TELEVISÃO
Quem foi quem na TV em 2005, 18/12/05
‘Aposto que a maioria dos meus colegas colunistas devem estar fazendo algum tipo de retrospectiva de final de ano. Por isso mesmo, para não ficar de fora, também vou fazer a minha. E escolhi como tema a TV, a mídia mais poderosa de todas, aquela que mexe com os sentimentos do telespectador e com a vaidade dos que frequentam a telinha. Sei que a minha retrospectiva ficará incompleta, pois a TV e seus contratados são pródigos em fornecer assuntos todos os dias do ano. De modo que, prezado leitor (a), se faltar alguma coisa que aconteceu e nós deixamos de citar terá sido por absoluta falta de espaço. Vamos lá, então?
Começo com a mudança de canal da apresentadora Ana Paula Padrão. A especulação sobre o salário milionário da moça andou de boca em boca, ou de coluna em coluna de TV. Quanto o senhor Silvio Santos terá realmente oferecido para fazê-la mudar de canal? Mas Ana Paula foi categórica. Disse que dinheiro não era o mais importante. O que ela queria mesmo era dar mais atenção à sua vida pessoal. Segundo ela, o horário avançado do Jornal da Globo estava atrapalhando seus planos de engravidar. Colunistas maldosos concluíram então que para se ter um filho tem que ter hora marcada e não pode ser de madrugada. Ana Paula ainda não engravidou, mas o fato é que sua ida para o SBT reabriu o espaço para o jornalismo na emissora, que há muito vinha apenas cumprindo o tempo regulamentar exigido pelo governo.
O programa Pânico na TV ganhou espaço na mídia e chegou a ser apontado como grande inovação na área de entrevistas irreverentes e bem humoradas. Foi quase disputado a tapa pela Rede TV, onde já é apresentado, pela Record e SBT. Mas depois de muito blá-blá-blá, e muita notinha plantada nos jornais, o Pânico ficou mesmo na emissora de origem e acabou passando das medidas nas gozações. Em nome das tais sandálias da humildade, os chamados humoristas irritaram Jô Soares , fizeram a atriz Carolina Dieckman perder as estribeiras e entrar na justiça contra o programa e provocaram o apresentador Netinho de Paula, que acabou dando um soco no repórter Vesgo. Tudo bem que a proposta do Pânico seja a de fazer graça, mas quando ultrapassa os limites torna-se inconveniente e desagradável. Talvez seja o próprio programa que deva calçar as sandálias da humildade e sair de fininho quando não fôr bem recebido.
A novela América foi sem dúvida um dos grandes destaques do ano televisivo de 2005. Começando pela polêmica interna. Nunca se lavou tanta roupa suja em público como nessa novela. A autora Glória Perez e o diretor Jaime Monjardim protagonizaram cenas dignas de um folhetim e depois de muita troca de acusações para se saber quem era o culpado pelo início desastroso da trama, a autora levou a melhor. Pediu a cabeça de Jaime que imediatamente saiu rolando pelos corredores do Projac e foi cair no colo de Manoel Carlos, outro estelar autor global que já está na fila para estrear mais uma obra. Com o afastamento de Monjardim, Glória conseguiu o que queria, assumiu as rédeas de América mudando a trilha sonora e influindo na direção dos atores e no comportamento de seus personagens. Mostrou a saga dos imigrantes que querem entrar ilegalmente nos Estados Unidos, pecando no entanto em relação a costumes e hábitos dos nossos irmãos do norte. A novela acabou emplacando e a emissora divulgou que América já figura entre os campeões de audiência do império global. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.
Na área de jornalismo internacional dois momentos marcantes. A morte do âncora da rede ABC, Peter Jennings, um dos ícones do telejornalismo americano, e o reencontro de dois dos maiores entrevistadores do mundo dos talk shows: Oprah Winfrey e David Letterman que estavam brigados. Na última vez que ele a entrevistou, há dezesseis anos, ela não gostou de uma das brincadeiras dele e levantou-se da cadeira indo embora. Oprah jurou que não daria mais entrevistas a David. Mas no dia primeiro de dezembro ela quebrou a promessa e, depois de uma tremenda divulgação, os fãs puderam assitir as pazes desses dois monstros sagrados que têm em comum uma característica que poucos entrevistadores de TV possuem: sabem ouvir e deixam brilhar o entrevistado, sem querer aparecer mais do que ele.
E quase no final do ano, destaque para o escorregão do apresentador William Bonner, em nome do bom humor e da descontração entre colegas nos bastidores de uma redação. Bonner, que também é o editor-chefe do JN, errou a mão na informalidade e comparou o telespectador do telejornal ao chefe de família Hommer Simpson, do desenho do mesmo nome. Hommer é conhecido como um bonachão simplório e preguiçoso que assiste TV comendo biscoitos. A polêmica foi enorme. Bonner desculpou-se, mas não conseguiu apagar o infeliz comentário da memória dos telespectadores.
Agora é esperar a chegada de 2006. Vem muita coisa por aí. Sem falar da transmissão dos desfiles de carnaval, ano que vem teremos eleição presidencial e Copa do Mundo, eventos que trazem emoção, mas produzem também um rosário de pérolas e micos!
Um feliz Natal e um super Ano Novo pra você leitor do DR e continue nos acompanhando.’
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