Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dirigentes da Nossa Caixa terão
de explicar denúncia na Assembléia


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 7 de abril de 2006


CASO NOSSA CAIXA
Chico de Gois


Comissão convoca presidente da Nossa Caixa


‘O PT conseguiu aprovar ontem, na Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo, a convocação do presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, e do secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce.


O primeiro deverá explicar por que a instituição fez propaganda em veículos de deputados da base de apoio ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e por que manteve por cerca de um ano o serviço de duas empresas de publicidade, apesar de não haver contrato assinado entre as partes.


Arce foi convocado para falar sobre a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), que autorizou duas inserções publicitárias, no valor de R$ 60 mil cada, na revista ‘Ch’an Tao’, de propriedade do acupunturista do governador, Jou Eel Jia, como informou a Folha na edição de domingo. A Sabesp também patrocinou a revista. As duas empresas estão subordinadas a Arce.


Além de Carlos Eduardo Monteiro, serão convidados o ex-presidente da Nossa Caixa Valdery Frota de Albuquerque, o ex-gerente de marketing Jaime Castro Júnior, sua sucessora, Marli Martins, o ex-diretor de infra-estrutura do banco Odair Ziolli, além de Roger Ferreira, ex-assessor de Comunicação do governo.


A aprovação se deu graças a um cochilo dos deputados governistas que, em outras duas ocasiões, inviabilizaram a convocação ao pedir vista do requerimento. Ontem, porém, eles não conseguiram adiar o chamado.


A intenção dos deputados Vaz de Lima (PSDB) e Paulo Sérgio (PV) era não comparecer à sessão e, com isso, justificar a falta de quórum para que ela não ocorresse. Porém, logo depois do prazo previsto para o início dos trabalhos, às 14h15, o deputado Edmir Chedid (PFL) entrou na sala, garantindo o número mínimo de deputados, e os pedidos de convocação foram aprovados.


Vaz de Lima solicitou cópias das imagens da reunião para saber se o presidente ‘atropelou’ o Regimento Interno. ‘Não podemos aceitar que se passe por cima do Regimento’, disse o tucano. A Folha não conseguiu falar com o presidente da comissão, José Caldini Crespo (PFL).


‘Eles [Lima e Paulo Sérgio] chegaram e nem sabiam o que estava sendo votado’, afirmou o líder do PT, Ênio Tatto. O presidente da Nossa Caixa e o secretário terão 30 dias para comparecer à Assembléia. Se não o fizerem, poderão ser conduzidos pela polícia.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


É sexy


‘Avança a histeria com os ‘riscos políticos’ de 2006 na América Latina.


A BBC, no programa ‘Newsnight’ da rede original e ao longo da programação do canal de notícias, abriu anteontem e vai até domingo com a série ‘Inside Latin America’, concentrada no ‘ano de eleições’.


Não faltou nem debate virtual entre o ‘falcão’ Otto Reich e Noam Chomsky. Mas as reportagens vão para todo lado, do cinema argentino à segurança pública venezuelana _e aqui e ali se vêem Fernando Meirelles, cineasta, e Juninho Paulista, jogador do Palmeiras.


Na reportagem sobre o Brasil, do correspondente em São Paulo, a série fechou o foco na ‘preocupação’ americana com a ‘influência chinesa’.


Ouviu desde o republicano que dirige a comissão do Congresso para a região, que defendeu intervencionismo, até um engenheiro da Embraer, entusiasmado com a fábrica que implantou na China.


O mais significativo, na BBC, foi a entrevista com Tom Shannon, o moderado que substituiu Reich como subsecretário de Estado para a região, no governo Bush, e que vai viajar a Pequim para tratar da região.


Ele questionou a ‘onda rosa’ que a BBC aponta para o ‘ano de eleições’ em países como Peru, México, Nicarágua:


_ Não vemos onda rosa, mas o surgimento de democracias que começam a encarar o desafio fundamental do ataque à exclusão social _de criar ambiente para as pessoas se sentirem não só cidadãos políticos, mas cidadãos econômicos.


Mais à frente:


_ O que importa não é esquerda ou direita. É o compromisso com a democracia e uma prosperidade econômica que seja mais justa. E o compromisso com a segurança do Estado democrático.


O aparente otimismo do Departamento de Estado contrasta com os alertas persistentes que vêm sendo lançados pelo ‘Financial Times’.


Ontem foi a vez do editor para a América Latina, Richard Lapper, na longa análise ‘Por que os investidores externos estão surdos para a marcha latino-americana dos populistas’.


Registra temor com a troca de ministros de finanças na Argentina e no Brasil. Também com a recente reestatização argentina e com ‘o apelo para diminuir os controles de gastos’ no ano eleitoral brasileiro.


Mas louva Lula e o Brasil, que os banqueiros dizem estar a um ano de subir para ‘grau de investimento’ nas agências de de risco. E diz que o mexicano López Obrador deve se revelar ‘como Mr. da Silva’.


