Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Dora Kramer

‘Informação é direito sagrado e universal, produto de consumo amplo, não raro em tempo integral. Ainda assim, à opinião pública não é franqueada a familiaridade com os ‘comos’ e os ‘por quês’ da comunicação, essenciais para entender pelo menos a razão de determinados assuntos e orientações jornalísticas tomarem conta da agenda nacional.

Tal desconhecimento deve-se primordialmente ao fato de os meios de comunicação quase nada comunicarem a respeito.

As razões são diversas, recorrentes e nem sempre edificantes: incluem desde a saudável precaução contra o cabotinismo e os excessos da auto-referência até o exercício do corporativismo em suas variadas gradações (de brandas a francamente cínicas), passando pelo velho dogma de que jornalista não é notícia. A rigor, não é, mas em nome disso se cometem crimes de lesa-informação, cuja peculiaridade é serem perfeitos, dada a ausência de denunciantes e de testemunhas de acusação.

É claro, podemos começar agora mesmo esse debate, inclusive porque para surpresa, e talvez horror, de nós jornalistas, há altíssimo grau de atração pelo tema. Raras vezes (razões expostas acima) ocorreu neste espaço, mas, quando aconteceu de a imprensa ser posta em foco, os leitores se manifestaram com vigor em quantidades oceânicas de mensagens.

Ou seja, atento aos meandros da comunicação que consome, o distinto público está, e muito.

Mas não é esta questão mais geral o que nos traz hoje ao assunto. É, antes, o caso específico do elenco de coqueluches jornalísticas que, como entram, saem de cartaz em bando uniforme, enquanto a sociedade posa de mera espectadora sem fazer a mais pálida idéia de como é a arquitetura de determinadas modas.

Nesta semana deu-se a 49.ª edição do Prêmio Esso, o mais cobiçado troféu do jornalismo brasileiro, em meio a questionamentos – justos e injustos – a respeito do critério de escolha dos vencedores. E aqui reside a chance de uma discussão de interesse geral.

A parte que interessa ao todo não são tanto as dúvidas levantadas a respeito dos procedimentos internos, embora sejam o ponto de origem do debate. Ao leitor é importante informar que a premiação – seja do Esso ou de outros mais recentes de importância e ocupação de espaços crescentes – apaixona e conflagra porque rende prestígio ‘para dentro’, mas aos ‘de fora’ também alcança, porque influencia na montagem daquela agenda de assuntos e abordagens preponderantes no trânsito social da informação.

O elenco de ‘melhores’ de um ano acaba estabelecendo um padrão de produção jornalística que passa a ser seguido como norma presumida de segurança para a obtenção do prêmio no ano seguinte. No mais das vezes, o pressuposto se confirma porque as escolhas dos jurados também tendem a ser pautadas pelos modelos de sucesso já comprovado. E assim o processo vai se realimentando até a criação de uma nova ‘onda’.

Vivemos ainda os efeitos do molde criado no início dos anos 90 pelo jornalismo-denúncia. Note-se, não necessariamente investigativo, que já teve também sua época, assim como a era das ‘grandes reportagens’.

A opção preferencial pelas denúncias produziu trabalhos de inquestionável valor jornalístico, institucional, político e social e induziu importantes mudanças de usos e costumes no Brasil da redemocratização. Isso de um lado.

De outro, a mitificação do escândalo traduzido como sinônimo de bom jornalismo fez prosperar uma distorção (ou perversão para tomar emprestada definição de Marcos Sá Corrêa) segundo a qual denúncias estão dispensadas de obedecer a critérios; bastam-se, não interessa a qualidade.

Sendo escandalosas nem precisam fazer sentido. Aliás, quanto mais incompreensíveis menos contestações suscitam, mais suspeições disseminam e, portanto, maior grau de admiração despertam. Se produto de dossiês de origem duvidosa ou de gravações entregues diretamente ao portador, não importa.

Não há dúvida de que desse modo meio torto também se levam ao público informações relevantes, fundamentais e de grande impacto. Há exemplos recentes.

