Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Érica Fraga

‘O reverendo anglicano Andrew White, diretor do Centro Internacional para Reconciliação e do Instituto Iraquiano da Paz, afirmou ontem que não confirma a informação, veiculada pelo ‘Jornal Nacional’, da TV Globo e creditada pela emissora a ele, de que o engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Jr. estaria morto.

‘Eu, definitivamente, não falei isso’, disse em entrevista à Folha ontem. Bastante irritado, White afirmou que ‘pode ter dito’ à reportagem do ‘Jornal Nacional’ que escutou comentários sobre a suposta morte de Vasconcellos Jr., desaparecido no Iraque desde 19 de janeiro. Mas negou cinco vezes em oito minutos, em telefonema com a Folha, que dera informação específica sobre o caso.

‘Pode ser que eu tenha dito que alguém disse isso, mas as pessoas nos dizem todo o tipo de coisas e não acreditamos em tudo o que ouvimos. Se eu disse algo, não deveria ter dito’, afirmou White.

White contou que, na verdade, aproximou-se do repórter da TV Globo no bar de um hotel, quando soube que se tratava de um brasileiro. ‘Eu não sabia que estava falando com um jornalista. Quando descobri que havia uma pessoa do Brasil ali, perguntei a ele se sabia algo sobre o seqüestrado brasileiro. E, estupidamente, disse que nós estávamos envolvidos na busca’, disse.

Sem entrar em detalhes, o reverendo afirmou que a reportagem veiculada pela TV Globo está lhe causando problemas. Segundo ele, o Instituto Iraquiano da Paz está envolvido na busca por seqüestrados na área onde Vasconcellos Jr. desapareceu.

‘Estamos lidando com uma das coisas mais perigosas do mundo. Não estou preparado para colocar minha equipe em risco. Sob nenhuma circunstância’, disse White, em tom bastante alterado e irritado. Questionado pela Folha se tinha alguma informação sobre o paradeiro e a situação de Vasconcellos Jr., ele respondeu:

‘Eu posso ter, mas não falarei sobre isso. Não estamos preparados para dizer nada, definitivamente, sobre nenhum caso individual. Mas, certamente, não dei a ele nenhum tipo de informação.’

O ‘Jornal Nacional’ disse na quinta-feira que Vasconcellos Jr. estaria morto. Anteontem a notícia foi repetida, mas dessa vez o ‘Jornal Nacional’, disse que a fonte era White. O Ministério de Relações Exteriores disse que não reconhece a morte de Vasconcellos Jr. e que continua investigando seu paradeiro. Na última quinta-feira, Luiz Henrique de Vasconcellos, irmão do engenheiro, disse que a informação fazia ‘parte de uma série de notícias que a família já recebeu, mas nunca obteve confirmação’.

Reféns

Soldados dos EUA e do Iraque se preparavam ontem para a segunda ofensiva em Madaen, ao sul de Bagdá, para tentar libertar reféns xiitas seqüestrados anteontem por insurgentes sunitas. Uma autoridade xiita afirmou à Reuters que o número de reféns chega a 150. Ataques de insurgentes deixaram ao menos 12 mortos. Dois soldados dos EUA morreram.’



Folha de S. Paulo

‘Globo reafirma sua informação sobre brasileiro’, copyright Folha de S. Paulo, 17/04/05

‘A TV Globo reafirmou ontem ter recebido do reverendo Canon Andrew White a informação sobre a morte do engenheiro brasileiro desaparecido no Iraque. A assessoria da emissora disse também que só veiculou a informação depois de confirmá-la com ‘altas fontes’ do governo brasileiro.

‘A TV Globo reafirma o que noticiou e não pode se responsabilizar se o reverendo diz uma coisa para a TV Globo e outra para a Folha’, disse a assessoria.

Segundo a emissora, o repórter Marcos Losekan conversou com o reverendo três vezes e, numa das conversas, White afirmou que não imaginava que sua declaração teria tanta repercussão no Brasil.’

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‘ONG revelou morte de engenheiro, diz TV’, copyright Folha de S. Paulo, 16/04/05

‘Uma ONG britânica ligada à Igreja Anglicana teria revelado a morte do engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Jr., desaparecido no Iraque desde 19 de janeiro. Mas o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o governo não reconhece a morte de Vasconcellos.

