Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

E começa o horário eleitoral


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 18 de agosto de 2010


 


HORÁRIO ELEITORAL


Bruno Tavares


Na TV, Dilma encarna ‘herdeira’ de Lula e Serra vira ‘presidente da saúde’


Passado. Conquistas profissionais e depoimento de amigos da petista Popular. Programa tucano de ênfase às realizações de Serra na saúde


As campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) tomaram rumos opostos no bloco noturno do primeiro dia de horário eleitoral gratuito na TV. O tucano, que foi o primeiro a aparecer, dedicou quase todo seu tempo para falar de sua experiência e de projetos para a área da saúde. Já a petista procurou intensificar a imagem de ‘escolhida’ pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Serra prometeu, se eleito, tratar da saúde como ‘assunto de presidente’. A maioria das propostas apresentadas pelo tucano consiste na adoção, em âmbito nacional, de programas lançados durante suas administrações na Prefeitura de São Paulo e no governo do Estado, como o Mãe Paulista – que no governo federal seria batizado de Mãe Brasileira. O candidato do PSDB falou ainda em ampliar a vacinação contra a gripe para as crianças – hoje, o alvo são os idosos.


O tucano apostou no depoimento de pessoas beneficiadas por projetos de sua iniciativa, como os mutirões realizados quando era ministro da Saúde. Serra apareceu conversando com algumas delas, sempre em suas casas, a maioria no Nordeste e no Sudeste. As cenas mostravam o candidato ouvindo palavras de gratidão e recebendo abraços carinhosos.


Já o programa de Dilma foi marcado pela participação de Lula. Os dois ‘dialogaram’ numa espécie de jogral, falando a partir de pontos distantes – ela às margens do Arroio Chuí (RS), ele de Porto Velho (RO). À medida que Dilma e Lula ‘viajavam’ por diferentes cidades, a candidata apresentou temas de campanha, todos ligados ao atual governo. No Vale do Jequitinhonha (MG), ela falou da luta contra a fome. Em Ipojuca (CE), prometeu construir mais escolas técnicas. Numa favela do Rio, o tema foi a segurança pública.


Ao contrário do programa exibido no início da tarde, quando os depoimentos de Lula tinham sido inseridos em apenas três oportunidades, a propaganda noturna buscou colar a imagem de Dilma à do presidente. À certa altura, o vídeo mostrou uma linha do tempo que ia desde o nascimento dos dois até o encontro entre eles.


O programa petista teve um toque de messianismo e terminou com uma canção que ‘fala pelo presidente Lula’. Ao som de um violão, a letra diz: ‘Deixo em tuas mãos o meu povo e tudo o que mais amei/Mas só deixo porque sei que vais continuar o que fiz.’


Dos três mais bem colocados nas pesquisas, apenas Marina Silva (PV) não alterou o tom de seu programa à noite. Em sua primeira aparição no horário eleitoral, a candidata do PV já havia falado exclusivamente dos efeitos do aquecimento global. Marina surgiu apenas nos segundos finais para se apresentar como candidata à Presidência.


Estrela. No bloco exibido no início da tarde, Lula foi a estrela do horário eleitoral. Tanto Dilma quanto Serra, ainda que indiretamente, usaram o nome do presidente.


Os três depoimentos do presidente no programa petista somaram 55 segundos dos 10 minutos e 38 segundos a que a legenda tem direito (8,6% do total). A primeira fala, na qual Lula abordou a possibilidade de passar a faixa presidencial para uma mulher, foi pinçada da convenção do partido. Nas outras duas, ele citou o primeiro encontro com Dilma, em 2002, e fez elogios à atuação dela no governo.


No caso de Serra, a referência ao presidente veio no jingle de encerramento do programa, cujo refrão é ‘quando Lula da Silva sair é o Zé que eu quero lá’. A peça publicitária consumiu 39 segundos, ou 8,8% dos 7 minutos e 20 segundos reservados ao candidato do PSDB. O programa noturno dos tucanos começou com o mesmo jingle, mas em versão reduzida.


Fórmula. Os dois programas de estreia exploraram a biografia e a trajetória política dos candidatos, intercalando dados com depoimentos carregados de emoção. A propaganda de Serra lembrou a fórmula adotada pela campanha vitoriosa de Gilberto Kassab à Prefeitura de São Paulo em 2008. A de Dilma resgatou o tom ‘Lulinha paz e amor’, obra do marqueteiro Duda Mendonça na corrida eleitoral de 2002.


As diferenças entre os programas do PT e do PSDB na hora do almoço foram os enfoques. A campanha de Serra apostou no depoimentos de eleitores. A campanha de Dilma convocou pessoas de seu círculo pessoal e profissional. Além de Lula, falaram sobre a petista duas amigas – uma delas ex-companheira de cárcere -, o ex-marido, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra e um engenheiro.


Artista


A jornalista Rose Nogueira foi personagem de depoimento pró-Dilma na TV. Rose é funcionária do governo, Trabalha na EBC. ‘A Dilma tinha esse amor pelo Brasil’, declarou.


