Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Eleno Mendonça

‘Nos últimos meses, a coisa que mais se ouviu e se leu no noticiário econômico era que a crise política passava longe e que a economia não sofria efeito algum pois estava blindada. Mesmo os analistas mais conceituados embarcaram de cabeça nessa teoria. Ou seja, entraram na análise fácil, a que interessava ao governo. Para mim, um dos poucos que desde o início falou o contrário e repetiu isso em todas as colunas que trataram do assunto aqui no Comunique-se, nunca houve blindagem capaz de fazer com que a economia se mantivesse em alta e distante das inúmeras denúncias de corrupção e, o que é mais grave, rondando os mais altos escalões do governo.

Não fico nada pouco feliz por isso, mas triste porque se a maioria tivesse ao menos alertado o governo e a sociedade, quem sabe teria dado tempo de se mudar a política de juros, de afrouxar um pouco o laço do controle fiscal e permitir um crescimento, ainda que modesto, no terceiro trimestre do ano. Estranhamente e sem dar nenhuma explicação, todos os que falavam da blindagem agora mudaram o discurso da água para o vinho, até mesmo o ministro Palocci, sem também que aparecesse um repórter para fazer uma pergunta clássica e cabível para o bom jornalismo: mas o senhor não garantiu que havia uma blindagem?

Sobre isso conversei inúmeras vezes com empresários e economistas. A avaliação era a de que, diante desse quadro, era impossível manter o ritmo de investimentos, contratações de pessoal. Afinal, em clima de indefinição ninguém arrisca nada. É assim com a gente, é assim com as empresas. A não ser investimentos que estejam em curso, coisas inadiáveis, o resto entra imediatamente num processo de paralisia até que as coisas se tornem mais visíveis e confiáveis. Faltou por isso que os jornalistas de economia se lembrassem de desconfiar dos dados que se apresentavam. Assim sendo, como a situação não arrefeceu, não melhorou, ao contrário, envolve cada vez mais o próprio ministro Palocci, é de se esperar que o último trimestre também traga um resultado magro. Portanto será um milagre esperar uma economia anual crescendo além de 2,5%.

Mas, alheio a tudo isso, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirma que o crescimento em 2005 pode ficar abaixo da última projeção do governo, de 3,4%, mas ressaltou não ver necessidade de mudanças na política monetária. Ora senhor Palocci, todos sabemos que se chegar a 2,5% já será algo para se comemorar. Então, por que continuar falando em índices maiores que esses? O pior de tudo isso é ver países como a Índia dando 8% e a Malásia 5% no mesmo período. Isso faz com que haja atração de capitais e faça o Brasil cada vez mais perder a corrida por investimentos entre os chamados emergentes.

Lula, logo após os -1,2%, saiu com a frase de que a economia está num irrefreável ciclo virtuoso de crescimento. É preciso que alguém fale ao presidente que ciclo virtuoso é representado por sucessivos trimestres de crescimento firme e contínuo. Recém-saído de um resultado tão adverso, para falar o mínimo medíocre, cabia outras formas de explicação, não a promessa de que o retrato é ruim, mas não é esse que se vê. Para descaracterizar o BC tentou até dizer que a fórmula de cálculo estava errada. E se fosse positivo?

Bem, resta ao Brasil fazer uma análise profunda e mudar o que está errado. Fica claro que houve exagero na dose do juro, que come todo o resultado primário do corte de gastos, que por sua vez não oxigena setores da economia e inibe ainda mais o crescimento. Os juros altos também seguram o dólar, afetam a exportação, única base de crescimento que segura um pouco todo o resto. À imprensa cabe repensar tudo isso, desconfiar do que tem acontecido e não apenas aplaudir todas as ações na área econômica e fazer coro de que, por exemplo, a economia está blindada.’

