‘Ligar a televisão nos Estados Unidos, nesta reta final da eleição presidencial mais disputada dos últimos 50 anos, pode fazer mal à saúde. Com os comerciais das campanhas de George Bush e John Kerry cada dia mais ferozes no tom e agressivos nas acusações, acaba sobrando para o telespectador. Tome-se o dia de ontem.
Às 6h15 da manhã de um domingão em Dallas, o noticiário da CNN faz uma pausa e da tela emerge uma voz cavernosa anunciando que ‘eles estão à espreita’. Imagens de uma floresta com vultos em movimento, desfocados, prendem a atenção. À medida em que a voz sombria vai alertando para o despreparo de Kerry em relação à segurança do país, os vultos vão entrando em foco. Ao final do spot de 30 segundos eles são uma malta de lobos prontos para dar o bote no pobre telespectador que acaba de acordar.
Isso no Texas, Estado já computado como seara de Bush e portanto não merecedor de grandes investimentos em propaganda televisiva. Já em Estados decisivos como Ohio ou Nebraska o bombardeio é ininterrupto, sobretudo nos intervalos dos noticiários locais. O telespectador de Cincinnati, por exemplo, que liga a tevê para assistir ao jornal das 17 horas trazendo notícias de seu Estado, acaba sendo metralhado sete vezes com spots semelhantes ao dos lobos.
Como resultado, o noticiário propriamente dito, o factual, acaba afogado em meio a mensagens fabricadas pelos marqueteiros dos dois partidos. Em geral, esses spots contêm distorções grosseiras,, mas à força de serem veiculados milhares de vezes acabam sendo discutidos como notícia. Segundo um cálculo recente, os dois candidatos já empanturraram o telespectador americano 28.285 mil vezes com inserções negativas de 30 segundos. E haja verba de campanha. Apenas dois dos anúncios falsos de Bush, alertando para aumentos generalizados de impostos em caso de vitória de Kerry, foram veiculados mais de 9 mil vezes em 45 cidades, durante uma mesma semana, a um custo de US$ 8 milhões.
Para se defender dessa avalanche e tirar dúvidas, o eleitor mais descolado conta com um site na internet que aponta imediatamente todas as manipulações. Criado pelo Centro Annenberg de Políticas Públicas da Universidade da Pensilvânia,o FactCheck.org tem como lema uma frase do falecido senador democrata Daniel Patrick Moynihan: ‘Todo mundo tem direito a uma opinião própria, mas não a ter fatos próprios.’ O site não aceita doações e é rápido no gatilho.
Tão logo o spot dos lobos foi exibido pela primeira vez, o FactCheck informava tratar-se de uma distorção. O que o anúncio alardeava como sendo o programa de cortes de Kerry nos serviços de inteligência, não passa de proposta velha, de mais de uma década.
Uma oportuna exposição aberta ao público de Dallas até janeiro mostra o histórico e o impacto de comerciais de campanha sobre as últimas 14 eleições presidenciais americanas. Intitulada The Living Room Candidate (algo como o candidato da turma do sofá), a mostra está instalada no mesmo prédio de tijolinhos da Elm Street de onde Lee Oswald disparou os tiros que matar John F. Kennedy em 1963.
The Living Room Candidate começa com a campanha de 1952, na qual o candidato republicano Dwight Einsehower usou pela primeira vez spots de 30 segundos. Seu marqueteiro foi o mesmo que eletrizara o mercado publicitário da época com a campanha das pastilhas chocolatadas M&M.
Convenceu Ike de que mensagens curtas, inseridas em programas de grande audiência como I Love Lucy seriam mais eficazes e baratas do que os longos discursos de meia hora então de regra. Introduziu também a figura do ‘cidadão comum’ para falar com o candidato. Einsehower derrotou o adversário democrata Adlai Stevenson em 39 Estados a 9.
A novidade marqueteira da eleição de 1960 (John F. Kennedy x Richard Nixon) coube aos democratas, que souberam seduzir o voto das minorias. Para batalhar o voto negro, usaram um ator de grande visibilidade, Harry Belafonte, e para conquistar o eleitora hispânico mostraram Jackie Kennedy. Deu JFK.
