Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Daniel Castro

‘As ações de merchandising social nas novelas da Globo em 2004 caíram 15% em relação a 2003. Durante o ano passado, as novelas e minisséries da emissora exibiram 1.008 ações de merchandising social, de acordo com a revista ‘Balanço Social’, que começou a ser distribuída na semana passada a formadores de opinião.

Em 2003, a teledramaturgia da Globo levou ao ar 1.188 ações de conscientização social. Em 2002, foram 1.138. A Globo conta merchandising social desde 2000, quando teve 580 ações.

‘Malhação’, tradicionalmente campeã de merchandising social, lidera o ranking de 2004, com 462 ações, que vão de câncer de próstata e desvio de merenda escolar à discussão de penas alternativas e até separação de pais.

‘Senhora do Destino’, que tratou de temas como a gravidez adolescente, mal de Alzheimer e o homossexualismo, ficou em segundo lugar, com 174 ações.

A queda no total de merchandising social tem uma explicação: em 2003, a novela ‘Mulheres Apaixonadas’ bateu recorde, com 623 ações. Na ‘Balanço Social’ que distribuiu no ano passado, a Globo festejava a ‘contribuição decisiva’, de ‘Mulheres Apaixonadas’, ‘para a aprovação, no Congresso Nacional, do Estatuto do Idoso, do Estatuto do Desarmamento e de lei que tipifica o crime de ‘violência doméstica’. Em 2005, com ‘América’, o merchandising social tende a crescer.

OUTRO CANAL

Redondo 1 Pelo menos na TV paga, a Copa do Mundo de 2006 não será exclusiva das Organizações Globo. A Globo tem exclusividade apenas para TV aberta. Os canais ESPN Brasil e BandSports já negociam a compra dos direitos diretamente com a Fifa.

Redondo 2 O SporTV, da Globo, pagou US$ 8 milhões, mas BandSports e ESPN devem gastar bem menos. O SporTV negociou com a Globo, que tinha se comprometido a pagar US$ 240 milhões pela Copa, mas conseguiu reduzir esse valor para US$ 80 milhões.

Animê A Sony Pictures coloca no ar em 31 de julho o Animax Latin America, canal pago só com desenhos animados japoneses. O canal vai substituir o Locomotion (TVA e DirecTV), de desenhos para um público mais crescido, que acaba.

Nova versão 1 Quem acessa a página do ombudsman da TV Cultura na internet se depara com um texto favorável à (baixa) audiência da emissora, bem diferente de crítica, de um mês atrás, em que dizia que as estréias da TV pública tiveram resultados pífios.

Nova versão 2 O ombudsman se ampara em dados fornecidos pela Cultura, que, para turbinar a audiência do ‘Silvia Poppovic’, soma o ibope do programa de quinta com a reprise de sábado. O Ibope não recomenda isso. Um mesmo programa pode ser visto pela mesma pessoa na versão inédita e na reprise.’



SBT
Daniel Castro

‘SBT faz filme infantil para faturar no verão’, copyright Folha de S. Paulo, 29/05/05

‘Lançado no início do ano, o SBT Filmes, braço cinematográfico do SBT, já prepara seu segundo longa-metragem, desta vez uma produção para o público infanto-juvenil, com lançamento previsto para as férias do próximo verão.

O primeiro longa do SBT Filmes, ‘Coisas de Mulher’, estréia em 2 de setembro, com distribuição da multinacional Warner. O filme, de forte apelo comercial, tem Hebe Camargo e Adriane Galisteu no elenco.

‘Seis Crianças e um Bebê’, título do longa-metragem infantil, terá produção de Diller Trindade, responsável pelos filmes de Xuxa Meneghel, e preocupações mais financeiras do que artísticas.

O argumento lembra o de ‘Três Solteirões e um Bebê’ (1987), com Tom Selleck, Steve Guttenberg e Ted Danson. Contará a história de seis crianças que encontram um recém-nascido e se debatem sobre o que fazer com ele. Elenco e diretor do filme ainda estão sendo selecionados. A previsão é de que as filmagens comecem até agosto.