O problema maior, diz, é que até os esquerdistas moderados não avançam nas ‘reformas estruturais’, o que pode trazer problemas no futuro. Mas por enquanto os investidores não se abalam. Diz um deles, ouvido pelo ‘FT’ na reunião do BID, em Belo Horizonte:


_ Todo mundo sente que tem que estar aqui. É sexy.


CAIU NA REAL


Logo da série da BBC sobre o ‘ano de eleições’ na região


Com as nuvens sobre a América Latina, ‘Wall Street Journal’ e ‘Economist’ descobriram, com atraso, a autobiografia de FHC. Deram ontem resenhas elogiosas intituladas, respectivamente, ‘Um líder que caiu na real’ e ‘Brasil para iniciantes’. Os louvores foram sobretudo à conversão do ‘subversivo’ ao mercado.


Já no Brasil, ontem também, a blogosfera caiu sobre a entrevista que ele deu a Jô Soares. Fernando Rodrigues e outros sublinharam o esforço de FHC em sugerir que a compra de votos para a reeleição não partiu de seu governo, mas talvez de governadores ou prefeitos. Do humorista Tutty Vasques, no Noblog:


_ Fofo… FHC no programa do Jô confirma: o ex-presidente está virando um gagá charmosíssimo.


Em campanha 1


Como resumiu o blog de Josias de Souza, ‘Alckmin sobe e Lula bate’. Em manchete no Google Notícias, meio da tarde:


_ Lula ataca Alckmin e diz que Brasil faz São Paulo crescer.


Nas submanchetes rotativas, primeiro entrou Marta Suplicy, candidata a governadora:


_ Marta ataca Serra ao comentar resultado de pesquisa.


Depois, José Serra, em Ribeirão Preto, mas sobre Brasília:


_ Para Serra, absolvição prejudica a democracia.


Em campanha 2


Já tem dias a especulação da blogosfera brasiliense sobre as pesquisas Datafolha, prevista para o fim de semana, e CNT/ Sensus, para a terça-feira.


Na falta delas, a pesquisa Ibope/Setecesp, restrita a São Paulo, saciou ontem parte da ansiedade eleitoral _e fez a festa de blogs como o tucano E-Agora, que depois da guerra civil de um mês atrás voltou às mãos do moderado Eduardo Graeff.


Em seu destaque de ontem, ‘Alckmin e Serra disparam’.’


VENEZUELA
Folha de S. Paulo


Jornalista fotografa o próprio assassino


‘Jorge Aguirre, repórter-fotográfico do jornal ‘El Mundo’, foi morto anteontem quando acompanhava um protesto contra a violência em Caracas. O assassino, numa moto, atirou nele e fugiu. Aguirre, 58, ainda conseguiu fotografá-lo nesse momento, mas morreu pouco depois. O caso gerou protesto de jornalistas ontem na capital venezuelana. O ministro da Informação, Willian Lara, disse que as autoridades estão investigando ‘todas as hipóteses’ e criticou a mídia alinhada à oposição por ter acusado a polícia, sem provas, pelo crime.’


TELEVISÃO
Laura Mattos


Amaury cobra entrevistas, mas nega bajular


‘Amaury Jr., idade não-revelada, completa bodas de prata de telecolunismo social neste ano e adorou a idéia de inspirar o personagem de Luiz Fernando Guimarães na série ‘Minha Nada Mole Vida’, que estréia hoje na Globo.


Chamado por alguns nos bastidores pelo venenoso apelido de Jabaury Jr., ele admitiu à Folha, sem rodeios, que cobra para cobrir determinados eventos, e diz se sentir ‘chateado’ quando chamam seu programa (Rede TV!) de chapa-branca. Leia abaixo.


Folha – Muitos dizem que seu programa é chapa-branca, que você bajula seus entrevistados.


Amaury Jr. – Tento me livrar disso, mas não consigo. Pergunto as coisas mais contundentes, e me respondem porque ofereço possibilidade de defesa. Aflauto a voz para perguntar. Não precisa fazer o papel de algoz. [voz agressiva] ‘Cadê aquele dinheiro?’. Pode dizer [voz suave]: ‘E aquele dinheiro que ficam falando, que se não for verdade pode macular sua reputação?’. Chamam isso de bajular. Querem ver sangue. Mas quem é agressivo perde as fontes. Dizer que o programa é chapa-branca me deixa muito chateado.


Folha – Não se preocupa com o fato de não falar bem o inglês nas entrevistas com estrangeiros, não é?


Amaury – Meu inglês é muito fluente. Ele não é bom, mas me faço entender perfeitamente. Não perco entrevistas por isso.


Folha – E usa o ‘portunhol’…


Amaury – [risos] Brinco que minha obrigação é saber português. Entrevistei a Liza Minnelli em inglês e arranquei lágrimas dela. Pô, que conversa é essa, não é? Minha pronúncia não é boa, e o vocabulário fica devendo. Mas qual entrevistado não fica devendo?


Folha – No livro ‘Bisbilhotices’, você fala em ‘amarra-cachorros’. Toda celebridade é cercada deles?


Amaury – São os assessores que ficam dificultando tudo. A Gisele Bündchen tem um monte.


Folha – Como se livra de ex-’Big Brothers’ que querem aparecer?