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‘Falta discutir mais a economia’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/11/05

‘Lógico que ninguém tem bola de cristal, mas olhar o noticiário dos últimos dias dá a impressão clara de que a grande responsável pelos ciclos da economia pode ser mesmo a chamada imprensa que se autoproclama especializada justamente em economia. Até um mês atrás o que mais se lia era que havia uma blindagem, que a economia não era afetada pela política, que Palocci não deveria sair do governo etc etc etc. Agora estão aos poucos invertendo essa tendência. Já há quem admita PIB negativo na próxima divulgação trimestral, o resultado do ano que deveria ficar em torno de 4% cai para 3%, a inflação vai subir e com isso a política do juro alto, mesmo com as quedas recentes, se mostra totalmente errada e superdimensionada, da mesma maneira como o excesso de controle fiscal de Palocci, que todos elogiavam até em editorial, agora é criticado diante dos efeitos sobre a dívida pública. O rigor fiscal e dos juros, antes elogiado, hoje afeta dólar, compromete a balança comercial, a meta inflacionária e o crescimento. Enfim, há uma inversão total de sinais. Até Palocci deixa de ser tão imprescindível.

Isso acontece na imprensa porque faltam mais matérias conjunturais, falta investir na análise. Em nome de deixar o noticiário mais dinâmico e supostamente menos chato, esse tipo de matéria vai sendo posto de lado para dar lugar a coisas mais lights. Assim, cria-se uma onda de matérias repetitivas e pouco consistentes. Com falta de gente especializada de verdade, que converse com freqüência com vários segmentos da sociedade e monte cenários, a imprensa se limita a republicar com outras palavras as mesmas linhas editoriais. Essas mesmas matérias são lidas e copiadas por TVs, rádios e Internet e vai-se criando um bolo geral que tanto levanta uma linha de política econômica quanto derruba. No caso, agora, está prestes a derrubar.

O jornalista Aloysio Biondi, que formou levas de jornalistas no antigo DCI, costumava remar contra a maré. Era um dos poucos que faziam esse tipo de análise. Pegava todos os sinais internos e externos, falava com Deus e o mundo, sem preconceito de direita ou esquerda, e tirava tendências que muitas vezes eram interpretadas num primeiro momento como devaneios e que apenas depois se confirmavam. Era uma análise antecedente. Da mesma forma como ‘previa’ crises como a do petróleo ele se opunha a surfar nessas ondas. Em dado momento, por exemplo, fazia grande reportagens, todas baseadas em declarações de vários espectros e muitos números e pregava solitariamente contra o ‘catastrofismo’ que abatia toda a mídia como uma espécie de vírus.

Nesse tempo, sem saudosismo, a imprensa de economia não tinha computador, nem fax, nem celular. Assim, mantinha todos os cadernos de entrevistas e os mais organizados faziam outros apenas com indicadores que mostrassem a curva de inflação, de distribuição de renda etc. Hoje ninguém mais faz isso ou guarda relatórios. Não há nas redações alguém que acompanhe a conjuntura e tenha segurança em escrever ou discutir de igual para igual com um bom economista ou ministro.

Outro dia escrevi aqui algo do gênero e muitos disseram que não é função da imprensa. Eu me permito, com toda humildade, discordar, por acho que a imprensa pode muitas vezes orientar políticas e governos, pode alertar erros que estejam sendo cometidos, pode servir de olhos às autoridades econômicas. Isso não é avançar o sinal nem se achar Deus nem assumir um papel que deveria ser do governo.

Outra coisa que sinto é a falta de encontros, seminários ou o nome que se dê para discutir as coisas da economia. O pessoal que hoje edita os jornais aprendeu muito de economia nesses seminários e seus participantes muitas vezes mudavam de opinião pela discussão pública de temas importantes como esse ou, em outra hipótese, tornavam público para discussão seus pontos de vista. Havia, assim, uma espécie de fórum público. Lógico que isso não quer dizer que a economia vá melhor ou pior, mas a quem administrava certamente havia um leque bem maior de opções de caminhos a tomar e de argumentos contra e a favor desse ou daquele destino.

Agora mesmo não cabe dizer se Palocci deve ou não ficar, se sua política está ou não equivocada. A mídia não tem de derrubar ninguém, apenas oferecer instrumentos para fazer pensar o governo e o povo.’