 


 


Lucas de Abreu Maia


Horário eleitoral’pior do que tá não fica’


No horário eleitoral, ele pergunta: ‘O que é que faz um deputado federal?’ E responde: ‘Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto.’


O tom torna difícil levar a sério a candidatura do humorista Tiririca – e essa parece ser sua intenção. O slogan Tiririca – pior do que tá, não fica – soa a zombaria das próprias pretensões políticas. Mas o agora candidato jura que sabe, sim, quais são as atribuições de um deputado federal. ‘Isso foi só aí, num tom de brincadeira mesmo’, afirma Tiririca, que disputa as eleições pelo PR.


O número com o qual irá às urnas (2222) é indicativo da aposta da legenda na candidatura. Os partidos normalmente reservam os números repetidos para concorrentes com maior potencial de atrair votos. O PP, por exemplo, lança Paulo Maluf com o número 1111, enquanto o 1313, do PT, cabe a José Genoino.


Partiu do PR o convite para que Tiririca entrasse na vida política. O humorista conta que, antes de aceitar, consultou a mãe, que autorizou. Sua plataforma? ‘Quero ajudar os menos favorecidos… Entra aquilo lá daqueles que precisam…’


Tiririca vai manter o tom jocoso da propaganda no horário eleitoral gratuito. ‘Tá dando certo’, explica. E está certo. Após o primeiro programa, ele foi um dos assuntos mais comentados no Twitter.


Na opinião de cientistas políticos, candidaturas de celebridades sem história política são uma tentativa das legendas médias e pequenas de aumentar suas bancadas no Legislativo. ‘Apelam para manter uma fatia do eleitorado’, diz Maria do Socorro Souza Braga, da USP.


Marco Antônio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV), vê ‘despolitização’ nesse tipo de campanha. ‘O fato de ele (Tiririca) não ter trajetória política não o impede de se candidatar, mas espera-se que ao menos diga a que veio’, afirma. ‘Ao fazer piada disso, a candidatura é despolitizada.’


Fábio Wanderlei Reis, da UFMG, não vê novidade na candidatura de celebridades. Lamenta, contudo, o tom jocoso adotado por Tiririca: ‘É lamentável que tenhamos pessoas com perfil como esse com perspectiva de êxito.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 18 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Fernando Rodrigues


2010 X 2006


BRASÍLIA – Começou ontem o horário eleitoral. Serão 45 dias de bombardeio, no rádio e na TV. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) terão mais exposição nesse período do que produtos conhecidos do varejo. O tucano sai em desvantagem. Segundo o Datafolha, tem 33%, contra 41% da petista.


Há quatro anos, nesta época, havia uma situação similar, embora a diferença entre os concorrentes fosse de outra magnitude. Lula buscava a reeleição e tinha 47%. Seu então principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin, pontuava 24%.


Em 2006, Lula não venceu no primeiro turno. Teve 48,6% dos votos válidos. Alckmin cresceu. Foi a 41,6% nas urnas. O petista teve de enfrentar uma segunda votação para permanecer no Planalto.


A pergunta agora é se aquele cenário de quatro anos atrás pode ou não ser replicado por Serra no próximo dia 3 de outubro. Ou o que seria necessário para Serra conseguir levar a decisão ao segundo turno.


Na realidade, trata-se menos do que Serra deva fazer e mais no que Dilma Rousseff e o PT eventualmente possam errar. Em 2006, Alckmin só foi o depositário passivo de um voto de vingança de parcela do eleitorado lulista. Esse grupo foi impactado por dois fatos nos últimos 20 dias da campanha.


Primeiro, ocorreu o caso dos chamados ‘aloprados’. Em setembro de 2006, militantes petistas tentaram usar mais de R$ 1 milhão, em dinheiro vivo, para comprar um dossiê contra o PSDB.


O segundo fato foi Lula desistir de ir ao último debate eleitoral, na TV Globo. A emissora noticiou o ‘forfait’ com o destaque jornalístico merecido. O petista acabou ficando a 1,4 ponto percentual de liquidar a parada no primeiro turno.


Hoje, não há sinal de Dilma querer faltar a debates. Também não existe indício de um ‘aloprados 2’ a caminho -embora o de 2006 tenha sido um raio em céu azul no dia 15 de setembro. Sem erros do PT, as coisas ficam difíceis para Serra.


 


 


Fabio Victor


Na TV, Dilma se apoia em Lula, e Serra foca saúde


No primeiro dia da propaganda gratuita na TV, ontem, Dilma Rousseff (PT) procurou mostrar que tem biografia suficiente para suceder o presidente Lula, enquanto José Serra (PSDB) fixou o tema da saúde como bandeira de campanha.


O programa de Dilma à tarde ressaltou sua trajetória profissional, para combater a crítica de que ela não tem experiência. O de Serra, cuja campanha busca amenizar uma imagem muito paulista e mais elitizada, mostrou o tucano integrado à diversidade regional do país e suas origens ‘de homem do povo’.


À noite, ambas as campanhas alteraram o conteúdo do programa de TV. Lula apareceu muito mais ao lado de Dilma, dialogando com ela e dividindo realizações.


