Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Daniel Castro

‘As novelas da Globo já são vistas por cerca de 70 milhões de telespectadores por ano no exterior, segundo a emissora. No Brasil, a Globo calcula que atinge 60 milhões de pessoas diariamente.


Nos últimos cinco anos, a exportação de novelas da Globo deu um salto. Segundo Ricardo Scalamandré, diretor da divisão de negócios internacionais, o número de horas de programação vendidas ao exterior cresceu 85%. No ano passado, foram negociadas 26 mil horas de programas.


A Globo, que disputa a liderança na exportação de novelas com a mexicana Televisa, tem seu principal mercado na Europa. Foi beneficiada pela abertura dos países do Leste Europeu. As vendas para a Rússia, por exemplo, cresceram 150% em dois anos.


‘O volume de países que exibe a Globo é 50% maior do que há dez anos. Estamos no ar em 70 países simultaneamente, que transmitem 110 horas de programas nossos por dia’, afirma Scalamandré.


Para o MIPTV, principal feira de TV para o mercado europeu, que abre hoje em Cannes (França), a Globo está levando oito novelas inéditas no evento, um número recorde (antes, isso nunca passou de quatro títulos).


Além das recentes ‘Senhora do Destino’, ‘Começar de Novo’ e ‘Cabocla’, a Globo está lançando em Cannes duas novelas das seis que estavam ‘esquecidas’: ‘Coração de Estudante’ (2002) e ‘Sabor da Paixão’ (2002/03).


OUTRO CANAL


Gordura 1 O SBT está enfrentando dificuldades para vender as cotas de patrocínio do ‘reality show’ ‘O Grande Perdedor’, que tem estréia prevista para daqui a duas semanas. A emissora oferece quatro cotas a R$ 10,8 milhões cada. Mesmo com descontos de 60%, ninguém comprou até agora. O programa será uma disputa entre 12 pessoas obesas tentando emagrecer.


Gordura 2 Anunciantes, apurou a Folha, temem atrelar suas marcas a um produto que tem ‘perdedor’ no título e que pode ser acusado de estimular o preconceito contra gordos. A propósito, o Ministério da Justiça classificou o ‘reality show’ para as 21h por conter ‘violência (preconceito contra obesidade)’.


Fantástico Ex-Globo e Band, o jornalista Carlos Amorim, que implantou o ‘Domingo Espetacular’ na Record, assinou contrato com o SBT na semana passada. Ele irá desenvolver um projeto de uma revista eletrônica semanal, com jornalismo e entretenimento.


Delegação A Record vai levar 30 executivos para a NAB, a maior feira mundial de equipamentos para TV, que começa dia 16 em Las Vegas (EUA). A emissora nunca mandou tanta gente para o evento. Sua intenção é atualizar seus diretores de todas as novidades tecnológicas e projetar novos investimentos na área.’


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‘Daniel Filho vai fazer telefilme na Globo’, copyright Folha de S. Paulo, 12/04/05


‘A Globo vai voltar a desenvolver um projeto de telefilmes, longa-metragens feitos para televisão. A missão caberá ao diretor de TV, cineasta e ator Daniel Filho, 67, que assinou um novo contrato com a emissora na noite de sexta.


Pelo contrato, que vale pelos próximos cinco anos, Daniel Filho continua como diretor artístico da Globo Filmes, braço cinematográfico da Globo, mas passará a trabalhar em projetos relacionados ao cinema para todas as ‘plataformas’ de mídia do grupo, o que inclui a própria emissora, a Globosat (programadora de TV paga), internet e rádio.


O projeto de telefilmes, que ainda será desenhado por Daniel Filho, já é chamado de ‘Made for TV’. Em 2001, a Globo tentou co-produzir telefilmes com a Sony, mas a iniciativa não decolou.


Daniel Filho é um dos principais nomes da história da Globo. Foi um dos responsáveis pela modernização da linguagem das novelas nos anos 70. Dirigiu clássicos como ‘Irmãos Coragem’ (1970) e ‘Dancin’Days’ (1978). No final dos anos 90, compôs a cúpula artística da Globo como executivo.


Nos últimos anos, ele se dedicou à Globo Filmes, de quem continuará produtor associado. Hoje, ele começa a dirigir o longa ‘Se Eu Fosse Você’, com Glória Pires e Tony Ramos. No segundo semestre, fará ‘Muito Gelo e Dois Dedos d’Água’, comédia com toques de humor negro dos mesmos roteiristas de ‘Os Normais’.


OUTRO CANAL


Balança O SBT recebeu 33.578 inscrições para o ‘reality show’ ‘O Grande Perdedor’, das quais 71% vieram de mulheres. Do total, 52% pesam até 110 quilos; 44% estão entre 110 e 150 quilos e 4% extrapolam essa marca. O programa reunirá seis homens e seis mulheres. Ganha (R$ 300 mil) aquele que emagrecer mais.