GIL vs. AUTRAN
Folha de S. Paulo

‘Gil diz que não prioriza ‘teatro dos consagrados’’, copyright Folha de S. Paulo, 3/12/05

‘O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse ontem que, em vez de priorizar o ‘teatro dos consagrados’, sua pasta está voltada para ‘outras áreas’ teatrais. O comentário de Gil foi uma resposta às críticas que recebeu nesta semana, na Folha, dos atores Marco Nanini e Paulo Autran.

Em entrevista publicada no último domingo, Nanini criticou a política cultural do governo e disse que Gil ‘nu nca foi a teatro, não gosta’. No dia seguinte, participando de sabatina no Teatro Folha, Autran afirmou: ‘Ach o que ninguém da classe teatral sabe o que ele [Gil] fez.’

‘Tem teatro sendo feito na Mangueira [no Rio], no Candeal [em Salvador], nas periferias de Recife, de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha… O ministério está trabalhando com essas dimensões todas, não só com o teatro consagrado, que é quem tem se manifestado com uma sensação queixosa, de desamparo’, disse Gil.

Ele citou a ONG carioca AfroReggae -’ que tem uma iniciativa teatral importante, nova, de inclusão, de formação de talentos, de renovação de linguagem ‘- como exe mplo de iniciativa apoi ada pelo ministério.

‘Tem o teatro do Paulo Autran, do Nanini e tem o dos meninos de rua. O ministério procura, de certa forma, se dedicar aos menos amparados. Esse teatro dos consagrados, ainda que viva dificuldades, tem outros instrumentos, está ligado ao mundo televisivo, que se torna uma forma adicional de recursos. Outras áreas menos visíveis não têm nem isso. O ministério vai para essas áreas e deixa a descoberto essa relação clássica com o teatro consagrado’, afirmou Gil, para quem ‘todo mundo tem o direito de se queixar’.

As declarações foram feitas no Centro Cultural Cartola, na Mangueira, onde o ministro lançou o Prêmio Cultura Viva, que dará R$ 250 mil a nove projetos que conciliem ação social e cultural. As inscrições foram abertas ontem e poderão ser feitas até 20 de janeiro no site www.premioculturaviva.org.br.

Gil assistiu à apresentação de grupos do Centro Cultural Cartola e da Casa das Artes da Mangueira, onde funcionam dois dos Pontos de Cultura criados pelo ministério em parceria com associações não-governamentais e sem fins lucrativos. Um dos grupos foi uma orquestra de violinos formada por crianças e adolescentes da Mangueira.

Em vez de discursar, Gil cantou ‘Exa ltação à Mangueira’ (Ené as Brites e Aluísio Augusto da Costa) e sambou. Com Matilde Ribeiro, ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, ele assinou um convênio para preservação da memória do samba.’



JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

‘Viva a curthura!’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 5/12/05

‘Gêmeo tenta se suicidar e mata o irmão por engano!

(‘Manchete de jornal’ que circula na Internet)

Viva a curthura!

O considerado Fritz Utzeri, editor do Montbläat, melhor jornal eletrônico do país, lia O Globo e, de repente, saltou-lhe ao colo este verdadeiro ornamento de exótico cabedal, se me permitem tal arroubo de linguagem:

(…) Otto Bismark, fundador do império alemão, e a escritora Emile Zola. A delegação vai ficar hospedada no Park Hotel Weggis, o único cinco estrelas numa região com vocação para o turismo.

Mesmo habituado às esquisitices da mídia, Fritz entregou-se à perplexidade:

Em jornal a gente descobre cada coisa… O texto é sobre o pacato vilarejo suíço de Weggis, às margens do Lago de Lucerna, um paraíso de tranqüilidade, caracterizado pelo silêncio e que jamais será o mesmo depois da passagem da seleção canarinho, antes da Copa da Alemanha. Mas vejam só que coisas extraordinárias acontecem por lá. Graças à correspondente do jornal na França, ficamos sabendo que uma escritora, uma certa Emile Zola, andou por aqueles cantos. Dona Emília não devia ser fácil… Escrevia direitinho, sua obra mais famosa é ‘J’acuzzi’, certamente um catálogo de banheiras para hidromassagem. ‘Curthura’ e leitura são isso aí…

(A coluna recomenda ao considerado leitor que assine o Montbläat, que é barato, dá o lustro e faz crescer. Escreva para flordolavradio@uol.com.br.)