Quanto às chamadas ‘campanhas do medo’, elas tiveram estréia bombástica na eleição de 1964 (Lyndon John x Barry Goldwater), ensina a exposição. Era , também, um spot de 30 segundos, intitulado A Menina e a Margarida, criado pelos democratas. Mostrava uma menina de franjinha e cabelo nos ombros que vai desfolhando uma margarida, enquanto recita 1,2,3,4… Tudo muito bucólico e inocente. Ao chegar no número 10, a última pétala se transforma em bomba atômica. Susto garantido e intenção de explorar o medo de que o ultradireitista Barry Goldwater, se eleito, desencadearia uma guerra nuclear. Mas o anúncio foi considerado tão infame que teve de ser retirado do ar após uma única exibição. Johnson bateu Goldwater por 486 votos eleitorais a 52.’
Antonio Brasil
‘TVs americanas tentam evitar desastre de 2000’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 22/10/04
‘Segundo o todo-poderoso Tom Brokaw da NBC, âncora do telejornal mais assistido na América, este ano, tudo será diferente. Em um release divulgado esta semana pela rede de TV americana, ver aqui, Tom Brokaw faz questão de anunciar os novos planos e estratégias da divulgação dos resultados das eleições. ‘Aprendemos com os nossos erros em 2000. Este ano, ao invés de Flórida, Flórida, Flórida, teremos, Jornalismo, Jornalismo, Jornalismo.’ Trata-se de uma promessa ambiciosa, considerando a perspectiva de uma eleição ainda mais apertada do que em 2000. Mas considerando as dificuldades que enfrenta o jornalismo de TV nos EUA, essa promessa é ainda mais importante e se transforma em uma ‘última oportunidade’ para evitar que a TV e o seu jornalismo não sejam mais levados a sério.
De qualquer maneira, quem viver, verá. O importante é que as redes de TV americanas estão se preparando de alguma forma para evitar o verdadeiro desastre das últimas eleições. O relatório divulgado pela NBC inclui uma série de procedimentos a serem evitados pelos responsáveis pela divulgação dos resultados das eleições.
Em 2000, a pressa de ser a primeira rede a divulgar o ‘vencedor’ das eleições ou ‘interesses’ políticos e econômicos ainda pouco esclarecidos causaram um dos momentos mais humilhantes em toda a história do jornalismo de TV. Diversos estudos acadêmicos e análises profissionais foram produzidos sobre o verdadeiro ‘caos’ que se tornou as horas que se seguiram à divulgação dos primeiros resultados pelos âncoras americanos. Um verdadeiro festival de incompetência jornalística, uma prova de revezamento para saber quem cometia mais erros ou falava mais bobagens. Uma verdadeira noite dos desesperados. As redes de TV americanas abriram mão dos preceitos mais básicos do jornalismo – a confirmação dos fatos e das fontes para se concentrar somente no lado competitivo de ser o primeiro a anunciar o novo presidente americano. E foi um tal de dizer e desdizer resultados durante a noite inteira. Os casos polêmicos de jornalistas plagiadores e mentirosos do NYT e do New Republic ainda trariam o jornalismo americano às profundezas jamais visitadas. Mas as promessas e as revisões de procedimentos profissionais de hoje podem ser um bom sinal para o futuro do jornalismo. Alguns pessimistas confirmam, e dizem que não poderia ser de outra forma. Não havia mais nada para piorar!
Pressa no telejornalismo: 2000 nos EUA e escândalo Proconsult no Brasil
As eleições presidências de 2000 foram tão trágicas para a credibilidade e seriedade das redes americanas de TV como certamente foi o escândalo Proconsult para o jornalismo da Rede Globo durante as eleições para governador do Rio de Janeiro. A grande diferença é que dificilmente investigamos de forma independente e mudamos de forma definitiva os nossos procedimentos jornalísticos. É muito mais fácil e menos traumático produzir uma ‘revisão’ da história do nosso telejornalismo com historiadores contratados, jornalistas com cargos de confiança nas próprias emissoras que deveriam investigar.
Credibilidade e seriedade em jornalismo são um investimento a longo prazo e de alto risco. A qualquer momento, um tropeço ou deslize compromete o trabalho de muitos anos. E tanto o povo, como o público de TV não são bobos. A pressa em divulgar resultados eleitorais e a dependência de ‘esquemas’ improvisados e milagrosos podem causar efeitos perigosos e indesejáveis.
Este ano, as redes americanos estão investindo pesado não só em ‘promessas’ mas também têm produzido uma cobertura considerada ‘diferenciada’. Ao invés de se concentrar nas pesquisas, ou como preferem os analistas, no posicionamento de uma ‘horse race’, na ‘corrida de cavalos’, as TVs americanas estão produzindo matérias mais aprofundadas nessas eleições.
