto de que a marca deve aparecer, Mello destaca o merchandising do banco Itaú. ‘A empresa utilizou a novela para divulgar o caixa eletrônico. Esse é um caso positivo, que agregou valor.’


Outro ponto levantado por Mello é quanto ao personagem que está envolvido com o merchandising. ‘A empresa quer o mocinho e não o bandido para representar a sua marca. O envolvimento do personagem e a associação de imagem são tão grandes que muitos atores nem aceitam fazer merchandising em novelas.’ Outro detalhe exposto por Mello é que o ideal é que a empresa não faça somente uma ação isolada, pois perde a efetividade.


A Intelig Telecom, então, resolveu seguir a lição. A empresa programou 14 aparições na novela ‘Celebridade’, a primeira experiência da operadora. ‘Tínhamos a intenção de aparecer em A Intelig Telecom, então, resolveu seguir a lição. A empresa programou 14 aparições na novela ‘Celebridade’, a primeira experiência da operadora. ‘Tínhamos a intenção de aparecer em recer em ‘Mulheres Apaixonadasâ€(tm), mas quando procuramos a Globo era tarde’, diz a gerente de propaganda e mídia, Renata Guaraná. A ação é assessorada pela agência Giovanni,FCB. ‘Telecom é commodity, algo difícil de trabalhar em merchandising em novela. Por isso, na trama, criamos um jogo de perguntas e respostas patrocinado.’


Renata conta que o merchansiding é uma estratégia mais trabalhosa. ‘De um lado estão o anunciante e agência, que brigam por maior espaço. Do outro está a emissora, que se cerca de cuidados.’ A executiva diz que a ação já causou bastante ‘barulho’ no mercado. ‘Mostramos que estamos vivos. Há um forte tom de credibilidade’, conta Renata, lembrando que, apesar de não vender uma produto específico na novela, as ligações no call center da Intelig têm uma ativação imediata depois da aparição em ‘Celebridade’.


No caso da Wella, a inserção em ‘Celebridade’ casou com a campanha que a empresa estava lançando para a marca de tinturas de cabelo Koleston. A assinatura da propaganda era: ‘Com Koleston você vira uma celebridade’. A marca apareceu em anúncios e até numa reportagem da revista ‘Fama’, editada na novela. ‘Foi uma estréia com excelente resultado’, considera a gerente de marketing da Wella, Jacqueline DeMaison. A ação foi desenvolvida com a agência Dez Propaganda, do Grupo Newcomm. A conta da Wella agora pertence à Leo Burnett.


A Natura, que sem tem a ação de merchandising mais ampla no momento, comprou espaço em ‘Celebridade’ para 12 aparições. ‘Conseguimos inovar com a emissora e trabalhar crença e valores da Natura’, diz o vice-presidente de negócios, Alessandro Carlucci. O executivo conta que na primeira experiência no merchandising em novela (‘Mulheres Apaixonadas’), a Natura resolveu participou da vida de um personagem, transformando-o numa consultora. ‘Notamos, no ano passado, um aumento no interesse em nossa representação’, diz Carlucci.


As empresas não divulgam os seus investimentos e o tema custo, segundo o diretor de mídia da Y&R (fusão da Bates com Young & Rubicam), Claudio Barres, é de difícil discussão. ‘Se trabalha com um pacote de ações, mas não há uma tabela exatamente definida. Tudo depende da forma de visualização, contexto, enfim, há muitos fatores que influenciam no quanto o anunciante terá de pagar’, diz Barres."