De acordo com reportagem do ‘Jornal Nacional’, da TV Globo, o reverendo Andrew White, diretor do Centro Internacional para Reconciliação, teria dito que seu grupo, especializado em conflitos no Oriente Médio, teve acesso aos terroristas. No contato, teriam dito que mataram o engenheiro no momento do seqüestro. O grupo estaria pedindo dinheiro em troca do corpo de Vasconcellos. Anteontem o jornal dissera que o engenheiro estava morto, mas sem revelar a fonte da notícia.

Para White, segundo a TV, se o engenheiro estivesse vivo, os seqüestradores teriam dado uma prova. O reverendo decidiu abandonar o caso porque não haveria mais nada a fazer. Um documento do engenheiro ao qual o governo teve acesso seria uma prova de que o grupo foi autor da ação.

A reportagem diz ainda que a família foi alertada pelo Itamaraty sobre terroristas que diziam ter matado o engenheiro. Consultados pela Folha, parentes disseram não ter visto a reportagem e que não fariam comentários. Anteontem, Luiz Henrique de Vasconcellos, irmão do engenheiro, dissera que a informação ‘faz parte de uma série de notícias que a família já recebeu, mas nunca obteve confirmação’. Amorim disse não ter informações concretas sobre o caso. ‘Não tivemos nenhuma confirmação sobre sua morte, portanto, não temos razão para não continuar investigando.’ O Itamaraty não quis comentar o que qualificou de ‘especulações’.

Ameaça

Insurgentes árabe-sunitas seqüestraram e ameaçavam matar pelo menos 60 xiitas ontem, na cidade de Madaen, perto de Bagdá. Eles exigem que a maioria religiosa deixe a região.’



AMÉRICA EM CRISE
Daniel Castro

‘A hora do pesadelo’, copyright Folha de S. Paulo, 17/04/05

‘A novela dos sonhos da Globo virou um pesadelo. Na semana passada, a autora Glória Perez escancarou uma crise nos bastidores do produto de maior audiência e faturamento da emissora ao pedir a cabeça do diretor de núcleo Jayme Monjardim.

O diretor deixou o comando da novela apenas um mês após sua estréia. Foi acusado por Perez de levar ao ar uma novela que ela não escrevia, com trilha sonora e tomadas de paisagens que remetiam a ‘Pantanal’ e ‘O Clone’.

A fraca Deborah Secco, intérprete da ofegante Sol, mocinha da história, foi apontada como a pivô da crise. O verdadeiro motivo da saída involuntária de Monjardim, no entanto, seria matemático: ‘América’, assim como quase toda a programação do horário nobre da Globo, está em queda no Ibope desde o final de ‘Big Brother Brasil’. Chegou a raspar nos 40 pontos na semana passada. Isso pode afastar anunciantes.

A ruptura trouxe à tona uma série de defeitos de ‘América’, novela que aposta em temas tão variados como vida após a morte e rodeios, todos eles entrelaçados pelo mote do sonho.

‘A novela é um mico porque não tem história. Por que a mocinha quer conquistar a América? Se fosse porque precisa de dinheiro para ajudar uma mãe com câncer, aí, sim, seria uma história de novela. Mas o sonho dela não tem um motivo maior, é egocêntrico, não é de heroína’, aponta um autor de novelas da Globo, que pede para não ser identificado.

Essa falha já foi reconhecida por Perez. Antes mesmo da saída de Monjardim, ela já reescrevia cenas em que arruma uma justificativa para Sol abandonar o insosso peão Tião (Murilo Benício) no altar e tentar de novo entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Agora, Sol faz isso para arrumar dinheiro para uma cirurgia do padrasto, Mariano (Paulo Goulart).

Outro teledramaturgo, que também pediu anonimato, acredita que Monjardim ‘foi deportado’ de ‘América’ por Glória Perez, que tem fama de durona, de não ceder nunca, e que o diretor pagou por um erro maior, não só dele mas também da autora, do elenco e da própria Globo.

Maria de Lourdes Motter, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP, membro do núcleo de estudos da telenovela da universidade paulista, concorda: ‘Quando as coisas vão bem, todo mundo se entende’, diz.

Motter afirma que quase tudo está errado em ‘América’. ‘Tem muita coisa que não combina; há muitos personagens e muitos núcleos mal estruturados. A Deborah Secco é uma personalidade exuberante, não combina com a vida bucólica, com vaqueiros.’