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Leigo e laico

A considerada Ana Júlia Pinheiro, de Brasília, analista em comunicação social e que trabalha na ouvidoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), enviou-nos o seguinte desabafo:

Na noite de 23/11, a Rede Record exibiu uma manifestação a favor da emissora e contra uma liminar concedida à Federação do Culto Afro Brasileiro. Ninguém explicou o porquê de a Federação ter entrado com a ação; acho que é um daqueles programas que atacam a religião alheia. Acontece que os manifestantes ostentavam duas faixas com os mesmos dizeres: ‘O Estado é Leigo’. Ok, mas leigo do quê? Acho que o Estado é laico; a militância Record, analfabeta e gama.

Janistraquis verificou que, embora os dicionários registrem sinonímia entre os dois vocábulos, Ana Júlia tem razão: o cidadão é leigo, o estado é laico.

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Sérgio Augusto

O novo feminismo é analisado pelo nosso sempre brilhante Mestre Sérgio Augusto, em artigo publicado originalmente no caderno Aliás, do Estadão. Visite o Blogstraquis e delicie-se.

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Castão justiceiro

Deu em tudo quanto é mídia:

José Dirceu é agredido a bengaladas

Informaram que o agressor era ‘um velho escritor’ e Janistraquis, que também confunde ignomínia com igonomia (?), resmungou lá de dentro:

‘Considerado, se era um velho escritor e agride os outros a bengaladas, só pode ser o Coelho Neto!!!’

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Ô lôco!Ôrra, meu!

Grudado no título Gerente diz que achou esparadrapo em sanduíche, lia-se o seguinte textinho na Folha de S. Paulo:

O gerente de informática Marcelo Luiz Lopes afirma que encontrou um pedaço de esparadrapo no lanche que comprou no McDonald’s Alphaville, em São Paulo. Ele diz que, ao morder o lanche, sentiu algo estranho enquanto mastigava e percebeu que era um pedaço de esparadrapo.

Janistraquis, que não come fora de casa por absoluta ausência de numerário, recordou o conto O Nariz, de Gogol (não confundir com gogó!), e alerta os consumidores:

‘Quando o curativo vai, o dedo já foi…’

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O melhor jornalismo

Bem temperada com o que de melhor se produz no jornalismo, a Editora Mostarda anuncia sua chegada ao mercado com a Coleção Repórter Especial. São nove os lançamentos da estréia, quarta-feira, 7 de dezembro, em festa na Mercearia São Roque – Jockey Clube (Rua José Augusto de Queirós, portão 1, São Paulo), a partir das 19 horas. A Mostarda tem como parceira a Editora Terceiro Nome. Visite os sites: www.editoramostarda.com.br e www.terceironome.com.br.

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Almas gêmeas

A considerada leitora Ruth Vasconcellos envia notinha pinçada da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo:

CAIPIRINHA

A cantora Fiorella Mannoia, considerada uma Marisa Monte da Itália, vem ao Brasil no início do ano que vem gravar duetos com os cantores Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.

Ruth, que não informou qual instrumento toca, ajustou o tom da dúvida mais cruel:

Por que cargas d’água uma cantora é considerada a ‘Marisa Monte da Itália’? Será elogio?

Janistraquis tentou, em vão, atender à leitora:

‘Fiz o possível, considerado; pesquisei em todas as fontes, pedi ajuda até ao musicólogo Roberto Jefferson, e nada; ninguém sabe por que Fiorella e Marisa são almas gêmeas.’

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Secura braba

Sob o título Motoboy fica 4 dias com pênis entalado em cano, nosso considerado Camilo Viana, diretor da sucursal desta coluna em Minas Gerais, leu a seguinte notícia no austero Estadão:

Sorocaba – Um motoboy de 18 anos ficou pelo menos quatro dias com o pênis entalado em um pedaço de cano metálico (…) O fato é que o órgão genital ficou preso e (…) os médicos não conseguiram encontrar outra solução para o problema, senão enviar o paciente para uma oficina mecânica.