Amaury – A gente fala que volta daqui a pouco e não aparece mais. É normal, todo mundo gosta de ser ‘televisto’. Político, então…


Folha – O Conrad Punta Del Este já é personagem do programa, não?


Amaury – É patrocinador há oito anos. Uno o útil ao agradável. Punta é um lugar bonito, cheio de celebridades. Divulgo o Conrad, que é a parte contratual, e o uso para entrevistas. Eles põem a entrevista ao Brasil no contrato com artistas que se apresentam lá.


Folha – Que tipo de permutas podem ser feitas por uma entrevista?


Amaury – Os artistas divulgam peças, por exemplo. Quando entrevisto Roberto Carlos, divulgo seus navios. O empresário também me pede. É uma forma de pagar a gentileza a alguém que cede seu brilho ao programa. É troca de amabilidades e interesses.


Folha – Para cobrir uma festa empresarial, como fez recentemente com a inauguração de uma loja da Arezzo, há acordo comercial?


Amaury – A Arezzo entrou com anúncios no programa e ia fazer a festa com a Cláudia Raia. Então eu tinha dois motivos para cobrir.


Folha – Mas às vezes tem de entrevistar gerentes de marketing…


Amaury – Quem faz isso, é sempre chamado aos eventos. E não significa que a gerente de marketing vá macular o programa. Às vezes são ótimas entrevistas. Isso acontece em qualquer TV, ou objetivamente, como faço, ou veladamente, como muitos fazem. É preciso prestigiar os patrocinadores. Se a Arezzo faz uma festa relevante, com uma artista relevante, e é patrocinadora do meu programa, pô, é duas vezes colunável.


Folha – E se um político quer que cubra o casamento da filha? Há cachê, como ator da Globo que cobram para dançar com debutante?


Amaury – Há o ‘infomercial’. O sujeito inaugura um hotel, a gente mostra. Quando tem conteúdo comercial, é pago naturalmente.


Folha – Se eu quiser que você cubra as bodas de meus pais…


Amaury – Não, porque não há componente comercial. Mas se o cara quiser vender o peixe, paga.


Folha – Pode dar uma idéia de quanto custa um ‘infomercial’?


Amaury – Um de 15 minutos no ar custa por volta de R$ 120 mil [um comercial de 30 segundos no intervalo de ‘Belíssima’ é perto de R$ 260 mil]. É tabela aberta, isso não tem constrangimento.’]


Daniel Castro


Globo procura substituto para Casagrande


‘A pouco mais de dois meses para o início da Copa do Mundo, a Globo está se vendo desfalcada. A emissora admite oficialmente que procura com urgência um novo comentarista para ocupar a vaga de Walter Casagrande, que está credenciado para trabalhar na Alemanha, mas pediu licença por tempo indeterminado.


A Globo já cogitou Pelé (que vai trabalhar para TV alemã) e ouviu um não de Romário, que optou por continuar jogando _em Miami. As negociações agora são com Dunga, o capitão do tetra de 1994, e estão muito avançadas. O outro comentarista na Alemanha será Paulo Roberto Falcão.


O afastamento de Walter Casagrande está cercado de mistérios. A Globo, oficialmente, só diz que ele pediu licença para tratar de assuntos pessoais. Nos bastidores do jornalismo da emissora, há duas versões: de que ele estaria com problemas sérios de saúde (hepatite) e de que estaria atravessando uma crise no casamento.


A Folha ligou para o celular de Casagrande, mas o aparelho estava desligado. Aos amigos que telefonaram para sua casa, a mulher do ex-craque não contou nada.


A Globo transmitirá a Copa do Mundo com exclusividade na TV aberta. A emissora, que pagou cerca de US$ 80 milhões à Fifa, não conseguiu repassar os direitos para nenhuma outra rede. Na TV paga, o Mundial da Alemanha será transmitido pelo SporTV, ESPN Brasil e BandSports.


OUTRO CANAL


Factóide 1 A novela ‘Páginas da Vida’ nem começou a ser gravada e já há uma falsa polêmica a promovendo. O prefeito do Rio, Cesar Maia, nega que tenha vetado gravações de um arrastão na praia do Leblon, para evitar um antimerchandising em um cartão-postal.


Factóide 2 Maia afirma que quer saber da Globo, por escrito, se será necessário gravar os entornos da praia ou apenas na areia. Se for só na areia, só libera a Barra da Tijuca. ‘Mas se faz parte do conteúdo da novela expor e identificar o entorno, eu teria que aprovar, pois o contrário seria censura’, disse à coluna. E a Globo diz que a produção ainda não recebeu o texto das cenas.


Balança ‘Cidadão Brasileiro’ está prestes a sofrer intervenção da cúpula da Record. Vai bem no Ibope, mas o clima nas gravações é péssimo. Seu diretor, Flávio Colatrello, se recusa a mudar a luz.


Garganta Deu dez pontos a estréia de ‘Ídolos’, anteontem no SBT. A Record, com ‘Hulk’, marcou 15 e foi vice no horário.