Mas, convenhamos, para fins de uma premiação é necessário que se leve em conta o investimento jornalístico envolvido na construção do fato e não apenas na transposição de palavras ou imagens de um lugar para o outro: das fitas às páginas ou ao vídeo.

O argumento, é bom repetir, não é usado no intuito de subtrair o valor informativo desse tipo de material, quando de veracidade comprovada, bem entendido.

Voltando ao Prêmio Esso e a razão pela qual ele nos serve como tema de análise: na rodada final para a escolha dos vencedores deste ano deu-se esse debate na comissão julgadora.

A denúncia é muitas vezes adotada como recurso fácil de indução à premiação e, se não houver acuidade no cotejo do conteúdo a fim de não confundir produção jornalística com montagem de mosaico de informações de pronta entrega, acabaremos eternizando a reprodução de um modelo eleito como único digno de crédito e louvor.

Isso em detrimento de outro tipo de material também muito valoroso e há algum tempo relegado ao plano das ligeirezas: aquele fruto de uma descoberta inusitada, do encontro de um personagem inesperado, da narrativa de um drama capturado em meio a tantos outros em momento de especial sensibilidade de um repórter bem treinado.

Não com a pretensão de mudar critérios pelo puro prazer de alterá-los, mas pela intuição de que nossa agenda pode ser ampla, abrigar emoções que nos falem – mesmo de forma terrível – ao espírito e não apenas ao fígado, saiu para um pequeníssimo jornal de Porto Alegre (Já) o prêmio de reportagem.

O jornalista, Renan Antunes de Oliveira, buscou seu troféu a vida toda em nem sempre ajuizadas peripécias pelo mundo, em Pequim, Nova York e Bagdá.

Acabou encontrando ali mesmo na vizinhança da terra gaúcha, no relato sem artifícios da dilacerante história do suicídio de Felipe Klein, o jovem que queria virar lagarto.’



Folha de S. Paulo

‘Reportagem sobre patrimônio de deputados do Rio vence Prêmio Esso’, copyright Folha de S. Paulo, 16/12/04

‘A série de reportagens ‘Bastidores do Poder – Os Homens de Bens da Alerj’, do jornal ‘O Globo’, foi escolhida a vencedora do Prêmio Esso de Jornalismo deste ano, em cerimônia realizada anteontem à noite, no Rio.

Assinada pelos repórteres Angelina Nunes, Alan Gripp, Carla Rocha, Dimmi Amora, Flávio Pessoa, Luiz Ernesto Magalhães e Maiá Menezes, a série apresentava a variação patrimonial de 70 dos 113 parlamentares que ocuparam cadeiras na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro entre 1996 e 2001. Desses, 17 tiveram aumento do valor dos bens superior a possíveis investimentos no mercado no período.

Critérios

Em carta enviada na última sexta-feira à empresa Esso Brasileira de Petróleo e à RP Consultoria em Comunicação, responsáveis pela organização do Prêmio Esso de Jornalismo, os diretores de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, e de ‘O Estado de S.Paulo’, Sandro Vaia, criticaram a composição do corpo de jurados e afirmaram que a estrutura atual do prêmio ‘conspira contra a análise do mérito jornalístico dos trabalhos’.

Segundo a carta, ‘a composição do corpo de jurados não é representativa do mercado editorial do país e tende a favorecer determinados grupos de mídia’.

‘Existe a percepção, em São Paulo e em outros centros importantes do país, de que a premiação está demasiado sujeita às pressões da mídia estabelecida no Rio’, disse ontem Otavio Frias Filho.

Sandro Vaia também aponta problemas na escolha dos premiados. ‘Temos informações reiteradas sobre a existência de sistemas viciados de votação, que acabam provocando resultados distorcidos. Pessoalmente fiz esse alerta aos organizadores do prêmio já no ano passado. Como o sistema permaneceu o mesmo, optamos por esse pedido de mudança de critérios, para que seja restabelecido o equilíbrio entre a mídia de todas as regiões do país’, ele disse.

