Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Elmo Francfort

‘Nesse primeiro semestre de 2004 a Internet foi invadida por mais um fenômeno: Orkut, uma extensa rede de comunidades criadas pelo Google onde só entra quem for convidado.

Por causa do convite, que inspira privacidade, muitos acabaram tecendo várias linhas sobre suas vidas, o que não faziam antes em blogs e fotologs. Além dos comentários tecidos por amigos. Coisas do ‘arco da velha’. O Orkut é o novo paraíso dos voyeurs e de todo tipo de gente. Celebridades, fã-clubes, veículos de comunicações, pessoas em geral. Mas todo mundo entra com convite.

Há comunidade de funcionários das principais emissoras de rádio e televisão do país, que não só se confraternizam como levam os buxixos dos corredores para dentro da Internet. E tem aquele colégio que você estudou até seus dez anos (acredite, você irá achar gente daquele tempo que lembrará de você e que você nem se recorda quem seja).

E neste emaranhado de gente, ‘do amigo do seu amigo que tem um amigo que é amigo seu’, vão encontrar os famosos ‘fazedores de SPAM’ (que até mesmo lá existem e que ao invés de entupiram sua caixa de e-mail, entopem a do servidor do Orkut). A última agora é o seqüestro por causa do Orkut (boato ou não?). Afinal, é possível saber tudo sobre sua vida através do mesmo.

Essa abundância de informações não duvido que já esteja sendo usada como base para ‘jornalistas convidados’. E agora a fonte mais correta é a do Orkut do seu alvo. Procure o que o seu entrevistado postou, veja o que ele gosta, descubra tudo que puder. Afinal, quem fala é o próprio. Mas não achem que essa regra funciona totalmente. Podem existir pessoas utilizando nome e dados de um entrevistado, mas não é o fulano. Muito cuidado.

Para as revistas de fofoca então é um prato cheio. Dá pra saber a comida predileta, o programa de televisão preferido, o livro que mais lê, a idade, signo, onde estudou, em que cidade e bairro mora… Melhor eu parar por aqui, antes que escreva uma 700 laudas…

Maior exemplo de que está na moda é que até o Comunique-se está no Orkut, em duas comunidades. Uma delas possui, neste segundo, 676 pessoas Além das dezenas de comunidades no mundo todo, voltadas só para o jornalismo.

Esse detalhe do convite vai se tornar quase que indispensável daqui um tempo, quando toda Internet estiver por lá. Agora eu pergunto, aonde vamos parar? Eu não faço idéia, mas com certeza, alguém no Orkut deve pelo menos ter uma. ‘Posta’ lá!’



Luís Perez

‘Especialistas dão dicas de ‘orkutiqueta’’, copyright O Globo, 28/07/04

‘Eis que em sua página no Orkut você recebe um convite para se tornar amigo de uma pessoa que nem é assim tão chegada. É o caso de recusar? Como fazê-lo? E quando ocorre o inverso -alguém bate na sua cara a porta do seu círculo de amizades virtual?

Especialistas em regras de convivência deram dicas de ‘orkutiqueta’, explicando como se livrar dessas ‘saias justas’.

O Orkut (www.orkut.com) está transformando os relacionamentos, assim como o e-mail e as salas de bate-papo resgataram o hábito da escrita e criaram novos códigos, mas ainda valem algumas regrinhas básicas do mundo real.

De acordo com a especialista em etiqueta Claudia Matarazzo, 45, o nível de relacionamento para aceitar ser amigo orkutiano começa ao se definir que, caso aquela pessoa partilhe de sua amizade, você não vai se sentir invadido.

‘Ela não precisa ser necessariamente íntima, mas alguém que, por exemplo, se precisasse passar uma tarde ou uma noite em sua casa, não o faria se sentir desconfortável’, afirma a autora, entre outros, do livro ‘net.com.classe’. Segundo ela, é preciso ter a impressão de que a convivência pode ser boa.

Supondo que ocorra um encontro com o ‘rejeitado’ em algum lugar e que, em tom irônico, ele tente tirar satisfações por tê-lo eliminado da lista, sempre é possível, segundo Matarazzo, usar como desculpa que o grupo ao qual você pertence não corresponde ao que ele iria curtir. ‘Claro que não vai colar, mas quem mandou a pessoa cobrar? Ela deveria se mancar e não cobrar nada.’