Derrubada A entrada da Record no lugar do GNT Portugal (com programas da Globo e da Globosat) na TV Cabo, maior operadora de TV lusitana, está causando muitas reclamações. A audiência despencou. Anteontem, a Record foi o 22º canal mais visto em Portugal _o GNT, às quartas, era o décimo. O número de telespectadores foi 57% menor.’


Marco Aurélio Canônico


Sátira à TV não funciona em ‘Frango Robô’


‘Quando o espectador ouve o nome -’Frango Robô’- e assiste à abertura do novo desenho que o Cartoon Network estréia hoje em seu bloco noturno para adultos, o ‘Adult Swim’, fica com a impressão de que verá mais uma animação amalucada. A impressão é desfeita assim que o programa começa.


Apesar da abertura mostrar um cientista maluco, tipo dr. Frankenstein, que pega o corpo de um frango atropelado e o devolve à vida, transformando-o em um robô, o desenho não conta as aventuras do galináceo.


Ele é, na verdade, mais um dos muitos desenhos feitos para satirizar a TV, mais especificamente a norte-americana. A partir de uma animação feita com bonecos, diversos seriados, comerciais e trailers de filmes viram piada.


Assim, o ‘reality show’ da MTV, ‘The Real World’, é feito em Metropolis, numa versão com super-heróis; ‘American Idol’ vira ‘Zombie Idol’, ressuscitando (literalmente) figuras como Bob Marley e John Lennon; o seriado ‘Oz’, sobre a vida na cadeia, ganha personagens do longa-metragem ‘O Mágico de Oz’.


‘Frango Robô’ é a cara de seu criador, o ator Seth Green (que fez filmes como ‘Austin Powers’ e dirige, roteiriza e dubla o desenho): um produto de segunda, destinado a ser coadjuvante em meio à programação mais divertida. Seu estilo é batido e suas piadas são, quase sempre, sem graça.


Mesmo que uma coisa ou outra funcione -como a paródia ‘Kill Bunny’, em que Jesus assume o macacão amarelo que coube à Uma Thurman no filme de Tarantino-, assistir ao desenho se assemelha mais à uma sessão de tortura à la ‘Laranja Mecânica’, que é exatamente o que acontece com o frango na abertura. Ou seja, não foi falta de aviso.


Frango Robô


Quando: hoje, às 23h30 (com reprises na madrugada de sexta para sábado, à 1h30 e às 3h30, e no domingo, às 23h30, à 1h30 e às 3h30), no Cartoon Network’


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O Globo


Sexta-feira, 7 de abril de 2006


CRISE POLÍTICA
Merval Pereira


Retrocesso político


‘Mais um ‘mensaleiro’, e desta vez dos grandes, se não na quantia, no peso político, foi absolvido pelo plenário da Câmara num misto de compadrio e irresponsabilidade que, mais cedo ou mais tarde, se voltará contra a imagem dos políticos, enfraquecendo um dos Poderes da República e a democracia brasileira. O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, que recolheu, tendo como intermediária a própria mulher, R$ 50 mil pagos pelo lobista Marcos Valério, se declarou uma pessoa ‘do bem’ e encorajou seus pares a não temerem a opinião pública, a exemplo do que já fizera, com êxito, o deputado pefelista Roberto Brant.


A tese de que os meios de comunicação não refletem necessariamente a opinião média do eleitorado, mas apenas o pensamento das elites brasileiras, transforma os deputados em parceiros do nivelamento por baixo de nossa política, e tem o respaldo no comportamento do próprio presidente Lula, que se orgulha de ter um canal direto com o povo que dispensa a intermediação das elites, políticas ou intelectuais.


Esse desprezo por intermediações e pela elite do país está espelhado no texto que o ministro Tarso Genro distribuiu a militantes petistas, no qual destaca como um dos feitos do governo, e que seria alvo dos conservadores, a ‘plebeização do processo democrático no país’.


Como se a defesa da democracia dependesse de uma permanente luta de classes, uma disputa entre elite e povo, na qual a elite está sempre do lado errado e este governo sempre do lado certo, o do povo. Um discurso diversionista para um dos governos mais conservadores em termos econômicos e sociais que o país já teve, e isso num momento da economia mundial que permitiria um salto à frente no caminho do desenvolvimento.


Nunca as elites financeiras ganharam tanto dinheiro com os juros. E os programas sociais de cunho assistencialista permitem que o governo garanta sua popularidade nos setores mais pobres e mais excluídos da sociedade brasileira, e permitem também que esses ‘mensaleiros’ se apeguem à esperança de que o grosso do eleitorado não será atingido pelo clamor de seriedade que os meios de comunicação, de maneira geral, ecoam.


A chamada ‘opinião pública’ surgiu no fim do século XVIII, como maneira de as elites se contraporem à força do Estado absolutista, e a imprensa teve papel fundamental na sua consolidação. Não é à toa, portanto, que o surgimento da ‘opinião pública’ está ligado ao surgimento do Estado moderno, e a negação da opinião pública, como virou moda no Parlamento e no governo brasileiros, representa a tentativa de retroceder na história, de fazer prevalecer o atraso nas relações do Congresso com os eleitores. Não é à toa também que esta está sendo considerada a pior de todas as legislaturas.