Para o diretor de Redação da revista ‘Veja’ -que não participa do Prêmio Esso-, Eurípedes Alcântara, trata-se de uma premiação ‘que não acrescenta nada ao trabalho jornalístico dos nossos repórteres’. ‘Justamente pela fraqueza do júri, pela fraqueza dos critérios, pela falta de transparência dos critérios’, diz.

‘A Veja não participa do Prêmio Esso, em particular, por problemas muito específicos de falta de credibilidade. Dos outros prêmios, a gente vê caso a caso.’’



Portal ABI

‘Empresas de SP contestam Prêmio Esso de O Globo’, copyright Portal ABI (www.abi.org.br), 16/12/04

‘A ‘Folha’ e o ‘Estadão’ contestaram em carta conjunta à Esso Brasileira de Petróleo e à RP Consultoria de Comunicação os critérios que deram a uma série de reportagens de ‘O Globo’ sobre a variação patrimonial de 70 dos 113 deputados cariocas o Prêmio Esso de Jornalismo deste ano. A ‘Veja’, que não participa da premiação também por discordar dos critérios, fez eco às reclamações dos dois jornalões paulistas, assinadas pelos respectivos diretores de Redação, Otávio Frias (‘Folha’) e Sando Vaia (‘Estadão’).

No documento, os paulistas colocam em dúvida a eficácia do júri para ‘a análise do mérito dos trabalhos’ concorrentes. A escolha dos jurados não seria ‘representativa do mercado editorial do país e tende a favorecer determinados grupos de mídia’. Em matéria publicada nesta quinta-feira, 16/12, à página 6 do primeiro caderno, seção Brasil, que cita trechos da carta, a ‘Folha’ destaca declaração de Otávio Frias, de que ‘existe a percepção, em São Paulo e em outro! s centros importantes do país, que a premiação está por demais sujeita a pressões da mídia estabelecida no Rio’.

Já Sérgio Vaia declarou ter ‘informações reiteradas da existência de sistemas viciados de votação, que acabam provocando resultados distorcidos’. O diretor de redação do ‘Estadão’ informou ainda que já teria alertado os organizadores do prêmio para a necessidade de que ‘seja estabelecido o equilíbrio entre a mídia de todas as regiões do país’.

Outro diretor de redação, Eurípedes Alcântara, de ‘Veja’, acusou o prêmio de ‘falta de credibilidade’ e disse que ‘não acrescenta nada ao trabalho jornalístico dos nossos repórteres’. As razões seriam ‘a fraqueza do júri’ e a ‘fraqueza dos critérios’, além da ‘falta de transparência’.

O diretor da RP Consultoria, Ruy Portilho, ainda segundo a ‘Folha’ – em outra matéria, dia 14/12, logo após a cerimônia de premiação, no Rio – disse que o Prêmio Esso, que completa 50 anos em 2005, vem alterando a sistemática com! a separação das comissões de seleção e de premiação.

A série premiada, ‘Os Homens de Bens da Alerj’ foi assinada por sete repórteres. Outro premiado carioca, o JB, dono da melhor primeira página, comemorou com a republicação da foto de alto a baixo da página, de autoria de André Lobo, mostrando a fila de aposentados à porta do INSS dia 18 de novembro do ano passado, no Rio, embaixo da manchete que reproduz declaração do então ministro da Previdência, Ricardo Berzoini: ‘Eu odeio filas’.

É o terceiro ano seguido em que O GLOBO é contemplado com o prêmio na categoria principal. O jornal recebeu também outras três premiações, sendo o maior vencedor da noite. A série de reportagens ‘Morte anunciada: Paraíba do Sul agoniza’, venceu na categoria Regional Sudeste, o caderno ‘Órfãos da violência’ recebeu a premiação de Criação Gráfica – Jornal e a seção ‘Defesa do Consumidor’ foi contemplada com a premiação de Melhor Contribuição à Imprensa.’