O presidente gravou depoimento no Palácio da Alvorada, residência oficial do governo, em que diz: ‘Tem pessoas a quem a gente confia um trabalho, e elas fazem tudo certo. Estes são os bons. E há pessoas a quem a gente dá uma missão, e elas se superam. Estes são os especiais. Dilma é assim’.


A propaganda noturna de Serra ampliou a ênfase em saúde, listando ações do tucano no setor quando foi ministro, prefeito e governador e propostas como ‘Mãe Brasileira’ (atendimento a gestantes e recém-nascidos) e a criação de uma rede de hospitais para deficientes.


‘Comigo saúde vai ser assunto do presidente da República, porque, se não for, não melhora’, afirmou.


Como antecipara a Folha, Dilma mencionou a sua prisão durante a ditadura.


Também foi explorada a experiência administrativa da petista em cargos nos governos municipal e estadual gaúchos e na gestão Lula.


Marina Silva (PV) manteve à noite o programa da tarde, com discurso ambientalista e frases empoladas como: ‘O uso de combustíveis fósseis bombeia nossas esperanças e nossas ilusões’.


Segundo a ONG Contas Abertas, o horário eleitoral custará R$ 856,3 milhões aos cofres públicos, valor de isenção de IR às emissoras.


 


 


Aliados de Serra criticam ‘repeteco’ de imagens na TV


A repercussão da estreia dos presidenciáveis na TV foi compatível com a situação de cada um nas pesquisas.


Enquanto os petistas elogiavam o desempenho da líder Dilma Rousseff, aliados de José Serra lamentavam que seu programa tenha repetido cenas inteiras da propaganda partidária veiculada há dois meses pelo PSDB.


À noite, a assessoria de Serra estudava entrar com uma representação contra o PT por causa do uso do Palácio da Alvorada no horário de Dilma. Para o advogado da campanha, Ricardo Penteado, a gravação de cenas com Lula no Alvorada poderia configurar uso de bem público para fins eleitorais.


Os aliados do tucano, porém, se queixaram de que o horário eleitoral reproduziu até piada do velho programa do PSDB -’ainda não descobri genérico para a calvície’.


O presidente do partido, Sérgio Guerra, chegou a sugerir aos aliados que só se manifestassem após a exibição do programa da noite.


‘Achei o Serra bom. Mas o programa é repetitivo. Ele tem excelente currículo, mas isso não é novidade’, comentou o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ).


Já na véspera da exibição do programa, tucanos sugeriam que a campanha adotasse tom mais incisivo. ‘Tenho dúvidas quanto à eficácia do bom-mocismo’, avalia o senador Álvaro Dias (PR).


Na campanha de Marina Silva, o foco exclusivo na causa ambiental foi condenado até por seus íntimos colaboradores. O PV se queixou da aparição relâmpago de Marina, de quatro segundos.


‘Seria um bom programa em 2009 ou 2011, mas nunca no auge da disputa. Agora, é hora de mostrar a figura de Marina e suas qualidades’, disse Alfredo Sirkis, do comando da campanha.


Para os verdes, o programa lembrou um vídeo do Greenpeace, e não uma peça eleitoral. ‘Gerou muita insatisfação. Várias pessoas acharam que ficou monotemático’, disse Luciano Zica.


Já para o presidente do PT e coordenador geral da campanha de Dilma, José Eduardo Dutra, o programa dela foi ‘excelente’. ‘Com emoção e o presidente Lula aparecendo em momentos importantes, sem ofuscar’, disse Dutra, para quem o programa do PSDB foi ‘competente’.


Segundo o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), o programa mostrou uma candidata serena e segura. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares viu no programa ‘firmeza, sensibilidade, competência’.


 


 


Partidos apostam alto em celebridades para puxar voto


O primeiro dia de propaganda na televisão mostrou que os partidos estão apostando nos candidatos famosos -ou quase- como puxadores de votos. Exemplo disso é que durante a propaganda do PR-SP o candidato com mais espaço foi o humorista e cantor Tiririca.


‘O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto’, disse. ‘Pior do que tá não fica’, arrematou o humorista, ao som de ‘Florentina’, sua música mais famosa.


Do mesmo partido, o vereador e cantor Agnaldo Timóteo se colocou como herdeiro político de Clodovil Hernandez, que morreu no ano passado e foi eleito com 493 mil votos em 2006.


‘Quarenta e dois anos de uma amizade maravilhosa me obriga a dar continuidade aos projetos do Clodovil’, afirmou Timóteo.


Desafeto do estilista, Ronaldo Esper (PTC) também tenta uma vaga à Câmara dos Deputados. ‘Quero agulhar os políticos para mudar Brasília por vocês’, disse Esper.


O deputado Enéas Carneiro, falecido em 2007, continua como estrela do horário eleitoral. ‘Paz na família. Quem me ensinou foi o Enéas’, disse a candidata Luciana (PR), que aparece recebendo um diploma do político na sua formatura.


Além do Kiko do KBL (DEM) e da Mulher Pêra (PTN), a lista de celebridades políticas conta com Marcelinho Carioca (PSB), Romário (PSB) e Maguila (PTN).