Viana, que imaginava já ter visto, lido e aprendido tudo nesta vida, não encontrou palavras para um ligeiro comentário e Janistraquis compreendeu:

‘Há coisas que a gente deve fazer de conta que não leu…’

Confira aqui os detalhes do impressionante desfortúnio do motoboy.

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Velho Chico

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo janelão escancarado para a vida real é possível ver o ministro Sepúlveda Pertence abraçado à sua disforia, pois Roldão lia o Correio Braziliense quando deparou com o título Aventura no Velho Chico. Então, foi verificar o que se dizia ali de interessante ou curioso:

1. O Z7PET (embarcação construída com mais de 2.000 garrafas PET) foi registrado e tem licenciamento da Marinha Brasileira para navegar. Movido a força motriz (sic), é eólico, mas com possibilidade de utilizar remos e motor.

2. A inscrição de flutuante de 22 pés e (sic) cerca de 7 metros de comprimento foi liberada pela Capitania dos Portos de Natal (RN) para navegar apenas em rios e baias.

Roldão anotou a lápis, à margem do jornal:

‘Movido a força motriz’ é um espanto. E 22 pés equivalem a 7 metros ( o ‘e’ está sobrando).

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Nota dez

Se embriões congelados já existem e não terão uso, é melhor dar-lhes o destino digno de salvar vidas e reduzir o sofrimento, escreveu em Tendências/Debates da Folha de S. Paulo o professor Luís Roberto Barroso, titular de direito constitucional da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e advogado do Movitae – Movimento em Prol da Vida, entidade sem fins lucrativos que defende as pesquisas com células-tronco. Leia a íntegra no Blogstraquis.

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Errei, sim!

‘MEIA NERVOSA – Sensacional e definitivo Erramos da Folha de S. Paulo: ‘Na Bronca publicada à página F-4 do último domingo, a Ilustrada errou ao afirmar que a palavra ‘meio’ é um adjetivo masculino. Trata-se de um advérbio usado para indicar metade. Ele pode flexionar em gênero ‘por atração’, como ocorreu nos diálogos ‘Eu estou meia inapetente’ e ‘Eu tinha notado que você estava meia nervosa hoje’, travado entre a jornalista Magali (Christiane Torloni) e Tuca Maia (Taumaturgo Ferreira) na novela ‘Araponga’, da Rede Globo.

Na tal ‘bronca’, a Folha garantia que a ‘jornalista’ Christiane Torloni seria demitida de seu emprego por um erro assim. Janistraquis acha que, muitíssimo pelo contrário, na Folha a repórter de Araponga tem lugar garantido…’ (janeiro de 1991)’



JORNALISMO DE GUERRA
Daniel Piza

‘Síndrome de originalidade’, copyright O Estado de S. Paulo, 4/12/05

‘RODAPÉ

A coleção Jornalismo de Guerra, da editora Objetiva, é muito interessante. Já teve Jon Lee Anderson, Joel Silveira, José Hamilton Ribeiro e tem agora Despachos do Front, de Michael Herr, um dos maiores repórteres do Vietnã e colaborador de grandes filmes como Apocalipse Now, de Coppola, e Nascido para Matar, de Kubrick. E é neste mesmo clima que sua narrativa acelerada e aguda nos põe. Herr, da Esquire, faz pensar nos grandes escritores americanos de guerra, como Crane, Bierce, Hemingway.

Ele comenta, por exemplo, que a lembrança de quem esteve na guerra pode não ser um amontoado de cadáveres num estádio de futebol, mas a explosão de um cachorro e um pato num ataque terrorista no centro de Saigon. Descreve os medos, sobretudo no silêncio noturno, e a operação psicológica de aviões que transmitiam o som de um choro de criança seguido da mensagem ‘Não deixe que isso aconteça com seu bebê’. Expõe os prazeres sádicos dos marines, a adrenalina das rajadas, as piadas cruéis, a admiração sensual pela beleza das máquinas (‘pairando acima dos bunkers como vespas perto do ninho’), o mergulho no abismo dos helicópteros – toda a loucura de testosterona, dor e pavor.’