Nem tudo, porém, precisa ser adaptado do mundo real. ‘Essa é a vantagem da internet. A vida virtual deveria ter a vantagem de nos proporcionar uma escolha mais livre e descompromissada das relações e das formalidades’, opina Gloria Kalil, 58, consultora de moda e autora do livro ‘Chic’. Aconselha: ‘Relacione-se só com quem você quiser’.

Para ela, no entanto, o Orkut é uma boa oportunidade de se livrar de preconceitos em relação a algumas pessoas -já que há campos para indicar preferência por músicas, livros, filmes e culinária, por exemplo. ‘É uma oportunidade de conhecer melhor esses ‘conhecidos’.’

Para as especialistas em etiqueta, o Orkut, assim como outras ferramentas e situações da rede, pode servir para que as pessoas façam coisas que pessoalmente não teriam coragem de fazer.

Em relação aos que afirmam que o Orkut é uma ‘panelinha virtual’, pois só pode ingressar no site quem é convidado por um membro, Claudia Matarazzo tem uma opinião que se estende à internet como um todo: ‘Essa conversa de que a rede é democrática é pura bobagem. É tão segmentada e cheia de regras quanto o mundo real’.

Para saber a reação das pessoas sobre rejeitar e serem rejeitadas, a reportagem enviou (via Orkut, é claro) pedidos para que os membros do site contassem histórias e ‘saias justas’ curiosas. Os que responderam terão a sua identidade preservada.

‘Tenho uma banda e muita gente me cadastra porque tem um disco nosso ou algo assim. Para ser simpático, adiciono as pessoas à minha lista. Não conheço todos’, diz um músico.

Seguindo a linha ‘não levo o Orkut tão a sério’, outro internauta respondeu: ‘Sou um cavalheiro. Logo há vários desconhecidos na minha lista, que aceitei porque pediram. Tanto faz’.

Há quem passe por certos problemas existenciais. ‘Rejeito semanalmente umas dez pessoas. Depois, sinto-me culpada’, diz uma freqüentadora da comunidade. Outra também confessa: ‘Já aceitei uma menina que nunca vi na frente por simples educação’.

Como dica para pessoas que ficam com essa dúvida, Claudia Matarazzo sugere pensar bem antes de rejeitar o candidato a ‘amigo’. ‘Que tal esperar um tempo antes de tomar a decisão? Ou então trate de se livrar de vez do sentimento de culpa.’

Em tempo: quem é rejeitado não fica sabendo. Simplesmente tem o nome da pessoa que o preteriu eliminado da própria lista.

Uma das entrevistadas rejeitou três vezes alguém que insistia em cadastrá-la como amiga. Até que, quando entrou em seu perfil (no Orkut, há campos para preencher preferências pessoais, dados profissionais e até álbum de fotos), descobriu que era um velho colega de trabalho a quem só conhecia por um apelido estranho.

Orkutiana há duas semanas, a psicóloga Maria Emília Benévolo Fernandes, 25, está encantada com a possibilidade de achar amigos que não via desde a infância.

‘Você acredita que encontrei um menino que estudou comigo na terceira série do primário, quando tínhamos dez anos? Ele é do Rio [onde ela nasceu] e também está morando aqui. Combinamos de nos encontrar’, conta Fernandes, que já rejeitou vários candidatos a amigos que tentaram abordá-la simplesmente por a acharem atraente nas fotos.

Uma publicitária que não quer ser identificada diz ser muito seletiva. ‘Contei 34 pessoas que me pediram autorização, mas, como eu nunca as havia visto na vida, não autorizei sua entrada. No meu Orkut, só entra quem é amigo mesmo’, sentencia.

Dizer sim ou não

Outra peculiaridade é que, no Orkut, a amizade não acontece naturalmente, aos poucos. Depende de um derradeiro clique de aprovação -diferentemente do que ocorre na vida real.