O deputado João Paulo Cunha, na sua análise histórica sobre o papel da imprensa no país, quer também retornar no tempo, quando os jornais, no Brasil e no mundo, existiam para defender interesses dos grupos políticos ou familiares aos quais pertenciam. O que o PT sempre criticou e atacou, o uso dos meios de comunicação em apoio a um determinado grupo político, João Paulo apontou como uma prática que deveria ser retomada, contra a profissionalização, tendência dominante.


Segundo a historiadora Isabel Lustosa, em seu livro ‘Insultos impressos’, os jornais surgidos no Brasil no período de intenso debate político que antecedeu a Independência, em 1822, nasciam impulsionados pelo propósito de preparar o povo para o regime liberal que se inaugurava. Para Hipólito da Costa, o primeiro jornalista brasileiro, fundador do primeiro jornal brasileiro, o ‘Correio Braziliense’, impresso em Londres em 1808, a instrução seria a chave de uma conduta racional e asseguraria o bom funcionamento dos governos.


Todos os jornais se outorgavam a tarefa de educar o povo. Mas o clima tenso e apaixonado que caracterizava a vida política se transferiu rapidamente para o texto, em que cada jornal defendia seu ponto de vista político, a favor ou contra a Independência. No mundo inteiro os jornais começaram assim, panfletários, e os brasileiros não foram exceção à regra, e só muito recentemente, mais acentuadamente no eixo Rio- São Paulo, começaram a se profissionalizar e a dar mais atenção a questões éticas na informação.


A maior influência hoje na imprensa brasileira é a da cultura anglo-saxônica, e atribui-se a essa influência, especialmente da imprensa dos Estados Unidos, distorções da ética jornalística, especialmente a glamurização da notícia, a busca do espetáculo para atrair os leitores. O jornalista Alberto Dines, fazendo uma análise sobre essa influência, lembra os aspectos positivos dela desde que o poeta, político e publicista inglês John Milton publicou Areopagítica (1644), primeiro documento explícito em favor da liberdade de expressão na história da cultura universal, que Hipólito da Costa traduziu numa das primeiras edições do ‘Correio Braziliense’.


Hoje, é dos Estados Unidos que vêm as grandes inovações tecnológicas que fundem as mídias e inauguram uma nova era da comunicação, com base na internet. Mudou a relação dos donos dos jornais com seus próprios jornais.


Hoje os jornais são empresas e precisam estar mais perto do público leitor do que dos governantes para serem bem-sucedidos. Para tanto, publicam textos ou depoimentos com posições antagônicas, privilegiam o pluralismo de opiniões entre seus colunistas e colaboradores, dando mais opções de informação aos leitores.


E demarcam mais claramente a sua opinião, tratando que ela não influencie o noticiário, que deve ser o mais imparcial e abrangente possível. Os jornais deixaram de ser partidários, sectários, e isso é sinal de amadurecimento, político e empresarial.’


GRAMPO NOS EUA
William Branigin


Ex-assessor de Cheney diz que Bush autorizou vazamento de informação


‘Do Washington Post – Um ex-assessor próximo do vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, disse a um grande júri federal que investiga o vazamento da identidade da agente Valerie Plame, da Agência Central de Inteligência (CIA), que o presidente George W. Bush autorizou-o a revelar informação secreta sobre o Iraque para rebater as críticas do marido dela. A informação está em documentos judiciais.


Entretanto, Lewis Libby, ex-chefe de Gabinete de Cheney, testemunhou que embora tenha dado à repórter Judith Miller, do jornal ‘New York Times’, informação secreta numa conversa em julho de 2003 com a aprovação do presidente, não revelou a identidade de Plame. As referências ao suposto papel de Bush no caso estão num documento de 39 páginas encaminhado pelo promotor especial Patrick Fitzgerald ao juiz do caso Libby e divulgado ontem.


O ex-assessor de Cheney foi indiciado em outubro por cinco acusações de obstrução de Justiça, perjúrio e prestação de falso testemunho a investigadores federais em conexão com um inquérito sobre o vazamento da identidade de Valerie Plame. Como presidente, Bush tem a autoridade para tornar pública informação confidencial de inteligência, mas tanto ele como Cheney têm criticado repetidamente o vazamento de inteligência para a imprensa, e o governo ordenou uma investigação sobre informações confidenciais passadas para a mídia a respeito de um programa de bisbilhotice da Agência de Segurança Nacional e da existência de prisões secretas da CIA para suspeitos de terrorismo.


Fitzgerald observa que alguns documentos ‘refletem um plano para desacreditar, punir ou buscar vingança contra’ Joseph Wilson, ex-diplomata e marido de Plame que acusou o governo de exagerar a ameaça de Saddam Hussein para justificar a invasão do Iraque. A oposição democrata quer explicações de Bush.’


VENEZUELA
O Globo


Morte de fotógrafo causa protestos


‘CARACAS. Vestidos de preto, mais de 200 jornalistas saíram em passeata ontem em Caracas para pedir a investigação do assassinato do repórter fotográfico Jorge Aguirre. Ele foi baleado na véspera na capital venezuelana ao cobrir a morte de três adolescentes e seu motorista executados por seqüestradores – um crime que chocou o país e levantou suspeitas sobre a participação de policiais.


