Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Diego Assis


‘‘Murilo, o [Ferreira] Gullar me disse que você está precisando de um cartunista. Apareceu um bom aqui…’ Assim começava o bilhete que Jaguar escreveu ao então editor do ‘Jornal da Tarde’, Murilo Felisberto, no final dos anos 60, e também a carreira de Alcy Linares, 61, um dos mais importantes nomes do cartunismo nacional no período militar.


Distante das páginas da imprensa brasileira desde o final dos anos 90, quando colaborou com o ‘Lance’, Alcy ganha uma retrospectiva em ‘Vida de Artista’, que as editoras Jacaranda e Devir lançam hoje, na Fnac Pinheiros (SP).


Com prefácio do jornalista Gonçalo Junior e orelhas de Chico e Paulo Caruso, companheiros de Alcy dos tempos do tablóide ‘Movimento’, o livro reúne charges e cartuns sobre temas diversos -futebol, militarismo, corrupção judiciária, televisão, miséria etc.- publicados entre 1970 e 1984, período em que colaborou com os mais importantes veículos da imprensa brasileira, do ‘Pasquim’ ao extinto ‘Jornal da República’, do ‘Estadão’ à Folha.


‘Vida de Artista’ republica, por exemplo, alguns de seus cartuns para o ‘Pasquim’ vetados pelos censores da ditadura, desta vez sem a canetada padrão da época.


‘A gente desenhava para caramba, no sentido de quantidade, para encher o saco e dar mais trabalho para os censores’, lembra o cartunista, nascido em Nogueira, interior de São Paulo, criado na capital e cooptado para o universo do humor gráfico ainda adolescente pelas páginas do ‘Pif-Paf’, de Millôr Fernandes. ‘[No livro] ainda é possível ver alguns desenhos meus que parecem coisas do Jaguar e do Fortuna. Eu tinha um prazer de ler de cabo a rabo aquela revista, mas era uma coisa dúbia: ao mesmo tempo em que me sentia capaz de fazer bons cartuns, os caras eram um mito.’


Hoje um mito ele próprio -’é o único [cartunista profissional] que eu conheço’, crava Chico Caruso-, Alcy vem ocupando o seu tempo com ilustrações para livros infantis. ‘São dois movimentos. Um é meu, o outro é da realidade. Fui ficando de fora do meio e, quando vi, estava fazendo mais para editora do que para jornal.’


Vida de Artista Autor: Alcy Linares Editora: Jacaranda/Devir Quanto: R$ 23 (64 págs.) Lançamento: hoje, às 19h, na Fnac Pinheiros (av. Pedroso de Moraes, 858, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/4501-3000)’



MURDOCH VAIADO


O Estado de S. Paulo


‘Lathlan Murdoch é vaiado em discurso ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 23/06/05


‘SAIA-JUSTA: O presidente da News Corporation, Lathlan Murdoch, 33 anos, filho do bilionário das comunicações Rupert Murdoch, recebeu ontem à noite o troféu de Personalidade de Mídia do ano, no Festival de Cannes. O que seria uma cerimônia festiva acabou causando constrangimento, pois Murdoch se estendeu ao falar da integração de mídia e dos projetos globais do grupo, que é dono da Twentieth Century Fox e Directv, entre outras empresas. E começou a ser vaiado no Palais des Festivals. No auditório com 5 mil pessoas, ele teve de ouvir assovios impacientes e abreviou o texto que estava lendo. Aí sim, recebeu os aplausos e ergueu a famosa estatueta de leões criada por Pierre Cardin. Com faturamento de US$ 52 bilhões no ano passado, o grupo está fazendo uma aposta pesada na convergência com novas mídias, o que inclui tudo o que tem visor de tela, de internet a aparelhos celulares, passando por comunicação em locais públicos e até em automóveis.’



INTERNET


O Estado de S. Paulo


‘Propaganda vai crescer com a banda larga ‘, copyright O Estado de S. Paulo / The Guardian , 23/06/05


‘O crescimento da internet de banda larga vai promover uma expansão para U$ 1,8 trilhão dos setores globais de mídia e entretenimento até 2009, segundo previsão da PricewaterhouseCoopers (PwC), na medida em que as publicações impressas cedem terreno para novas mídias.


A distribuição online legal de jogos, vídeos e filmes também deve se acelerar, contrabalançando o efeito da pirataria. Os gastos totais com novas fontes de receitas como banda larga e downloads digitais vão disparar de U$ 11,4 bilhões para U$ 73 bilhões nos próximos 5 anos, segundo o relatório da PwC ‘Perspectivas Globais para a Indústria do Entretenimento e a Mídia: 2005-2009’.


Os gastos com mídia e entretenimento cresceram 8% em todo o mundo no ano passado, alcançando U$ 1,3 trilhão. Foi o maior aumento desde 2000. A internet foi o meio que mais cresceu, registrando um crescimento de 36% na publicidade online e de 21% na receita com acesso, impulsionado pela transição de serviços via discagem para os de banda larga.


A internet continuará avançando mais que as outras mídias com a adesão de mais pessoas à banda larga e a serviços online pagos. A publicidade na internet deverá crescer 16%, para U$ 32 bilhões em 2009, com a exploração dos formatos de banda larga.A recente expansão do acesso à banda larga, combinado com a recuperação da publicidade online, resultará num crescimento total anual de 17% do setor de internet nos próximos 5 anos, alcançando U$ 289 bilhões.


A explosão da popularidade da distribuição digital e de tons de discar de telefones celulares recuperou o setor de gravação, permitindo que registrasse o primeiro lucro desde 1999. O setor cresceu 6% em escala mundial, para U$ 38 bilhões em 2004, apesar do declínio contínuo das vendas de formatos físicos.


Os downloads digitais e queima de CDs ilegais continuarão provocando uma redução das vendas físicas, mas serão compensados pelo crescimento de downloads digitais licenciados e pela música em celulares.


A PwC prevê um crescimento anual composto de 8% para o setor, que atingiria U$ 56 bilhões em 2009.


‘Se você levar o produto certo para a pessoa certa no preço justo, dentro da lei, ela comprará’, disse o especialista em mídia e entretenimento da PwC Robert Boyle. A PwC está otimista com o panorama da publicidade global no longo prazo, prevendo um crescimento composto anual de 6%, para U$ 477 bilhões em 2009. A TV ainda absorverá o grosso dos gastos publicitários globais futuros, que se expandirão 6% ao ano, para U$ 186 bilhões. Jornais e rádio crescerão mais devagar, com índices respectivos de 4,3% e 4,7%, na medida em que perderão mercado para novas mídias.’