O Estado de S. Paulo

‘Prêmio Esso é entregue no Rio’, copyright O Estado de S. Paulo, 16/12/04

‘A reportagem Os Homens de Bens da Alerj, do jornal O Globo, foi a grande vencedora do 49.º Prêmio Esso de Jornalismo, entregue anteontem no Rio. A premiação principal, de R$ 30 mil, foi para Angelina Nunes, Alan Gripp, Carla Rocha, Dimmi Amora, Flávio Pessoa, Luiz Ernesto Magalhães e Maiá Menezes.

Na categoria Especial de Telejornalismo, venceram Cristiane Finger, Milton Cougo, Karina Chaves e Aline Dallago, do SBT de Porto Alegre, com Mulheres que Amam Demais.

A categoria Reportagem foi para Renan Antunes de Oliveira, do jornal Já, também de Porto Alegre, com A Tragédia de Felipe Klein. O prêmio foi anunciado sob vaias, já que o vencedor não estava entre os 3 finalistas da categoria. Amparada pelo regulamento, a Comissão de Premiação apontou a reportagem como vencedora, embora estivesse indicada na categoria Regional Sul. Em seu discurso, Oliveira disse que recebia as vaias com humildade e, ao longo de 20 minutos, contou sua trajetória como repórter. Acabou aplaudido de pé.

O prêmio de Fotografia ficou com Carlos Moraes, do jornal carioca O Dia, com Ataque a Helicóptero: Reação, Fuga e Execução. Weiller Diniz, Sônia Filgueiras, Celina Côrtes e Luiz Cláudio Cunha ganharam em Informação Econômica, com Presidente e Diretor do BC Esconderam da Receita Bens no Exterior, da Isto É.

Em Informação Científica venceu Marília Assunção, de O Popular, de Goiânia, com Câncer Afeta 18 Vizinhos do Césio. Em Primeira Página, ganharam Augusto Nunes, Octavio Costa, Marcus Barros Pinto e Nélio Horta, do Jornal do Brasil, com Ministro Berzoini: ‘Eu Odeio Filas’. O prêmio de Criação Gráfica – Jornal foi para Renata Maneschy, de O Globo, com Órfãos da Violência. Criação Gráfica – Revista ficou com Débora Bianchi, Celso Miranda, Rogério Nunes e Luiz Iria, de Aventuras na História, com Por que Getúlio se Matou?.

Allan de Abreu, do Diário da Região, de São José do Rio Preto, venceu na categoria Especial Interior, com Golpe Eletrônico Desvia R$ 1 milhão por Semana. Em Regional Norte, ganhou Gerson Severo Dantas, de A Crítica, com Violência e Destruição em Terras Amazonenses. Regional Nordeste: Vandeck Santiago do Diário de Pernambuco, com Francisco Julião, as Ligas e o Golpe Militar de 1964. Regional Centro-Oeste: Lucas Figueiredo, do Estado de Minas, com Máfia dos Vampiros. Ao agradecer o prêmio, Figueiredo sugeriu à organização que se repensem os critérios do julgamento do prêmio, para que jornais regionais tenham condições de competir em igualdade com os veículos do eixo Rio-São Paulo nas categorias principais.

Na Regional Sul, foram premiados Mauri König e Franco Iacomini, da Gazeta do Povo (Curitiba), com Devorados pela Miséria. O prêmio da Regional Sudeste ficou com Túlio Brandão, de O Globo, com Morte Anunciada: Paraíba do Sul Agoniza.’




Comunique-se


‘Vencedor do Esso promete renunciar ao prêmio’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 17/12/04


‘Renan Antunes de Oliveira, vencedor do Prêmio Esso de Reportagem 2004, decidiu devolver o diploma à organização na próxima segunda-feira (20/12). O jornalista disse ao Portal Imprensa que tomou a decisão porque a credibilidade do prêmio foi questionada por grandes veículos de Comunicação, como a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. Ele disse ao Comunique-se que ainda não formalizou o pedido e que vai fazer uma consulta sobre o que pode ser feito, se será possível desvincular o seu nome do prêmio.