Também não faltou o bloco dos filhos de peixe, com Raul Gil Junior (DEM), Eli Correa Filho (DEM) e Dr. Alessander Vigna (PRB), casado com Mara Maravilha.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson De Sá


‘Coisa de baiano’


O blog de Ricardo Noblat avaliou que o primeiro horário eleitoral, à tarde, apresentou ‘uma Dilma suave e até capaz de se emocionar’. Centro do programa, ‘ganhou luz própria’. Já Serra ‘teve a ideia infeliz de montar uma favela’ que ‘lembrou as chanchadas da Atlântida’. Em suma, ‘Dilma deu um banho’.


À noite, ‘Dilma perdeu a naturalidade’, mas ‘deve ter consolidado e atraído mais votos, por causa de Lula’, que foi ‘a estrela’. Serra ‘melhorou’, trocou de jingle, ‘mas não deixou de ser mais do mesmo’. Em suma, ‘os paulistas não são bons de marketing, sua criatividade é limitada’. E ‘marketing político é coisa de baiano’, como João Santana, de Dilma.


‘By Duda’


Marcelo Coelho, na Folha.com, destacou a entrada no ar do videoblog do ex-marqueteiro de Lula, com seu cardápio dos ‘candidatos Duda Mendonça’. Em suma, ‘o que vemos é incrível, a publicidade da publicidade, os candidatos parecem instrumentos de Duda, e não o contrário’. Um fato ‘a desvelar ainda mais explicitamente o jogo do cinismo e da manipulação’.


Não é piada


No alto das buscas de Brasil pelo Google News, despacho da Associated Press trazia o enunciado ‘Sem piada: Brasil proíbe a paródia eleitoral’. Informa que os comediantes brasileiros planejaram até protesto ‘pelo direito de ridicularizar’. Ecoou por sites mundo afora, com a home da ‘Foreign Policy’ chamando para texto em que, com foto de Dilma, pede piadas.


NOS TELEJORNAIS


Ontem na escalada do ‘Jornal Nacional’, ‘Na série sobre as preocupações dos cidadãos: Por que a saúde é a maior de todas?’. Na longa reportagem, ‘o governo relata avanços, mas 41% dos cidadãos escolheram a área como a que mais preocupa’. Por outro lado, no ‘Jornal da Band’ e depois manchete dos portais, ‘aumenta para 16 pontos a vantagem’ de Dilma sobre Serra, que ‘caiu para 29%’ das intenções de voto. Pela primeira vez, abaixo de 30.


ALIANÇA PARA O PROGRESSO?


Em meio à campanha eleitoral polarizada em torno da construção de uma mesquita em Nova York, com os democratas se dividindo ainda mais, o governador do Novo México, o democrata Bill Richardson, maior liderança hispânica nos EUA, escreveu no ‘Washington Post’ em defesa de uma reaproximação do país com a América Latina e seus imigrantes. Fala em nova lei de imigração, ações de abertura para Cuba, uma maior importação do etanol do Brasil -e até no lançamento de uma nova Aliança para o Progresso, ‘modelada na visão de John Kennedy para o hemisfério’. Não ecoou em parte nenhuma.


ATACAR?


Manchete no Drudge Report, com ‘Jerusalem Post’, ‘Israel tem ‘dias’ para atacar o Irã’, pois ‘Obama não vai’. É quando a Rússia vai ligar um reator


PER CAPITA, NÃO


Com atraso em relação a ‘Wall Street Journal’ e outros, o estatal ‘China Daily’ deu manchete ontem para a China como segunda maior economia, mas sublinhando que segue bem atrás em ‘PIB per capita’.


Por outro lado, a ‘Fortune’ entrou em cena respondendo à previsão de que a China passa os EUA em 2030. No enunciado, ‘Talvez não’. Admite que, com população jovem, o país só tem a crescer. Mas o custo do crescimento é grande e, mesmo que passe os EUA, deve continuar atrás em ‘PIB per capita’


O SÉCULO DE CHONGQING


Dias atrás, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, deu longa entrevista ao ‘China Daily’ e saiu descrevendo sua visita a Pequim e Xangai, sobretudo esta última, onde ele viu ‘obras de qualidade excepcional’.


E a ‘Foreign Policy’ dedica a nova edição às metrópoles, dizendo que ‘o século 21 não será dominado por América ou China, Brasil ou Índia, mas pela cidade’. Postou uma lista das mais ‘globais’, destacando ‘a ascensão asiática’. Em especial, ‘a maior cidade de que você nunca ouviu falar’ -Chongqing, cuja economia voltada ao mercado interno vive ‘boom’.


 


 


MÉXICO


Narcotráfico oprime mídia mexicana com sequestros e mortes


Pela primeira vez na história recente do México, um narcocartel conseguiu impor, na TV, sua agenda à população de todo o país.


Com quatro funcionários, jornalistas e câmeras feitos reféns, a poderosa Televisa e o canal a cabo Milenio exibiram três vídeos por exigência dos sequestradores.


Foi na última semana de julho. Os jornalistas foram capturados em Durango, quando cobriam uma rebelião num presídio. Mas os sequestradores não queriam apenas censurar a cobertura.


