‘A Globo fará o primeiro debate das eleições municipais deste ano, no próximo dia 1º, sob o risco de ter que aceitar mudanças de última hora impostas pela Justiça.
Em São Paulo, a emissora não conseguiu fechar acordo com os 15 partidos que participarão da disputa. O PMDB não aceitou a proposta da Globo de que apenas os cinco primeiros colocados em pesquisa participarão do debate. O partido não assinou o acordo, chancelado pelas demais 14 agremiações na última terça. Assim, o PMDB pode obter liminar obrigando a participação de seu candidato caso ele não fique entre os cinco primeiros em pesquisa que o Ibope divulgará no dia 28.
A Globo acredita que está fundamentada juridicamente porque o debate ocorrerá antes do prazo final para a inscrição dos candidatos a prefeito (5 de julho). Até essa data, as emissoras não são obrigadas a convidar todos os candidatos, mas têm de dar o ‘mesmo tratamento para as pessoas que se encontram em situações semelhantes’. Segundo a Globo, há jurisprudência que entende que esse tratamento isonômico deve considerar a posição nas pesquisas eleitorais. Mas, admitindo riscos, a emissora já trabalha com a hipótese de ter seis participantes.
O debate será realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo, às 11h.
Na Band, uma reunião hoje deve fechar as negociações pelas regras de seu primeiro debate, que poderá ser em 4 ou em 11 de julho.
OUTRO CANAL
Dia D 1 Já se fala que até cinco finais para o assassinato de Lineu (Hugo Carvana) em ‘Celebridade’ foram escritos por Gilberto Braga. Mas só um será gravado no dia 25, quando acaba a novela.
Dia D 2 O cronograma de gravações das produções da Globo no dia 25 prevê a montagem de apenas dois cenários para ‘Celebridade’. Um é o escritório de Lineu, onde ocorre o crime. O outro, do assassino, ainda é mantido em sigilo.
Foi Otaviano Costa recebeu de Hélio Vargas, diretor de programação da Record, a notícia de que seu contrato não será renovado em 30 de setembro. Segundo Costa, a Record fez uma mea culpa: admitiu que o usou mal, para tapar buracos, e que não abriu espaço para a programação jovem, sua praia. Enfim, faltou estratégia.
Topo Com o capítulo de anteontem, ‘Celebridade’ finalmente empatou com ‘Mulheres Apaixonadas’ e ‘O Clone’ no Ibope da Grande SP. A novela registra agora média de 46 pontos do 1º ao 213º capítulo. Mas sua participação no total de TVs ligadas é maior: 68%, contra 67% de ‘Mulheres’ e 64% de ‘O Clone’.
Novela Aparentemente, esse é o último capítulo da novela Jorge Kajuru na Band. Depois de notificar o apresentador a pagar, em dez dias, multa contratual, a emissora voltou atrás: fará uma rescisão amigável, e Kajuru receberá quase R$ 300 mil.’
CANDIDATO COLUNISTA
‘Da coluna às urnas’, copyright Folha de S. Paulo, 21/06/04
‘Encerro hoje uma nova fase de meu diálogo com os leitores da Folha por meio deste espaço, até agora o principal veículo de expressão de meu pensamento e de minha visão sobre o Brasil. Quando retomei a coluna, em janeiro passado, meus planos de vida eram diferentes dos atuais.
Depois da campanha presidencial, passei um ano em Princeton, nos Estados Unidos, lendo, escrevendo e fazendo conferências. Ao retornar ao Brasil, pretendia exercer a presidência do PSDB, para a qual fora eleito em novembro, voltar a dar aulas, escrever e cuidar mais de minha vida pessoal, depois de 20 anos de atuação pública ininterrupta como secretário de Estado, deputado federal, senador, ministro do Planejamento e ministro da Saúde. Novas campanhas, pensava eu, só em 2006.
Minhas intenções eleitorais se restringiam, neste ano, a organizar a campanha nacional do PSDB e a percorrer o país em apoio a nossos candidatos. Os 33 milhões de votos que obtivemos em 2002 e a vitória em mais de 2.000 municípios, sem contar aqueles em que chegamos às vizinhanças do empate, poderiam ser úteis à consolidação de nosso partido.
Para um político, nada mau: estabelecer novas relações de amizade e de parceria, ajudar outros companheiros em suas campanhas sem sofrer pessoalmente as tensões das disputas e das incertezas e, sobretudo, cumprir o dever da oposição a um governo federal que, depois de um ano e meio, ainda não conseguiu sequer definir o que pretende para o país.
Ao longo dos últimos meses, os planos iniciais foram se alterando, e terminei escolhendo o caminho do risco, pois aprendi desde cedo que os critérios de decisão na vida pública nunca devem ser estritamente pessoais, sendo preciso estar aberto ao sentimento e à razão dos amigos que nos cercam e das pessoas anônimas que se aproximam de nós nas ruas, nas palestras, nos eventos.
Por isso, deixo hoje esta coluna para integrar-me novamente na batalha das urnas, agora em minha cidade natal, São Paulo, aliás a mais brasileira das cidades, pois nela moram e trabalham pessoas de todos os Estados. Será uma batalha especialmente difícil, seja em razão da força dos outros candidatos, seja por causa da imensidão da cidade e da complexidade de seus problemas.
Ao contrário do que se especula, a disputa não deverá ser federalizada -se fosse, aliás, não seria tão árdua. Predominarão os temas locais, como costuma acontecer em eleições municipais. A população quer saber como pode, pelas urnas, melhorar o transporte e o trânsito ou os serviços municipais de educação e saúde. Ela sabe que o prefeito pode aliviar, mas não resolver os problemas do desemprego, bem mais afeitos à esfera federal.
Ainda assim, o quadro nacional estará presente, não tanto no debate entre os candidatos, mas como pano de fundo, na mente das pessoas. Do mesmo modo, estarão presentes avaliações quanto aos jeitos de se fazer campanha e às diferenças entre o que se promete e o que se faz, entre os estilos de governar. São fatores que não dependem da vontade dos candidatos, nem de suas equipes de comunicação, nem dos discursos no Congresso, nas Assembléias Legislativas ou nas Câmaras Municipais. Simplesmente existem e influenciarão os eleitores tanto quanto os jornais que chegam a suas mãos, os noticiários da televisão ou as telas dos computadores no caso dos internautas.
Mais uma vez agradeço ao melhor jornalista da Folha, Octavio Frias de Oliveira, a oportunidade que me ofereceu nesta página, à qual espero um dia voltar, quando não estiver em campanha nem ocupando cargos governamentais. José Serra ocupou esta coluna às segundas-feiras.’