A estudiosa critica todo o elenco. ‘Atores jovens são importantes para enfeitar, mas tem de haver atores de verdade também. E não encontrei isso ainda’, diz.

Motter resume a novela em uma palavra: ‘É histérica. Todos falam acima do tom. Tenho deixado de assisti-la porque é estressante’.

Motter afirma que o núcleo de Miami, que soa falso porque latinos e americanos falam português com sotaque carioca, foi uma imposição da direção da Globo, para tornar ‘América’ mais atraente ao mercado internacional. ‘A Glória não queria.’

Até quem admira o trabalho de Perez critica ‘América’. ‘Acho estranha a escalação do triângulo Deborah Secco-Murilo Benício-Lúcia Veríssimo [a última tem 45 anos e disputa Benício, 32, com a primeira, 25]. Também acho que não há impedimento social para separar o casal de protagonistas’, diz Tiago Santiago, autor de ‘A Escrava Isaura’, da Record.

Para Lisandro Nogueira, professor de cinema da Universidade Federal de Goiás e autor de ‘O Autor na Televisão’ (Edusp), Glória Perez e Jayme Monjardim têm estilos distintos que entraram em choque. ‘Glória quer uma novela sem planos gerais e com primeiros planos e closes. Monjardim quer imagens idílicas. Ela é o melodrama canônico. Ele acha que a novela tem momentos para paisagens. Essa novela é exagerada, mas Glória Perez é muito mais exagerada do que a gente vê.’

‘Esses pesadelos são recorrentes na indústria da telenovela. No início dos anos 90, a Globo queria que Luiz Fernando Carvalho dirigisse ‘O Dono do Mundo’. Mas Gilberto Braga não abriu mão de Dennis Carvalho, seu parceiro. O autor, se não tiver controle sobre o diretor, pode ver na tela aquilo que não quer’, conclui Nogueira.

De fato, crises entre autor e diretor não são incomuns. Em 2004, Carlos Araújo perdeu a direção-geral de ‘Começar de Novo’ a pedido do autor, Antonio Calmon.

Na Globo, critica-se o diretor-geral artístico, Mário Lúcio Vaz, por prestigiar mais os autores do que os diretores. Isso teria começado em 1996, quando Glória Perez, Benedito Ruy Barbosa e Walther Negrão assinaram com o SBT, e a Globo teve de buscá-los, correndo risco de pagar multa.

Mudanças

Perez assumiu o comando de ‘América’. Suas primeiras intervenções foram na trilha sonora. Nos capítulos de quarta e quinta, a música-tema dos protagonistas, que por ironia é chamada de ‘Sinfonia dos Sonhos’, de Marcus Viana, desapareceu. Trilhas incidentais também perderam espaço para músicas de artistas populares, cantadas. Nos próximos capítulos, a mudança será no estilo de interpretação de alguns atores.

Mesmo os críticos apostam que Perez vai sair do pesadelo. ‘Lá na frente, o que vai sobressair é se Sol fica com Tião. A novela vai se recuperar porque Glória domina o gênero. Se não se recuperar, é indício de que a telenovela vive momento de saturação, que o telespectador quer um novo grau de realidade, conseqüência de ‘Big Brother’, diz Lisandro Nogueira.

Procurados, Perez e Monjardim não quiseram dar entrevistas.’



Marcelino Freire

‘Escritores dão sugestões para salvar ‘América’’, copyright Folha de S. Paulo, 17/04/05

‘‘A primeira coisa que eu mudaria era de canal. Eta novela chata etc. e tal. Ver a Débora Secco agarrada a um souvenir é a coisa mais débil que já vi na TV. Que leseira! Por que, em vez de Nova York, ela não vai para Diamantina? Pegar um pouco da quentura brasileira da ‘Xica da Silva’? Eu faria isso: uma reviravolta na trama. Como Michael Jackson ficou branco, a Sol ficaria preta. Beleza e maravilha! A Sol viraria Silva. E outra: se ela insistir nessa babaquice de viagem americana, que seja, então, para trocar Murilo Benício pelo Benício Del Toro. Isso. Toro no rodeio. E o que é melhor: na cama.’ Marcelino Freire é autor de ‘Angu de Sangue’ e ‘Balé Ralé’, entre outros