A passeata partiu da Torre de Prensa, sede do jornal ‘El Mundo’, onde Aguirre trabalhava, e seguiu até o Ministério Público, onde os jornalistas conversaram com o promotor Isaías Rodríguez. Aguirre, de 60 anos, foi baleado no tórax por um homem numa motocicleta sem placa, perto da Universidade Central da Venezuela, onde ocorreu uma das diversas manifestações de repudio à morte dos reféns. O motociclista tentou impedir que o carro de Aguirre se aproximasse da universidade. Depois de ordenar que deixasse o local, sacou a arma e atirou. Antes de cair, Aguirre ainda conseguiu fotografar o agressor.


– Pedimos que seja designado um promotor especial – disse a fotógrafa Lorena Pineda.


A Organização dos Estados Americanos condenou o crime e exigiu rapidez na investigação. A organização Repórteres sem Fronteiras, por sua vez, pediu que seja apurado se o fotógrafo foi assassinado por um policial.


Ontem houve novos protestos pela morte dos três irmãos, que foram cremados em Caracas. John Bryan, Kevin e Jason Faddoul, de 17, 13 e 12 anos, tinham cidadania venezuelana e canadense. Eles haviam sido seqüestrados há mais de um mês quando iam para a escola.


Segundo as investigações, um grupo de homens com uniformes da polícia parou o carro das vítimas. Os corpos dos irmãos e do motorista foram encontrados na terça-feira, nos arredores de Caracas.’


TELEVISÃO
Lilian Fernandes


‘Minha nada mole vida’, ‘sitcom’ autoral


‘Amaury Jr., titular de uma coluna social eletrônica na Rede TV!, viajou para a Alemanha na terça-feira. Portanto, vai perder a estréia, hoje à noite, de ‘Minha nada mole vida’, cujo protagonista é assumidamente inspirado nele. Na nova sitcom da Rede Globo, Luiz Fernando Guimarães é Jorge Horácio, apresentador do ‘Jorge Horácio by night’ e pai desajeitado.


– Não vamos fazer uma sátira, mas, quando penso neste tipo de programa, na minha memória vem sempre o Amaury. Já estive várias vezes no programa dele, adoro o Amaury. Mas tentei fazer algo diferente, embora ache que em alguns momentos vou esbarrar na sua figura – explicou Luiz Fernando durante a apresentação do programa à imprensa.


A turma é a mesma de ‘Os normais’. O diretor, José Alvarenga Jr., contou que ele e Luiz Fernando assistiram a várias fitas do ‘Programa Amaury Jr.’:


– A gente viu muito, até para saber o que não fazer. Por exemplo, o Amaury agarra os convidados.


– Mas às vezes você me manda agarrar! – retrucou Luiz Fernando.


– Mas você não agarra! – devolveu Alvarenga.


Maria Clara Gueiros está de licença do ‘Zorra total’


Agarramentos à parte, o trabalho de Jorge Horácio é apenas uma das vertentes da série. A outra, mais importante, é sua relação com o filho de 10 anos, Hélio (David Lucas, o Terê de ‘Alma gêmea’). Separado da mulher (Maria Clara Gueiros), uma perua que vive às suas custas, o apresentador de repente se vê obrigado, por uma decisão judicial, a passar os fins de semana com o menino. Um trauma para um pai que sequer sabe qual é o time do filho.


– Quando comecei a pensar em qual poderia ser o meu próximo projeto, eu me dei conta de que nunca tinha feito um pai. Aí veio a idéia de fazer uma coisa familiar moderna. Quase todas as pessoas que eu conheço são separadas – diz o ator de 56 anos, que nunca se casou.


Os roteiristas Alexandre Machado e Fernanda Young ajudaram a dar forma à idéia antes que Luiz Fernando a apresentasse à Globo. Foram eles que criaram a profissão de Jorge Horácio. No início, Fernanda resistiu a ter uma criança como co-protagonista:


– Pensei: ‘Ah, não, vai ficar aquela criança chata de novela, e a gente não escreve para criança’. Mas o roteiro cresceu muito com o David, ele é muito específico e especial.


Marido de Fernanda, Alexandre Machado ajudou a convencê-la com o seguinte argumento:


– Todo o mundo pensa que criança é superdivertida. Nós temos duas meninas e sabemos que na verdade é uma dificuldade divertir criança. Você vai à praia e ela não quer entrar na água; você vai ao restaurante e ela não quer comer. O Jorge Horácio às vezes tem que fazer uma festa desanimada parecer divertidíssima; agora vai ter que aprender a divertir o filho, um garoto entediado.