Jornalistas americanos estão insatisfeitos com a cobertura das eleições
Mas os problemas do jornalismo americano durante essa campanha presidencial não se restringem às redes de TV. Segundo outra pesquisa divulgada esta semana aqui nos EUA, ver aqui, os jornalistas americanos não estão satisfeitos com a própria performance na cobertura da campanha presidencial. A somente duas semana das eleições, somente 3% do 499 jornalistas entrevistados pelo Committee of Concerned Journalists deram à imprensa a nota máxima, A. Cerca de 27% dos colegas americanos entrevistados deram a nota B, mas quase a metade do total, cerca de 42% dos jornalistas entrevistados deram notas C (média minima para passar) e 27% deram notas entre D e F (reprovação).
O problema é que o pior ainda pode estar por vir. Mesmo com todos os cuidados em relação à cobertura dos primeiros resultados das eleições, as pressões para ‘bater’ a competição e ser o primeiro a divulgar o vencedor ainda são suficientemente fortes para comprometer não só as ‘promessas’, mas condenar o próprio futuro do jornalismo.’
Ariel Dorfman
‘Inteligentes não devem concorrer’, copyright O Estado de S. Paulo, 24/10/04
‘Será que John Kerry é inteligente demais para ser presidente dos EUA? Foi o que senti instintivamente na primeira e única vez em que estive com ele, num almoço no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 1998. Ele foi sutil, cheio de referências históricas e culturais, elaborando cada argumento com percepção e nuance. Mais tarde, comentei com um de seus assessores que lamentavelmente eu achava que a inteligência dele poderia se transformar no maior impedimento para que um homem como ele chegasse a ocupar a Casa Branca.
Passados todos esses anos, com a maioria das pesquisas de opinião mostrando George W. Bush na frente de seu oponente depois de três debates nos quais Kerry mostrou-se mais articulado, mais flexível e mais capaz de compreender um mundo cada vez mais perigoso, temo que possa ter estado certo. Mesmo assim, ainda me parece inconcebível que alguém tão incompetente, incoerente e obtuso como Bush possa atrair quase a metade dos votos de seus conterrâneos.
Será que realmente os americanos gostam do efeito ‘nada sei’ de Bush? Ou será que Kerry passa para os americanos a impressão de ser muito intelectual? Ou pretensioso? Será que eles vêem sua complexidade como uma adaptabilidade excessivamente feminina?
Este antiintelectualismo, infelizmente, tem um longo histórico nos EUA.
Deparei-me pela primeira vez com esse preconceito generalizado quando era um garoto latino-americano de 10 anos em Nova York, em 1952. Era um ano eleitoral e eu estava matriculado na Dalton School na Rua 89 – um bastião de americanos progressistas. Eu não tinha dúvida de que o ‘meu’ candidato, Adlai Stevenson, um dos homens mais lúcidos e cultos do país, ia derrotar Dwight D. Eisenhower, um general que se vangloriava de preferir jogar golfe a ler um livro. Numa votação simulada na minha classe escolar, a contagem, se não me falha a memória, foi 27 a 1.
Poucos dias depois, o povo americano, numa eleição de verdade, escolheu esmagadoramente ‘I like Ike’ em vez do ‘cabeça de ovo’ Adlai. Quando perguntei a meu pai como as pessoas puderam rejeitar alguém tão inteligente e instruído quanto Stevenson, ele explicou que essa era uma aberração transitória, os resíduos malignos do macarthismo, que tinham convencido muitos americanos de que, numa época de perigo nacional, ser intelectual era sinônimo de ser traidor.
Mas não era uma aberração e certamente não foi transitório. Onze anos mais tarde, Richard Hofstadter publicou Antiintellectualism in American Life, um livro vencedor do Prêmio Pulitzer que explora as raízes profundas desta prevenção contra qualquer um ‘que use mais palavras do que o necessário para dizer mais do que sabe’, como o próprio Eisenhower tinha dito espertamente.
Segundo Hoftstadter, o antiintelectualismo tem suas origens em características americanas que datam de antes da fundação da nação: a desconfiança quanto à modernização secular, a preferência por soluções práticas e comerciais para os problemas e, acima de tudo, a devastadora influência do evangelismo protestante na vida diária. Quem ler hoje essa obra magistral poderá ficar abismado em ver como ela antecipou e até previu a ascensão dos neoconservadores e do fundamentalismo cristão na Washington contemporânea.