‘Por decisão soberana da comissão julgadora, o prêmio de melhor reportagem vai para o jornal Já, de Porto Alegre’ foi o veredicto ao ser anunciado o vencedor dessa categoria. Ao subir ao palco para receber o diploma, Oliveira foi vaiado. Ele aguardou que os colegas, em meio a 600 convidados, se calassem para fazer seus agradecimentos. ‘Recebo as vaias com humildade’, disse o repórter do Já, um pequeno veículo de Porto Alegre cuja distribuição é de dois mil exemplares e a periodicidade, mensal. Também falou de sua carreira de 30 anos como jornalista e lembrou que passou por grandes redações, como Zero Hora, Veja, O Estado de S. Paulo, ISTOÉ, além de ter atuado como correspondente internacional por sete anos.


A reportagem premiada, intitulada ‘A tragédia de Felipe Klein’, concorria na categoria de melhor matéria da Região Sul. Sua matéria concorreu na categoria Reportagem com aquelas publicadas em jornais de peso, como Veja, Época, e O Dia (RJ). O trabalho premiado chegou a ser oferecido por Oliviera à revista Época, que se recusou a publicá-lo. O vencedor então publicou a matéria no jornal Já.


Oliveira conta que foi surpreendido ao chegar em Porto Alegre e ler nos jornais declarações de diretores de redação dos veículos concorrentes que colocavam em xeque a transparência e fidedignidade dos critérios de avaliação da Comissão Julgadora. ‘Vou mandar uma carta na segunda-feira com os dizeres ´renuncio ao Prêmio Esso´‘, informa ele. Ele acredita que esses jornais e revistas tentam de alguma forma duvidar do critério de avaliação dos jurados porque não aceitam perder a premiação para um pequeno jornal pouco conhecido no País. ‘São essas atitudes que diferenciam homens de ratos’.


Ele promete devolver o diploma mas não o dinheiro que ganhou, no valor de R$ 10 mil. ‘Eu mereço’, afirma. O repórter defende a idéia que a organização anule a premiação. Caso contrário, o prêmio, segundo ele, ‘não vale nada’.’Quando devolvo o diploma, estou dizendo apaguem o meu nome dos registros, porque não quero fazer parte da história do prêmio Esso logo no ano em que sua credibilidade é questionada pelos grandes veículos do Brasil’.


A cerimônia de premiação ocorreu na última terça-feira (14/12), no Hotel Sofitel Rio Palace, em Copacabana, no Rio.


Procurado, Ruy Portilho, um dos organizadores do Prêmio Esso, disse que vai conversar com nossa redação depois de falar com Renan, que vai participar do ‘Papo na Redação Especial’ da próxima segunda-feira, a partir das 15h.


A reportagem do Portal Imprensa é assinada por Renata Tolezo Piza.’

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‘Organizador do Esso lamenta decisão de vencedor’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 19/12/04


‘Ruy Portilho, um dos organizadores do Prêmio Esso, lamentou que o jornalista Renan Antunes de Oliveira tenha decidido devolver o diploma que recebeu pela reportagem ‘A tragédia de Felipe Klein’, publicada no jornal Já, de Porto Alegre. ‘Eu espero que até segunda-feira ele tenha tempo para refletir, pensar nas mensagens de solidariedade que tenho lido no Comunique-se, e reconsiderar essa decisão’, disse Portilho.


O organizador lembrou que 20 jurados decidiram que o trabalho de Oliveira deveria estar entre os finalistas, e sete deles, como Marcos Sá Corrêa, votaram na matéria publicada no Já. ‘Os jurados são profissionais respeitados do país, que não estão vinculados a nenhum jornal ou revista. Eles trabalharam com independência e uma enorme vontade de acertar’, finalizou.


Oliveira decidiu devolver o diploma ao ler nos jornais declarações de diretores de redação de conceituados veículos nacionais questionando a credibilidade do Prêmio Esso desse ano.’

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‘‘E o Esso foi pra parede’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 20/12/04


‘O jornalista Renan Oliveira, vencedor do Prêmio Esso de Reportagem 2004, enviou a redação do Comunique-se uma nota em que afirma que não irá mais renunciar ao prêmio. Renan havia dito que entregaria o diploma e pediria que seu nome fosse excluído da lista dos vencedores depois de vários veículos de grande circulação criticarem a organização do Prêmio Esso.