‘Acho que não dá para dizer não a um pedido de amizade. Sugiro que aceite o amigo e, depois, se quiser, sempre há a opção de não alimentar a amizade. Isso acontece na vida real’, diz Celia Ribeiro, 75, escritora gaúcha, também especialista em etiqueta.

A possibilidade de encontrar características em comum ajuda na aproximação. ‘Procuro gente com afinidades, que goste de jipes e off-road e que seja da mesma faixa etária’, diz o comerciante Fernando Krieger, 32.

Ele diz nunca ter sido rejeitado. ‘Mas, se isso acontecesse, eu entenderia perfeitamente, pois o Orkut nos dá esse direito. É preciso aprender a lidar com frustrações. Além disso, nossas informações pessoais e até a lista de amigos acabam sendo uma espécie de cartão de visitas.’

‘Orkut é coisa para gente quase grande, que sabe dizer ‘não’. Se você não consegue, talvez seja melhor ficar fora dessa para não se enrolar’, sentencia Claudia Matarazzo. ‘A verdade é que a gente age na vida virtual do mesmo modo que na real. Não conseguimos dizer ‘não’ e depois ficamos atormentados, sem saber o que fazer’, rebate Gloria Kalil.

Ela sugere a quem gasta muito tempo navegando pelo Orkut repleto de amigos com os quais quase não interage no dia-a-dia: ‘Escreva um lindo textinho explicando que vai se despedir deles, pois não consegue tempo para se comunicar com todos. Desculpas, beijinhos e bye-bye’.’



Cidade Biz

‘Site de relacionamento, o Orkut, chega a 1 milhão de pessoas’, copyright Update/Amcham in Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br) , 30/07/04

‘Marca é batida um mês após de o número de membros brasileiros superar o de americanos.

Um mês depois de o número de membros brasileiros superar o de americanos, o Orkut, site dedicado a criar redes de relacionamento na internet, chegou às 15h30 da terça-feira à marca de 1 milhão de inscritos.

Entre as 18 horas de segunda-feira e as 15 horas (horário de Brasília) de ontem inscreveram-se por hora cerca de 660 pessoas que declararam nacionalidade brasileira. Como há brasileiros que se inscrevem sob outras nacionalidades, já é maioria absoluta (metade mais um) o número destes.

A proporção de pessoas que escolheram o Brasil como país de origem mostrada no site era, no momento em que o primeiro milhão foi atingido, de 48,6% (486.000 pessoas).

O Orkut virou uma mania entre os internautas brasileiros, que têm se mostrado entusiastas de novidades da internet. Para entrar, a pessoa precisa ser convidada por algum dos participantes.

Apesar de recente, essa onda já se mostra capaz de se tornar fonte de problemas. Tem circulado pelo site uma notícia de seqüestro planejado através de informações contidas no perfil da suposta vítima.

Apesar de a informação não ter sido confirmada, os perfis fornecem os meios para que ela se torne possível, pois muitas vezes contêm informações confidenciais, como lugar de estudo ou trabalho, região de moradia e telefone residencial, além de hábitos e outras informações pessoais.’



COMCAST
Portal Exame

‘Comcast reverte resultados e registra lucro no trimestre’, copyright Portal Exame, 28/07/04

‘A Comcast divulgou, nesta quarta-feira (28/7), que registrou um lucro líquido de 262 milhões de dólares entre abril e junho. No mesmo período de 2003, a empresa havia sofrido um prejuízo líquido de 22 milhões. A Comcast é a maior operadora de serviços de cabo para internet e TV dos Estados Unidos.

A receita do trimestre subiu para 5,1 bilhões de dólares, contra 4,6 bilhões no período de comparação. Segundo o jornal britânico Financial Times, o resultado ficou um pouco acima das expectativas do mercado. Apesar disso, a empresa ainda luta para recuperar a confiança dos investidores, após desistir de comprar a Walt Disney por 54,1 bilhões de dólares.

A empresa informou ainda que perdeu cerca de 96 mil assinantes de TV a cabo no período. O principal motivo é que o início do verão no hemisfério Norte levou parte dos usuários, principalmente estudantes universitários, a cancelar a assinatura. Em compensação, conseguiu adicionar mais 327 mil usuários de internet de alta velocidade à sua base.’