Luiz Fernando foi peça-chave na composição do elenco. Pediu pessoalmente à Globo que liberasse Maria Clara Gueiros, um dos destaques de ‘Zorra total’, para o projeto:


– Eu tinha uma imagem de um casal, e ela entrava bem nesta imagem. Não foi fácil, mas eu disse à direção que tinha sonhado com ela. E na Globo tudo é muito mediúnico. Quando você sonha com uma pessoa…


Já David Lucas foi escolhido após ser submetido a um teste imaginado pelo ator:


– Eu falei para ele: ‘Imagina que a gente está numa praia e você tem que escolher uma mulher para o seu pai’. E aí o David improvisou superbem.


No futuro, planos de gravar em festas de verdade


Improviso, para a turma de ‘Minha nada mole vida’, é a alma do negócio. Principalmente para Luiz Fernando, ex-integrante do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, que fazia da experimentação um trunfo:


– Não leio muito os programas, decoro pouquíssimo, para ter consciência do que estou fazendo quando entro em cena e para que o resultado seja espontâneo. Palavras absurdas, que eu não falaria, vêm quando estou gravando. Isso tem a ver com a minha formação.


O improviso vem sendo útil nas cenas das entrevistas do ‘Jorge Horácio’, nas quais Luiz Fernando quase sempre contracena com atores que não conhece. No futuro, pode ser que a trupe grave em festas de verdade. Mas isso só se houver uma segunda temporada. A princípio, serão oito programas.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 7 de abril de 2006


CASO NOSSA CAIXA
Bruno Winckler


Dirigente da Nossa Caixa é convocado


‘A Comissão de Finanças e Orçamento da Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou ontem a convocação de nove pessoas para depor sobre denúncias de irregularidades na gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Sete delas estão ligadas às acusações de favorecimento de aliados políticos nos contratos de publicidade da Nossa Caixa. Entre os convocados, o atual e o ex-presidente do banco, Carlos Eduardo Monteiro e Valdey Frota de Albuquerque.


Também serão ouvidos o ex-gerente de Marketing da Nossa Caixa Jaime de Castro Júnior e a atual, Marli Martins, o ex-diretor de Infra-Estrutura Odair Ziolli, além de Vito Edson Delfino, assessor de Marketing da Secretaria de Comunicação. A comissão convocou ainda Roger Ferreira, assessor direto do ex-governador que depois das denúncias pediu afastamento.


Mais duas pessoas ligadas ao governo foram chamadas. Patrícia Reis Guedes, assessora de Comunicação, e Mauro Guilherme Arce, secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento, responderão às denúncias de pagamento de R$ 120 mil à revista Ch’an Tao, da Associação de Medicina Tradicional Chinesa, presidida por Jou Eel Jia, acupunturista de Alckmin.


O líder da bancada do PT, Ênio Tatto, acha que ‘o cerco está se fechando’. ‘Os depoimentos não tiram a necessidade de abertura de CPI, mas força o governo a se declarar a respeito dessas denúncias.’


O petista protocola hoje, na Procuradoria-Geral do Estado, pedido de afastamento do presidente da Nossa Caixa. ‘Monteiro estava até ontem se negando a prestar qualquer declaração sobre as denúncias, mas veiculou, em vários jornais, matérias pagas promovendo o banco.’


A base do governo contesta a convocação. Na reunião de ontem, o quórum da Comissão de Finanças foi atendido, mas nenhum deputado do PSDB estava presente. O tucano Vaz de Lima chegou atrasado. ‘Em poucos segundos votaram os requerimentos, o que acho bem difícil. Se comprovar que houve quebra no regimento vou anular essa votação.’’


ITÁLIA
André Mascarenhas


‘Telepopulista’ se faz de vítima


‘Com a campanha eleitoral italiana próxima do fim, uma das principais estratégias do atual primeiro-ministro e candidato à reeleição, Silvio Berlusconi, tornou-se mais clara. A julgar por suas últimas declarações, o líder da coalizão de centro-direita está empenhado em se apresentar para a população como vítima de uma perseguição por parte de jornalistas e outros setores da sociedade. A análise é do professor de sociologia da comunicação da Universidade de Perugia, na Itália, Paolo Mancini. Para ele, junto com os ataques à esquerda e a insistência na discussão da questão fiscal, Berlusconi, o maior empresário de comunicações do país, tenta ‘ganhar posições passando-se por vítima da mídia’.


Como Berlusconi é dono de três das quatro maiores redes de TV aberta da Itália e exercendo controle indireto sobre emissoras públicas, esse empenho passaria por piada não fosse um detalhe. Em certa medida, ainda de acordo com Mancini, Berlusconi tem razão. Isso porque grande parte da imprensa italiana apóia abertamente a candidatura do líder da oposição, Romano Prodi. ‘É tradição entre os jornais italianos tomar posição’, explica Mancini.


Daniel Hallin, professor de comunicação da Universidade da Califórnia e estudioso da mídia italiana, explica a atitude de Berlusconi. ‘Uma característica comum deste tipo de campanha, que podemos chamar de ‘telepopulismo’, é que os líderes sempre se apresentam como vítimas da mídia’, diz Hallin. Mas, com Berlusconi, há um diferença fundamental: ‘O que é especialmente irônico nesse caso, é o fato de Berlusconi controlar metade das redes de TV do país’, completa Hallin.