Hofstadter parece estar escrevendo em 2004 quando afirma: ‘A mente fundamentalista é … essencialmente maniqueísta; enxerga o mundo como uma arena de conflito entre o bem absoluto e o mal absoluto e, por isso, despreza a resolução de problemas por meio das concessões mútuas (quem faria concessões a satã?) e não consegue tolerar ambigüidades. Não consegue encontrar importância séria no que acredita que sejam graus de diferença insignificantes.’
E essa mentalidade poderá elucidar por que tantos americanos reconhecem que Kerry pode ter vencido os debates, mas é incapaz de convencê-los, com suas finas distinções, a mudar de mentalidade ou votar nele.
Pode acontecer que um número suficiente de eleitores indecisos deixe de lado essas apreensões errôneas e escolha Kerry como seu próximo presidente. Pode ser que o Iraque, a perda de empregos, a alta nos custos da assistência médica e tanta coisa mais façam esses indecisos ignorarem o fato de que Kerry é alguém com quem eles não iriam querer ‘tomar uma cerveja junto’.
Há mais de um século e meio, no mesmo Estado de Massachusetts que Bush tem denegrido em cada discurso, morou na cidade de Boston, não muito longe do local onde Kerry tem sua casa, um homem chamado Ralph Waldo Emerson. Ele foi sem dúvida o intelectual mais destacado do país no século 19 e, no livro The Conduct of Life, escreveu estas palavras premonitórias: ‘Nossa América tem má-fama pe la superficialidade. Grandes homens, grandes nações, não foram fanfarrões nem bufões, mas entendedores do terror da vida, e se prepararam para enfrentar isso.’
O terror da vida.
A única esperança é que seus conterrâneos americanos, tantos anos depois, não tenham medo de escolher para seu líder um homem que acredita que a melhor forma de derrotar os múltiplos terrores de hoje e de amanhã é com uma inteligência da qual nenhum ser humano jamais deveria se envergonhar. *Ariel Dorfman é escritor chileno’
Nelson de Sá
‘Mídia faz autocrítica sobre a cobertura do governo republicano’, copyright Folha de S. Paulo, 24/10/04
‘A mídia americana chega ao fim da campanha eleitoral, uma das mais polarizadas da história, segundo relatos, após uma seqüência de atos públicos de contrição -de três de seus mais respeitados órgãos, ‘The New York Times’, ‘The Washington Post’ e a rede CBS.
Começou em 26 de maio no ‘NYT’, num texto assinado ‘dos editores’, com críticas à cobertura que o próprio jornal fez do Iraque. Em especial, da suposta existência de armas de destruição em massa, usada como justificativa pelo governo de George W. Bush para a invasão. Do ‘NYT’:
– Nós deveríamos ter sido mais agressivos em questionar as declarações… As reportagens problemáticas dependeram pelo menos em parte de um círculo de informantes iraquianos.
Um, em particular, foi destacado pelo jornal: Ahmad Chalabi. Ele foi a fonte de vários dos textos ‘problemáticos’ assinados pela repórter Judith Miller. Mas para o ‘NYT’ o problema da cobertura foi ‘mais complicado’ do que ‘repórteres individualmente’.
Passando a responsabilidade para a cúpula que havia deixado o jornal meses antes, o texto ‘dos editores’ afirmou que ‘editores em vários níveis que deveriam pressionar os repórteres por ceticismo estavam talvez muito preocupados em correr com furos para o jornal’.
A exemplo do ‘NYT’, também o ‘Washington Post’ evitou pedir desculpas abertamente, em seu ato público de contrição -a reportagem assinada pelo colunista de mídia Howard Kurtz, em 12 de agosto, ouvindo editores e repórteres do jornal.
Novamente, o problema declarado foi que o ‘WP’ não questionou como devia a suposta existência de armas de destruição em massa no Iraque. A diferença é que o jornal de Washington fez as reportagens críticas, mas não deu destaque na primeira página.
Editores como Leonard Downie Jr. e o célebre Bob Woodward -do caso Watergate- admitiram seus erros, em caráter individual, mas outros, como a editora Liz Spayd, declararam que não deviam desculpas aos leitores.
Desculpas, de fato, só foram surgir no terceiro episódio envolvendo a mídia e o governo republicano. Desta vez, não mais por cobertura leniente de Bush, mas o oposto: por recorrer a documentos ao que tudo indica fraudados, contra o presidente.
