‘Quadro que promove bioplastias (plásticas sem cortes), o ‘Espelho, Espelho Meu’ atraiu nas últimas duas semanas 14 mil pessoas interessadas em transformar alguma parte do corpo.
A atração, maior audiência do ‘Jogo da Vida’, apresentado por Márcia Goldschmidt na Band aos domingos, já é um novo fenômeno da TV. O quadro entrou no ar em dezembro. Há duas semanas, levou o ‘Jogo da Vida’ ao segundo lugar no Ibope durante meia hora, batendo o ‘Domingo Legal’, do SBT. No último domingo, deu picos de 12 pontos.
‘As pessoas reclamam que têm nariz e boca tortos, olhos feios. A gente usa bioplastia. São correções com o mesmo resultado de cirurgias, mas sem intervenções’, afirma Márcia Goldschmidt, que se diz ‘atualizadíssima’ no tema.
Os serviços prestados incluem implantes dentários e de cabelos, aplicações de botox, afinamento de nariz (com ‘fio russo’), eliminações de rugas e gorduras localizadas. ‘Cada pessoa gastaria R$ 30 mil se tivesse que pagar. Nosso objetivo é melhorar a auto-estima de quem está sofrendo’, informa a apresentadora.
Márcia diz que as bioplastias levam no máximo 48 horas. Várias clínicas trabalham para o programa, em troca de divulgação.
O ‘Espelho Meu’ é o quadro permanente de transformação mais radical da TV brasileira, mas não chega a ser tão extremo como ‘reality shows’ importados.’
MTV POR DENTRO
‘MTV fará `reality show´ com estagiários’, copyright Folha de S. Paulo, 3/2/05
‘A MTV brasileira estréia em abril um ‘reality show’ que mostrará os bastidores da própria emissora e o processo de produção de programas. O prêmio será uma vaga como estagiário (salário em torno de R$ 600 por mês) ou um emprego fixo como assistente de produção. Ambos os cargos se equivalem. São a base da hierarquia das produções.
A versão MTV de ‘O Aprendiz’ será comandada pelo VJ Cazé e tem o nome de trabalho de ‘Os Produtores’. A MTV ainda aprimora o formato, mas já escala os participantes.
Segundo Zico Goes, diretor de programação, um grupo de seis participantes irá toda semana produzir um programa inédito. Cada concorrente terá uma função, como diretor, produtor e apresentador. O programa elaborado por eles será apresentado ao vivo, nos sábados, às 21h.
Durante a semana, a MTV exibirá um programa diário, de meia hora, mostrando a rotina dos participantes, suas reuniões e relacionamentos com as diversas áreas da emissora. ‘A idéia é que eles mesmos criem um programa, com cenário virtual’, diz Goes.
Às segundas-feiras, Cazé fará uma crítica do programa feito por eles e ‘demitirá’ um dos participantes, por não ter ‘trabalhado a contento’. Um novo concorrente entrará no dia seguinte.
A provável data de estréia é 9 de abril. A duração será de pelo menos seis semanas.’
MARTHA STEWART
‘Após prisão, Martha Stewart fará ‘reality show’’, copyright Folha de S. Paulo, 3/2/05
‘A empresária e apresentadora de TV Martha Stewart, que cumpre pena por mentir para investigadores federais sobre uma venda de ações suspeita, firmou um contrato com a rede NBC para estrelar um ‘reality show’ nos moldes de ‘O Aprendiz’ -programa protagonizado nos EUA pelo empresário Donald Trump-, quando deixar a prisão, em março. Stewart escolherá entre os participantes da atração um assistente que trabalhará em uma de suas empresas.’
SENHORA DO DESTINO
‘Os donos da avenida’, copyright O Globo, 6/2/05
‘Os dois são bons sujeitos, gostam de samba, mas são doentes do pé. José Wilker, que vive o ex-bicheiro Giovanni em ‘Senhora do destino’, no máximo balança os braços, ‘não os dedinhos como os paulistas’. Heitor Martinez, intérprete do machista João Manoel na mesma novela, diz que engana, arrisca até uns passinhos, requebrando a cintura para um lado e virando o pé para o outro. Amanhã, na Marquês de Sapucaí, eles não querem atravessar na harmonia, até porque têm dupla missão: vão sair na ala da diretoria da Acadêmicos do Grande Rio, ao mesmo tempo em que estarão gravando cenas da trama de Aguinaldo Silva. As imagens da escola de samba de Duque de Caxias serão usadas na edição do desfile da fictícia Unidos da Vila São Miguel, da qual Giovanni é o patrono, e João, o filho do homem e vice-presidente.