Isso, no entanto, não significa que Berlusconi usufrua plenamente de seu domínio sobre os meios de comunicação. ‘Ele tenta usar a mídia a seu favor, mas a sociedade e as leis o impedem de fazer da maneira que gostaria’, destaca Mancini.


Ainda assim, com tanto poder concentrado, pode-se dizer que o líder italiano tem um forte instrumento de barganha nas mãos. ‘Eu não gosto de dizer se isso é bom ou ruim. Em muitas democracias do mundo, a mídia é usada como parte de um processo de negociação política e econômica. O importante é que isso deve estar claro para o eleitor’, conclui Mancini.’


TV DIGITAL
Renato Cruz


Emissoras reforçam campanha pela TV digital japonesa


‘As emissoras têm pressa em definir o padrão de TV digital, e voltam à carga com propaganda em defesa do padrão japonês hoje, mesmo dia em que o comitê de ministros que trata do assunto tem uma reunião marcada com o presidente Lula.


O anúncio diz que, para garantir a qualidade do sinal, a alta definição, a mobilidade e a interatividade, ‘só existe um sistema no mundo: o ISDB-T, adotado no Japão e recomendado para a TV digital do Brasil pela SET (Sociedade de Engenharia de Televisão) e pelas emissoras de TV’.


Devem participar da reunião os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil), Hélio Costa (Comunicações), Guido Mantega (Fazenda) e Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia). Quarta-feira, foi apresentado a eles um estudo de mercado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a viabilidade de se instalar uma fábrica de semicondutores no País, uma das metas do governo nas negociações com grupos estrangeiros detentores dos padrões de TV digital.


O governo analisou três padrões: o japonês ISDB, o europeu DVB e o americano ATSC. Hélio Costa, a exemplo das emissoras, defende o padrão japonês. Consórcios locais de pesquisadores também desenvolveram o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), que combina padrões tecnológicos internacionais numa solução mais adequada à realidade local. Inexplicavelmente, este trabalho deixou de ser discutido pelo governo, que financiou as pesquisas.


A campanha é assinada pela Bandeirantes, Cultura, Globo, Record, RedeTV!, Rede Vida, SBT, 21, CNT e Rede Mulher.


BATE-PAPO


O deputado Walter Pinheiro (PT-BA) defendeu ontem que o modelo de TV digital a ser adotado deve priorizar as características do País, principalmente as culturais, e considerar que os sinais de TV, hoje, já chegam a 95% dos domicílios brasileiros. O novo modelo, segundo o deputado, deve promover o aumento do número de canais abertos, para possibilitar maior democratização das comunicações. ‘Podemos comprar equipamentos de outros países, desde que o nosso modelo de negócio, nosso modelo de regulação e nossos interesses econômicos, industriais e sociais estejam contemplados.’


Pinheiro, integrante de um grupo de parlamentares que discute a questão no Congresso, disse que o governo ainda não tomou sua decisão, apesar de Hélio Costa ter manifestado sua preferência. ‘Como já ficou evidente para a população brasileira, há, sim, uma preferência declarada do ministro das Comunicações pelo padrão japonês. Mas quero destacar que a nossa linha de atuação política vem se pautando por ampliar o espectro dessa discussão para além da escolha de um padrão tecnológico.’


COLABOROU GERUSA MARQUES’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Orkut é termômetro da Record


‘Que grupo de discussão que nada. O grande termômetro da Record para medir a opinião do público sobre Prova de Amor é o Orkut, site de relacionamentos da internet.


Segundo o autor da novela, Tiago Santiago, relatórios diários de audiência e a comunidade da novela no Orkut – que tem mais de 9 mil membros – são seus referenciais na hora de analisar o desempenho do folhetim e que rumo ele deve tomar. ‘No Orkut as pessoas falam o que querem sobre a novela, com muita liberdade’, explica o autor, que já seguiu muitos dos ‘conselhos’ dados pelo público na comunidade virtual, meio um tanto específico, é fato.


‘A Diana (Patrícia França) ficou grávida e embarcou na relação com o Júlio (Jorge Pontual) porque senti que havia uma grande vontade que isso acontecesse. Também antecipei o reencontro dos gêmeos e de Nininha e Tita com as suas famílias’, fala Santiago, que se surpreende com alguns comentários dos internautas. ‘As cenas de loucura de Elza (Vanessa Gerbelli) sempre geram comentários divertidos. Eles também têm muita raiva do Lopo (Leonardo Vieira) e querem que ele pague pelos seus crimes, isso logo vai acontecer’, continua. ‘Também gostam das cenas de ação e perseguição.’


Com base na opinião do público, o autor criou um núcleo adolescente na novela. ‘Haverá um núcleo assim agora que vai se aglutinar na praia, em torno do quiosque e de um campeonato de surfe.’ Com isso, chegam novos personagens na trama, como Adriana Garambone e Rachel Nunes, além de uma galerinha com pinta de Malhação.


Outra curiosidade: os internautas não queriam que o português Ricardo Pereira saísse da novela. Resultado: o personagem dele morreu, mas o ator retorna como irmão gêmeo do morto. Ele volta para fazer justiça.’


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