O grupo, que a polícia diz ser do cartel de Sinaloa, queria que as TVs passassem vídeos com supostos depoimentos sustentando que seus rivais do Los Zetas estavam infiltrados na polícia.


As TVs cederam e os vídeos foram ao ar mais de uma vez. Dois jornalistas foram liberados e dois, resgatados pela polícia dias depois.


O episódio é considerado uma inflexão nas estratégias de intimidação e terror de narcotraficantes contra jornalistas e a imprensa, em meio à escalada da violência no norte mexicano.


‘É comum que os jornalistas fossem obrigados a publicar ‘narcomensagens’ no norte do país’, diz Alejandro Almazán, que há décadas cobre narcotráfico.


Carlos Lauria, diretor do Comitê de Proteção de Jornalistas (CPJ), com sede em Nova York, concorda. ‘Não há dúvidas de que a guerra do narcotráfico também se converteu em uma guerra pelo controle de informação. E os criminosos mostram que estão dispostos a usar propaganda para afetar rivais.’


Só neste ano, o CPJ conta oito casos de jornalistas mortos nos quais os suspeitos são narcotraficantes.


Está instalada a chamada ‘narcocensura’ na mídia de Reynosa ou Ciudad Juárez, ambas na fronteira com os EUA, por exemplo.


‘Só publico 10% da informação confirmada que tenho. Quando escrevo, não penso no diretor de redação ou no leitor. Penso no capo [do narcotráfico]. Essa é a nossa triste realidade’, diz Javier Valdez, repórter do jornal independente ‘Ríodoce’. ‘Mas ainda prefiro publicar 10% a me silenciar.’


O alarme pela situação levou ao México nesta semana os relatores para a Liberdade de Expressão da ONU e da OEA. Visitaram a capital e a violenta Ciudad Juárez.


 


 


TELEVISÃO


‘MTV islâmica’ mira juventude com música, mas evita mostrar mulheres


O mundo islâmico ganhou sua versão da MTV. Animar as melhores noites do Ramadã, um período do calendário muçulmano em que não se pode beber ou comer durante o dia, com música é parte da programação do canal 4shbab.


Voltado para jovens de 15 a 40, o canal é uma mistura de videoclipe com uma visão conservadora do islã. Mulheres raramente aparecem. Quando estão na tela, mostram apenas o rosto, normalmente em segundo plano.


Em um dos clipes, por exemplo, um jovem com roupas ocidentais passa por várias dificuldades, como ser rejeitado pelos pais da mulher com quem quer casar.


No final, ele usa roupas muçulmanas e é aclamado pela multidão.


O canal também se propõe a ser uma arma. ‘A maioria das pessoas quer armas para se defender, mas com Mohamed Yaghmoor [um apresentador] elas são diferentes, já que são as armas muçulmanas necessárias para alcançar uma meta mais importante do que defender a si mesmo. Ganhar a satisfação de Allah e o paraíso’, diz uma sinopse do site.


Em reportagem do ‘New York Times’, o 4shbab é chamado de ‘a resposta do islã à MTV’. O canal também recebe críticas por ser uma ‘corrupção da juventude’.


Além de música, o 4shbab também tem jogos de auditório, notícias e transmissão ao vivo pela internet. Em alguns, os apresentadores usam blusa polo, em outros, turbante.


‘Eles são jovens, eles se importam com a Palestina, eles têm fé. Mas eles também vão ao cinema, vão a festas. Eles querem fazer parte do mundo’, disse o dono do canal, Ahmed Abu Haiba, ao ‘New York Times’.


 


 


Enfermeiro tenta se vingar do dr. House em série para iPhone


‘Eu já fiz piada com o fato de você ser um enfermeiro homem?’ Foram gracinhas como essa, ditas pelo médico protagonista de ‘House’, que deixaram o enfermeiro Jeffrey de pá virada com ele.


Assim nasceu ‘Nurse Jeffrey’, microssérie para iPhone e iPad que, agora, está no site da Fox norte-americana.


No Brasil, é possível ver no YouTube, em inglês, os 13 episódios em que Patrick Price vive o enfermeiro que, irritado com as grosserias de House (Hugh Laurie), resolve fazer um videoblog enquanto tenta expor desvios dele.


Para isso, fala com funcionários do hospital para encontrar algo que o comprometa -desde um suposto sêmen numa cadeira a modos inadequados com as damas.


No último capítulo, que entrou no ar na segunda-feira passada, a própria dra. Cuddy (Lisa Edelstein) -ou, antes, as pernas dela- aparece e dá fim ao detetive.


Pego em flagrante na sala de House, Jeffrey é posto em licença não remunerada, o que põe fim ao videoblog.


Até por ser um tapa-buraco na entressafra das temporadas, ‘Nurse Jeffrey’ não é fonte de informações de relevância para a história.


Mas, satisfeito com a experiência, o canal publicará conteúdos da nova temporada, que volta em 20 de setembro nos EUA (em outubro no Brasil no Universal Channel). Seria uma brecha para o retorno da vingança de Jeffrey?


 


 


Audrey Furlaneto


Novo apresentador quer ‘Metrópolis’ mais dinâmico


Novo apresentador do ‘Metrópolis’, da TV Cultura, o músico e escritor Cadão Volpato quer o programa mais independente da agenda cultural do país e ‘dinâmico’: com entrevistas, debates e colunistas.


