Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Direto da Redação

NATAL & JORNALISMO
Leila Cordeiro

Entrevista com o Papai Noel, 20/12/06

‘O bom velhinho de barbas brancas vestido à caráter, como manda o figurino, com roupas e gorro de veludo vermelho, botas e cinto pretos, chegou segundo a tradição pela chaminé do prédio. O problema é que ele engordou muito desde o último Natal.

Durante o ano, Noel até que tentou fazer dietas como as do Dr.Atkins, South Beach, dos pontinhos, vigilantes do peso…mas nada adiantou. Papai Noel gosta mesmo é das calorias e como vive na neve não precisa estar em forma para fazer bonito na areia das praias como é exigido pela mídia e se dá o direito de relaxar na forma arredondada.

Um tanto cansado por causa do peso e do calor no Brasil, afinal estamos no verão no Patropi, Noel disse que acabara de cumprir, ‘por determinação das organizações Globo’, a cansativa maratona de chegar de helicóptero ao Maracanã, para alegrar as criancinhas que conseguiram, depois de horas entrar no estádio e assistir debaixo de um sol escaldante aos shows de Xuxa, Latino e Kelly Key. Que presente de Natal, heim?

Muito bem. Depois disso tudo, Papai Noel devidamente instalado numa confortável cadeira, se dipôs a dar-nos uma entrevista.

DR – Como surgiu o nome Papai Noel?

PN – São muitas as explicações.A mais popular é ligada ao Bispo Nicolau que viveu na Ásia Menor, na cidade de Mira, no século IV. Ele era muito generoso e ajudava aos necessitados dando-lhes presentes na época de Natal, principalmente às crianças, enquanto elas dormiam.

DR – De lá pra cá, o que mudou?

PN – O número de necessitados. Hoje no mundo tem muito mais gente precisando de assistência do que antes. No Brasil, por exemplo, a classe média está passando por uma séria crise de identidade. Não pode ser considerada pobre mas não tem dinheiro para comprar o que quer. O jeito é apelar para mim que também já estou com minhas brancas barbas de molho e só compro em liquidação.

DR – Qual o presente mais pedido?

PN – As pessoas hoje estão menos materialistas mesmo que digam que não têm religião. No mundo todo elas pedem paz. Mas em cada pedacinho do planeta essa paz tem significados diferentes. Por exemplo, nos Estados Unidos as famílias dos soldados que estão lutando no Iraque por uma causa perdida querem seus filhos de volta. Já no Brasil, as pessoas querem apenas o direito de ir e vir pelas ruas com tranquilidade e ter a certeza de chegarem vivas em casa.

DR – A figura de Papai Noel, carregado de presentes, puxado por renas num trenó,passou a ser o símbolo da festa cristã que celebra o nascimento do menino Jesus. Como o senhor se sente com tamanha responsabilidade?

PN – Acho que o nascimento de Jesus é prioridade absoluta. E isso não se pode esquecer nunca. O problema é que o comércio precisava de alguma figura lendária para ‘faturar’. Afinal não é assim que os negócios funcionam?

DR – E para terminar Papai Noel,qual será o seu pedido neste Natal?

PN – Ainda não tive tempo de pensar. Em qualquer lugar do mundo hoje se mata à toa, sem motivo, através de guerras insanas, atentados terroristas ou em assaltos no meio da rua. Se eu pudesse pedir algo, pediria mais amor e respeito entre os seres humanos.

Depois disso, Papai Noel levantou-se em silêncio e foi embora, curvado pelo peso dos anos e de tantos presentes nos ombros…

Desejo a todos vocês, queridos leitores do DR, um Natal cheio de Paz e tranqulidade e um Ano Novo com esperança de muitas realizações. Espero continuar em 2007 a interagir com todos vocês como em 2006.

Obrigada pelo carinho e pela atenção.

(*) Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e na CBS Telenotícias Brasil, como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros publicados.’

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