O SBT Filmes planeja ampliar sua produção em 2006 para três títulos. No modelo de negócios, o SBT não tem gastos diretos. A emissora entra com mídia (um alto volume de inserções publicitárias em sua programação, como a Globo faz com as co-produções da Globo Filmes), uma produtora independente faz a captação de recursos via leis de incentivo fiscal e uma distribuidora leva o produto às salas de cinema.

OUTRO CANAL

Locações 1 A próxima minissérie da Globo, que contará a vida de Juscelino Kubtschek, da infância à morte, será gravada no Rio de Janeiro, em Diamantina (MG), em Belo Horizonte e em Brasília. A construção de Brasília será retratada com obras (em local ainda não definido) e em computação gráfica a partir de maquetes.

Locações 2 Brasília, já pronta, será mostrada numa seqüência em que JK (proibido de vê-la pelos militares) a visita, na calada da noite, secretamente. O ex-presidente será interpretado por Wagner Moura (quando jovem) e por José Wilker.

Sem sexo O canal Playboy TV desistiu de produzir no Brasil uma série erótica com recursos que tem depositados na Ancine (Agência Nacional do Cinema). Avalia que é impossível usar esse dinheiro porque a agência ‘busca estabelecer entretenimento ligado a cultura’.

Babel A tradutora Ana Gloz vai entrar na novela das sete da Globo, ‘A Lua me Disse’, interpretando ela mesma. Será contratada por Dona Roma (Miguel Magno) para traduzir o que Vitza (Carol Machado) fala. Gloz, nos bastidores, já traduz para o croata os textos de Vitza. E a personagem até agora só falou em croata _e ninguém entendeu. As primeiras cenas com a tradutora vão ao ar nesta semana.’



STAR WARS NA TV
Bruno Yutaka Saito

‘Série traça influência das invenções de ‘Star Wars’’, copyright Folha de S. Paulo, 29/05/05

‘Não será ainda desta vez que os fãs de ‘Star Wars’ poderão abandonar as espadinhas de plástico que imitam os elegantes sabres de luz da cinessérie de George Lucas.

Nem agora, momento de estréia do episódio final, ‘A Vingança dos Sith’, nem em um futuro distante, se depender da ciência, os sabres chegarão um dia ao mundo real. Mas muitos dos equipamentos vistos desde 1977, ano de lançamento da saga, e que pareciam impossíveis de extrapolar as telas, já estão entre nós, como mostra ‘Guerra nas Estrelas: A Ciência da Ficção’, série em três partes que o Discovery exibe nesta quarta e nos dias 8 e 15.

A partir de entrevistas com Lucas, profissionais da Industrial Light & Magic -o estúdio de efeitos especiais do cineasta-, cientistas, engenheiros etc., o programa faz conexões, às vezes um tanto forçadas, com a tecnologia atual, em esquetes de fácil assimilação para o público, enfatizando o humor -os apresentadores são os robôs mais famosos do cinema, C-3PO (na verdade, o ator Anthony Daniels) e R2-D2.

‘Esses inventores dizem ter sido inspirados por ‘Star Wars’; por isso, decidimos fazer o programa’, diz o produtor-executivo Tomi Landis no site de ‘Star Wars’.

O primeiro episódio, ‘Inteligência Artificial’, aborda o mundo dos robôs. Na saga, R2-D2 é multifuncional e sempre desempenha auxílio aos heróis de carne e osso. Entre suas habilidades, conserta defeitos em naves ou engenhocas eletrônicas, executa resgates em áreas de risco etc.