A entrada de Volpato (vocalista da banda Fellini e editor de cultura no portal iG) é parte das reformulações na emissora e, talvez, uma das mais importantes para quem assiste ao canal -o ‘Metrópolis’ é um dos produtos mais tradicionais da casa.


‘O programa está muito restrito à agenda de arte, e isso é pouco para o que pode’, avalia o novo apresentador, que já passou duas vezes pelo programa -uma no final dos anos 1980, como colunista de cinema, e outra como apresentador, de 1991 a 1994.


Volpato, que substituirá Cunha Jr., também vai pedir à direção da Cultura para aumentar a duração do ‘Metrópolis’, a fim de aprofundar temas. ‘Perdeu um pouco de substância e ficou um programa correto. Está no ar há 22 anos por isso também, mas os tempos mudaram.’


Para ele, ‘a TV Cultura tem que aparecer viva’. ‘O cara que vai ver não pode dormir na poltrona’, afirma.


Balé do debate 1 A produção de debates políticos muda a rotina de emissoras pequenas. Na MTV, o encontro deu baile já na pré-produção e nem vai ao ar: caiu, voltou e caiu de vez ontem, sem confirmação de Serra e Dilma.


Balé do debate 2 Na TV Gazeta, Ronnie Von, principal estrela do canal, está emendando gravações do ‘Todo Seu’. É que às vésperas dos debates toda a produção da TV vai se concentrar no encontro político. O de presidenciáveis será no dia 8 de setembro.


Esse horário Datena se queixou do horário eleitoral gratuito na rádio Band AM: ‘O programa mudou de horário e termina ao meio-dia por causa do… horário eleitoral, o horário mais caro do mundo!’.


Sem desculpa Depois de Marcelo Tas pedir à equipe do ‘CQC’, da Band, mais cuidado com palavrões antes das 22h30, ele próprio soltou ‘isso é desculpa para homem de pau pequeno!’ -mas depois das 23h. O programa fez 5,1 pontos de média de audiência.


Com terno E Monica Iozzi, única mulher do ‘CQC’, foi convidada para ensaio sensual na ‘Trip’. Não aceitou e saiu (bem ‘coberta’) na capa ao lado de Sabrina Sato. Por contrato, a equipe do programa não pode posar para fotos sem o terno que caracteriza o figurino do ‘CQC’.


Cacho O ESPN vai estrear programa de drops (até 15 minutos) de notícias, um ‘filhote’ do ‘SportsCenter’, principal jornal do canal.


 


 


Laura Mattos


Brasil paga para exportar séries


Séries e documentários brasileiros na TV paga viraram negócio da China. Nos últimos anos, o produtor nacional provou que sabe fazer, e o espectador, que quer ver.


Apesar do sucesso desse novo mercado -com obras como as séries ‘Filhos do Carnaval’ (HBO), ‘9MM’ (Fox) e o infantil ‘Peixonauta’ (Discovery Kids)- dinheiro público foi utilizado para mandar produções nacionais para outros países.


O roteiro é o seguinte: com incentivo fiscal, o canal estrangeiro contrata uma produtora independente brasileira para fazer uma obra.


Depois, ele a compra, muitas vezes por valor simbólico, e passa a obter o lucro gerado com sua exportação, venda de DVDs e licenciamento.


Mas essa história terá de ter um fim, por ordem da Ancine (Agência Nacional do Cinema), que fiscaliza as negociações das obras produzidas com incentivo fiscal.


Uma nova regra, a ‘deliberação nº 95’, está obrigando canais estrangeiros a refazer contratos, de forma que as produtoras brasileiras sejam proprietárias majoritárias de suas obras e recebam por todo lucro que gerem.


É o que houve com ‘9MM’, feita pela brasileira Moonshot e exibida na Fox.


Por determinação da Ancine, a nova temporada, filmada neste ano, teve de ter contrato diferente da primeira, que estreou em 2008. A produtora permanecerá dona da série, exibida na América Latina, no Japão e em Portugal, entre outros países.


A HBO, cuja marca é o conteúdo exclusivo, teve de rever contratos. Um deles foi com a Pródigo, de São Paulo, de uma série sobre futebol.


As filmagens, que aconteceriam durante a Copa, atrasaram porque a Ancine exigiu alterações contratuais.


Representante da HBO, Fox e de outro canais estrangeiros, a ABPTA (Associação Brasileira de Programadores de TV por Assinatura) condena a nova regra e diz que limitará a produção nacional.


Já produtores brasileiros se dividem. Há os que veem intervenção exagerada do Estado, como a 02, produtora de ‘Filhos do Carnaval’ e ‘Mandrake’ para a HBO. Outros, como a Pinguim, que fez ‘Peixonauta’ para o Discovery Kids, acham uma defesa justa da verba pública. E senta que lá vem polêmica.


 


 


Ancine soube de séries vendidas por R$ 1


Não se pode contar qual é o canal estrangeiro nem o nome da série brasileira, mas a história é reveladora.