— Já desfilei uma vez quando Miguel Falabella era carnavalesco. Foi divertido — conta José Wilker.
O ator compara a experiência a uma peça de teatro na qual o público aplaude os artistas a cada segundo. Para Heitor Martinez, que já saiu na Mangueira e na Acadêmicos da Barra da Tijuca, do Grupo C, em 2004, não foi diferente:
— É uma troca de energia incrível. A receita é não dar tudo no início, para não cansar em 15 minutos. Tem que dosar as energias. Se controlar a emoção, você termina o desfile inteiro.
Aos 57 anos, José Wilker está longe de ser um autêntico folião. Em Olinda, Pernambuco, brincou carnaval de rua até os 10 anos. Hoje, o que o ator gosta mesmo é de assistir de camarote ao espetáculo das escolas de samba.
— Eu via o desfile quando era na Avenida Presidente Vargas (antes da inauguração do Sambódromo), no tempo em que a polícia jogava os cavalos em cima da gente. Entrava por baixo da arquibancada porque me recusava a pagar ingresso — lembra.
Heitor Martinez, de 36 anos, também não tem intimidade com a festa de Momo. Mas antes de ser famoso já se pendurou até no viaduto para ver as escolas desfilarem na Sapucaí. Para a novela, aprendeu a sambar e a tocar pandeiro com integrantes da bateria da Grande Rio, que participam das gravações.
— O pessoal também me dá dicas sobre os filhos dos presidentes das escolas. Dizem que eles participam ativamente do carnaval e são envolvidos com a comunidade — conta.
Os atores têm mais em comum do que o fato de não terem samba no pé. Fazem aniversário no mesmo dia: 20 de agosto. Se não bastasse, têm uma incrível semelhança física. Heitor percebeu que era parecido com Wilker quando os dois faziam a novela ‘Suave veneno’ (1999). Desde então, ele torcia para que contracenassem como pai e filho, como agora em ‘Senhora do destino’.
Essa semelhança ajuda a nos identificarem como uma família na novela — afirma Heitor, que na minissérie ‘O quinto dos infernos’ (2002) viveu o jovem Marquês de Marialva, personagem de Wilker na fase adulta.
— Fisicamente, acho que somos bastante aparentados. Não sei por onde o meu pai andou — brinca Wilker.
O contato diário na novela estreitou os laços de amizade e só fez crescer a admiração que um tem pelo outro.
— Wilker é muito fechado, na dele, como eu. Mas quando a pessoa chega perto vê que ele é um brincalhão, uma criança grande — comenta Heitor.
Com seu jeito de falar errado e expressões como ‘Felomenal’, Giovanni caiu no gosto do povo. O sucesso assustou Wilker:
— Poucas vezes numa novela tive uma resposta tão intensa e rápida. Não sei como explicar o personagem, porque não pesquiso nada, faço na intuição.
Além de receber sugestões do público, Wilker conta que só lhe vem bobagem à cabeça:
— Já falei coisas do arco da velha, não sei de onde tirei.
A cafonice e o pavor a homossexuais — como a irmã Jenifer (Bárbara Borges) e o carnavalesco Ubiracy (Luiz Henrique Nogueira) — tornaram João Manoel engraçado, principalmente quando ele repete o bordão ‘Sou espada!’.
— Ele é preconceituoso, mas é do bem. Às vezes, eu fico incomodado com as coisas que ele diz — conta Heitor, que não grava se não estiver usando as pulseiras e o relógio de ouro. — Sinto falta deles quando o personagem mexe os braços. Ele não os tira para nada.
O ator torce para que João Manoel mude. Gostaria que ele assumisse o lugar de Giovanni como líder da escola e da comunidade, além de se casar com Regininha (Maria Maya).
— Ele é o bicheiro que o pai deixou de ser. Agora, imagino uma virada — diz.
Para Wilker, a pior coisa para um ator é achar que já fez o melhor. Por isso, após a novela, que bateu novo recorde de audiência semana passada, com 61 pontos de média, ele vai fazer cinema e teatro:
— O desafio é a gente se reinventar no próximo trabalho.’