No programa ‘60 Minutes’, o principal jornalista da CBS, Dan Rather, apresentou as supostas provas, que passaram por severo escrutínio de sites e jornais. Por fim, em 20 de setembro, a rede soltou um comunicado:
– Baseado no que sabemos agora, a CBS não pode provar que os documentos são autênticos. Nós não devíamos tê-los usado. Foi um erro, que lamentamos profundamente.
Rather complementou, em comunicado à parte:
– Fizemos um erro de julgamento, e por ele eu peço desculpas.’
Folha de S. Paulo
‘Bush usa até lobos em ataques a Kerry’, copyright Folha de S. Paulo, 23/10/04
‘O presidente americano, George W. Bush, fez novos ataques ontem, em discurso e anúncio na TV, questionando a capacidade do senador democrata John Kerry de comandar o país diante de ameaças terroristas.
Em um comercial de TV, os republicanos sugeriram que os EUA ficariam vulneráveis a ataques terroristas em um eventual governo Kerry. ‘A fraqueza atrai aqueles que esperam a oportunidade de atingir a América’, diz uma voz sobre imagens de lobos vagando por uma floresta.
‘Certamente, trata-se de uma exploração do medo. O anúncio constrói sua lógica em coisas que [os republicanos] falam há meses’, disse Darrell West, cientista político da Universidade Brown que estuda campanhas políticas.
Em comício para 12 mil pessoas em Wilkes-Barre, Pensilvânia, Bush chamou Kerry de fraco na guerra ao terror e forte em impostos altos. ‘O resultado desta eleição vai definir a direção da guerra contra o terror. E, na guerra, não há lugar para confusão, nem alternativa para a vitória’, disse o presidente, que ainda tinha visitas marcadas no dia a Ohio e Flórida.
Águia e avestruz
Os democratas reagiram rapidamente e responderam na mesma moeda, com a sua própria metáfora envolvendo animais. Com imagens de uma águia em vôo e um avestruz com a cabeça enfiada na areia, o anúncio da campanha de Kerry pergunta, ao som de música clássica: ‘A águia pode ver tudo a quilômetros de distância. O avestruz? Não enxerga nada. A águia sabe quando é hora de mudar o curso. O avestruz fica no mesmo lugar. Nestes tempos de desafios, não deveríamos ser novamente a águia?’.
Em Milwaukee, Wisconsin, Kerry prometeu apoiar as mulheres que trabalham e têm filhos se chegar à Presidência. O candidato afirmou que a combinação de planos para elevar o salário mínimo, melhorar a educação e expandir o seguro-saúde irá ajudar a luta das mulheres que precisam sustentar suas famílias. ‘Ninguém na Casa Branca entende os desafios que [as mulheres] enfrentam em seus trabalhos e casas. Não importa o quanto a situação piore, ninguém na Casa Branca parece estar ouvindo’, disse o democrata.
Duas pesquisas reveladas ontem apresentaram Bush na dianteira. A do jornal ‘Washington Post’ apontou o presidente com 51% e Kerry com 45% (margem de erro de 3 pontos percentuais). Na Reuters/Zogby, Bush tinha 47%, contra 45% para o democrata (margem de 2,9 pontos).’
O Estado de S. Paulo
‘‘Washington Post’ recomenda voto no candidato democrata’, copyright O Estado de S. Paulo, 25/10/04
‘A nove dias da eleição presidencial nos EUA, o renomado jornal The Washington Post recomendou ontem aos eleitores que votem no candidato democrata, John Kerry. Pesados todos os fatores, Kerry, com sua determinação, acompanhada de inteligência e franqueza, tem mais direito que Bush de pedir a confiança da nação, escreveu o diário. Segundo o Post, Kerry reúne todas as condições para conduzir o país em tempos de perigo. Além disso, pode administrar melhor o orçamento e é um defensor da proteção ambiental.
A publicação especializada E&P informou que 70 jornais americanos, com uma tiragem de 12 milhões de exemplares, recomendaram o voto em Kerry, enquanto 58, com tiragem de 7,1 milhões, defenderam Bush. O Post criticou o atual presidente por ter abandonado aliados na guerra no Iraque e ter ignorado bons conselhos para o pós-guerra. O fato de Bush não buscar aconselhamento fora de seu círculo mais íntimo é perigoso num presidente, sobretudo num líder em tempos de guerra, afirmou o jornal. DPA’