Da vida real, o programa mostra um sisudo robô educacional chamado ER1, usado por crianças em algumas escolas americanas, até o inusitado robô-cãozinho japonês Aibo, que possui uma inteligência artificial mínima -eles podem ‘brincar’ com seus donos, reconhecer vozes e aprender comportamentos. Daí a explicar por que possuí-lo, em vez de um cão real, a série não explica…

Já C-3PO, andróide da ficção um tanto aparvalhado que é uma espécie de relações públicas, tem parentes no programa. Somos apresentados a um robô com voz e feições que tendem mais para o feminino (nisso, ‘Star Wars’ foi mais politicamente correto), que executa funções de empregada doméstica -a materialização da personagem de ‘Os Jetsons’.

Com aplicações um tanto mais, digamos, nobres, há uma explanação sobre os robôs de resgate (o aspecto pode decepcionar fãs de cinema; veja no quadro), usados em 1997 por equipes de busca após um terremoto em Kobe (Japão) e no pós-11 de Setembro, nos EUA (2001). Para evitar riscos em bombeiros, eles procuram sobreviventes sob escombros.

E por aí vai. O próximo episódio, ‘Transporte e Comunicação’, analisa os veículos mais avançados de hoje (ainda distantes dos carros que voam, do imaginário de Lucas). O episódio final, que enfoca ‘Armamentos’, discute a possibilidade de um exército de robôs-clones e comprova que ciência da ficção é projeto que não sai da prancheta.

Guerra nas Estrelas: A Ciência da Ficção Quando: quarta-feira, às 21h, no Discovery Channel’



CARANDIRU NA TV
Daniel Castro

‘Sobrevivendo no inferno’, copyright Folha de S. Paulo, 29/05/05

‘Preso por ter assassinado um traficante, Reinaldo Pereira Gomes (Roberto Bomtempo) fuma nervosamente. Vai até a enfermaria pedir ajuda ao Médico (Luiz Carlos Vasconcelos), que o leva até a cozinha de um pavilhão da Casa de Detenção de São Paulo, onde vai começar o julgamento que decidirá qual de dois prisioneiros será o condenado à morte.

Nego Preto (Ivan de Almeida) é o juiz. O réu é o comerciante Virgílio (Cecil Thiré), que acaba de chegar ao Carandiru por ter matado um ladrão que fez sua companheira de refém num assalto.

O crime de Virgílio foi o de, em liberdade, ter conquistado a mulher de um preso, Reinaldo, algo imperdoável pela ‘ética’ da cadeia. Reinaldo tem o direito de matá-lo. A encenação na enfumaçada cozinha, onde trabalham os presos mais respeitados, a cúpula do inferno, tem acusação e defesa -até a ‘traidora’, Sonia (Xuxa Lopes), participa. A sentença dos presos é surpreendente.

Assim é ‘O Julgamento’, o primeiro dos dez episódios da série ‘Carandiru – Outras Histórias’, que estréia na Globo no próximo dia 10, após o ‘Globo Repórter’. Com direção-geral do cineasta Hector Babenco, que debuta na TV, o seriado será precedido da exibição, no dia 6, do longa que o originou e que teve 4,8 milhões de espectadores nos cinemas do país.

Para quem acaba de ver ou rever o filme, de 2003, o primeiro episódio da série não tem tanto impacto. A duração é curta (30 minutos) e não há tantos figurantes como no longa. Mesmo assim, ‘Carandiru – Outras Histórias’ é candidatíssimo a uma vaga entre os melhores programas da TV do ano. ‘A gente preferiu se centrar na qualidade das histórias e do elenco. E estamos lançando muita gente’, diz Babenco.

Em ‘O Julgamento’ não há sangue, violência, palavrões e gente usando drogas, embora retrate tudo isso. Feito para a TV, mas com linguagem cinematográfica, o seriado é mais light do que o filme. Os dois episódios que encerram a série, os únicos dirigidos por Babenco, tratam do amor entre homens ‘normais’ e travestis, mas não há beijo na boca.

Babenco afirma que teve ‘total carta-branca’ da Globo e que em nenhum momento sofreu censura. Diz que tomou certos cuidados porque sabe que no horário da série (23h) tem muita criança vendo televisão. ‘Tive muito claro que estou fazendo cinema para televisão, entretenimento para 30, 40 milhões de pessoas’, diz.