Diante do sucesso, um representante do canal ligou para a produtora no Brasil: ‘Gostamos do programa que fizeram e queremos comprar os direitos para produzi-lo em outros países’.


Após reunião com seus sócios, o produtor ligou para dar a resposta: ‘Vocês já são donos dos direitos do programa’. E veio a resposta do estrangeiro, que encerrou a ligação. ‘Sério? Que bom!’


Presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Manoel Rangel afirma que a agência observou ‘ao longo dos últimos sete anos que o uso do incentivo fiscal para produções nacionais estava sendo desvirtuado’.


Ele afirma ter visto contratos que cediam a canais estrangeiros, ‘por valores simbólicos’, obras brasileiras produzidas com verba pública. ‘Cheguei a ler contratos de séries que custaram R$ 5 milhões serem vendidas por R$ 100 mil. Também soube de casos de contratos que vendiam séries por R$ 1.’


Segundo ele, muitas vezes o contrato de produção e o de venda dos direitos da obra eram assinados no mesmo dia, antes mesmo de a série começar a ser feita.


‘Isso ganhava aparência legal, mas na verdade era uma prática que fazia com que a obra não fosse mais uma produção independente brasileira. Séries patrocinadas por leis de incentivo eram exibidas uma, duas vezes no país e desapareciam.’


Agora obrigados a serem sócios minoritários das obras, os canais estrangeiros dizem que a regra prejudicará a produção nacional.


‘Os canais têm um limitador que diz por quanto tempo podem ter exclusividade nas séries [cinco anos]. Isso pode reduzir a produção. O mercado tem condição de se regular sozinho’, afirma Carlos Alkimim, diretor-executivo da ABPTA (Associação Brasileira de Programadores de TV por Assinatura), que representa 50 canais pagos.


Produtores nacionais se dividem. ‘Protecionismo demais vira paternalismo e prejudica o curso das negociações e a própria regulamentação do mercado’, diz Andrea Barata Ribeiro, da O2. A produtora fez séries para a HBO, cuja marca é o conteúdo exclusivo.


Já Adriano Civita, da Prodigo, que teve de adequar à nova regra um contrato com a HBO, pensa diferente.


‘Falamos de verba pública para estimular a indústria nacional. Estrangeiro que quiser ser dono de série deve fazê-la com o próprio dinheiro’, diz ele, conselheiro da Associação Brasileira dos Produtores Independentes.


‘A regra é superpositiva. Fizemos questão de ser donos do ‘Peixonauta’ e não tivemos problemas’, diz Ricardo Rozzino, da TV Pinguim.


 


 


Clarice Cardoso


Pressionada por piratas, Globo lança ‘Roque Santeiro’ em DVD


Uma busca rápida comprova: qualquer um pode, com poucos cliques, receber em casa um pacote com DVDs das principais novelas e minisséries da TV.


Tal colecionismo ganha agora alternativa oficial com o lançamento de uma versão compactada de ‘Roque Santeiro’ (1985) em caixa oficial da Globo Marcas.


Na comemoração de 25 anos da trama, a novela teve as quase 170 horas de seus 209 capítulos reeditados para aproximadamente 50 horas distribuídas em 16 DVDs.


Ganhou comentários do triângulo amoroso central, formado por Regina Duarte, José Wilker e Lima Duarte, e final alternativo, em que Porcina (Duarte) termina com Roque (Wilker).


‘Trabalhamos na colorização e precisamos recuperar algumas imagens pelos danos sofridos por conta do tempo. Foi minucioso’, diz José Luiz Batolo, diretor da divisão de licenciamento da Globo, por e-mail, à Folha, sobre o trabalho que levou um ano para ficar pronto.


Segundo ele, além do aniversário do folhetim, a boa aceitação de outros produtos, como séries, em caixas incentivou o trabalho. ‘Vamos lançar outras novelas em DVD, mas ainda estamos estudando. Temos um acervo maravilhoso, de produções mais antigas, como ‘Irmãos Coragem’ (1970), e mais recentes, como ‘Caminho das Índias’ (2009), que podem ser lançadas.’


Provavelmente fruto de gravações amadoras, ambos os títulos citados por ele estão entre os comercializados clandestinamente em sites como o Mercado Livre. Juntam-se a eles produções como ‘Rainha da Sucata’ (1990), em 70 discos, ou ‘Que Rei Sou Eu?’ (1989), em mais de cem.


O mesmo ‘Roque’ é ofertado em 50 discos. Mas, de acordo com o que diz Batolo, este lançamento não é uma ação direta antipiratas.


‘Qualquer ação que minimize a pirataria é positiva. O foco do projeto é levar aos fãs de novela um conteúdo de qualidade, oficial, seguindo o mesmo padrão que é referência mundial na nossa forma de fazer dramaturgia.’


 


 


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Mariana Barbosa


Gasto com publicidade no Brasil tem alta de 126% em dez anos


Os investimentos com publicidade cresceram 126% em dez anos no Brasil. Os gastos dos anunciantes subiram de R$ 9,8 bilhões, em 2000, para R$ 22,2 bilhões, no ano passado.