Maratona A Record fechou na semana passada a compra dos direitos de transmissão dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio. Pagou R$ 7,5 milhões, a mesma quantia de Globo e Band.


Neologismo A Globo já vem fazendo pequenos ajustes em ‘América’. Nos bastidores, fala-se que a novela precisa ser ‘equalizada’. Deborah Secco, também.


Barreira Luciano Huck ficou eufórico com o primeiro ‘Caldeirão’ ao vivo, no sábado. Deu média de 15 pontos (contra 8 de Raul Gil) e levantou a Globo de 9 para 18 pontos. ‘Por mim, seria ao vivo sempre. O programa fica mais atual’, diz. Mas as chances de o programa virar ao vivo são pequenas, por enquanto.


Corte A Net tirou de sua grade em São Paulo os canais MGM e Rede Mulher. Mas diz que não tem nada a ver com a cessão de freqüências para os ‘novos’ canais HBO no sistema analógico. A operadora não é obrigada a distribuir a Rede Mulher, da Igreja Universal, porque a emissora, embora aberta, não tem geradora na capital.’




TV ARGENTINA
Silvana Arantes


‘Na Argentina, ‘Silvio’ e ‘Hebe’ se enfrentam’, copyright Folha de S. Paulo, 11/04/05


‘Senta que lá vem a história.


O Silvio Santos argentino se chama Marcelo Tinelli. Com riso solto, eloquência à toda prova e ar simpático, conquistou sucesso ímpar na TV e um canal para chamar de seu -é sócio do 9. Isso mesmo. O nome é o número.


Hebe aqui é Susana Giménez. Linda e loira, ou melhor, loiríssima, tem o raro privilégio de ser chamada de ‘diva’ na imprensa. Todos querem saber dos amores e desamores de Susana. Ela já não é jovem, mas não perde o gosto de exibir as (belas) pernas e decotes.


Até o ano passado, Silvio (Tinelli) e Hebe (Susana) dividiam o mesmo canal -o Telefé, que é líder, como a Globo, mas tem o padrão SBT de qualidade, como de resto toda a TV argentina. Ela ganhava mais. Ele se foi. Tornou-se sócio do canal concorrente. Levou sua fama e um programa em quase tudo igual ao que tinha. Era ‘Videomatch’. Virou ‘Showmatch’. O ‘novo’ programa de Silvio (Tinelli) estreou na última segunda, às 21h. Coincidência. No mesmo dia e horário, Hebe (Susana) voltou das férias de verão com ‘Hebe’ (‘Susana Giménez’). Foi o duelo dos titãs.


Ela começou logo entrevistando o Alexandre Pires local. Diego Torres, o cantor popular mais popular da Argentina, derreteu-se em charmes. Hebe (Susana) queria pedir uma música e disse: ‘Diego, você me faz…’ Ele interrompeu. ‘Faço tudo o que você quiser!’. Daí em diante, foi só ‘mi amor’ para cá, ‘mi amor’ para lá.


Silvio (Tinelli) combateu com outras armas. Abriu o palco para um quadro como ‘A Banheira do Gugu’ protagonizado pela modelo Luciana Salazar. Imagine um corpinho de Ellen Roche numa personalidade mais desinibida. Assim é Salazar. Nesta banheira, porém, não tem esfrega-esfrega em busca de sabonete. O varão perde uma peça de roupa cada vez que erra a resposta de um questionário de conhecimentos gerais.


Cada um a seu modo, os dois lutaram durante 60 minutos. Ela ganhou, por pontos. Poucos. Segundo o Ibope, Silvio (Tinelli) teve 27,7 pontos de audiência, e Hebe (Susana), 28,5 pontos. Na medição argentina, cada ponto equivale a 105,3 mil espectadores.


A guerra, porém, foi vencida por um super-herói americano. ‘Homem-Aranha’, que a Telefé exibiu logo após ‘Susana Giménez’, foi o campeão do dia, com absolutos 40,3 pontos.


Mas Silvio (Tinelli) não se deu por vencido. No dia seguinte, entrevistou Maradona ao vivo, ao longo de todo o programa. O ídolo futebolístico falou de todos os assuntos, com a sem-cerimônia de sempre. Resultado: Silvio (Tinelli) ganhou de Hebe (Susana) e de todos os demais. Na Argentina, Maradona continua sendo deus.’


RODEIOS NA TV
Keila Jimenez


‘Globosat vende rodeios em pay-per-view’, copyright O Estado de S. Paulo, 11/04/05


‘Uma mão lava a outra. A Globosat fechou a transmissão em pay-per-view do maior circuito de rodeios do País pelas operadoras Net e Sky. As operadoras vão vender a partir de maio um pacote com as seis etapas do circuito, que começa amanhã por uma das mais importantes da modalidade, a de Jaguariúna.