IVANA ARRUDA LEITE

‘É só colocar a Débora Secco numa terapia de vidas passadas e fazer renascer a Darlene [da novela ‘Celebridade’] que existe dentro dela. Não há como se identificar com uma personagem cujo objetivo é entrar escondida nos EUA e trabalhar o resto da vida para fazer fortuna. E isso lá é objetivo de mocinha de novela? Se a Sol ficar marcando muita bobeira, o Murilo volta pra Jade [da novela ‘O Clone’] e aí sim ela vai ter um bom motivo para chorar.’ Ivana Arruda Leite é autora de ‘Falo de Mulher’ e ‘Eu Te Darei o Céu e Outras Promessas dos Anos 60’, entre outros

RAIMUNDO CARRERO

‘Numa trama que eu tivesse de armar, Sol e Alex seriam construídos a partir do cinismo e do sexo, fera engolindo fera. Com um tanto de ingenuidade para ela, e muito de esperteza para ele. Assim, mesmo com esse episódio de drogas, seria preciso dar um toque sexual entre os dois. Com Alex gritando de gozo, na cama com Sol, feio um coiote: ‘É preciso endurecer, sem jamais perder a ternura’. Raimundo Carrero é autor, entre outros, de ‘Somos Pedras que se Consomem’, vencedor do prêmio Machado de Assis e ‘As Sombrias Ruínas da Alma’, vencedor do Prêmio Jabuti’



SBT
Daniel Castro

‘‘Cristal’ inaugura nova faixa de novela do SBT’, copyright Folha de S. Paulo, 17/04/05

‘A novela que irá inaugurar o segundo horário de produções próprias do SBT foi escrita por uma cubana, realizada originalmente na Venezuela e comprada de uma rede mexicana, a Televisa. A emissora decidiu na semana passada que irá abrir a nova faixa de produções próprias com uma adaptação de ‘Cristal’, da cubana Delia Fiallo (autora de ‘Esmeralda’, que está no ar). A trama, produzida originalmente em 1986 por uma TV venezuelana, fez quase tanto sucesso no mundo hispânico quanto ‘Os Ricos Também Choram’ _que o SBT também vai produzir, para estrear em junho, no lugar de ‘Esmeralda’ (20h30). Os direitos de ‘Cristal’ hoje pertencem à Televisa. A trama deve entrar no ar no segundo semestre, na faixa das 21h15. Trata de uma mulher bela, Vitória, dona de uma rede de lojas de confecções, que resolve buscar a filha que abandonou anos antes. Mas a garota, Cristal, deixou o orfanato e acaba empregada da mãe, sem ambas saberem. Cristal passa a namorar o enteado de Vitória, Luís Alfredo, e é despedida por ela. Luís Alfredo se casa com outra moça, que diz que está grávida dele. Cristal também está.

OUTRO CANAL

Escalação 1 A Globo finalmente definiu a relação das estrelas da emissora que irão fazer apresentações no show que comemorará seus 40 anos, no próximo dia 26, no Claro Hall (Rio), com transmissão ao vivo. Ao todo, serão 32 nomes de peso.

Escalação 2 Entre os atores, estão Antonio Fagundes, Regina Duarte, Lima Duarte e Tony Ramos. Pedro Bial, Sergio Chapelin e Galvão Bueno representam o jornalismo. Fausto Silva, Jô Soares e Renato Aragão também estão na lista de apresentadores.

Ampulheta Ainda no show da Globo, as meninas Carolina Oliveira (de ‘Hoje É Dia de Maria’), Bruna Marquezine (‘América’) e Isabelle Drummond (a Emília do ‘Sítio’) apresentarão imagens de atores que cresceram na TV. No final, Glória Pires sobe ao palco.

Intimado Silvio Santos deu dois meses para Carlos Massa, o Ratinho, decolar em seu novo horário, das 18h50 às 19h50. Por enquanto, Ratinho não passou dos nove pontos e está atrás da Record (‘A Escrava Isaura’). E seu programa está em desacordo com o Ministério da Justiça, que o reclassificou como impróprio para antes das 20h (era inadequado para antes das 21h).

Caneta Ex-vice-presidente de operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, aceitou o convite e será o chefe do júri na fase final do festival de música brasileira da Cultura.’