Os dados fazem parte do ‘Mídia Dados 2010’, relatório elaborado anualmente pelo Grupo de Mídia São Paulo. Em sua 22ª edição, o relatório traz 776 páginas com informações de mercado sobre agências, veículos e anunciantes e faz um balanço dos últimos dez anos.


A comparação com o ano de 2000 reflete as grandes mudanças ocorridas na cena empresarial do país, com fusões e aquisições e entrada de novos grupos.


Em 2000, os 15 maiores anunciantes gastavam de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões cada um com publicidade. No ano passado, só as Casas Bahia, maiores anunciantes do país, investiram R$ 3 bilhões, valor que supera a soma dos 15 maiores anunciantes no ano 2000.


A rede varejista, hoje parte do Grupo Pão de Açúcar, era a décima maior anunciante em 2000, com verba de R$ 135 milhões. Naquele ano, a lista era liderada pela Intelig (verba de R$ 197 milhões), operadora de longa distância adquirida pela TIM, seguida por sua principal rival, a Embratel (R$ 182 milhões).


A terceira maior anunciante era a antiga Gessy Lever (R$ 170 milhões). Rebatizada de Unilever, a multinacional foi a segunda maior anunciante do ano passado, com R$ 1,9 bilhão.


Em seguida, vêm AmBev (R$ 914,6 milhões), Caixa (R$ 847,5 milhões) e Hyundai/Caoa (R$744,5 milhões) – nenhuma fazia parte das 15 maiores em 2000.


A AmBev estava nascendo em 2000: a fusão Brahma e Antarctica aconteceu no ano anterior. E a sul-coreana Hyundai iniciou produção no Brasil só em 2007 -antes os carros eram importados.


A Hypermarcas, empresa que nem existia no começo da década, aparece no ano passado como a sexta maior anunciante, com verba de R$ 682 milhões.


Juntos, os 15 maiores anunciantes investiram R$ 13,2 bilhões em publicidade -500% a mais do que o que foi investido em 2000 pelos então 15 maiores anunciantes (R$ 2,1 bilhões).


O anuário é publicado desde 1998 e tem tiragem de 5.000 exemplares. ‘Sem dúvida, trata-se de uma das maiores publicações do gênero no mundo’, diz Luiz Fernando Vieira, presidente do Grupo de Mídia SP e vice-presidente da agência Africa.


 


 


BIENAL DO LIVRO


Rosely Boschini


Um convite à leitura


A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que começou no dia 12 e vai até o dia 22 de agosto, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, deverá ser a maior dentre todas as edições do evento.


Ocupa área de 60 mil metros quadrados, o equivalente a oito campos de futebol, e reúne 350 expositores do Brasil e do exterior, representando 900 selos editoriais. Com diversificada programação cultural, insere-se entre as ações da Câmara Brasileira do Livro (CBL) para a democratização da leitura e ampliação da base de leitores. A organização foi delegada à Reed Exhibitions Alcantara Machado.


Conceituados profissionais são curadores das atividades culturais, de modo a enriquecer a programação, que foca quatro temas principais: Monteiro Lobato, Clarice Lispector, lusofonia e livro digital.


Outra novidade é o Espaço Gourmet, cuja temática é ‘Cozinhando com Palavras’. Renomados chefs que já escreveram livros ministram aulas ao público. Os espaços já tradicionais também apresentam inovações. O Salão de Ideias, por exemplo, teve seu conteúdo repensado e ampliado.


São 40 mesas, quatro por dia, nas quais escritores nacionais e internacionais discutem temas diversos com plateias de 200 pessoas.


Há, ainda, o Espaço do Professor, visando capacitar docentes a trabalhar com livros de literatura em sala de aula, e atividades infantis, para proporcionar entretenimento e incentivar o gosto pela leitura nas crianças.


Exemplos: os espaços ‘O livro é uma viagem’, organizado pelo Instituto Pró-Livro, e ‘Fábulas com a Turma da Mônica’, com curadoria de Mauricio de Sousa.


A 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo também é uma resposta positiva da CBL à evolução do mercado e da economia brasileira. A conjuntura positiva para o segmento já era visível na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, que identificou, em sua última edição, a existência de 95 milhões de leitores no país e um índice de leitura de 3,7 títulos por habitante/ano.


De 2006 a 2008, foram lançados aproximadamente 57 mil novos títulos e impressos cerca de 690 milhões de exemplares, conforme a pesquisa Produção e Vendas do Mercado Editoria, feita pela Fipe/ USP para a CBL e o Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros).


O maior investimento em novos títulos é uma estratégia inteligente, estimulando o surgimento de autores e a produção intelectual.


Também é relevante a queda de preços dos livros, de 2004 a 2008: 24,5% no segmento de didáticos; 22,4% no de obras gerais; 38% no de religiosos; e 23,3% no de científicos, técnicos e profissionais.


Além do cenário favorável, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo é um evento que sempre estimula o surgimento de novos leitores, meta prioritária da CBL.


Dessa maneira, contribui para que o ingresso definitivo do Brasil na sociedade do conhecimento estabeleça um novo patamar de prosperidade socioeconômica, cidadania e inclusão social.


ROSELY BOSCHINI, empresária, é presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL).


 


 


 


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