Leia a nota, na íntegra:


‘E o Esso foi pra a parede


Informo a quem interessar possa que hoje, segunda-feira, 20 de dezembro, mais ou menos lá pelas sete e meia da noite, em cerimônia íntima, minha mãe pendurou meu diploma de vencedor do Prêmio Esso de Reportagem 2004 na parede da salinha dos fundos do apê dela, entre o diploma de advogada da minha irmã e do de médico do meu primo Miguel.


Assim, declaro encerrada a polêmica surgida sexta, depois que anunciei a intenção de renunciar.


Disse aquilo em protesto contra as declarações de diretores da FSP, OESP, Veja e Época, que tentaram desqualificar a premiação, e pelo silêncio da RBS e da Gazeta do Povo.


De sexta até hoje nenhum deles ousou botar a cabeça fora da toca para falar mal do Esso outra vez.


Portanto, aceito o Prêmio Esso.


Se eles quiserem o diploma, que passem lá em casa e peçam pra minha mãe. Ou tentem de novo em 2005.


Renan Antunes de Oliveira’’




PRÊMIO ESTADO
O Estado de S. Paulo

‘Jornalistas recebem Prêmio Estado de 2004’, copyright O Estado de S. Paulo, 15/12/04

‘Os ganhadores do 4.º Prêmio Estado de Jornalismo foram anunciados na noite de anteontem, na festa de fim de ano do Grupo Estado. Foram premiados 15 trabalhos, 3 de cada uma das 5 categorias, selecionados entre 157 inscrições. Em Reportagem, o primeiro lugar foi para a série especial sobre as formas usadas pela Prefeitura de São Paulo para driblar licitações, de Bruno Paes Manso, Eduardo Nunomura e Marcelo Onaga. O segundo lugar ficou com Fausto Macedo, por A Vida na Prisão Perpétua. Lourival Sant’Anna e Paulo Sotero ficaram com o terceiro com Cipriani, o Homem Que Parou a CPI do Banestado.

Na categoria Fotografia, os vencedores foram: Incêndio na Favela, de José Francisco Diório (1.º lugar); Phelps, o Primeiro Recorde, de Jonne Roriz (2.º); e Ministro José Dirceu no Congresso, de Dida Sampaio (3.º ). Em Edição, venceu o caderno 450 anos – São Paulo É Como o Mundo Todo, de Marcia Glogowski, Eduardo Nunomura e Anélio Barreto. Março de 64, da editoria Nacional, ficou em segundo. Olimpíada 2004, de Esportes, foi o terceiro.

Em Artes/Ilustração, o trabalho vencedor foi sobre a Olimpíada 2004, de Eduardo Baptistão. Os Dez Mais, de Hugo Carnevalli Gomes, ficou em segundo; e O Desafio de Preservar o Estilo Freud, de Cido Gonçalves, em terceiro. Em Diagramação, 100 Anos de Dalí, de Jussara Guedes, ficou em primeiro, seguido pelo caderno sobre eleições nos EUA, Bush x Kerry – Uma Nação Dividida, de Marcelo Begosso e Paulo Eduardo Nogueira, e Março de 64 – 40 Anos Esta Noite, de Marcos Azevedo.

Pela primeira vez, houve duas menções honrosas: A Turma de Fátima, de Sheila D’Amorim, e Protesto Salarial – Orquestra, de Paulo Pinto. O prêmio para cada primeiro lugar é de R$ 4 mil. O segundo lugar ganha uma viagem nacional para duas pessoas e o terceiro, uma menção honrosa.

Em 2005, haverá mudanças. A categoria Arte/Ilustração será dividida em Ilustrações e Gráficos e haverá nova categoria para reportagens especiais. ‘Decidimos criar uma categoria para reportagens cujo foco não é denunciar alguma coisa. Elas descrevem ambientes, que envolvem personagens’, explica o editor-executivo do Estado Daniel Piza.’