A ação, além de ser uma nova perspectiva de vendas em pay-per-view, dá uma forcinha para o evento que serve de pano de fundo para a trama das 9 da Globo, América. Divulgando os rodeios, a emissora aproveita para tentar engrenar o tema entre os telespectadores, que já mostraram em números do Ibope que preferem mais os beijos calientes de Sol (Deborah Secco) e Tião (Murilo Benício) que os peões pulando nos lombos dos bois. A audiência de América cai quando entram no ar as cenas de montaria.


Mesmo assim, esse universo de rodeios é rico e atraente, e a Globo está disposta a apostar para valer nele.


O pacote do circuito de rodeios em pay-per-view custará em média R$ 100 e ainda trará as provas que ocorrerão nos municípios de Fernandópolis, Americana, Rio Verde (GO), São José do Rio Preto e a grande final em Barretos, em agosto. A empresa parceira da Globo na transmissão é a produtora TV Rodeio. Ela fornecerá as imagens das provas e contará com oito câmeras instaladas dentro das arenas. Os comentários das competições ficarão por conta de Cacá Santos e Esnar Ribeiro. A apresentadora Amanda Françoso está cotada para ancorar a transmissão.


A Globo aproveitará todas essas etapas do circuito para gravar cenas importantes de América. Peões renomados e internacionais estão sendo convidados para participar das gravações.


Enfrentando protestos constantes de associações que acreditam que os animais são vítimas de maus-tratos em rodeios, Glória Perez vai levantar uma bandeira justamente contrária à violência na novela. Serão cada vez mais constantes as intervenções dos personagens na trama defendendo que os peões participem do rodeio sem esporas pontudas ou objetos que possam ferir os animais na arena.’


AMÉRICA
Ricardo Valladares


‘Vôo cancelado’, copyright Veja, 13/04/05


‘Numa cena da novela América programada para o sábado 16, a heroína Sol (Deborah Secco) desistirá de seu casamento na porta da igreja. Dentro do buquê de noiva, ela carrega um globo de vidro com uma reprodução da Estátua da Liberdade – suvenir que ganhou na infância e do qual não desgruda por nada. Esse globo tem um efeito poderoso sobre Sol. Ele faz com que ela interrompa o casório diante do altar e recaia em sua obsessão: emigrar para os Estados Unidos, em vez de casar com o vaqueiro Tião (que, interpretado por Murilo Benício, tem um ar de caipira com amarelão). A seqüência sintetiza o estilo da noveleira Glória Perez. Mas, ao contrário do que aconteceu com seu trabalho anterior para a Globo, O Clone (2001), o dramalhão carregado e cheio de inverossimilhanças não emplacou desta vez. A média de 45 pontos nas duas últimas semanas não é mais que razoável e, com menos de um mês desde a estréia, uma pesquisa de opinião com os espectadores já foi encomendada.


Por enquanto, quem gosta da trama de Glória Perez são as outras emissoras. O SBT dobrou sua audiência no horário com uma reprise de Xica da Silva, da extinta TV Manchete. E o mesmo se deu com a Record, que exibe um programa trash de quinta categoria, no qual recordes mundiais bizarros são focalizados. ‘América tem personagens demais e os temas se atropelam’, diz um diretor da Globo. Além disso, falta química entre a autora e o diretor da novela, Jayme Monjardim. As discordâncias entre ambos começaram na escolha da protagonista. Glória queria Deborah Secco, enquanto Monjardim preferia a atriz Camila Morgado. A autora prevaleceu.


A heroína Sol é a ponta mais evidente dos problemas de América. Sua história contraria regras básicas de um folhetim. Jade, a muçulmana protagonista de O Clone, passava pelas privações mais mirabolantes. Mas o público engolia, já que era tudo em nome do amor. O impulso mais forte de Sol é morar no exterior. A paixão fica em segundo plano, ela ganha aura de egoísta e torna-se mais difícil torcer por ela. Sol só se mete em encrenca. Para entrar nos Estados Unidos, já se espremeu até atrás do painel de um carro – sempre com seu globo nas mãos. Não bastasse isso, ela é uma heroína arfante. Todas as suas frases são ditas num sussurro e acabam numa angustiada sucção de ar. ‘É para expor a fragilidade da personagem’, explica Deborah. O mais triste de tudo é que Sol pena para chegar a uma Miami que parece uma mistura dos extintos humorísticos Sai de Baixo e TV Pirata, com americanas que só falam português e uma pensão tocada por Cláudia Jimenez e Guilherme Karam. Fica aqui, menina.’