Babenco também abriu mão de uma ‘série autoral’, com suas marcas de ‘cineasta clássico’, que filma com a câmera sempre à altura do olho do espectador.

O cineasta divide com Marcia Faria a direção dos episódios ‘Love Story 1’ e ‘Love Story 2’ (continuação da história de Lady Di/ Rodrigo Santoro e Sem Chance/ Gero Camilo com novos nomes). E entregou a direção dos outros oito a Walter Carvalho (diretor de fotografia e co-diretor de ‘Cazuza’) e a Roberto Gervitz (‘Jogo Subterrâneo’). Como no cinema, os roteiros são de Babenco, Victor Navas e Fernando Bonassi.

‘Não há uma unidade narrativa. O Walter [Carvalho] tem o olho do fotógrafo. O [Roberto] Gervitz tem precisão no contar da história, é sem firulas. Eu aposto mais na loucura’, conta Babenco.

Os dez episódios de ‘Carandiru – Outras Histórias’, que custaram cada um de R$ 500 mil a R$ 600 mil (três vezes um capítulo de novela), não são continuação do filme, que saiu por R$ 12 milhões. O massacre de 111 presos, ponto alto do longa, só é lembrado em flashbacks. Parte das histórias foi inventada -não saíram de ‘Estação Carandiru’, o livro de Drauzio Varella que originou tudo, embora conservem sua essência.

Os protagonistas da série são todos sobreviventes do massacre de 1992, menos Ezequiel (Lázaro Ramos). O episódio ‘Ezequiel, o Azarado’ conta como o ex-surfista negro de cabelos descoloridos foi parar na Detenção. É uma história hilária, que não coube no filme, mas está nos extras do DVD de ‘Carandiru’. Foi refilmada.

Babenco se diz ‘extremamente excitado com o resultado’ da série, filmada em 16 mm e finalizada em alta definição. Cada episódio foi rodado em uma semana. A principal locação foi um dos pavilhões que ainda não ruiu.

Babenco tem contrato com a Globo por mais dois anos, mas afirma que não dará continuidade a ‘Carandiru’, ‘mesmo que gostem muito’. Encerra a série com uma nuvem de fumaça da implosão do presídio (ocorrida em 2002) invadindo o boteco em que está um protagonista, ex-preso. Seria uma metáfora?

‘Sei lá, é apenas o fim, esta gesta acabou. Essas histórias são fruto da vontade de dizer algo mais sobre um projeto em que fiquei debruçado durante quatro anos, que não esgotou no filme. Eu nunca iria fazer televisão se não fosse algo dessa importância’, diz.’



Silvana Arantes

‘Na tela grande, Babenco volta a falar de amor’, copyright Folha de S. Paulo, 29/05/05

‘Depois de retratar as vidas encarceradas de ‘Carandiru’, o cineasta Hector Babenco voltará ao cinema para falar de amor. E que amor!

Sofía e Rímini conheceram-se muito jovens, apaixonaram-se e viveram durante 12 anos uma relação que moldou, mais do que a si mesma, também o modo de ser de cada um dos dois.

A separação afastou a convivência diária, mas nem a passagem do tempo foi capaz de quebrar um laço no qual Sofía enredou Rímini -ou teria sido Rímini quem enredou Sofía?

O fato é que a perseguição constante do seu ex-amor estende seus efeitos cada vez mais perversos sobre os novos afetos, o trabalho, o estado de espírito de Rímini.

O romance surgiu nas premiadas páginas de ‘El Pasado’ (o passado; editora Anagrama, 553 págs.), do escritor argentino Alan Pauls, 45, expoente de sua geração.

Babenco adaptará o livro para o cinema, no que será um retorno do diretor à investigação das relações amorosas (‘Coração Iluminado’, 1998). E, de certa forma, uma volta também ao país em que nasceu e ao qual pertencia, até ser ‘escolhido pelo Brasil’, como costuma definir sua veia verde-amarela.’