Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Diogo Mainardi


‘Dedurei um punhado de jornalistas lulistas na coluna da semana passada. Um dos citados foi Alberto Dines. Ele respondeu o seguinte:


‘O pitoresco caçador de bruxas [eu] tem horror às esquerdas. Mas já que pretende denunciar o comprometimento político dos jornalistas conviria que não perdesse de vista o avanço da Opus Dei na imprensa. Inclusive onde ele próprio atua.’


Mandei uma mensagem a Dines. Pedi-lhe uma lista com o nome de todos os jornalistas ligados à Opus Dei. Prometi publicá-la integralmente em minha coluna. Ele me aconselhou a ler seus artigos sobre o tema. Eu li. Num deles, Dines comete a ousadia de associar a Opus Dei ao símbolo da loja Daslu. Mas não cita o nome de nenhum jornalista. Insatisfeito, mandei-lhe outra mensagem, reiterando o pedido de uma lista com nomes. Dines desapareceu. Ele é pago para pontificar a respeito da imprensa na televisão pública, na rádio pública, na internet, nas universidades. Ele acusa a imprensa de estar tomada por jornalistas da Opus Dei, mas não tem coragem de identificá-los. Eu apontei o nome de uns pelegos lulistas na imprensa, e fui considerado um espertalhão leviano em busca de reconhecimento.


É por isso que tenho ‘horror às esquerdas’. Porque elas mentem. Porque elas enganam. Todas elas. Do stalinismo quercista de Fernando Morais ao onguismo endinheirado de Gilberto Dimenstein, do comunismo de batina de Marcelo Beraba ao populismo futebolístico de Juca Kfouri, do desbunde teatral de Nelson de Sá ao lobismo piantellano de Mario Rosa. O lulismo roubou muito mais do que o collorismo. Cláudio Humberto, assessor de imprensa de Collor, até hoje é perseguido por seus colegas. Os jornalistas que se subordinaram a Lula devem receber o mesmo tratamento: André Singer, Ricardo Kotscho, Eugenio Bucci.


Dines se atribuiu o papel de autoridade em matéria de jornalismo, mas usa um critério rasteiro para julgar meu trabalho: o número de cartinhas que recebo semanalmente dos leitores. Como se eu fosse um galã de telenovela. Quando recebo muitas cartinhas, ele me acusa de sensacionalismo. Quando recebo poucas cartinhas, ele comemora, garantindo que minha carreira está acabada. O principal argumento de Dines é que, se eu continuar a falar mal do Lula, cairei no esquecimento. É um jeito malandro de me aconselhar a mudar de assunto. O recado intimidatório não vale só para mim, mas para todo o resto da imprensa. Dines quer demonstrar aos jornalistas que o público não agüenta mais seguir a cobertura do mensalão, ou da propina da Leão & Leão, ou do assassinato de Celso Daniel, ou do pagamento à Coteminas. Claro que é mentira. Claro que é uma manobra desonesta para abafar a crise. O que o público não agüenta mais é o próprio Lula. Os leitores não estão enjoados do noticiário político – estão enojados. Pouco tempo atrás, um artigo de um fanfarrão como eu podia bastar para eles. Já não basta mais. Eles querem os lulistas no tribunal. Eles querem os lulistas na cadeia.’


Cartas do Leitor, Veja


‘Diogo Mainardi’, copyright Veja, 14/12/05


‘Ao ler Diogo Mainardi em ‘Observatório da imprensa’ (7 de dezembro), tive um pouco de alento. Até que enfim alguém resolveu desnudar a realidade das redações brasileiras. Não há nada a corrigir. Os pauteiros, repórteres e até mesmo os articulistas dos grandes veículos de comunicação do país são, em grande maioria, simpatizantes ou militantes do PT e assemelhados. É por isso que os assuntos que interessam ao povo e a quem não tem coloração partidária são sistematicamente boicotados pela grande imprensa, impregnada de petistas sectários e inimigos da verdade. Se Zé Dirceu não tivesse traído Roberto Jefferson, certamente estaríamos engolindo as meias verdades petistas até hoje. Quintino José Carvalho Contagem, MG


Meus parabéns ao Diogo Mainardi pela coragem de indicar os campeões do jornalismo chapa-branca. Eu até entendo a raiva e a gritaria de muitos ali indicados, pois, de fato, ser desnudado em público como petista hoje em dia é uma desonra só! Angelo C. Martins Por e-mail


Diogo aponta um por um seus colegas jornalistas que foram cooptados pelo lulismo, sem deixar escapar nem mesmo seus colegas de redação. Wederson Almeida Cardoso Por e-mail


Em se tratando de imprensa politicamente engajada, o intrépido Mainardi esqueceu ou omitiu um dos mais comprometidos e dissimulados: Luis Fernando Verissimo. Jomar Netto Por e-mail


A imprensa está lotada de jornalistas que se dizem independentes e imparciais, mas que na verdade possuem paixões cegas. Daniel Shademan Silva Natal, RN


Parabéns, Mainardi. Você melhorou a imprensa ao tirá-la do previsível. Cláudio Magalhães Roscoe Belo Horizonte, MG


O Alberto Dines disse que o Mainardi não é jornalista. Ah, é? E o que é sê-lo? Antonio Celso de Souza e Silva Rio de Janeiro, RJ


A imprensa é necessária e, como estamos vendo, Mainardi também. Uma quadrilha tomou conta do país; se caixa dois não for crime, não pagarei mais imposto de renda. Se nosso querido presidente e seu ajudante-mor não estivessem sendo poupados por essa imprensa, o prejuízo teria sido muito menor. Marcelo Siqueira Vilas Boas Botelhos, MG


Quando li a coluna de Diogo Mainardi, pensei que ele estivesse fazendo suposições ou lançando suspeitas sobre as ligações entre certos jornalistas e o lulismo. Logo depois, vi manifestações indignadas das pessoas apontadas, que simplesmente não negaram as tais ligações. Chamaram Mainardi e VEJA de representantes nativos do macarthismo, dedos-duros; disseram que os haviam ‘denunciado’. Foi então que percebi: é tudo verdade. Não se trata de suposições ou suspeitas. Parabéns a Mainardi. Parabéns a VEJA. Tiveram a coragem de dizer aquilo que os outros não dizem. José Luís Neves São Paulo, SP


A coluna da última edição caiu como uma luva para o comportamento pouco ético de alguns ‘medalhões’ do jornalismo brasileiro. Espero que sua análise sirva de reflexão para o companheiro Alberto Dines, pois ele tem o salutar hábito de comandar semanalmente, na rede pública de televisão, um programa em que o comportamento da mídia é analisado. Sugiro ao caro Diogo que faça semelhante texto tendo como ‘fonte de inspiração’ os colunistas nordestinos. Se tiver estômago e disposição, boa sorte. Jorge Márcio Barreto Salvador, BA


Diogo Mainardi esqueceu, em sua lista de jornalistas lulistas, de dois ilustres colunistas do Jornal do Brasil ferrenhos e inquebrantáveis seguidores de José Dirceu: Emir Sader e Mauro Santayana. Seus artigos beiram o delírio e mostram a capacidade de alguns seres humanos de viver em uma realidade que somente eles conhecem. Marco Antonio Bompet Rio de janeiro, RJ.’